quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

As Rainhas do Tarot

Mães e Sensitivas...

As Rainhas do baralho
clássico; A Rainha de espadas
do Visconti-Sforza tarot.
As Rainhas do tarot, também chamadas de Sacerdotisas, Mães e Mulheres nos baralhos mais modernos, são a personificação do feminino interior e do arquétipo da mãe dentro de nós! Foi Jung quem disse que todo homem vive o seu feminino projetado nas mulheres que ele escolhe. Essa porção feminina chamada Anima é que é a responsável por escolher a parceira dele, ou seja, seleciona uma representante física para a emanação do feminino interior em cada homem! Como acontece com as mulheres e seu Animus interior. As vivências com a mãe moldam, em grande parte, nos homens a relação com as mulheres. Nas mulheres essa relação define sua própria feminilidade. Na grande maioria dos casos por repetição ou negação. A construção de uma identidade própria e, portanto de um feminino interior autêntico, só é obtido por homens e mulheres mediante um trabalho de transformação interior! O aspecto feminino da psique é aquele que se relaciona com o mundo dentro de uma perspectiva emocional. Que estabelece e cria vínculos, nutre-os e aprofunda-se neles! A perspectiva do feminino é sempre interior, sensível e imaginativa.
A ciência mostrou que além do corpo o cérebro tem um sexo próprio. É mais comum ver homens com mentes masculinas e mulheres com mentes femininas como descrevemos a pouco. Entretanto há muitos casos de “inversão”, basta ver a grande quantidade de homens artistas, místicos, inventivos e imensamente sensíveis e afetivos. Da mesma forma que há inúmeras mulheres no universo científico, acadêmico e militar! Essa “inversão” no gênero do sexo cerebral, por assim dizer, não reflete de modo algum a orientação sexual de uma pessoa.
A Imperatriz, mãe ou irmã
mais velha de todas as Rainhas
dos naipes. The Empress,
do Tarot of The Spirit,

de Pamela Eakins.
Nos primórdios dos tempos cabia as mulheres o cuidado da prole e da terra. Assim a agricultura foi desenvolvida pelas mulheres, e a confecção de utensílios domésticos e de pães, por exemplo, era função feminina. Provavelmente que por esse motivo muitas deidades femininas ancestrais evocavam a agricultura, a fertilidade, a abundância e a riqueza. Entre elas Gaia, Reia e Deméter na antiga Grécia, Oxum na cultura Iorubana, Pachamama nas tribos Incas andinas, e a Mulher do Milho (ou Mãe do Milho) dos povos nativos da América do Norte, como os Cheyenne e os Cherokee, entre outras. O feminino ficou marcado pela ideia de nutrição, crescimento, fertilidade e, claro, abundância. Um evidente atributo materno, como o do arcano de A Imperatriz, das quais todas as Rainhas dos arcanos menores são as filhas ou irmãs mais novas e, como tais, refletem seus melhores e piores atributos. Como disse anteriormente a afetividade amorosa e a “maternação” dos relacionamentos não é exclusividade do gênero feminino, embora mais abundante nele.
No tarot as Rainhas são aquelas que desfrutam da vida e dos seus dons naturais, sem romper com seus papéis de cuidadoras. Devemos lembrar, entretanto, que cada Rainha cuida conforme os atributos do seu naipe de origem. Paus mais com uma afetividade mais intensa e prestativa, copas com uma afetividade mais profunda e acalentadora, espadas de modo mais racional, verbal, organizado e mental, e ouros de modo mais físico, prático e objetivo. As Rainhas são representadas pelo elemento água, a fonte doadora e mantenedora da vida. Cada uma delas é a água correspondente ao elemento do naipe ao qual pertence. A Rainha de paus será a água do fogo (sentimento intenso), a de copas a água da água (sentimento profundo), a de espadas a água do ar (sentimento interiorizado) e, finalmente, a de ouros a água da terra (o sentimento expresso no mundo físico).

Vamos agora aos seus significados simbólicos:


A Sacerdotisa de paus,
do Motherpeace tarot.
Rainha de paus – A água do fogo. A água morna dos banhos do bebê, ou dos casais apaixonados. A água que cozinha os alimentos para a tribo ou a família. Terna, amorosa e muito sensual, ama a família e o lar, bem como os amigos, e sente que deve protegê-los e defendê-los, ainda que não lhe peçam ajuda. Unir, compartilhar, acarinhar. Dedicação cuidadosa, gestos conciliadores e amorosos. Gentileza. É a construtora de ninhos, acolhedora. Doação generosa. Sensualidade penetrante. Disposição e capacidade de lutar pelas pessoas que ama. Compartilha o que tem de melhor, pois acredita que a vida é uma troca e quanto mais se dá mais tem para doar! A administradora, a líder comunitária, a assistente social, cuidadora, enfermeira, parteira ou doula. Não guarda nem segredos nem vantagens, assim como seu Rei, crê no seu poder pessoal. A sua sombra é a passionalidade e a intromissão no espaço alheio, embora com desejo de ajudar.

A Mulher de copas,
do Voyager tarot.
Rainha de copas – A água da água. As profundezas abissais do mar. Profunda, mediúnica e sensível. Percebe as emoções alheias e as acolhe sem julgamento. Abertura de coração. Compreensiva no real sentido da palavra. Sua capacidade de amar inclui o perdão e a misericórdia. Sente com profundidade, possui empatia emocional e até mesmo psíquica. Não opõe resistência às demandas externas. Sua identificação com as emoções alheias, por outro lado, a faz ficar confusa quanto a sua própria identidade, e nubla a capacidade de reconhecer seus desejos verdadeiros. Podendo, viver como uma eterna projeção dos outros. Sentimentos simbióticos, viver o outro e esquecer-se de si. Fragilidade emocional. Representa a bruxa, a paranormal, a poetisa, a música, uma artista de performance profunda.

A Rainha de espadas,
do Rider-Waite tarot.
Rainha de espadas – A água do ar. Um lago que seca sob os ventos de um deserto. A mente lúcida que não se permite levar pela subjetividade das emoções. A capacidade de colocar em palavras, e de modo inteligível, coisas abstratas ou muito complexas! Define prioridades, separa o certo do errado, o coerente do incoerente. Bom senso, e grande senso de justiça. O senso de dever que se coloca acima do de prazer. Nenhum sentimento sobrepõe o pensamento. Rege profissões tais como a pedagogia, a literatura e a filosofia. Por outro lado é crítica, julgadora, e exigente em demasia (exigências muitas vezes impossíveis de se cumprir). Possui um senso de valores muito estreito. Falta flexibilidade, o que faz surgir o preconceito e a moralidade conservadora.

A Rainha de arco-íris,
do Osho Zen tarot.
Rainha de ouros – A água da terra. A nascente de um rio que no decorrer do seu leito nutre florestas e campos. A consciência do corpo e dos sentidos. Usufrui a beleza e os prazeres da vida com responsabilidade e consciência. Ama, nutre e cuida com o mesmo zelo da Rainha de paus, mas sem os mesmos excessos. Cuidados com a saúde e o bem estar físico e material, tanto seu quanto dos que ama. Incorpora o moderno conceito de “qualidade de vida”. Nutrição, dietas, estética, culinária, artesanato e artes plásticas em geral, massagens, yôga, relaxamento e todas as profissões relacionadas. Ama as coisas belas e de boa qualidade. É toda a relação com o aspecto prazeroso, sensorial e material da vida sem culpa. A sua sombra é a da perdulária descontrolada, a sensualista vulgar, possessiva nos afetos, materialista e superficial. O tipo que ama as badalações caras, uma alpinista social.