segunda-feira, 21 de maio de 2012

Roda de Tarot (Tarot Circular)

A dançarina cósmica de O Mundo, arcano XXI,
no Motherpeace tarot. 
O Tarot como Uma Dinâmica de Grupo


Os movimentos que criam uma reunião de pessoas com o objetivo de crescimento coletivo tem sua origem nos costumes tribais da ancestralidade humana e surgem como uma resposta ao crescente domínio das máquinas e das relações virtuais. Os contatos online estão sendo questionados em detrimento dos contatos reais. Coisa semelhante está ocorrendo na tarologia onde as leituras individuais estão sendo vistas não mais como o único modo de aplicação das cartas! Surgem as leituras coletivas com o intento de compartilhar informações, rever projeções inconscientes que passamos ao mundo e desenvolver a percepção intuitiva, além do sentimento de grupo, e da aceitação de si mesmo e do outro.
Ao contrário de uma leitura individual, onde as informações são dadas de modo específico e muito particular pelo leitor para aquele que se consulta, a leitura coletiva procura trabalhar o modo como interagimos em níveis mais profundos uns com os outros. Autores de tarots como Vicki Noble e James Wanless têm estimulado este tipo de vivência como uma forma de crescimento grupal, troca de experiências, e uma forma lúdica e meditativa, ao mesmo tempo, de crescimento interior. Inspirado por esses autores criei um conjunto de vivências que denominei inicialmente de Tarot Circular, e mais recentemente de Roda de Tarot, que resgata o círculo como um símbolo de interação e livre fluxo de energia entre pessoas. No último dia 19/05/2012 promovi com alguns alunos e clientes mais um desses encontros e foi mais uma vez uma experiência maravilhosa para todos nós! É fabuloso testemunhar o que pessoas com pouco ou nenhum conhecimento das cartas conseguem absorver delas de modo totalmente inconsciente e extrair disso informações não só relevantes para seu próprio crescimento quanto para o crescimento do próximo.
Os encontros da Roda de Tarot costumam ser bem descontraídos, para que o seu aspecto pueril não se perca com a seriedade dos temas levantados, e eu mesmo costumo participar não apenas como um facilitador e intérprete dos símbolos tarológicos, mas também como um ser humano em busca do entendimento de suas máscaras e projeções e do modo como elas afetam a si mesmo, suas oportunidades e relações. Essa posição de igualdade é fundamental para que a abertura dos participantes se dê por completo! Sem temores ou reservas, como devem ser todas as dinâmicas grupais.
O tarot que uso para tais vivências é o Motherpeace (Mãe Paz) de Vicki Noble e Karen Vogel (ver fotos abaixo à esq.). Este baralho teve como inspiração os ritos pagãos das culturas pré-cristãs focados no feminino sagrado e na vida em comunidade como fonte de crescimento e desenvolvimento. Suas cartas são redondas, evocando mais uma vez o círculo como um símbolo de inclusão e acolhimento, uma forma que, segundo as autoras, é a marca da grande deusa-mãe do passado! Suas imagens não possuem um grande acabamento artístico e por isso mesmo lembram ora desenhos infantis, ora pinturas rupestres. São espontâneas e despretensiosas.
Vicki Noble
Karen Vogel
Uma vivência simples que se pode realizar com um grupo consiste em fazer inicialmente uma forma de meditação conjunta para criar uma sintonia psíquica com o grupo. Feito isso se sentam todos em circulo e mentalizam conjuntamente para tirar, cada um, uma carta que represente a essência de suas vidas naquele momento. Logo em seguida puxam, cada um ao seu tempo, uma carta e a observam por alguns instantes, em seguida aquele que estiver coordenando vivência pede para que alguém inicie mostrando a sua carta para o grupo, caso haja necessidade ele pode até permitir que os outros participantes a peguem na mão. Passado esse momento as pessoas devem ser estimuladas a dizer o que sentiram das imagens que viram na carta do companheiro. Nesse momento muitas percepções intuitivas afloram em pessoas com pouco ou nenhum conhecimento das cartas, e isso auxilia a que cada um reflita sobre as imagens que projeta para o mundo de modo inconsciente. É importante salientar que o baralho usado tem de ter imagens claras e inspiradoras, e que não possua palavras chave ao pé das cartas como “Amor” (2 de copas), ou “Ruína” (10 de espadas) como ocorre no Thoth tarot de Aleister Crowley. Ou ainda “Celebração” (3 de copas) e “Sofrimento” (9 de espadas) como aparecem no Osho Zen tarot. Essas palavras acabam por influenciar a livre interpretação das pessoas leigas. Quanto mais livre de influências, melhor