terça-feira, 28 de junho de 2011

Os 4 Arquétipos do Curador


O arquétipo é uma energia psíquica que se expressa através dos símbolos, como ocorre no tarot e na astrologia, por exemplo, ou de histórias alegóricas como ocorre nos mitos. Considero os quatro mitos a seguir os que melhor expressam as funções de um curador em qualquer nível do conhecimento humano em que ele atue. Viaje comigo!
Quiron
O sábio centauro Quíron tem *origem controversa, uns dizem que ele seria filho de Cronos quando esse se transformara num cavalo para se esconder de sua esposa Reia. Outros ainda dizem que ele era filho de Zeus com a ninfa Maia. O certo é que Quíron era um dos mais célebres sábios, videntes e curadores de toda a Grécia. A ele foi confiado a educação de todos os jovens das nobres famílias gregas, bem como muitos dos filhos bastardos de Zeus. Certa vez foi ferido acidentalmente por uma das flechas do seu amigo e pupilo Hércules, quando esse havia acabado de matar a hidra de Lerna, um animal de tamanha peçonha que seu sangue era venenoso e incurável! Como o sábio centauro era imortal o que ocorreu foi uma ferida terrivelmente dolorosa. Não suportando mais tamanha dor pediu a Zeus que o matasse e assim acabasse com seu sofrimento. O deus supremo então se apieda do destino do nobre sábio e ao invés de matá-lo, transmuta seu corpo na constelação do Centauro, que corresponde ao nono signo astrológico, Sagitário, livrando-o assim do sofrimento e concedendo-lhe a imortalidade junto às estrelas.

O Arquétipo – Quíron representa o sofrimento que todo o curador tem em sua alma e que o faz buscar uma explicação para a vida. O próprio sofrimento é o grande motivador da busca por cura e pela maioria das escolhas por se tornar um terapeuta ou um curador, seja lá em área de atuação for! Quíron também nos lembra que somos humanos e que não temos de ser perfeitos para nos tornarmos um curador, mas que não devemos nunca nos esquecer de também crescer com o que ensinamos ou orientamos ao próximo, pois que muitas vezes nossas intuições servem tanto para o outro quanto para nós mesmos. Tornar-se um terapeuta é um outro modo de estar em constante auto terapia.

* Um mito conta que os centauros eram todos descendentes de Ixion, o mais perverso dos criminosos, com uma nuvem que Zeus moldou com a forma da deusa Hera, por quem Ixion estava tremendamente atraído. Quíron, porém, seria filho desta mesma nuvem com o deus da guerra, Ares.

Perséfone
Perséfone, come a romã e
comunga com o mundo das trevas.
Filha única da deusa da natureza Deméter, seu mito é um dos mais importantes para a religião da antiga Grécia. Foi sequestrada por Hades enquanto passeava pelos campos colhendo violetas e narcisos com as filhas do rei Oceano. Ele a carrega para o Tártaro, o mundo dos mortos, e lá lhe oferece uma romã. Como a moça estava faminta, aceita a oferta e apaixona-se pelo deus do submundo. Quando subia à superfície Hades usava um elmo que lhe ocultava a face, os mitos, entretanto, relatam que ele era um homem de grande beleza, forte e viril. 
A deusa Deméter sai pelo mundo desesperada procurando por sua filha, mas tudo em vão. Até que um dia encontra um menino chamado Triptólemos, e esse lhe revela que vira uma linda jovem sendo arrastada por um homem incógnito que a arrasta para dentro da terra. Na hora ela soube que se tratava de sua filha e do deus dos mortos. Agradece ao rapaz ensinando a ele a agricultura e confiando ao menino um segredo que, segundo os mitos, era a essência da vida. Segredo esse que deu início ao Mistério de Elêusis e que é o mais bem guardado da história da humanidade! Começa uma grande negociação para resolver a questão do sequestro da linda deusa. Hades não queria abrir mão dela, e Deméter muito menos. Hermes, deus dos comerciantes, foi chamado para resolver a situação e descobriu que ela comeu no submundo ¼ de uma romã podendo então ficar apenas ¼ do ano com o marido. Diz-se que esse ¼ do ano corresponde ao inverno, quando ela deixa mais uma vez a sua mãe. No verão elas estão juntas e o outono e a primavera seriam a preparação da sua partida e ou da sua chegada.


O Arquétipo – O rapto de Perséfone é uma alusão ao encontro da própria sombra interior. Encarar nossos medos, angústias e rancores mais recônditos pode ser doloroso sim, mas profundamente libertador. Traz a oportunidade de conhecer a si mesmo em sua totalidade e o que poderia ser terrível acaba trabalhando para criar um ser verdadeiramente integro e por isso mesmo belo e forte interiormente, tanto quanto a face revelada do deus Hades. Não se pode chafurdar na sombra dos outros sem encarar as suas próprias. Um curador também deve mergulhar em si na humilde posição daquele que é tratado, só assim será um eficiente comunicador entre os mundos como a bela Perséfone, que ligava o mundo terreno de sua mãe Deméter ao mundo espiritual do seu marido Hades.


Perseu
Perseu matando a Medusa.
Filho de Dânae com Zeus, Perseu foi colocado ainda pequeno num baú junto com a sua mãe e lançado ao mar porque seu avô Acrísio, rei de Argos, havia sido alertado por um oráculo que o filho de sua filha seria o instrumento de sua morte. Mais uma vez Zeus intervém por um de seus filhos bastardos e fez com que a caixa de madeira fosse levada suavemente até as costas do reino de Polidectes. Um pescador acha os dois e os leva a presença do seu rei que os acolhe e cuida. Perseu cresce um jovem forte e de feitos notáveis o que faz com que seu benfeitor lhe peça que o ajude a matar a tenebrosa górgona Medusa, uma antiga sacerdotisa de Athena. Ajudado pela própria deusa Athena que lhe dá um escudo e uma espada, e por Hermes que lhe dá uma sandália com asas, o rapaz parte para sua missão. Ele consegue matar o monstro sem lhe encarar nos olhos, pois a besta possuía o poder de petrificar quem quer que a encarasse. Usando o escudo para refletir sua imagem ele corta-lhe a cabeça enquanto ela dormia. 
No retorno de sua viagem vitoriosa ele vê a linda princesa etíope Andrômeda amarrada a um rochedo porque sua vaidosa mãe Cassiopeia ofendera as ninfas do mar ao comparar sua própria beleza com a beleza das deidades aquáticas. Um oráculo revela que o único jeito de apaziguar a fúria das ninfas, que mandaram um monstro marinho para destruir o reino do rei Cefeu, pai de Andrômeda e marido de Cassiopeia, era o sacrifício da filha do casal à fera. Perseu logo se apaixona pela linda donzela e enfrenta o monstro combinando que se vencesse teria como prêmio a mão da jovem em casamento, e assim foi. Lutou, venceu e casou-se com a bela Andrômeda da Etiópia.


O Arquétipo – Perseu representa o profundo desejo que todo o curador tem de tornar esse mundo um lugar melhor. Socorrer o sofrimento alheio é tão importante quanto entendê-lo em sua origem e motivação. Possuímos todos “um salvador do mundo” disposto a ajudar de todas as maneiras possíveis aqueles que nos procuram. De certa forma entendemos que ajudando uma pessoa a viver melhor ajudamos ao mundo todo. Ao salvar Andrômeda Perseu salva um reino inteiro! Não é raro encontrarmos curadores que ainda dividem o tempo entre seus atendimentos e trabalhos voluntários em prol dos que não tem acesso aos seus serviços. O perigo desse arquétipo está justamente no excesso de suas qualidades! Tornar-se um curador obcecado por suas funções, esquecendo-se dos limites e necessidades do outro bem como de seus próprios limites e necessidades, também é uma perversão.


Orfeu
Orfeu encanta Cérbero,
guardião do submundo.
Filho do deus-sol Apolo e da musa Calíope, a bela da voz, Orfeu recebe do pai uma lira da qual extraia um som tão belo que nada resistia ao seu encanto. Foi apaixonado por Eurídice que em seguida do seu casamento com Orfeu foi assediada implacavelmente pelo jovem Aristeu que estava enlouquecido de desejo por ela. Na fuga pisou numa víbora e morreu devido ao veneno de sua mordida. Depois de apelar aos deuses e aos homens Orfeu decide descer ao mundo dos mortos para resgatar sua linda esposa. Ficou muitos dias a beira do rio Estige tentando convencer ao barqueiro Caronte a levá-lo a presença do deus Hades. Quando finalmente chegou a presença do rei-deus do submundo, depois de fazer adormecer o cão de três cabeças Cérbero que guardava os portões da entrada, Orfeu mostra a ele a linda canção que compôs sobre a perda de sua amada. Comovido Hades permite que ele a leve de volta mas adverte que não deve olhar para ela até chegar ao mundo dos vivos. Tomado por saudade, ansiedade e certa desconfiança das intenções do deus obscuro ele se vira e a vê pela última vez. Sua amada Eurídice desaparece para sempre! Algumas versões dizem que ela se transforma numa estátua de sal perpetuamente postada às portas do Tártaro. 
Orfeu volta, desolado e inconsolável. Os dias que passa à beira do rio Estige conferiram-lhe novos dons e poderes. Ele passa a ser um extraordinário profeta, clarividente, e curador sendo amplamente procurado como conselheiro e médico. Dedica-se às suas novas funções recusando todas as mulheres que flertavam com ele. Certa vez, tomadas por um êxtase dos ritos dionisíacos, elas o atacam e o esquartejam lançando seus pedaços ao rio que levava seu nome (O rio Orfeu). Conta a lenda que sua cabeça ainda cantava enquanto descia levado pela correnteza, e que era uma canção tão doce que as mulheres despertaram de seu transe e choraram de arrependimento.

O Arquétipo – Orfeu fala da necessidade de distanciamento emocional que todo o curador precisa para não perder a objetividade e o foco do tratamento que está sendo realizado. O cliente não deve ser confundido com um novo amigo ou parceiro de vida por mais que suas histórias se pareçam com as do seu terapeuta. O cuidado prestado a ele é profissional e se encerra quando termina o tratamento. Por outro lado, a postura do terapeuta nunca deve ser distante ao ponto de não permitir que seu lado humano se mostre! Essa abordagem cria uma falsa impressão de superioridade inflando perigosamente o ego daquele que está tratando e diminuindo a auto estima daquele que se trata. Não se deve subestimar as intuições e impressões do cliente, afinal ele conhece seus dramas à partir de dentro, ele conhece a sua verdade. O terapeuta é apenas um facilitador para que ele junte todas as peças do seu entendimento interior.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Tarot e as Terapias Complementares


Como um instrumento de revelação de processos interiores, o tarot também se mostrou um eficaz sistema de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal em processos de aplicação terapêutica. Os arcanos revelam emoções, sentimentos, pensamentos e reações a uma situação vivida que podem denunciar condicionamentos da infância ou mesmo de outras vidas! Os símbolos do tarot podem revelar e orientar sobre quais posturas diante destas vivências se mostram mais adequadas, maduras ou equilibradas. Além de orientar o tarot também traz novas perspectivas que ampliam o campo de visão interior, levando à introspecção e à reflexão, abrindo espaço para a possibilidade de transformação pessoal.
Reiki, a terapia de transmissão 
da energia Ki.
Costumo dizer que o tarot é muito bom em “tirar esqueletos do armário”, mas o que fazer com eles depois? Claro que o tarólogo não tem necessariamente de se comprometer com isso, mas deve pelo menos orientar e ou indicar possíveis caminhos de tratamento terapêutico para as questões levantadas numa consulta. Outros preferem escolher alguns tratamentos complementares (Antes chamados de alternativos) para oferecer auxílio para quem procura seus serviços. O termo complementar ao invés de alternativo se acomoda melhor numa perspectiva holística de saúde, pois não exclui nenhum tipo de tratamento já que todos visam a integridade de diferentes aspectos do ser.
Algumas dessas terapias combinam bem com a dinâmica do tarot, como por exemplo, a terapia floral. Muitas vezes um tarólogo tem um único encontro com seu cliente, e passar um receituário de florais é a forma mais rápida de se indicar um caminho para tratar os temas levantados numa leitura dos arcanos. Isso sem falar que abre campo para que a atuação das essências faça com que aquela pessoa sinta os efeitos e assuma um processo de cura interior, não necessariamente com quem os indicou. O mesmo se pode dizer da homeopatia e da fitoterapia.
Florais de Bach.
Certas terapias com propostas mais prolongadas podem ser bem interessantes à prática tarológica. A terapia reiki ou mesmo a terapia corporal indicam um comprometimento maior do cliente em fazer algo com as informações que recebeu numa leitura.
Através da consciência corporal proposta nos tratamentos de massagem ou na mudança dos padrões energéticos, que também moldam as estruturas mentais, como ocorre nas sessões de reiki, é possível alterar antigos padrões de comportamento e pensamento. Consultas de tarot regulares e intercaladas entre as sessões de terapia podem mostrar muito bem os efeitos do tratamento ao longo do processo e a evolução do cliente.
Se o tarólogo se utiliza de uma abordagem mais kármica do simbolismo dos arcanos, a terapia de vidas passadas (TVP) é um excelente complemento a aplicação terapêutica do tarot.
Não existem limites claros sobre quais terapias podem ser empregadas como recurso às leituras de tarot. Pode ser cristaloterapia, aromaterapia, yôga e assim por diante. Também nem tudo o que um tarólogo-terapeuta tem a oferecer é necessariamente o que seu cliente precisa.
Pedras quentes, uma eficiente forma
de terapia corporal.
Por esse motivo é fundamental que a postura ética seja preservada e que o bem estar do cliente seja sempre a prioridade. Tenho tido um cuidado especial em sempre me questionar se o que eu tenho a oferecer é o suficiente para tratar determinadas questões. Como deixar de se encaminhar ao psiquiatra uma pessoa que está em avançado estágio depressivo (Que pode, inclusive, levar ao suicídio)? Ou pedir paciência para quem sofre de terríveis dores musculares, causadas por estresse intenso, ao invés de indicar um terapeuta corporal?
Não devemos esquecer nunca de que um terapeuta é um servidor e um cuidador antes de qualquer coisa. Como tal é responsável, pelo tempo que durar sua consulta, pelo bem estar e conforto de quem recorre aos seus serviços em busca de orientação.