quinta-feira, 23 de abril de 2015

Sobre as Mesas de Cartomante



No artigo anterior Sobre as Salas de Cartomante, acho que fui demasiado displicente ao nomear genericamente os símbolos e artefatos mágicos, terapêuticos e energéticos das salas de cartomante de “apetrechos”. Como se eu desprezasse ou não soubesse de sua relevância! Então, antes de qualquer coisa, quero declarar que sim, eu me utilizo de alguns desses apetrechos! Na minha mesa de atendimento há um símbolo hindu cuja função é equilibrar e sintonizar os chakras tanto meus quanto do cliente e criar uma sintonia entre nós! Também tenho pedras programadas como manda a prática terapêutica da cristaloterapia, só não as tenho em cima de minha mesa. Da mesma forma como possuo um discreto altar onde medito todos os dias antes de começar a atender! Eu apenas não foco tanto nessas coisas como muitos dos meus colegas, e acho importante salientar que a leitura do tarot funciona mesmo sem nada disso. Já expliquei aqui num dos meus artigos que os rituais, sejam eles simples ou bem elaborados, são mais para o tarólogo do que para o tarot! Nós é que precisamos limpar nossas mentes das influências externas, como casa, relacionamentos etc. O tarot funciona de qualquer modo, mas como depende do entendimento e do canal do leitor para expressar suas revelações, este precisa estar bem “limpo”, centrado e sintonizado!
Geralmente esses objetos são utilizados com a intenção de justamente ajudar o leitor a se centrar, ampliar seus potenciais intuitivos e ou mediúnicos, como também proteger a ele e ao ambiente das energias emocionais e psíquicas densas que o cliente emana durante as sessões de leitura. Afinal, ninguém procura uma consulta ao tarot por estar se sentindo leve ou bem resolvido com suas questões, não é mesmo? Mesmo quando se trata de uma consulta com objetivos de autoconhecimento, os aspectos não funcionais debatidos na sessão mexem com emoções profundas e não resolvidas, e isso gera sempre alguma tensão. Defendo a ideia de que esses símbolos arquetípicos podem ser usados discretamente, mas como deixei bem claro naquele artigo, isso é uma preferência minha, e não uma verdade absoluta!


Mas o que são? Quais suas funções? Muitos dos símbolos usados nas mesas de cartomante são de cunho espiritual, como artefatos do xamanismo, da wicca, ou da umbanda. Outras vezes são símbolos radiestésicos que trabalham as questões levantadas agora a pouco, como defesa psíquica, sintonia intuitiva etc! Plantas vivas, sementes e até os ramos de certas árvores também são usados. Como a Nova Era possui uma miríade de orientações e mesclas espirituais de diversas origens, não seria possível enumerar tudo o que se pode encontrar. Podemos, porém, explicar os mais comuns. Vamos a eles:

Velas – Por representar o elemento fogo são purificadores energéticos naturais, e sua imensa força arquetípica como símbolos de poder, permitem com que se direcione ao subconsciente intenções específicas para as consultas daquele dia.

Incensos – Antes do surgimento das primeiras velas os incensos eram as mais perfeitas oferendas dadas às divindades, sobretudo no antigo Egito e Índia. Além disso, o perfume é conhecido nas tradições ancestrais como um dissipador de miasmas energéticos.

Cristais – Os cristais também podem ser programados para as mais variadas aplicações mediúnicas e terapêuticas. Podendo servir à defesa psíquica, a ampliação do canal intuitivo e da visão interior, centramento tanto do leitor quanto do consulente, e cura.


Alguns símbolos com que também podemos nos deparar em salas e nas mesas de cartomantes.

Pentagrama – Simboliza os poderes da terra, a revelação da verdade e a proteção da grande Deusa-Mãe dos ritos pagãos. Para os pitagóricos era o símbolo do ideal de perfeição humana. em perfeita saúde e conhecimento. Para os hebreus o símbolo dos cinco livros do Torá, o Pentateuco, a lei revelada por Deus.

Olho de Hórus – Seria o olho esquerdo perdido por Hórus na sua batalha contra o Deus do caos Seth. O novo olho possuía o dom de um poder supremo, proteção e capacidade de ver tudo para além das aparências, da distância e do tempo, como ocorre com aqueles que possuem a sua “terceira visão” aberta. Sendo essa a sua função simbólica para os que se orientam pela tradição mágica dos egípcios.

O Athame – Uma faca com lâmina dupla, mas não amoladas, que serve para dirigir energias tanto quanto para definir o espaço de trabalho mágico, traz proteção. Seu simbolismo está ligado à lua e é comumente utilizado por seguidores da religião Wicca.

O Caldeirão – Muito cartomantes seguidores da tradição da Deusa usam um pequeno caldeirão de três pernas, simbolizando as três faces da Deusa-Mãe, sobre a mesa junto com seu athame. Nele se pode queimar pedidos, ou fazer pequenas fogueiras com intenções rituais antes ou depois dos atendimentos.



Como disse nada disso substitui a interação leitor-oráculo, mas pode facilitar o fluxo e a interação das energias do inconsciente entre leitor e cliente. Não me utilizo de nenhum deles, mas reconheço seu valor tanto simbólico e psicológico, quanto energético e mágico. Como pode se observar os três primeiros objetos citados são de aplicação mais ampla, e não dependem de nenhuma orientação místico-religiosa. Os dois que se seguem não necessariamente, mas os dois últimos com certeza!
Sinto que numa leitura de tarot uma certa aplicação de símbolos poderosos da ancestralidade profundamente arraigados no nosso inconsciente coletivo pode ajudar sim, mas eu prefiro me apoiar, sobretudo, na minha presença divina, na convicção do meu propósito e missão, e na minha total confiança na linguagem e nas revelações do tarot! E, para ser sincero, tem funcionado muito bem nas últimas duas décadas e meia.

Namastê!

terça-feira, 14 de abril de 2015

Sobre as Salas de Cartomante


Diante da observação de uma aluna que disse que minha sala de atendimento era "bem masculina" e nada "mística", comecei a refletir o motivo de eu tê-la transformado assim. Eu a considero um ambiente agradável, e meus clientes também o acham, por outro lado sei que ela é destituída da aparência de grande parte das salas tradicionais, por assim dizer, das cartomantes. Não há fumaça de incenso pairando pelo ar, nem almoçadas nas cadeiras para recostar os clientes, pequenas mesas redondas, e muito menos velas, pedras ou bolas de cristal em cima da mesa de consulta, ou ainda mini caldeirões para queimar energias negativas antes e depois das leituras, como o fazem alguns cartomantes wiccanos. Minha sala de fato parece mesmo um escritório! Na minha mesa (grande e retangular) de um lado fica um aparelho de telefone e uma secretária eletrônica, do outro minha agenda, alguns blocos de anotações, canetas, uma caixa rúnica e um exemplar do I Ching para minhas orientações pessoais. Somente nas leituras de tarot é que eu uso sobre ela um pano violeta feito no tear para deitar as cartas em cima durante a interpretação, e o meu baralho de tarot propriamente dito. Nos atendimentos de numerologia e astrologia nem isso eu uso!


Eu sempre evitei esta exposição de acessórios por considerar que minhas crenças e práticas quer sejam espirituais, ou simplesmente meditativas, são minhas e de mais ninguém! Além de acreditar que isso poderia gerar ou temor ou muita resistência por parte de quem viesse a se consultar comigo, embora saiba que ambas as atitudes sejam fruto do mais puro preconceito, que invariavelmente é apoiado na mais pura ignorância sobre o assunto! Muitas vezes o preconceito das pessoas as impedem de chegar até um consultor desses. Por outro lado creio muito firmemente que nós devemos ser o que somos e que só chegará a nós quem tem de vir e ouvir o que tem de ouvir através do que amadurecemos ao longo de nossa caminhada. Ou seja, pessoas que se coadunam com tudo o que criamos com nossa experiência ao longo da vida. E lembro-me da sala de atendimento da minha já falecida tia Lourdes, com uma pequena mesa onde suas cartas de baralho Lenormand ficavam ao lado de uma sineta que ela tocava enquanto orava para abrir o trabalho de leitura. Ou da mesa com cristais e símbolos egípcios de minha querida amiga e Mestra Laura. Eu me sentia, e sinto, muito aconchegado nesses ambientes. 
Fui procurar na internet as salas de cartomante mundo afora e me deparei com o mais variado tipo de argumento para que cada um atendesse no ambiente em que atende. Desde a vibração energética, aos preceitos de culto religioso e espiritual que cada um professa. 
Por fim concluí que minha sala é do que jeito que é porque gosto de ambientes claros e de aparência limpa e organizada, e também porque sou discreto com minha vida espiritual como sou com minha vida privada. Não são temas de domínio universal e sim de cunho privado e prefiro que continuem assim, muito embora apoie integralmente os que pensam o contrário a seguir suas convicções. Nossos ambientes de trabalho refletem o que somos, não tem jeito! Além do que, a vida sem a expressão de sua pluralidade é que não faz o menor sentido!

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