segunda-feira, 24 de junho de 2013

Sobre o Namastê!...


Durante muito tempo eu venho fazendo quase sem sentir o gesto de unir as mãos diante do peito antes de aplicar reiki em meus clientes, amigos e parentes. Somente agora eu parei para pensar sobre o motivo de eu fazer isso! As mãos unidas diante do coração são um gesto muito aplicado no oriente e conhecido como NAMASTÊ. Essa palavra significa algo como “Curvo-me diante de ti” ou como defendem alguns “O sagrado em mim saúda o sagrado em ti!”. Seja lá como for é um gesto de reverência e humildade onde nos reconhecemos como seres iguais, com as mesmas buscas, e que sonham, que amam e aspiram a felicidade. Muitas filosofias espirituais e esotéricas tem o coração como a sede da alma, ou em outras versões, como a sede da porção divina que cada ser humano traz dentro de si. Gosto mais desta versão! Pois quando unimos nossas mãos e nos reconhecemos como iguais, oriundos da mesma origem divina, deixamos por um momento as nossas diferenças egóicas de lado. Vencendo as barreiras que constroem todas as crises, guerras e dores e destroem a nossa real humanidade.
Humano não é o que se iguala pelo instinto, mas pela aspiração. Qualquer um pode seguir seus impulsos animais, ser violento, animalesco, brutalmente sexual, vingativo, cruel!... Não é preciso nenhum esforço para fazer essas coisas. Ninguém precisa de coragem para dizer “eu te odeio!”, se diz isso até quando não se sente exatamente isso, embora seja igualmente devastador! Por outro lado, muitos podem levar uma vida toda para dizer “eu te amo!”. Porém, o “eu te amo!” dá trabalho, por isso poucos se atrevem! O amor, a fidelidade, a compreensão, o perdão, a lealdade, o compromisso, a humildade, a simplicidade, a generosidade e a vulnerabilidade do amor dão trabalho! Muitos tentam convencer ao mundo que são felizes sem isso. Afogados na solidão de relações vazias e no medo da intimidade dizem “eu sou livre!”, atolados no vício afirmam “eu vivo a vida!” e assim vão pela vida, sombras destituídas de sua conexão mais sagrada. No fundo eles, assim como nós, buscam apenas ao amor. Com a diferença de que essas pessoas desistiram dele, mesmo que não saibam, e nós seguimos adiante! Então sinto que quando faço o gesto diante do meu coração antes das sessões de cura reiki, eu estou mesmo é fazendo uma conexão com a aspiração humana dentro de nós, aquela parte que mira nas alturas da alma e vai em frente... Afinal o amor é a fonte de todas as curas! Por isso...

Namastê!

sábado, 8 de junho de 2013

Tarologia é Superstição?...

Nesta última sexta-feira, dia 07/06/2013, a Rede Globo de televisão apresentou um especial do programa jornalístico Globo Repórter sobre superstições e pessoas que vivem segundo essas crenças! Até aí ok, apesar de que, convenhamos, uma consciência supersticiosa não tem absolutamente NADA a ver um verdadeiro desenvolvimento espiritual. A espiritualidade tem por objetivo elevar o homem a um nível superior de experiência onde o intelectual e o transcendente atuem de modo conjunto elevando a personalidade a um nível supraconsciente que seria o verdadeiro estado místico. Porém, associar tarot e astrologia a atividades de crendice supersticiosa foi mais que desrespeitoso, foi pejorativo!
Tanto o estudo quanto a prática de interpretação dos arcanos do tarot quanto dos símbolos astrológicos não dependem de quem se consulta crer ou não em suas mensagens e indicações. Com certeza, precisa sim de uma mente aberta e sem preconceitos para chegar até a mesa do tarólogo ou do astrólogo, uma vez lá os oráculos falam por si mesmos. Qualquer um dos dois sistemas serve sim para fazer previsões sobre o futuro, indicar períodos mais favoráveis para essa ou aquela ação e aconselhar sobre qual a melhor estratégia a seguir dentro de uma contenda específica que o cliente esteja enfrentado. Contudo não se restringe apenas a isso, embora nenhuma das duas profissionais entrevistadas tenham mencionado o assunto, tanto o tarot quanto a astrologia podem explicar de modo profundo, dentro de uma perspectiva tanto psicológica quanto filosófica e espiritual, a verdadeira essência do que se está vivenciando. Coisas como: “Por que estou passando por isso?”, “Como isso serve ao meu crescimento?”, “Como atraí essa situação para minha vida?...” e essa talvez seja a maior riqueza desses sistemas simbólicos oraculares!
O olhar sóbrio e profundo 
tem o preço da solidão.
Já não bastasse os séculos de ignorância e reducionismo racional que o conhecimento oculto sofreu, soma-se agora a vulgarização de sua prática. O que carrega em si tanto o triunfo do conhecimento científico moderno quanto seu desprezo sobre aquilo tudo que não pode “ser comprovado cientificamente”. Sempre que ouço essa expressão fico pensando se as pessoas que a repetem se dão em conta de que é quase como afirmar que o que não possui aval científico não existe mesmo que esteja ali, bem debaixo do nosso nariz! É irritante testemunhar isso? Claro! Mas de modo algum deve desanimar aqueles que viram para além dos muros da obviedade corriqueira do conhecimento popular, e sim instigar a intensificar sua atividade para disseminar a cultura silenciosamente revolucionária e progressista da Nova Era. 

Assista ao programa: Globo Repórter/superstições

sábado, 1 de junho de 2013

Tarot & Psicologia

A Parceria entre 
Tarólogos e Psicólogos

Tenho insistido para tirar do tarot a linguagem psicológica excessiva que se instaurou sobre ele nos últimos tempos e penso que este é um trabalho que deve ser feito. O estudo da tarologia pode sim ajudar muito no processo de desenvolvimento pessoal e até auxiliar o trabalho psicológico ao acessar através dos símbolos temas que podem demorar muito para vir à tona nas sessões de terapia. Sim, isso dá uma boa parceria, porém o que tenho dito é que nenhum pode substituir o outro! E que se há um ponto em que sua linguagem converge, há outros em que ela também diverge. O ponto mais divergente, sem dúvida, é o que trata da sondagem das probabilidades futuras. Enquanto o tratamento psicológico se detém no agora, ou no passado, a tarologia permite um olhar sobre o amanhã não como um destino infalível, mas como um panorama do porvir levando sempre em consideração as atuações e escolhas que estão sendo feitas hoje, auxiliando assim a considerar as melhores possibilidades de ação. Isso claro, quando o tarólogo age com responsabilidade em relação a sua atividade e entende qual é de fato seu papel junto a cada pessoa que o procura!
O 4 de paus, do Osho Zen tarot, 
a combinação de esforços por 
um objetivo em comum.
Muitas vezes tive a oportunidade de trabalhar em parceria com psicólogos que recomendavam seus clientes a vir consultar as cartas comigo com a expressa recomendação de gravar as consultas. Assim as sessões poderiam ser ouvidas depois conjuntamente pelo paciente e seu terapeuta para que as questões levantadas fossem trabalhadas. A grande vantagem do tarot enquanto sistema simbólico oracular é a de relacionar as coisas de um dado período de tempo da vida de quem se consulta interligando os fatos e captando suas influências e interações mútuas. Certa vez uma cliente veio até mim para eu ler o tarot e os arcanos revelaram que ela era uma pessoa com grande avidez de conhecimento, o que ela confirmou dizendo que tinha quase uma compulsão por cursos de todo o tipo, de bordado a regressão de vidas passadas!...  A leitura ressaltou uma combinação entre valete de ouros e 3 de espadas, indicando que ela recorria a esse expediente para passar o maior tempo possível fora de casa e não confrontar com coisas que a incomodavam, tanto em sua relação de casamento quanto na vida familiar. Ela me olhou um tanto surpresa e disse que as coisas no âmbito íntimo estavam “mais ou menos” e que ela entendia que essa sua busca por tanto conhecimento se dava por uma necessidade de achar sua verdadeira vocação de alma, coisa que segundo ela, ainda não ocorrera. 
O guia interno se expressa através 
dos símbolos arquetípicos do tarot.

Quase dois anos se passaram e ela voltou dizendo que desde o dia de nosso encontro ficou com aquilo na cabeça até que acabou por admitir para si mesma que o que o tarot tinha revelado era a mais pura verdade! Decidiu então colocar as coisas às claras com o marido numa conversa franca, e para sua surpresa ouviu da parte dele coisas que nunca pensou que ouviria. Ou seja, o que ela pensou que estava “mais ou menos” estava na verdade bem pra menos. Sinto que se ela estivesse fazendo algum trabalho terapêutico desde o primeiro dia em que me consultou e depois trabalhasse aquela revelação com seu terapeuta tudo teria sido bem diferente! Com certeza escolheria um momento e um modo melhor de abordar o assunto com seu parceiro. Refletiria melhor sobre o que de fato a incomodava e suas origens... Vi isso funcionar com outros casos em que trabalhei nessas parcerias entre oráculo e terapia de modo muito mais do que satisfatório!
O tarot permite uma sondagem 
do mundo interior de um modo intuitivo, 
lúdico e profundo ao mesmo tempo.
Quando uma pessoa me procura eu costumo avaliar bem se ela precisa iniciar um tratamento complementar como reiki e florais, com que eu também trabalho, ou se precisa de um tratamento mais convencional ou racionalizado como costumam ser as psicoterapias. Algumas pessoas necessitam de abordagens mais direcionadas mentalmente para encontram seu equilíbrio interno, como o caso que citei a pouco. Outras, no entanto precisam de trabalhos mais sutis como o que é feito através dos símbolos e das energias como do reiki e dos florais. Por isso não há o risco de ninguém estar perdendo cliente para ninguém! Há espaço para ambas as perspectivas e que podem inclusive colaborar entre si com indicações mútuas para o benefício de todos, e principalmente, daquele que está em tratamento. Tive a oportunidade de comprovar isso trabalhando intensamente com três psicólogos, que também eram meus clientes, durante um mesmo período de aproximadamente seis anos. Acho que essa possibilidade de intercâmbio e trabalho conjunto tarólogo-psicólogo se deu comigo por dois motivos básicos: esses profissionais notaram minha necessidade de extrair o máximo do trabalho com os símbolos tarológicos. eu não tento fazer psicologia, apenas leio as cartas, relaciono os acontecimentos do modo como eles se apresentam e tento mostrar isso da forma mais clara e simples possível ao meu cliente visando seu desenvolvimento.
Com o tempo ficou evidente para mim que tarot e psicologia não são totalmente excludentes, mas sim duas perspectivas diferenciadas de uma mesma matéria: a alma humana!

O Diabo - Arcano XV


Título Esotérico – O Senhor dos Portões da Matéria; o Descendente das Forças do Tempo (O domínio das duas forças que aprisionam a alma humana: a ilusão da posse e a passagem do tempo que remete à finitude da vida).

Analogia Astrológica – Capricórnio (O 10º signo) representa a lenta subida rumo às alturas do próprio desenvolvimento e progresso. Por ser um signo terreno muito desse progresso poderá se dar apenas em âmbito material e financeiro até que aprenda o valor do ser essencial. Capricórnio pode ser ambicioso para além da conta, obstinado, frio, soberbo, impiedoso e implacável! Apaixonado pelo poder tem dificuldade em se deixar levar.

Analogia Numerológica – O homem consciente de si (1), vive livremente seus talentos e instintos (5) na busca por um lugar na comunidade a que pertence (6). Como 1 e 5 são masculinos e dados a todo tipo de exploração, são capazes de fazer de tudo para se sentirem inseridos no que há de melhor na sociedade a que pertencem ou ambicionam pertencer. Este é outro aspecto do 6, a elite social. Muitas vezes disfarçado pelo verniz das convenções sociais.

O Arcano – Um ser demoníaco e hermafrodito com asas de morcego aparece de pé sobre um pedestal com a forma de um cálice. Essa criatura tem aos seus pés duas figuras, uma masculina e outra feminina, amarrados por uma espécie de coleira no pescoço que os liga ao pedestal. Ao que parece estão ou satisfeitos ou inconscientes de sua situação... Ou as duas coisas! Eles usam tocas vermelhas de onde saem pequenos chifres negros e seu líder usa uma estranha toca amarela de onde se projetam grandes chifres de veado, ele tem também um cinto vermelho à cintura! Em algumas edições do tarot de Marselha (ver Marselha-Hadar e Camoin) pode se ver com clareza que o que a criatura segura com a mão esquerda é uma tocha, e não uma espada como aparenta em outras versões deste baralho. Seus pés e mãos têm a forma ameaçadora de garras. Sua mão direita está espalmada, num gesto de afirmação e ou saudação.

Significado – O Diabo está personificado na figura de Lúcifer, o portador da luz. Vem daí seu primeiro significado, o de trazer em si o brilho do desfrute do mundo material e dos instintos. E de fato não há nada de errado em se viver os instintos, somos seres tanto divinos quanto animais! O problema é quando servimos a eles exclusivamente. Outra palavra associada a ele é Satã, que em hebraico quer dizer adversário. Ele instigaria os homens à competição e a dominação uns dos outros. A palavra Diabo vem do latim e tem o significado de caluniador, simbolizando que é o senhor dos ardis e das intrigas; e também um perito em dissimular a verdade. Por fim, Demônio, outra palavra associado ao Diabo-Lúcifer, vem do grego Deimos, nome de um dos filhos do deus da guerra Ares, cujo significado é medo. As asas de morcego indicam que ele se move pelas sombras da alma humana em suas fantasias de poder, conquista e êxtase! O morcego é um animal que tem causado terror no inconsciente da humanidade por milhares de anos! Evoca o medo do que está pulsando no fundo da escuridão da “caverna”, que é a nossa alma. A tocha em sua mão direita, ao lado da figura masculina, é o fogo do desejo que não se apaga. E se fosse uma espada? Ainda assim seria um símbolo muito adequado, pois a espada é o arauto da luta pelo poder e da disposição em se empregar a violência. Sua mão direita espalmada, ao lado da figura feminina, com um gesto receptivo seduz ao observador a seguir seu caminho, e a possível afirmação que ele sustenta é: Nada há para além do mundo físico! Por isso sua toca amarela, cor associada à inteligência, ele tem argumentos para manter sua tese. Os chifres são os símbolos da percepção ampla, mas no caso dele é só intelectual. Lembremos que ele está intimamente ligado ao morcego, um animal cego que não suporta a luz. A luz está comumente associada à divindade e ao espírito, ou seja, ele não consegue ver além do mundo concreto. As duas criaturas aos seus pés estão limitadas por sua percepção curta, os pequenos chifres, e unicamente ligados a seus instintos inferiores, as tocas vermelhas. Não conhecem outra realidade por isso consideram sua condição “normal”, ou até mesmo se culpam por tudo o que vivem, como pessoas que se criam em ambientes abusivos de todo tipo. O pedestal em forma de cálice lembra o naipe de copas, que rege os sentimentos mais profundos e puros... Nos domínio deste arcano XV toda a pureza foi subvertida a correntes emotivas da mais baixa e primitiva vibração.

O Diabo no Osho Zen tarot.
Divinação – Ambição desmedida, cobiça, inveja, intrigas, fofocas e ardis conspiratórios de toda a sorte. Inimigos. Competitividade, materialismo, niilismo e apego a tudo o que considere seu por direito. Consumismo exacerbado, valorização excessiva dos aspectos extrínsecos das coisas como aparência, forma, preço, origem, marca. Acumulador de bens e recursos para se afirmar e se sentir seguro. Rege todos os vícios compulsivos, como sexo, comida, jogatina, videogame etc, como uma espécie de hipertrofia de um aspecto da personalidade em prol das demais. Como o cara que é uma máquina sexual, mas não consegue se ligar afetivamente a ninguém, ou que desenvolveu intensamente o intelecto e ignora a espiritualidade por não caber na concretude dos seus conceitos limitados. O abusador, em todos os sentidos. O pervertido que tenta normalizar sua conduta, o “tarado”. Fetichista, dominador e dominado. Sádico, cruel, manipulador. O subversivo, aquele que instiga no outro o seu pior ou mais primitivo. Sabe lidar com o mundo material e concreto como um todo, porém não é nem ético, nem justo. Usura, roubo. Negócios escusos. O amedrontador. Positivamente evoca o deus grego Pã, arauto das brincadeiras com os próprios instintos. Viver a vida de modo lúdico, deixar de lado os condicionamentos que engessam nossa personalidade com o lado excessivamente sóbrio da vida! Assumir seus próprios desejos, como alguém que “sai do armário”, ou assume suas reais intenções, paixões e ambições sem constrangimento. Também é a intensidade das paixões que incendeiam e que podem ser a porta de entrada de um grande amor. Basta ver que a soma do número do arcano de O Diabo, 15, resulta no número do arcano de Os Amantes, 6. Que se por um lado pode significar a perversão daqueles sentimentos pueris, e da ambiguidade da vida (e nesse caso poderíamos dizer que Os Amantes viraram os escravos do demônio), por outro lado pode representar um estágio mais bruto antes do desabrochar de sentimentos mais puros. Como disse sabiamente o mestre indiano Osho: “O sexo é a semente, o amor é a flor, compaixão é a fragrância”.


Personagem do CinemaCalígula personagem que dá nome ao filme de 1979 dirigido por Tinto Brass e interpretado por Malcolm MacDowell. Trata-se da história do mais cruel e louco imperador romano da história. O monarca é um homem atormentado por suas paixões nunca saciadas, pelo amor incestuoso por sua irmã Drusilla, sua imensa paranoia e pela desconfiança dos próprios deuses e do mundo espiritual! Não crendo nas deidades romanas começa a cultuar a deusa egípcia Ísis. Teme imensamente a morte por não ter nenhuma confiança no mundo espiritual, vindo daí seu culto a Ísis, uma das protetoras das almas dos mortos na outra vida. O jovem Calígula é fascinado pelo poder de seu avô Tiberius e ambiciona mais que tudo ser seu sucessor, chegando a matá-lo por isso. Sua afirmação no poder de forma violenta, seus caprichos incompreensíveis, e lascívia absurda, o tornam mais do que odiado e culminam com o seu assassinato.

*A Torre - Arcano XVI


Título Esotérico – O Senhor das Hostes do Poderoso (As forças coesivas do universo e da psique em constante confronto e ajustamento).

Analogia Astrológica - Marte (regente de Áries e co-regente de Escorpião) simboliza ação, movimento, força, impulso para realizar ou destruir. A energia ígnea que vive dentro de cada um de nós. A força que usamos para abrir nossos caminhos pela vida. Intensidade, libido, agressividade. É o arquétipo do guerreiro dentro da psique, aquele que desperta nossas forças interiores e as dirige conscientemente para a conquista de nossos objetivos.

Analogia Numerológica – O 1 individual e inovador confronta-se com o 6 social e conservador causando um conflito inevitável! Desse conflito nasce um novo caminho ou perspectiva mais profunda e refinada que a anterior (7). O 7 é a cifra da profundidade e do refinamento que nasce do confronto de forças antagônicas. Sua soma deriva de números discordantes psicologicamente. O 1+6, 2 (agregador) +5 (desagregador), 3 (expansivo) +4 (comedido).

O Arcano – Uma torre medieval é fulminada por um raio que se assemelha a uma labareda, e a própria labareda se assemelha a uma pena nas cores dourado e vermelho, cores tradicionalmente associadas ao elemento fogo. O cume da torre lembra a uma coroa, assim como as construções similares de sua época. As faíscas que se projetam da explosão são nas cores vermelho, azul e branco. Dois homens parecem ter sido golpeados pelo choque, um a frente e o outro atrás da construção. A torre possui três janelas na forma de um triângulo com a ponta para cima, um antigo símbolo alquímico do fogo.

Significado – As torres da antiguidade possuíam inúmeras funções, como defesa dos castelos, presídios, mirantes, faróis para orientação, ou com fins religiosos como os zigurates babilônicos, os minaretes islâmicos ou as torres das igrejas católicas, que ao mesmo tempo em que representavam as alturas de Deus, traziam em si o sino da igreja que evocava os fiéis para as missas. A Torre é a primeira edificação humana a aparecer completa nos arcanos maiores do tarot, e tanto em termos físicos quanto simbólicos, como vimos, elas são o arauto da  segurança, proteção e orientação. A segurança e a estabilidade foram rompidas subitamente, há terror e desorientação na imagem da carta como um todo. Na história bíblica da Torre de Babel diz-se que ela prolongou-se solo adentro, unindo assim o céu, a terra e  mundo subterrâneo. E exatamente esse é o simbolismo das três janelas da Torre, as três formas de percepção humana: supraconsciente, consciente e inconsciente. As três cores das faíscas dizem o mesmo, que em crises dessa dimensão vemos esses planos serem também abalados. Nossas emoções inconscientes são remexidas (faíscas azuis), nosso reconhecimento da realidade (faíscas vermelhas), e nossa conexão com um plano maior (faíscas brancas).
Os dois homens retratados na imagem aludem a um líder, ou rei como é representado em alguns baralhos, e que aparece na frente. O outro é alguém que fica nos bastidores, como um conselheiro ou serviçal, que aparece atrás da torre. Indicando tanto que a crise afeta fracos e poderosos, quanto que seus efeitos podem ser pequenos ou realmente devastadores! O cume em forma de coroa simboliza a ligação com o plano divino, mas também à cabeça como sede da consciência e, portanto, preocupação e desorientação. O raio é um símbolo de algo superior e fora de nosso controle que intercede violentamente. O fogo ao qual ele se assemelha é um elemento purificador e clareador indicando que a crise permitirá que erros sejam revelados e corrigidos, o que só dependerá de como lidaremos com ela. A pena, outra forma que parece se encaixar bem na representação deste raio, é símbolo do saber e da justiça. Durante muito tempo leis  e sentenças eram assinadas com penas, o que no arcano denota que uma correção está sendo feita em algum nível na situação em que a crise se instaurou. O que fica mais evidente ao somarmos os dígitos do número do arcano de A Torre, 16, e obtemos o número do arcano de O Carro, o 7. Ou seja, a crise aponta para uma nova direção ou começo e talvez até um avanço! Positivamente o arcano simboliza libertação, pois era também um cárcere! A libertação pode ser real ou psicológica, a fuga ou o rompimento com alguma estrutura, pessoa ou situação opressiva. Historicamente podemos citar o exemplo da queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, onde a libertação dos prisioneiros daquela fortaleza representou a libertação do próprio povo francês da opressão de seus monarcas.

A Torre no Osho Zen tarot.
Divinação – Quedas, acidentes, rupturas súbitas, separações dramáticas e inesperadas. Desastres de toda a sorte, brigas, confrontos desagradáveis. Dissolução de grupos, equipes, parcerias, sociedades, amizades, uniões amorosas etc. Desentendimentos de todo tipo, mas sempre repentinos e explosivos. Entretanto pode não representar um fim definitivo, pois a estrutura da torre não é destruída completamente, e mesmo que fosse ela é a representação de algo que pode ser construído novamente e com novas bases. Crises causadas sempre por motivos concretos e bem factuais. Ruína, falência, crises materiais grandes ou mesmo de pequena e média monta. Demissão. Ter “o tapete puxado” dentro do trabalho ou grupo de atividade. Levar um susto, uma surpresa desagradável. Preocupação, mente superocupada e cheia de pensamentos repetitivos sobre seus problemas. Insônia, ansiedade, impaciência, irritação. De dores de cabeça a enxaquecas crônicas. As crises representadas por este arcano geralmente ocorrem dentro de uma área específica da vida, mas que acaba por abalar a estrutura das demais. Positivamente é uma libertação ou inspiração súbita que ilumina para uma solução ou saída de uma crise ou contenda.

Personagem do Cinema – Doug Roberts, interpretado por Paul Newman, do filme Inferno na Torre de 1974. Doug é um arquiteto que descobre no dia da inauguração do prédio que projetou, e que será o mais alto do mundo, que as especificações para a instalação elétrica não foram seguidas e que o prédio está sujeito a curtos-circuitos. Não demora muito para ocorrer um incêndio que coloca a vida de todos os presentes à inauguração em risco. O pânico das pessoas aliado ao problema técnico de socorro dos bombeiros torna o sonho de Doug o seu pior pesadelo, o pesadelo de toda uma multidão e da cidade de São Francisco.

* Sobre o nome A Casa de Deus também atribuído a este 
arcano, há um belo texto de Jean-Claude Flornoy 
no Clube do Tarot Confira!