sábado, 20 de dezembro de 2014

Os Cavaleiros do Tarot

A ação expansiva...

Os cavaleiros do tarot, também conhecidos como Filhos, Irmãos, Sábios ou Visionários, nos baralhos mais modernos, são a representação do guerreiro dentro de cada um nós! Nos tempos atuais o papel do guerreiro tem sido resgatado para além da imagem do “fazedor da guerra”, mas também como aquele agente interior que nos faz levantar todas as manhãs para enfrentar a batalha do dia a dia. Revestimos-nos do guerreiro interior ao enfrentar uma vaga de emprego, ou num teste probatório de admissão num curso, ou ao enfrentarmos uma enfermidade, ou a enfermidade de alguém muito chegado. O guerreiro nos acompanha até no simples ato de ir trabalhar, e atender as demandas que nossa atividade exige! É bem verdade, que essa energia mal dirigida acarreta coisas como competitividade, confrontos e beligerância também. Na Idade Média os cavaleiros eram os protetores do reino e dos valores de sua comunidade. Em tempos mais remotos o rei também deveria ser um bom guerreiro e estrategista, além de monarca. Nos campos de batalha ele comandava e incitava seus homens à batalha. Com o passar do tempo a função de rei e de guerreiro foi bifurcada, e a este último coube o papel de protetor do reino e de conquistador de novos territórios. Sua ação seria, portanto, expansiva. No tarot essa disposição física para lutar, crescer e vencer está representada no simbolismo do cavalo, um animal belo e poderoso que era utilizado tanto para viagens, quanto para transporte de cargas, esportes e combates. Seu vigor muscular e elegância harmonizam-se perfeitamente bem com a figura arquetípica altiva, forte e vitoriosa dos cavaleiros antigos. E é justo o cavalo a ponte de ligação entre todos os cavaleiros dos arcanos menores com o primeiro cavaleiro do tarot, o jovem príncipe guerreiro de O Carro, dos quais descendem os guerreiros de cada naipe. Considero O Carro o pai ou o irmão mais velho de todos eles, aos quais ele empresta suas qualidades de determinação planejada ou simplesmente aguerrida, e a sua ânsia por vitória no combate.
Os Cavaleiros do baralho
clássico; O Cavaleiro de
copas do 1 JJ Swisss tarot.
Foi na Idade Média também que surgiu os altos ideais da cavalaria, como honra, coragem, generosidade e lealdade! Além do amor cortês para com todas as damas e donzelas. Daí a proximidade das palavras cavaleiro, e cavalheiro. O primeiro o originador dos ideais de dignidade e gentileza, e o outro como um seguidor desses ideais. O cavalheirismo, ao contrário do papel do guerreiro, tem sido questionado. Os seus críticos dizem que é uma postura machista que coloca a mulher como inferior ou incapaz. Outros ainda alegam que ao obterem espaço por direitos iguais as mulheres se tornaram competidoras dos homens na vida e, portanto, dar-lhes vantagens através de atos cavalheirescos seria uma burrice! Mesmo aqueles que defendem que o cavalheirismo tornou-se mais abrangente, ao estender sua gentileza e generosidade também aos mais fracos, mais velhos e as crianças, são confrontados com a questão: e quem acolhe e cuida do cavalheiro? Ou seja, esse é um papel e uma função pesada para os homem atual, mas que por outro lado o deixa sem uma função na sociedade que assinale positivamente sua masculinidade. Essa questão será solucionada quando os homens modernos resgatarem também a confiança uns nos outros que os antigos cavaleiros medievais tinham em seus irmãos, e se apoiarem mútua e amorosamente. Assim o cavalheirismo ganhará uma conotação mais ampla, indo além do trato entre os gêneros, e assumindo um papel mais cósmico de cuidado e gentileza para com toda a vida!


A Ordem dos Templários.

Os ideais da cavalaria formaram igualmente a base humana dentro de todas as guerras modernas, ao definirem o modo como os soldados adversários deveriam ser tratados, tanto no ocidente quanto no oriente. Basta ver a nobre imagem dos Cavaleiros Templários na Europa, e a ordem dos guerreiros Samurais no Japão. O idealismo, o sentido de missão, e busca pelo mais elevado são, aliás, a marca dos Cavaleiros do tarot. Como também o é a sua entrega à sua missão, e o desejo de fazer bem feito e dentro dos princípios da ética, da honra, e da dignidade.
Apesar de sua identidade original ser toda pertencente ao gênero masculino, e se coadunar mais com esse gênero, a verdade é que todos nós possuímos um guerreiro interior. Todos nós temos sonhos e ambições, e a vontade de torná-los reais! Ao serem destituídos de seus elevados ideais de realização os Cavaleiros podem se tornar agressivos, obsessivos, e até destrutivos. Como o eram seus análogos medievais em suas sangrentas batalhas; haja visto o horror que foram as Cruzadas, também chamadas de Guerra Santa. Cada Cavaleiro do tarot é representado pelo elemento fogo, que ao ser redefinido pelo elemento de cada naipe ao qual pertence, tem sua personalidade e ação moldadas segundo este elemento. O cavaleiro de paus seria então o fogo do fogo (pura ação e movimento), o de copas o fogo da água (a ação emotiva ou devocional), o de espadas o fogo do ar (a ação segundo um plano ou meta), e o de ouros o fogo da terra (a ação planejada e laboriosa para construir alguma coisa).

Vamos aos seus significados simbólicos:


Belerofonte, o Cavaleiro de paus,
do tarot Mitológico.
Cavaleiro de paus: O fogo do fogo. A intensidade de uma queimada. A ação intensa num determinado foco; uma ação com o objetivo de mudar, intensificar, ou melhorar uma coisa ou situação. Tem a intenção de tornar as coisas mais “elevadas”. Quer brilhar e viver a vida intensamente. Ama a ideia de sucesso e evolução em todos os seus sentidos. Possui uma personalidade envolvente e arrebatadora. Gosta de focar-se para realizar qualquer coisa. Aprecia a mudança e acredita com firmeza que tudo sempre pode melhorar, e que nada é impossível! Sua atenção está permanentemente voltada para as qualidades e temas luminosos desta vida. É um positivista. Sua sombra é a do jovem bruto, apressado e impaciente com o ritmo dos outros. Os detalhes o enervam! Pode ser também ansioso, exibido, egoísta, arrogante, e um sedutor compulsivo e sem vínculos mais profundos.

O Cavaleiro de copas, do Thoth tarot.
Cavaleiro de copas: O fogo da água. O vapor sobre a superfície de rios, lagos e mares vulcânicos que se eleva aos céus. O buscador do sonho, o guerreiro do coração. Aquele que se lança de cabeça em algo sem garantias de segurança. Segue sem titubear os ditames do seu coração. Sua ação não é temperada por coisas como bom senso ou crítica, apenas confiança no apelo interior. Representa a total dedicação amorosa a algo ou alguém sem expectativas ou cobranças, só a confiança nos sentimentos. Crê sinceramente no caminho que escolheu. Um visionário. Ama devotadamente, quer seja uma pessoa, uma causa, um ideal ou atividade. É o ato de apaixonar-se! O jovem galanteador. O místico no seu sentido mais puro, aquele que busca uma comunhão com Deus, ou o Transcendente. Sua sombra é justo a incompreensão que pode gerar entre os que o rodeiam, e que podem desacreditá-lo totalmente taxando-o de bobalhão e sonhador.

O Cavaleiro de nuvens, do
Osho Zen tarot.
Cavaleiro de espadas: O fogo do ar. O vento seco que devasta tudo. O grande conquistador. A mente focada nas conquistas objetivadas pela razão. O conquistador determinado e combativo; a obstinação interior. Vencer pelo poder e com toda a garra. Aquele que não desiste até a meta ser alcançada, e não poupa esforços, e até mesmo consequências, se ele exceder suas funções. A sua cobiça e competitividade podem desumanizá-lo, tornando-o cruel e violento. Sua sombra é daquele que vê tudo e todos como adversários em potencial, possíveis obstáculos às suas conquistas. O caráter defensivo. O ego que tenta afirmar-se através das suas conquistas. Raiva, animosidade, beligerância. O destruidor, aquele que vence esmagando o outro. O soldado de elite, o ninja, o boxeador e o lutador perito em artes marciais.

O Sábio dos mundos, do
Voyager tarot.
Cavaleiro de ouros: O fogo da terra. O calor e a luz que vivificam toda a natureza. O trabalhador disciplinado, perseverante, solitário, prático e realista. Aquele que constrói com as próprias mãos e esforço. Criar bases sólidas e estáveis para sustentar a vida. Disciplina. Trabalho árduo para tornar realidade uma meta. Ser dirigido por um senso prático e realista de sobrevivência. Persistência. Molda suas ambições com valores como a ética, a justiça e o bom senso. Aquele que possui uma relação de devoção com o trabalho que executa. Possui altos ideais sobre si mesmo e as atividades às quais se dedica. É o tipo confiável e confiante. Sua meta é a excelência! Sua sombra é a do viciado em trabalho. Um tipo tosco que sofre com a falta de uma visão mais ampla, ou de instrução e sutileza. Diminuição da força física, percepção súbita dos próprios limites. A aposentadoria forçada.