quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Enforcado - Arcano XII

Título Esotérico – O Espírito das Poderosas Águas (A água, o solvente universal que dilui tudo e torna as coisas uma só, tirando-lhes a identidade única e imprimindo-lhe um caráter universal ou transcendente, por um lado, mas disforme e irreconhecível por outro).


Analogia Astrológica –       Netuno (Regente de Peixes), regente da mente inconsciente. O diluidor das crenças cristalizadas do ego para que ele se abra para a perspectiva do espírito. Traz para a consciência a dimensão do não físico e das profundezas da alma humana, onde a ligação com o mundo imaginativo, espiritual e sagrado aguarda a remissão da nossa essência longe da visão obtusa de instituições, convenções ou valores sociais arcaicos.

Analogia Numerológica – A consciência unificada (1) encontra a dualidade da vida (2) e a percebe sob outro enfoque. Surge então para o olhar racional (1), a perspectiva espiritual ou afetiva (2). Para o masculino invasivo e intransigente (1), abre-se a perspectiva do feminino receptivo e adaptativo (2), e assim por diante! A fusão entre eles resulta na síntese criativa de uma nova realidade (3). Por 1 e 2 serem números radicais o processo de fusão é longo e penoso!

O Arcano – Um homem se encontra pendurado pelo pé esquerdo num tronco sustentado por dois outros em que aparecem brotos podados. Suas mãos estão para trás, o que impede o espectador de ver se estão amarradas ou simplesmente cruzadas nas costas! Sua perna livre passa por trás da esquerda desenhando o número quatro. Sua expressão não transparece nenhum tipo de emoção reconhecível, e chama a atenção o fato de seus bolsos estarem abertos como se tudo o que ali esteve agora jaz extraviado.

Significado – Depois de toda a exaltação da vontade, da força pessoal e do próprio ego no arcano anterior A Força, o arcano de O Enforcado é uma parada súbita, que pode ser forçada ou voluntária, em toda esta exaltação! E é este justamente o significado dos brotos cortados. Essa pausa é forçada quando o ego depara-se com o imponderável e é obrigado a reconhecer que nem tudo está aí para ceder a sua vontade e satisfação! As coisas não “andam” mais como se quer. O ritmo das coisas muda motivando uma parada para adequação e causando espera e desconforto interno. Esse momento é profundamente chocante e até, em alguns casos, traumatizante para a consciência. Há o confronto com a realidade “Eu não posso tudo!”, ou pelo menos “Isso eu não posso!”. Toda uma perspectiva de vida, realizações, relacionamentos e aspirações é mudada abruptamente, tornado este o arcano das desilusões e frustrações da alma. A crise interna proposta pelo décimo segundo arcano do tarot é justamente isso, uma possibilidade de se ver por outro ângulo uma situação ou problema. Os bolsos vazios simbolizam a necessidade de desapegar-se de antigos valores e crenças para a realização deste processo. Enquanto houver resistência ao aprendizado que se apresenta, o sofrimento persistirá! O Enforcado lembra a passagem de O Pequeno Príncipe de Saint Exupéry, em que o pequeno chora por reconhecer que viveu iludido, achando que amou a mais linda das flores, mas que na verdade ela não passava de só uma simples rosa como tantas outras! Então surge a raposa que o faz olhar para o que havia de especial em sua rosa que o fez amá-la. Ao encontrar isso o sofrimento cessa e uma profunda gratidão e alegria tomam conta do menino. Sua rosa enfim torna-se única! Sendo assim desiludir-se é até certo ponto bom, pois significa deixar de ser iludido por si mesmo ou pelos outros. A perna esquerda alude ao lado mais receptivo da psique, intuitivo, afetivo e espiritual. É dali que vem a agonia, e é justo dali que pode ocorrer sua libertação. A perna em cruz remete a crucificação do espírito na matéria. A cruz também é outra representação do quadrado, indicando uma consciência esmagada pelos fatos reais ou incontestáveis. Ao contrário do arcano de O Imperador, que também cruza as pernas, mas tem seu mundo ordenado conforme sua própria vontade, O Enforcado vive uma desordem, ou até mesmo uma inversão entre o que de fato vive e o que tem vontade. Desta situação poderá sair uma percepção incomum ou um complexo de vitimização que só piorará tudo!
Essa reversão profunda na perspectiva interior pode também ser voluntária. Fruto de uma súbita percepção de que a consciência andou ocupada demais com coisas insignificantes ou irrelevantes para a alma. Ou ainda uma rendição a algo maior do que tudo que foi vivido tanto prática quanto empiricamente. Nesse caso vemos o nascimento do místico ou do humanitário. Aquele que sai do transe de só olhar para si mesmo e olha as alturas (de cabeça para baixo é mais fácil de se fazer isso) e vê o mundo com outros olhos. É bem comum que isso se dê depois de se contatar com a própria limitação, como numa doença, ou depois de um grande trauma afetivo.

O Enforcado no Osho Zen tarot.
Divinação – Decepções amorosas ou com familiares e amigos. Frustrações, atrasos, estar ou sentir-se estagnado, parado. Perplexidade. Estar de mãos atadas. Sofrimento intenso, que sempre começa com as emoções e pode desembocar em reações físicas (somatização). Doenças agudas. Estar se sentindo uma vítima da situação, indefeso ou com pena de si mesmo. Em casos extremos isso pode funcionar como uma manipulação para que os outros resolvam o que o próprio indivíduo não consegue, ou para angariar qualquer tipo de ajuda. Estar em estado de choque sobre alguma coisa que viu, ouviu, sentiu, ou percebeu. Problemas de comunicação, não se sentir compreendido, ou dificuldade de ver pela perspectiva do outro. É a síndrome do “estranho no ninho”, onde o indivíduo se encontra dentro de uma situação na qual não se reconhece, não gosta ou não sabe lidar! Positivamente é o nascimento de uma nova percepção que tanto enleva quanto atordoa. A capacidade de se dedicar a alguém, algo ou alguma coisa com total entrega. Apaixonar-se ou devotar-se sem reservas, mas estar consciente dos sacrifícios inerentes a esta entrega. Renúncia e sacrifício voluntários. O místico, o pregador devotado, o filantropo, militante político ou ambientalista, o defensor dos direitos humanos, dos animais... Aquele que dá horas, dias ou até mesmo a vida toda para uma causa. O desaparecimento de uma noção de ego individual para o surgimento de uma consciência abarcante, humana, planetária ou até mesmo cósmica! Nas palavras de Madre Tereza de Calcutá: “Eu sou apenas um lápis nas mãos de Deus. É ele que escreve”.

Personagem do Cinema – Nicholas Van Orton interpretado por Michael Douglas no filme Vidas em Jogo de 1997. O personagem é um banqueiro milionário, mas muito solitário que no dia do seu 48º aniversário recebe do irmão Conrad (Sean Penn) um cartão que lhe dá acesso a um divertimento inusitado, proporcionado por uma empresa chamada “Serviços de Recreação do Consumidor”. Daí por diante sua vida vira de cabeça pra baixo, todos parecem estar seguindo-o e conspirando para matá-lo. Não consegue o apoio de ninguém, nem mesmo da polícia que parece não compreender o caso! O dia que começa com a triste lembrança de que seu pai cometera suicídio com a mesma idade que Nicholas completa, acaba em situações em que ele tem de lutar para se manter vivo! Ao final as sucessivas e inexplicáveis reviravoltas na sua rotina além de torná-lo totalmente impotente, pois não sabe como agir o tempo todo, trazem uma nova visão sobre o modo como ele estava vivendo sua vida!

21 Ciclos de Cura


A pedido de uma cliente, Claudia Sachs, que intrigada com o seu próprio processo de cura de vinte e um dias me perguntou como funciona o processo terapêutico com que trabalho. Escrevo na tentativa de explicar do modo mais simples e claro possível o que são os 21 ciclos de cura que realizo no meu trabalho reiki. Bem, precisamos antes de tudo definir o que é cura. Muitas pessoas imaginam que cura é a eliminação de um sintoma ou da própria doença! Na verdade cura é o retorno ao estado natural de saúde do nosso corpo. Sim, a saúde é nossa condição natural. A doença por sua vez é o resultado dos muitos desequilíbrios que criamos em nosso corpo físico, mental, emocional, espiritual e energético que se manifestam igualmente nos setores da vida material, mental, afetiva e espiritual. A segunda coisa a ser colocada, e não menos importante, é de que a cura atinge a extensão do próprio envolvimento do cliente no processo, e dentro do desenvolvimento interior que ele mesmo alcançou.
Desde minha iniciação em reiki em 1996, tanto meus mestres quanto minha experiência tem mostrado que cada um recebe da energia ki universal o que está pronto para receber, ou seja, absorve do reiki apenas o que precisa para dar continuidade ao seu próprio processo evolutivo! Para uns o ciclo de 21 dias pode ser um excelente momento de introspecção, relaxamento e autoconhecimento. Para outros reviravoltas radicais, curas quase improváveis e direcionamentos de vida inesperados ocorrem, e não há como prever isto! Minha orientação neste momento é: não crie expectativas. Apenas viva sua história de cura!
O ciclo de 21 sessões de cura reiki é uma criação de William Lee Rand, fundador do Centro Internacional de Formação Reiki e Mestre da minha primeira Mestra em reiki Gislaine de Simoni. Esse conjunto de aplicações me foi apresentado como uma verdadeira varredura nos chakras – os centros de energia e consciência espalhados em sete pontos ao longo da cabeça e coluna. Lembro que na ocasião tudo me pareceu fazer muito sentido, pois eu já tinha o conhecimento de que cada chakra possui três canais ou nadis, que são fluxos ou dutos por onde a energia flui dentro do chakra. O canal central também chamado de Sushumna é o harmonizador e segue o eixo da coluna. O esquerdo, ou feminino é Ida e segue o canal esquerdo da coluna. Por fim Pingala é o canal masculino que corre à direita da coluna. Enquanto o nadi central trabalha nossa conexão cósmica-espiritual, o esquerdo lida com nossas emoções, memórias, ligação com a mãe e o feminino. E o direito com nossa razão e mente consciente, pensamentos, projeções, ligação com o pai e o masculino, e também com as qualidades de poder e a liderança. Após 21 dias de aplicação reiki os três canais em cada chakra são atingidos e energizados de modo que mudanças significativas são percebidas por quem recebeu o tratamento. Como já disse já houve pessoas que obtiveram curas físicas, mas também houve aqueles que apenas aprenderam a conviver melhor com suas dificuldades. Outros entenderam melhor o propósito de suas debilidades, quer fossem afetivas, financeiras, profissionais ou de saúde. Também como já disse não há como prever!


Com o tempo e a observação notei que de modo geral funciona assim: nas sete primeiras sessões as pessoas tendem literalmente a se centrar, saem do turbilhão mental que geralmente elas vêm vivendo até o momento. Muitas vezes insights e novas percepções surgem e clareiam a situação que motivou o tratamento. Nas sete sessões que se seguem, as emoções começam a  ser trabalhadas, e crises, lembranças e medos arraigados vem à tona. Nas sete últimas sessões a relação com o mundo material-profissional, as autoridades e o poder pessoal, bem como as projeções de metas de vida, assumem a frente dos encontros terapêuticos. Muitos se espantam do quadro que encontram ao fim de cinco meses de tratamento, que é mais ou menos o tempo que leva as 21 sessões de aplicação, enquanto outros reconhecem um tanto tímidos: É, tô muito diferente! Quero salientar que não acho sinceramente que o mérito nesses resultados seja só meu! Qualquer curador sincero, seja de reiki ou de qualquer outra técnica holística de tratamento, dirá que 50% do trabalho é feito pelo próprio cliente que se compromete com sua cura, quando ele trabalha nas reflexões recebidas, e nas orientações adjacentes que recebe durante o trabalho. Como livros indicados, florais, meditações ou técnicas de respiração para serem feitas em casa como uma forma de complementação do tratamento reiki. Os outros 50% da cura dizem respeito ao terapeuta e ao modo como ele conduz os encontros e as orientações terapêuticas.
Portanto, os 21 ciclos de cura não são uma promessa de um milagre que se encomenda, mas uma jornada pessoal e intransferível onde cada um alcança até onde ele mesmo é capaz de ir!

Namastê!

terça-feira, 2 de julho de 2013

A Morte - Arcano XIII

Título Esotérico – O Descendente dos Grandes Transformadores; O Senhor do Portão da Morte (Transformar é a lei da vida. Podemos entender assim: transformação = transcender a forma anterior pela ação).

Analogia Astrológica – Escorpião (O 8º signo), o signo da morte. Representado pelo peçonhento artrópode classificado também como um aracnídeo de picada dolorosa, que vive em lugares escuros e úmidos. Este signo nos remete ao medo do desconhecido e a dor das perdas e transformações que “matam” um pouco de nós a cada vez. Entretanto ele existe para lembrar que sem a morte a vida não circula e perde grande parte do seu mistério e significado!

Analogia Numerológica – A unidade cristalizada (1) abre mão de sua própria integridade, e ao expandir-se sai de si (3) e cria uma nova realidade (4).  Essa nova criação não se dá de modo algum de maneira fácil, requer o trabalho, e o empenho para desenvolver o processo que o 4 exige. Assim que estiver estruturada a nova ordem fica velha e o processo de putrefação e transformação da estrutura vigente recomeça.

O Arcano – Um esqueleto que parece ainda com pedaços de carne putrefata sobre si, empunha uma imensa foice cuja lâmina é vermelha. Aos seus pés um solo negro ostenta cabeças coroadas, ossos, pés e mãos decepados que jazem jogados numa visão aterradora. Nos baralhos medievais o nome da morte não aparecia, pois que uma antiga crença dizia que ao ser evocado ela viria ao encontro daquele que a evocou.

Significado – O esqueleto representa tanto o fim da vida quanto o aparecimento do que é essencial. A sabedoria popular diz que nada é mais querido do que o bem perdido. Ao perdermos o que possuíamos é que muitas vezes entendemos sua importância e real significado em nossas vidas! A foice nos remete a Cronos e deus grego do tempo, sua cor vermelha simboliza a vida que é extinta e revigorada por ele. A morte age através do tempo, morremos todos os dias um pouco mais, agora mesmo estamos morrendo sem com que percebamos, por isso viva a vida! Viver a vida, entretanto, não é desperdiçá-la fazendo o que a maioria faz, ou vivendo de modo a apenas satisfazer seus instintos. Viver a vida é também aproveitar o terreno fértil (a terra negra é rica em húmus) aos pés da morte para deixar sua marca e contribuição neste mundo. Assim nossos semelhantes evoluirão a partir do que criamos e a “onda” da vida contará com nossa contribuição, cujo um dos grandes tributos foi nossa própria existência! As cabeças, mãos e pés cortados ao redor do ceifeiro indicam que ele atinge a todos e que também vem aos poucos, ou às vezes de modo abrupto. Cronos é Saturno, que tanto é o deus romano com os mesmos atributos que Cronos, quanto é o planeta regente do Karma. A lei do Karma é que define muitas vezes como vivemos ou morremos. A cor negra do solo traz mais uma mensagem, que tanto o fim quanto o começo se dão na escuridão do vazio, ou do solo, pois que “porquanto és pó e ao pó voltarás.” Gênesis 3-19.

A Morte no Osho Zen tarot.
Divinação – Perdas, luto, dor, separação, sofrimento, morte, doença crônica. Ao contrário do arcano XVI A Torre, A Morte traz o fim de laços afetivos ou de amizade de modo definitivo, no sentido de que a antiga forma foi transcendida e do modo como foi jamais voltará a ser! O que pode ser tanto bom quanto ruim. Perdas das forças vitais por cansaço, exaustão ou sofrimento psicológico, letargia. Melancolia e depressão, o suicídio também está sob sua égide. Encerrar uma etapa da vida sem que outra esteja necessariamente encaminhada. Indica cirurgias com o sentido de limpar ou extirpar o mal e devolver a saúde. Assinala perdas necessárias como romper uma sociedade que não está sendo produtiva, um relacionamento disfuncional, ter de deixar os pais velhinhos sozinhos por compromissos maiores, deixar o filho ir para o mundo e correr riscos, ou ter de abandonar o local em que nascemos, etc. Ou ainda, num exemplo bem dramático, ter de cortar um membro para se preservar a vida. Falta de disposição para fazer alguma coisa simplesmente porque aquilo “morreu” pra nós, perdeu totalmente o seu sentido ou propósito! A morte também significa limpeza, purificação, eliminação de tudo o que não nos serve mais ou impede nosso progresso interior ou material. As vivências do arcano XIII nunca são fáceis ou leves. Por menor que seja a transformação proposta por ele, sempre traz certa apreensão por nos confrontar com o nosso apego, medo ou fascínio do desconhecido.


Personagem do Cinema – Joe Black. A própria Morte é encenada no filme Encontro Marcado de 1988 pelo ator Brad Pitt. Em Nova York, uma médica residente conhece por acaso um recém-chegado na cidade Joe (Brad). Eles se sentem atraídos, mas logo após se despedirem ele morre em um brutal acidente de carro. Em seguida, a própria Morte decide utilizar o corpo desta vítima e vai falar com um magnata da mídia, dizendo que está ali para levá-lo, mas como pretende conhecer os hábitos dos humanos, propõe retardar esta partida se o milionário tornar estas "férias" interessantes e instrutivas. A jovem médica, que é a filha caçula do magnata, sente-se atraída pelo rapaz cujo corpo está sendo utilizado pela morte. Por fim ela, a morte, se apaixona pela jovem. O filme exalta o tempo todo o valor da vida, do amor e a busca por significado nessa existência, tanto quanto o medo e a dor das perdas.

A Temperança - Arcano XIV

Título Esotérico – A Filha dos Reconciliadores, a Parteira da Vida (A integração das muitas partes da consciência amplia a percepção da vida e de toda a existência, dando-lhe novo significado e propósito).

Analogia Astrológica – Sagitário (O 9º signo), representa a união de três planos: o animal, representado pelo cavalo, o mental, representado pelo homem e o inspiracional e espiritual representado pelo arco e flecha. Esse simbolismo alude à busca humana por um sentido último para sua existência. Ou seja, é a consciência humana que se volta para o aspecto transcendente da vida num ímpeto vigoroso por evolução no seu significado mais profundo.

Analogia Numerológica – O indivíduo consciente (1) estrutura seu mundo concreto (4) para logo em seguida reformulá-lo no sentido de acrescentar a ele um significado de cunho mais profundo (5), quer seja filosófico ou espiritual. Note que a forma do 5 lembra um meio quadrado apoiado sobre um meio círculo, sugerindo uma interação entre os planos material (o quadrado) e espiritual (o círculo) da vida, onde um não existe sem o outro.

O Arcano – Um ser angélico segura duas ânforas nas cores vermelho e azul. O ser angelical despeja um líquido entre as ânforas como se quisesse temperar a sua temperatura, ou misturá-lo! Veste uma longa toga também composta por essas duas cores. Suas asas permanecem numa posição ligeiramente abertas. Seus cabelos são azuis (cor associada à água) e na cabeça, na ligação entre o 6º e o 7º chakra, uma flor vermelha (cor associada ao fogo) de cinco pétalas está colocada e bem aberta!

Significado – O anjo (do latim angelus = mensageiro) é um símbolo de ligação da humanidade com o plano superior ou espiritual. As asas simbolizam a liberdade, a expansão e o crescimento em todos os níveis. São o arauto da busca pelas alturas da consciência, no sentido de ir além dos limites do conhecido. Os vasos ou ânforas são o receptáculo do fluido da vida. O azul incide sobre o vermelho. Ou seja, o espiritual e afetivo incide sobre o material instintivo, purificando-o, harmonizando-o ou mesmo fortalecendo-o. Nota-se que há uma permuta harmonizadora entre as vibrações sugeridas pelas cores. Na parte azul da toga do anjo encontra-se o vaso vermelho e na parte vermelha encontra-se o vaso azul. O que lembra muito o símbolo do Tao onde yn e yang integram-se, se influenciam e sustentam a harmonia da vida. Os muitos emblemas que aludem aos planos mais interiores da psique que se integram (anjo, ânforas, água etc) quer seja no plano espiritual ou sutil, indicam que a harmonia é a qualidade maior deste arcano. Isso nos lembra de que a harmonia é algo que nasce de dentro pra fora, e de que faz parte de um processo onde coisas tem de ser integradas, apuradas ou alquimizadas nas profundezas da alma! Portanto não pode ser imposta artificialmente. O contrário acontece com o equilíbrio, que corresponde ao arcano VIII, A Justiça. Manter o equilíbrio sugere um esforço contínuo numa mesma direção, intensidade e frequência. Assim que o esforço cessa, o equilíbrio se esvai. Na harmonia um empenho é mantido por algum tempo, depois desemboca na coisa harmonizada, e a partir disso seu estado de harmonia é permanente. Embora isso não se dê, de modo algum, de maneira fácil ou rápida! Daí A Temperança também ser o arcano dos tratamentos, e dos processos de desenvolvimento.
A flor desabrochada no alto da testa, bem na ligação dos chakras superiores, assinala que esse processo de integração de partes extraviadas da consciência resulta numa maior percepção da vida, como o nascimento de novos ideais, objetivos e direcionamentos de vida. Uma alquimia ocorre, o cabelo azul sustenta a flor vermelha, como a água sustentaria o fogo na visão da harmonia perfeita dos antigos alquimistas. Como quando alguém de temperamento delicado, sociável e gentil tempera sua personalidade com liderança, autoconfiança e firmeza tornado-se capaz de realizar muito mais do que até então vinha obtendo em suas empresas. Por isso “temperança” não deve ser interpretado apenas como apaziguação ou harmonização, mas também como ativação e fortalecimento. Como o que fazemos com o aço ou a comida, que sem seus temperos são só ferro e alimento cozido respectivamente.


A Temperança no Osho Zen tarot.
Divinação – Uniões afetivas com laços profundos, ou mesmo espirituais, superiores a afinidade intelectual ou à química sexual. Harmonia interior ou refletida numa situação. Viagem, pois une coisas distantes ou separadas. Por esse mesmo motivo indica os meios modernos de comunicação, como e-mails, telefones celulares, torpedos SMS, Skype e assim por diante. O nascimento de novos objetivos de vida que nos impulsionam a realizá-los ou o desabrochar de perspectivas mais elevadas sobre um assunto já conhecido, como ver horizontes maiores num trabalho que se vinha fazendo, ou ainda entender o real significado intrínseco deste trabalho. Ampliação estimulante dos horizontes e limites pessoais, e sentir-se capaz de cumpri-los. Tratamentos e curas holísticas e complementares como florais, homeopatia, reiki etc, que visam a integração dos planos físico, mental e espiritual do indivíduo. Representa os tratamentos de cura muito longos de qualquer tipo, seja natural ou alopático! O arcano de A Temperança revela também a presença, inspiração, guiança ou auxílio de seres espirituais (como guias e anjos) que nos orientam e protegem num momento específico.


Personagem do Cinema – Frodo e Sam interpretados respectivamente por Elijah Wood e Sean Astin na trilogia O Senhor dos Anéis (2001-2003). Os dois amigos possuem profundos laços afetivos. Frodo é um jovem hobbit cuja missão de levar para a destruição o anel mágico do senhor do escuro Sauron, mostra-se um fardo quase insuportável! Durante todo o caminho Frodo tenta repassar o anel adiante ou quase sucumbe ao seu poder maligno. Nessas ocasiões o devotado Sam surge, como uma espécie de anjo da guarda, para lembrar ao pequeno hobbit de suas motivações e reavivar o seu propósito, que vez por outra se obscurece em sua consciência. Se Sam é o fiel dos propósitos interiores e elevados de Frodo, este por sua vez insufla no pacato Sam do condado uma perspectiva de vida muito maior do que a da pequena aldeia em que ambos viviam. Mostra a seu parceiro de viagem um mundo muito rico em possibilidades, mas ao mesmo tempo reforça o valor e os laços íntimos com sua natureza e origem. A viagem produz uma verdadeira alquimia na psique e personalidade de Frodo, que ao retornar vê sua percepção de vida ampliada e não se identifica mais com a antiga vida no condado. Ele se retira para viver com os Elfos, seres quase divinos que decidem ir embora da Terra Média. Num símbolo da ligação com seu tempo e história, deixa com Sam um livro com suas memórias sobre a aventura que os dois viveram juntos!

Reiki e Tarot Viciam?


Para minha surpresa me fizeram esta pergunta, e confesso que foi chocante para mim! E a pergunta me suscitou outra, muito natural a meu ver: por que você pensa isso?... Ao que minha indagadora respondeu: “Uma amiga minha está há muitos anos fazendo reiki com uma mesma pessoa e acho que ela está viciada!”. Logo me veio à cabeça a multidão de pessoas que frequentam academias quatro, cinco vezes por semana! Assim como há pessoas que fazem terapia com o mesmo psicanalista há anos, e até décadas, e pelo menos duas vezes por semana! Em ambos os casos essas pessoas nunca admitem serem chamadas de viciadas, afinal a definição de vício é a disposição habitual para certa ação que prejudica o executor da ação. E nesses casos citados o que está havendo é um investimento no bem estar pessoal e no aumento da qualidade de vida! Reconheço isso plenamente, mas porque em se tratando de reiki seria um vício? Não obtive resposta, só uma longa reticência. Acho que quando as pessoas falam em vício estão na verdade se referindo à segunda característica do vício que é a dependência da ação que o originou, quer seja fumar, drogar-se ou jogar compulsivamente. Infelizmente há tanto profissionais quanto clientes que estimulam as relações de dependência em atividades holísticas. A dependência de qualquer tipo é na verdade uma incapacidade de confiar, e até mesmo de reconhecer, os recursos próprios de autogestão.
E essa questão me fez querer escrever sobre isso.
Aqui estão algumas perguntas que tanto os cuidadores quanto os que buscam seus cuidados deveriam se fazer e refletir juntos para afastar o fantasma da dependência terapêutica:
1º) O que você está ganhando? Se perceber que está se sentindo cada vez mais relaxado, centrado e é capaz de observar progresso no rompimento de seus condicionamentos limitantes no plano mental e emocional, bem isso é um processo terapêutico de cura! E caso você se incomode com a frequência deveria mesmo é se questionar o motivo disto o incomodar a ponto de achar que está se tornando dependente! Se nenhum dos benefícios citados se apresenta, bem é mesmo hora de rever os fundamentos do tratamento.
O tratamento reiki, uma conexão do Self
com a energia vital do Universo.

2º) Você sente que sem seu terapeuta é incapaz de fazer e decidir coisas sozinho? Ou sente que a terapia serve como suporte para refletir e organizar os pensamentos sobre suas atuações nas suas vivências? A primeira situação é dependência, a segunda é terapia.
3º) A frequência com que você faz as sessões – semanal quinzenal ou mensal - foi discutida entre você e seu terapeuta? Há quanto tempo está assim? Sente necessidade de rever isso ou está confortável com essa periodicidade?
Essas são questões importantíssimas para que você reveja a quantas anda seu processo terapêutico com o reiki. Questionem-se também se a proposta inicial se perdeu ou continua a mesma, ou ainda se ela tem de se transformar. Lembre-se de que o reiki também é uma reposição da Energia Vital Universal, o Ki em nossos sistemas energéticos e conscienciais. Equivale a um “recarregar as baterias” no nível humano, energético e espiritual. Caso você que está se tratando seja daquele tipo que fica pensando no quanto seu terapeuta está ganhando com seu atendimento regular, eu o aconselho a deixar toda essa mesquinharia de lado para se concentrar apenas no que você está ganhando e dando para o universo a partir do que ganha!

E o Tarot?

As consultas de tarot não precisam de sessões com tanta regularidade. A dependência do aconselhamento do tarot se dá quando uma pessoa é incapaz de ficar sem consultar as cartas para coisas triviais, como saber os passos do namorado(a), seus sentimentos e sinceridade, ou quando, além de vigiar pessoas, quer também vigiar situações que estão fora do seu controle! A consulta às cartas é basicamente um momento de avaliação e reflexão sobre um dado período de tempo no presente, alguma influência passada, tendências futuras e avaliação interior, simples assim! As questões que levam uma pessoa a procurar o tarot são muitas vezes o resultado de um longo processo de acúmulo de problemas e protelação de atitudes de cura diante do desafio ou desconforto! Assim que as respostas são obtidas, um período para o desenvolvimento da cura é necessário. É preciso digerir as informações e, cada um a seu tempo, vai tomando as ações necessárias para que o quadro seja removido, ou transformado por completo!
Numa leitura de tarot é comum que as informações levantadas pelo simbolismo das cartas falem sobre como nos sentimos naquele momento, e qual é a origem e o foco de nossos sentimentos e perturbações. Geralmente, feito esta avaliação preliminar, decorrem perguntas sobre coisas que apareceram na leitura inicial ou que vão surgindo conforme os temas vão se desenrolando. Passado essa fase o tarólogo costuma comentar as respostas e apontar caminhos para a solução ou tratamento dos problemas do cliente dentro de seu cabedal de conhecimento, dos seus serviços terapêuticos, ou das conexões com outros profissionais e serviços que possa vir a indicar. Tudo isso precisa ser assimilado, desenvolvido e depois resolvido por aquele que veio buscar as cartas, o que leva algum tempo!


A leitura de tarot como um espelho preciso
das vivências tanto internas quanto externas.

Não há necessidade de reconsultas semanais, nem ficar confirmando as respostas dadas na primeira sessão. O espaço de tempo ideal entre uma consulta e outra é algo entre dois a três meses, podendo chegar até a seis meses conforme o caso! Assim as cartas cumprem sua função de ser um guia de cura espelhando a vida e a alma das pessoas no momento da leitura, que reflete muitas vezes processos antigos que devem ser reconhecidos, confrontados e posteriormente trabalhados e superados. Quando assim utilizada a tarologia torna-se um suporte seguro e muito eficaz de orientação oracular e terapêutica visando o autodesenvolvimento.
É evidente que situações inesperadas podem ocorrer e requererem uma consulta emergencial ao oráculo e é para isso que eles existem também: revelar panoramas futuros, e apontar os melhores caminhos de atuação! Acho importante ressaltar que as respostas do tarot não vem de quem o lê, mas da sabedoria interior de quem retira as cartas. O leitor não influencia isso de modo algum, é só um intérprete tradutor da linguagem simbólica. Seus conselhos e orientações sim é que levam a marca de sua personalidade e maturidade espiritual. Por esse motivo o tarólogo deve ser alguém empenhado também em desenvolver a si mesmo. Todo o resto é transpessoal, vem do inconsciente coletivo da humanidade, como nos disse Jung, ou do Grande Mistério como nos disseram os sábios ancestrais dos povos indígenas norte-americanos.
O tarólogo que se presta a ser apenas uma máquina de respostas, sem conduzir à reflexão e à transformação da consciência e das condições de vida de seu cliente, estará apenas insuflando ansiedade, angústia e insegurança, além de muita dependência, é claro! O que nada tem a ver com um verdadeiro trabalho com os símbolos da alma que vise o esclarecimento interior e a transformação da consciência!