sábado, 18 de fevereiro de 2012

O Naipe de Paus - A Energia do Fogo

O fogo é o mais imaterial dos elementos. Não pode ser medido ou tocado. Ele simplesmente existe ou não e seus efeitos podem ser apenas controlados ou evitados. A interação direta com o fogo muda a natureza química das coisas ou as destrói. É por excelência o elemento da mudança, do movimento e da evolução. Suas labaredas sempre buscam o mais alto até se consumirem. Possui um caráter libertador profundamente inserido no inconsciente coletivo da humanidade. Quando o homem primitivo descobriu o fogo ele irrompeu com o temor da escuridão e com o cerco dos predadores que, aproveitando-se da cegueira noturna dos seres humanos, o tornaram uma de suas presas favoritas. Os próprios animais selvagens têm medo do fogo e de caça passamos a caçadores e predadores vorazes. O fogo também é o símbolo do otimismo, da vontade inflamada e aguerrida, dos embates e do drama das empreitadas. Esse é o elemento da autoconfiança, da valentia, da ousadia e do poder ígneo que habita dentro de nós.
Ao redor do fogo os homens se reuniam para decidir os destinos dos clãs ou para comemorar casamentos e nascimentos, além dos ciclos sazonais da terra, como solstícios e equinócios. Foi com o fogo que o homem aprendeu a cozinhar os alimentos e a forjar armas e instrumentos. Os primeiros artesãos usavam de muita energia física para realizar seus trabalhos. Os rituais de colheita e de celebração ancestral também exigiam isso, por isso o fogo é o elemento da criatividade e de todas as atividades físicas, dos esportes ao sexo. 
O calor do fogo convida desde tempos imemoriais a humanidade a se encontrar ao redor de suas chamas, é um elemento de aconchego, ternura, carinho e intimidade, desde que não muito prolongada ou restritiva. Expressar-se é uma necessidade do fogo e quando contido se apaga. No tarot é representado pelo naipe de paus que abrange todas as características antes citadas. Sua simplicidade de atuação o faz ser um naipe cativante sob todos os pontos de vista.  Por outro lado o não ser contido indica pressa e impaciência com ritmos mais suaves ou lentos, assim como confere um tom mais ríspido ou dramático nas suas colocações. As personalidades ígneas são pequenas fogueiras personalizadas que exigem que os outros se reúnam em torno de si, ou seja, querem atenção e exigem ser atendidas!  Muito embora tenham por costume dar o mesmo tipo de cuidado. Assim como o fogo é destruído ao ser contido de alguma forma, os obstáculos para realizar qualquer coisa aniquilam o seu interesse em levá-los adiante! As cartas numeradas de 1 a 10 são uma alegoria da trajetória de nossa própria ação criativa no sentido de mudar ou evoluir.

Rei de paus – O ar do fogo. O líder incentivador, aquele que ergue a plateia e a inspira a fazer algo. Cativante, sedutor e inspirador. É defensor dos mais fracos, mas prefere ensinar a pescar a dar o peixe. Tem o poder de ser e fazer o que quiser pela simples confiança em si mesmo. É forte, másculo e empreendedor, sabe se tornar o centro das atenções. Representa uma saída vigorosa para a luz da vida.


Rainha de paus – A água do fogo. É terna, generosa, carinhosa e muito sensual. Ama o lar, a família, e os amigos e sente uma compulsão em cuidar deles e defendê-los (mesmo que não lhe peçam ajuda). Compartilha tudo o que tem de melhor. Acredita que a vida é uma troca em que quanto mais se dá, mais se recebe. Não guarda nem segredos, nem vantagens, pois também crê no seu poder, como o seu rei.


Cavaleiro de paus – O fogo do fogo. É intenso, envolvente e arrebatador, ama a ideia de sucesso e evolução em todos os sentidos. Gosta de focar-se para fazer qualquer coisa e aprecia a mudança. Acredita que tudo sempre pode ficar melhor e que nada é impossível, sua atenção está sempre voltada para as qualidades luminosas. Sua sombra é a do jovem bruto, arrogante, impaciente e sem vínculos.


Valete de paus – A terra do fogo. Um corpo cheio de energia. Alegre, irrequieto, ousado, mas despretensioso. Gosta e precisa expressar-se criativamente, assim como movimentar-se em coisas como dança, teatro, exercícios ou esportes. Ama o aspecto lúdico da vida e faz o tipo que “não esquenta a cabeça”. Odeia restrições e regras. Tem grandes ideias, mas não se apega a elas. O novo e o criativo o excitam. Sua sombra é a do irresponsável e imaturo.


Ás de paus – O contato com a fonte. A conexão com o poder ígneo dentro de nós, a força criativa e fertilizadora em todos os sentidos. Os novos começos impactantes e realmente transformadores. A força renovadora do fogo que muda o próprio ser tanto quanto o mundo ao seu redor. Disposição e força transbordantes. Energizar, vitalizar, iluminar.


2 de paus – Pleno domínio de si mesmo e ou de uma situação. Estar pleno de força e energia para iniciar algo. Prontidão para agir. Avaliação das possibilidades presentes e a capacidade de responder prontamente a partir de um centro interno de direção, algo como alguém que sabe o que quer e como fazer para alcançá-lo. À espera apenas por uma oportunidade.


3 de paus – Experienciar o novo. Uma saída para o radicalmente novo como uma forma de expandir-se e testar a si mesmo. Encontro de um caminho que leva ao desconhecido. Uma abertura para novas possibilidades e oportunidades. Possibilidade de mudança ou viagem à vista. Ver a si mesmo dentro de uma situação diferente ou oposta a tudo o que já foi vivido.


4 de paus – Unir-se a outros para realizar algo. Nesse arcano a força de um só não basta, a união com semelhantes é o caminho natural. Intensa troca entre parceiros, muitas vezes até simbiótica. Grupos de apoio, ou terapia, trabalhos em grupo, parcerias. Pode até indicar uniões amorosas e ou familiares com uma interação para além do comum. Sua sombra é o da individualidade que é sufocada pela demanda do grupo.


5 de paus – O que antes funcionava perfeitamente bem agora começa a ficar disfuncional. O fogo foi contido e começa a morrer! Frustrações, as coisas não saem mais como se gostaria, atrasos, demora e um descontentamento evidente com o andar dos acontecimentos ou com o fato de se estar envolvido numa determinada situação. É o arcano dos conflitos e da dificuldade de andamento das coisas.


6 de paus – Vitória e sucesso indubitável. Os conflitos passados foram vencidos e o indivíduo se ergue vitorioso e autoconfiante. A confiança em si mesmo, nos seus méritos e merecimentos encontra aqui o seu ápice mais elevado! Êxito brilhante, o encontro com o aplauso dos outros. Fama. A sua sombra é a dependência do sucesso e do reconhecimento alheio que acaba com a autoconfiança. Orgulho. O sucesso vem e vai, aceite isso!


7 de paus- O desejo de auto-superação. O showman, aquele que quer ir além dos próprios feitos. Trabalhar, vencer e construir mais que qualquer um. Chega muito perto do próprio limite para mostrar algo ao mundo ou a si mesmo. O fazedor. Não crê que outros façam se ele não fizer, ou que façam tão bem quanto ele. Sua sombra é a profunda insatisfação consigo mesmo e seus feitos. O recordista do Guinness, tem de fazer algo estranho e extremo para ser notado ou não se sentir um inútil. Estresse, ansiedade.


8 de paus – A tensão subitamente se desfaz, um esclarecimento interior traz outra perspectiva sobre a situação antes vivida. Como um músculo retesado ao máximo que de repente descontrai. Abertura, viagem, mudança, tudo rápido e repentino que exige uma abertura interior a nova situação. O movimento de um estado de ser para outro ou de um lugar para o próximo.


9 de paus – A nova situação possibilita o reconhecimento do tanto de energia que se estava usando em coisas pouco gratificantes ou de pouco sentido, quer seja um casamento, uma amizade, trabalho ou ideal. Surge a percepção do quanto se estava lutando e se esforçando de modo solitário. Como num navio de um único tripulante. O trabalho de Sísifo. Cansaço, exaustão.


10 de paus – Os esforços numa única direção. O foco é natural no elemento fogo, as labaredas sempre queimam numa única direção. No afã de realizar algo o foco ficou excessivo e outros aspectos da vida foram suprimidos. Como o pai (mãe) de família que trabalha demais e esquece de nutrir os laços afetivos com os seus. O sentimento de se estar oprimido e sufocado dentro de uma situação intolerável, porém complicada de mudar.

O Naipe de Copas - A Sensibilidade da Água

A água é a portadora da vida! Nada sobrevive por muito tempo sem ela, e até onde se sabe foi da água que surgiu a vida no planeta. Todas as grandes civilizações se desenvolveram a beira das águas de rios e mares, como os egípcios (rio Nilo) e os babilônicos (Tigre e Eufrates), as grandes navegações foram um marco para a evolução da humanidade, unindo povos e continente inteiros. A água é o solvente universal, tudo se dissolve em seu interior, toda a estrutura se desmantela com sua atuação. A qualidade de dissolução da água é que a faz ser o elemento que une todas as coisas, tornando-as iguais. Daí ser também o elemento do amor e dos sentimentos que via de regra são sempre de âmbito universal. A água evoca o aspecto imaginativo da psique. Muitos são os mitos sobre seres que vivem nas suas profundezas e que seduzem ou se vingam da humanidade. Da mitologia grega à nórdica, do Japão ao continente africano. Os oceanos evocam os aspectos profundos e sonhadores da alma humana, dos mais românticos, e místicos, aos mais sombrios e perversos.
O corpo humano é composto 60% de líquidos como o sangue, o suor, as lágrimas, a saliva, o sêmen e outras tantas secreções que expressam nossas emoções ou são influenciadas por elas. A visão interior é outro atributo desse elemento. Um copo de vidro transparente cheio d’água funciona perfeitamente como uma lente de aumento que nos permite ver o que a olho nu seria impossível. O mesmo se pode dizer de dons como o da intuição e o da clarividência. A cura também é um atributo espiritual da água, conhecida como uma purificadora natural usada em banhos cerimoniais como abluções e batismos.
Os aspectos sentimentais e espirituais são parte desse elemento e de sua representação no tarot: o naipe de copas. As copas ou taças não só contém a água, mas representam muito bem seus dotes de profundidade, receptividade e reflexão interior. Recipientes cheios de água são usados desde tempos imemoriais por videntes que tinham visões neles (hidromancia). A memória é outro atributo seu. Tudo o que é passado na água deixa nela um pouco de si, uma lembrança. Se o naipe de paus e espadas com suas formas alongadas e rijas são símbolos fálicos masculinos, o naipe de copas e ouros com suas formas arredondadas são femininos. As personalidades aquosas são profundas e um tanto esquivas e misteriosas, bem como românticas, místicas e idealistas. As cartas numeradas de 1 a 10 desse naipe falam da evolução no modo como lidamos com nossos afetos, sonhos e ideais de vida. 

Rei de copas – Ar da água. O vento que levanta as ondas e agita as profundezas. O curador, terapeuta, xamã, amigo e conselheiro. Vê as emoções humanas com profundidade e precisão, mas com distanciamento. Seu não envolvimento o faz perceber com clareza. Esconde suas próprias emoções nessa postura. No fundo teme ser magoado e atingido de alguma forma. O arcano propõe um resgate de alguma parte suprimida do ser, uma cura interior. Solicita-nos a não temer a intimidade. Temos todos nossas feridas.


Rainha de copas – A água da água. Profunda, mediúnica e sensível. Percebe as emoções alheias e as acolhe sem julgamento. É compassiva no real sentido da palavra. Sua capacidade de amar inclui o perdão e a misericórdia. Sua identificação com as emoções alheias pode lhe fazer ficar confusa quanto sua própria identidade, e nubla sua capacidade de reconhecer seus desejos verdadeiros. Podendo por isso viver como uma eterna projeção dos outros.

Cavaleiro de copas – O fogo da água. O guerreiro do coração, místico e visionário. Ama devotadamente e de todo o coração, quer seja uma pessoa, uma causa, ideal ou uma atividade. Lança-se sinceramente e sem reservas, crê com sinceridade no caminho que escolheu. Suas ações não são regidas por coisas como bom senso ou crítica, apenas confiança no apelo interior. Muitas vezes é visto como o um “bobalhão” aos olhos do mundo.


Valete de copas – Terra da água. O servidor gentil, maleável e prestativo. Esse arcano incorpora a qualidade da gentileza, sociabilidade e da generosidade. Sempre disposto a ajudar, não vê distinção entre os seres. Quer se sociabilizar, ampliar o círculo de relações, conhecer o mundo! Parecido com seu irmão, o cavaleiro, mas sem a mesma permanência interior. Podendo assim se tornar um bajulador servil e um seguidor vazio e sem propósitos.


Ás de copas – O coração transbordante. Estar pleno de amor pela vida ou pela humanidade. Um estado de beatitude que nos faz conectar com forças espirituais superiores, como nas canalizações. Encontro da verdadeira vocação e propósito interiores, que independem do reconhecimento externo. Um sentimento imenso de entrega ao fluxo da vida e dos acontecimentos sem opor resistência.


2 de copas – A personificação do amor no outro. Um encontro significativo no âmbito dos afetos. Troca, sintonia intensa de sentimentos. Pode ser uma sintonia fina dentro de uma amizade, parceria ou sociedade onde um completa o outro a partir de uma conexão interior. A sombra deste lindo arcano é a dependência entre os parceiros. Lembre-se: Todos precisam de espaço para crescer.


3 de copas – A celebração do amor e da vida. Depois da união no 2 de copas, agora é momento da festa de casamento e da Lua de Mel! Psicologicamente é um período de exultação por algo que parece estar indo a contento, seja um trabalho, empreendimento novo, ou relacionamento. Como a satisfação nesse naipe é subjetiva essa felicidade independe dos resultados reais e extrínsecos. Sua sombra é o excesso e a prevaricação.


4 de copas -  Depois da exultação, a tranquilidade e a introspecção. As emoções se aquietam como num estado meditativo. O voltar-se para dentro tem a finalidade de purificar a consciência das influências externas. A profunda reflexão interior permite o encontro com o si mesmo. A sua sombra é um estado tal de introspecção que gera uma indiferença emocional com o mundo externo.


5 de copas – A perda do prazer. A desilusão. A tendência da psique é apegar-se ao que tem de bom (e que geralmente ficou no passado) com medo de um futuro de sofrimentos. Ou de agarrar-se a uma lembrança ruim e se esquiva para que ela não se repita. Em ambos os casos as oportunidades que vivem no presente são esquecidas e o desapontamento, ou o medo de passar por ele, domina a cena e rouba a espontaneidade. 


6 de copas – O sonho de um mundo ideal. Depois da dor do 5 de copas, a consciência volta-se a sonhar com uma vida melhor e com grandes conquistas. Sejam elas românticas, materiais, de poder, ou espirituais. Sempre com base nas expectativas forjadas no passado ou em devaneios sobre o amanhã. Esses ideais se afastam cada vez mais da vida real, adiam a verdadeira felicidade e podem fomentar decepções futuras. 


7 de copas – A confusão emocional. Os limites entre o real e o imaginário se rompem e a psique se perde numa angustiante falta de direcionamento interior. Escape para o mundo dos vícios de toda a sorte, ou do desabrochar de experiências psíquicas como vidência espontânea, contato com seres do mundo astral inferior e com desencarnados. A confusão pode ser projetada nos outros, como autodefesa.


8 de copas – O abandono do ilusório. O rompimento com uma situação que perdeu sua validade ou significado intrínseco. Pode ser um relacionamento, um lugar onde se viveu, ou um emprego. É uma partida em busca de algo superior, mais representativo ou luminoso. Situações dessa natureza sempre causam alguma hesitação antes do desfecho, porém, não podem ser contidas.


9 de copas – O direcionamento para a verdade interior fez com que se encontrasse um ambiente de total realização dos desejos e sonhos mais íntimos. O estado de felicidade e bem estar, tanto material quanto interior, proporciona profundo bem estar. A sombra dessa situação é a de que a felicidade nos aliena ou nos dá a falsa sensação de realização espiritual, trazendo preguiça e indolência.


10 de copas – Êxito absoluto. União da mente com o coração, completo estado de harmonia. Não há nada a ser desejado ou conquistado no passado ou no futuro. A vida é boa e plena no aqui agora. Sentimento de integração e de pertencer a algo, carreira, família, pátria, relacionamento e ou caminho espiritual. O sentido de felicidade e família no significado mais profundo da palavra. Que nada tem a ver com realizações externas e laços físicos.

O Naipe de Espadas - A Inteligêcia do Ar

O ar vem a ser o elemento mais importante para a sobrevivência humana. Sem oxigênio não existe vida. Nosso pulmão, coração e cérebro realizam com ele uma alquimia que nos permite estar vivos! A falta de oxigenação do cérebro dificulta o funcionamento do mesmo, torna o raciocínio impossível e pode causar danos irreversíveis. A mente opera como o ar, com movimentos irregulares em muitas direções simultaneamente, mas quando bem focada por muito tempo pode moldar o solo, as rochas e as montanhas, como nossa Inteligência é capaz de construir coisas incríveis! A engenhosidade simples dos barcos a vela, por exemplo, ajudou o homem a romper fronteiras e descobrir novos mundos além de expandir o poder de impérios como o da Espanha, e Portugal e mais tarde da Grã Bretanha.
No tarot o elemento ar está representado pelo naipe de espadas. A espada é um símbolo perfeito para esse elemento. A maioria delas possui dois gumes, exatamente como a mente possui sempre duas vertentes, sim/não, bem/mal, o eu/o outro. Ela representa também o poder dos reis e dos exércitos, exatamente como aparece no ás de espadas dos baralhos clássicos, com uma espada transpassando uma coroa e sendo empunhada por uma mão vigorosa. A espada é o símbolo também da justiça, com ela os reis outorgavam leis, distribuíam títulos e condecoravam soldados. A mente anseia por conhecer a verdade e estabelecer conceitos sobre o verdadeiro e o falso, o certo e o errado, o justo e o injusto, o ético e o não ético para poder tornar a vida ordenada e compreensível. A mesma inteligência que busca por verdades superiores e significados maiores para a existência é a que procura garantir a paz armando-se fortemente. É interessante notar que foguetes, mísseis e até submarinos e navios de guerra possuem a forma de uma espada! As guerras como ações de poder e conquista no sentido de “manter a ordem” são prerrogativas do naipe de espadas. O científico e o tecnológico também estão sob sua égide!
Diferente do que ocorre na descrição desse elemento na astrologia, as personalidades aéreas não são tanto dispersivas, mas sim racionais, organizadas e controladoras, além de frias na sua expressão emocional. Absorvem informações e os valores culturais do seu meio e de sua geração com muita facilidade, ao mesmo em tempo que são naturalmente críticas e questionadoras. O trajeto das cartas numeradas de 1 a 10 no naipe de espadas é uma busca pela verdade interior em meio aos conceitos culturais sustentados pela família e a sociedade.

Rei de espadas – O ar do ar. O líder autoritário. Forte, frio e controlador. Sabe sempre o que fazer em cada evento, não acessa seus instintos, seus sentimentos e sua fragilidade. Administrador inteligente e estratégico possui uma mente clara que o faz se tornar uma autoridade nas atividades a que se dedica. Lembre-se de que certo controle sobre a vida é bom, quando em demasia faz a vida cessar. O juiz, o médico cirurgião, o militar de alta patente.



Rainha de espadas – Água do ar. A mente lúcida que não se permite levar pela subjetividade das emoções. A capacidade de colocar em palavras, e de modo inteligível, coisas abstratas. Crítica e julgadora. Conceitua tudo em certo e errado, preto e branco... Dando margem para o surgimento da moralidade estreita e dos preconceitos. A pedagoga, a filósofa, a escritora. 


Cavaleiro de espadas – Fogo do ar. A mente focada nas conquistas objetivadas pela razão. O conquistador determinado e combativo. Aquele que não desiste até a meta ser alcançada e não poupa nem esforços, e até mesmo consequências, se ele exceder suas funções. A sua cobiça e competitividade podem desumanizá-lo, tornado-o cruel e violento. O soldado de elite, o ninja, o boxeador ou lutador de artes marciais.


Valete de espadas - Terra do ar. A mente aberta que amplia os conceitos, abarca novas ideias de modo inovador. Tudo o interessa. A sua sombra é a mente que conecta muitas coisas, mas não realiza nada. Congestão e confusão mental. Argumentação excessiva, preocupação intensa que não permite o relaxamento. Enxaqueca, insônia. 


Ás de espadas - A consciência perfeita, clara, límpida. A vontade serena, mas firmemente centrada. O encontro de uma verdade reconhecível e libertadora. A capacidade de mudar o rumo dos acontecimentos pela simples focalização da vontade pessoal aliada a um sentido de direção e propósito internos.


2 de espadas – A natureza bruta da mente não consegue permanecer centrada. A dúvida se instaura, algo como: “Será mesmo?”. A dúvida lança o olhar sobre uma outra perspectiva, a de outra pessoa ou a de outra realidade, e esse cisma deve ser resolvido com uma decisão. A consciência também não suporta ficar muito tempo cindida. Impasses seguidos de decisões e escolhas pertencem a esse arcano. 


3 de espadas – A escolha foi feita, o impasse foi resolvido ou está na iminência de sê-lo. A razão vence nesse naipe, os ditames do coração são subjugados. O que sobra é uma sensação de pesar. Há uma dor e insatisfação profundamente introjetados que não se revelam na aparência. Fazem parte de desconfortos íntimos que a maioria das pessoas esconde socialmente. 

 
4 de espadas – Depois da crise anterior surge uma profunda necessidade de parar e refletir. Esse arcano incorpora bem o “descanso do guerreiro” normalmente vivido depois de uma situação de doença, divórcio, ou da saída de um trabalho importante para nós, por exemplo! Uma decisão dura de ser tomada requer um tempo de reparação (a convalescença) antes de seguir a jornada. Sua sombra é protelar indefinidamente essa pausa e postergar resoluções pendentes.


5 de espadas – O tempo perdido não volta. O que sobra é um balanço da vida com um saldo negativo e uma sensação de derrota. A comparação entre os resultados alcançados e os que se pretendia são inevitáveis. Assim como a comparação com as conquistas dos outros. É próprio da mente fazer conjecturas. Deve-se buscar a valorização da própria experiência e singularidade.  


6 de espadas – A ânsia humana por amor e reconhecimento social faz com que se assuma papéis difíceis e responsabilidades muitas vezes demasiadas (o bom filho, o funcionário modelo...). Há uma tendência a se assumir as necessidades alheias e sociais de modo incontinenti. Aqui deve-se buscar a justa proporção do papel a se desempenhar e evitar os excessos, eles não significam mais amor, apenas mais esforço.



7 de espadas – A perda da identidade individual. A dissimulação do que é aceitável cria uma máscara que com o tempo não serve mais, mas precisa ser sempre servida. Então nasce uma vida secreta, cheia de vergonha e culpa. Os conchavos e conspirações, as intrigas, segredos e mentiras nascem assim, bem como a perversão de instintos naturais.


8 de espadas - A negação da natureza básica não dura muito tempo, forças dilacerantes entram em choque dentro da consciência e não podem ser mais ignoradas, algo deve ser feito com uma urgência ainda maior do que no 2 de espadas. A culpa por violar as leis internas gera imensa cobrança e dura autocrítica.


9 de espadas – A dor sentida na mais funda solidão. Tudo o que foi negado não pode mais ser ignorado e vem à tona como uma ferida ocultada, mas que ainda está aberta. Do ponto mais escuro das cobranças internas nasce a luz de uma nova percepção. O sofrimento esconde dentro de si sua própria cura, como todos os venenos.


10 de espadas – O renascimento da consciência. Do animal de carga dos conceitos sociais nasce a fera que se opõe a isso tudo e de dentro dela deverá nascer a criança espontânea que um dia todos tivemos em nós, nem conformada nem rebelde, apenas livre! A morte dos velhos conceitos não é fácil e avanços e recuos são comuns ao longo do caminho de mudança.

Naipe de Ouros - O Poder da Terra

A terra é sem dúvida o elemento mais próximo do homem, pois é o mais palpável! É o solo de onde retiramos nossa comida e que guarda em suas profundezas as águas das chuvas. Os poços escavados na terra foram os que irrigaram as plantações que alimentaram vilarejos inteiros nos primórdios da civilização com seus frutos. Foi do barro (outra mistura da terra com a água) que o homem primitivo extraiu grande parte dos utensílios que utilizou para sua vida prática e cotidiana. Mitos antigos, como dos gregos, dizem que o próprio homem foi feito do barro. Daí o corpo humano possuir analogias com esse elemento, firme e maciço, e que possui dentro dele os ossos duros como as rochas no interior do solo. Todos os outros elementos da natureza parecem secundarizados diante da importância da terra, até mesmo o ar, sem o qual não vivemos! O sentimento de propriedade, estabilidade e segurança, advém da terra. Em tempos muito antigos o valor de um homem era medido pelo tamanho de sua propriedade ou se a possuía ou não. Prática que ainda se sustenta num mundo onde a importância de alguém está em sua capacidade de juntar dinheiro mais do que a de inspirar pessoas, por exemplo. Para os povos ainda hoje ditos primitivos a riqueza de um homem é um sinal de sua boa relação com a terra. Em termos morais costumamos dizer que uma pessoa de boa índole é aquela que possui bons valores humanos. Significando que as riquezas não são só exteriores e extrínsecas, mas também interiores e, portanto, intrínsecas. 
No tarot o elemento terra é representado no naipe de ouros. Esse metal extraído da terra foi o símbolo da sua riqueza e de todo poder que um homem poderia conquistar. Para os povos da América do Sul como os Astecas, o ouro era sagrado por representar o sol e seu poder. O mesmo ouro sagrado que fez com que os espanhóis dizimassem sua civilização levados pela mais pura e sórdida cobiça. A terra é símbolo da riqueza, da estabilidade, do conforto e bem estar material como também dos valores de caráter, como bom senso, justiça, constância e confiabilidade. Não é preciso entender de tarot para saber que esses parecem atributos bem “sólidos”, como a terra. Por outro lado a cobiça, a avareza e os sentimentos de menos valia também estão relacionados a este naipe. No tarot as cartas da corte simbolizam as personalidades terrenas, por assim dizer, fortes, trabalhadoras, organizadas e prósperas, mas também envolventes e sensuais. As cartas numeradas de 1 a 10 são as representações do desenvolvimento dos seus atributos de trabalho, produção e crescimento em todos os níveis. Vejamos:

Rei de ouros – Ar da terra. O engenheiro da terra, o empreendedor, aquele que conhece os mistérios do mundo material e sabe manejá-los para o seu progresso e de todos que desfrutam de sua proteção. O mantenedor, líder, administrador. Ele é a expressão da abundância, mas entende que isso não representa só juntar dinheiro, e sim viver a vida em todas as suas manifestações.



Rainha de ouros – Água da terra. A consciência do corpo e dos sentidos. O bem estar e o usufruir a beleza e os prazeres da vida com responsabilidade e consciência. A encarnação do conceito de qualidade vida. Massagens, yoga, relaxamento, nutrição. Toda a relação com o aspecto prazeroso, sensorial e material da vida sem culpa. Sua sombra é a sensualista grosseira e a perdulária descontrolada.


Cavaleiro de ouros – Fogo da terra. O trabalhador disciplinado, perseverante, solitário, prático e realista. Crê no trabalho constante e organizado. Aquele que possui uma relação de devoção com o que faz. Constroi suas ambições com valores como a ética, a justiça e o bom senso. Possui altos ideais sobre si mesmo e as atividades as quais se dedica. Sua meta é a excelência (alcançada no 9 de ouros). É confiável e confiante. Sua sombra é a do viciado em trabalho.


Valete de ouros – Terra da terra. O germinador das novas oportunidades, o investidor dos novos empreendimentos. Aquele que especula novas formas de crescer e prosperar. Sob muitos aspectos é o estudante com sede de conhecimento e evolução. Aquele que faz da instrução uma forma de evoluir social e materialmente. O explorador de novas oportunidades.


Às de ouros – É a potência da terra de crescer e multiplicar os seus poderes. De fazer a semente virar árvore e de a terra bruta gerar frutos. No homem é a expressão do seu caráter e potencial interno, o uso dos talentos que se transforma em sua riqueza. Em termos mundanos o Às representa a possibilidade de realização de todos os anseios sociais e materiais desse mundo.


2 de ouros – O arcano que traz para o mundo a incrível capacidade de adaptação da terra. Qualquer solo bem cuidado, mesmo os desérticos podem dar bons frutos. O solo tem a capacidade tornar-se quente como o fogo, liquefeito como a água e de voar com o ar através do pó! O 2 de ouros é o arcano da adaptação dos potenciais internos aos reveses da vida. De fazer do limão uma limonada, de uma situação adversa uma grande vantagem, e de rir da desgraça!


3 de ouros -  A força do trabalho é mostrado aqui. Nada é obtido da Mãe Terra sem empenho e trabalho! Após ter se adaptado as suas mudanças sazonais é preciso trabalhar nela devotadamente. O 3 de ouros é o arcano da labuta e da confiança nos instintos ao lidar com a terra, ou seja, com a atividade que se está executando. A dimensão do progresso franco e veloz encontra-se nesse terceiro arcano do tarot.


4 de ouros – Depois do empenho e da colheita dos frutos terrenos a terra traz o bem adquirido. Aqui nasce o significado de meu, que é profundamente gratificante ao ego humano por simbolizar o resultado do empenho dos seus talentos. É o arcano da estabilidade, da segurança e da propriedade, mas também da avareza material e afetiva, e do separativismo já que o “meu” vem do “eu” e nos isola dos outros.



5 de ouros – A crise que liberta. A materialidade cega. Quem olha muito para o chão não vê mais a luz. Assim uma crise financeira, a perda de bens ou de um emprego ou mesmo do nosso sentimento de valor pessoal, nos retira do cercado que criamos com o que conseguimos. Vemos então o mundo ao redor e pela primeira vez tomamos consciência de nossa pequenez e fragilidade num universo onde a interatividade é fundamental.


6 de ouros – Nesta etapa abrimos nossa percepção para novas possibilidades e valores, aprendendo a ser generosos e a fazer concessões. Como a terra e seus bens também sugerem negociação, temos de ficar atentos para que essas concessões não virem mais um vício triste para se obter benefícios indiretos como atenção, amor e consideração. Nossa abertura e doação devem ser autênticas.


7 de ouros – Nessa fase retomamos os ritmos naturais do nosso corpo e dos eventos todos, não mais lutamos contra a natureza em nós e a natureza das coisas. Respeitando o tempo de produzir e descansar. Também respeitando o outro em seu movimento de confraternizar-se e de ficar consigo mesmo ocasionalmente. Exatamente como acontece com os ciclos das estações na natureza, ou na gestação humana. Sua sombra é a indulgência excessiva.


8 de ouros – O caminho da simplicidade. Com os acontecimentos anteriores aprendemos a ser humildes (uma bela característica da terra) e a fazer cada coisa com o máximo de atenção aos detalhes e aos erros do passado com a forte intenção de reaprender e crescer serenamente. No outro extremo este é o arcano do “capacho” humano e da mediocridade. Daquele que se perde em detalhes toldando-se para a visão do todo.


9 de ouros – A excelência. O 9 de ouros indica a completa superação das mazelas passadas e a absorção total das experiências vividas. Assim como a terra dá frutos, o indivíduo colhe os frutos de si mesmo: uma consciência e um potencial amadurecidos que evocam notoriedade e respeito. O mestre de si mesmo com uma individualidade bem formada, mas não mais egoísta, que atinge seu ápice. O aspecto mais negativo é o perigo de tornar-se muito distante dos mais simples.


10 de ouros – O indivíduo finalmente entende que ele é o cocriador da sua realidade e da realidade planetária! Seja como for que esteja nossa vida fomos nós quem a fizemos assim, e somente nós podemos mudá-la! A consciência global, cooperativa e corporativa nasce nesse arcano. Como indivíduos, família, empresa ou sociedade entendemos que nossas ações nos influenciam e aprendemos a cuidar de nós mesmos e uns dos outros. A última etapa da evolução humana e planetária, que vem a ser a proposta da Nova Era.