quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

As Relações são Espelhos


As relações como espelhos dos
 conceitos pessoais sobre afetividade
(Os Amantes, do Osho Zen tarot).
Em seu livro "Tarot - Espelho da Alma", o tarólogo e terapeuta alemão Gerd Ziegler ensina uma variedade interessante de métodos de disposição das cartas. Há entre eles um que me parece mais profícuo por nos colocar de frente com a questão: “Por que atraio esse tipo de pessoas para minha vida?”. É um sistema instigante que nos viabiliza refletir sobre as mensagens que passamos para o mundo, e o tipo de pessoas que magnetizamos com essas mensagens. O nome da disposição é "Esclarecimento de uma Pergunta ou Situação Emocional", e consiste em embaralhar as cartas e cortar o maço em dois montes. O monte da esquerda representa as energias, Yn e o da direita as energias Yang. Embaralhe o monte da esquerda novamente, tire a carta e coloque na posição 2 e a última carta na posição 3. Faça o mesmo com o da direita, embaralhe e coloque a carta na posição 1 e a última na posição 4. Ficando assim dispostos os arcanos na mesa:

1

2          3

4

A posição 1 representa a questão básica, o que de fato está acontecendo agora na sua vida afetiva e íntima. É a sua situação emocional no momento.
A posição 2 mostra a que você está receptivo, que pessoas, energias e acontecimentos está atraindo.
A posição 3 revela o que você está mostrando ao seu meio ambiente, e ao mundo. Revela de que modo você influencia o seu meio, e o que está mostrando de si mesmo exteriormente.
A posição 4, por fim, traz a resposta, a chave, aponta um caminho para a superação ativa do problema. Um modo de contorná-lo ou superar ele.

Muitas pessoas conhecem este sistema de disposição das cartas, muito embora eu não saiba quantas o usam de fato. Considero muito rico e esclarecedor esse método uma vez que traz para você a responsabilidade sobre o que vive na sua afetividade! Você trouxe para si mesmo através de suas posturas as pessoas com as quais se envolve. Se isso o gratifica, ótimo! Mas se por outro lado isso o atormenta, então é hora de refletir e de transformar a reflexão em uma ação transformadora!
Relações são espelhos e não importa o quanto se repita isso, muitos ainda preferem culpar a sorte, o destino, ou a interferência dos outros... Afinal é mais fácil, não é? É bem verdade que as mensagens inconscientes que passamos ao mundo são moldadas em grande parte pela educação que recebemos de nossos pais, e dos nossos exemplos familiares e culturais. Para quem é reencarnacionista, como eu, há também sempre a forte impressão de que essas mensagens podem ter sido moldadas bem mais anteriormente naquela alma. O que de modo algum torna quem quer que seja vítima de nada! Ao nos tornarmos conscientes temos a possibilidade de libertação através da autotransformação, o ato mais revolucionário da existência!



Ao encararmos assim passamos a ver a relação estabelecida com o outro como uma atuação exterior de nós mesmos. Assim as relações felizes mostram uma perfeita sincronia entre o que alma aspira e o que é expresso para o mundo. Do mesmo modo as relações problemáticas revelam uma falta de sintonia entre a alma e sua autoexpressão. Poderíamos dramatizar essa ideia como uma pessoa que diz “Me deixe” mandando beijinhos, e outra que diz “Me ame” mostrando dentes num esgar enraivecido. Sei que pode parecer ridículo, mas muitos fazem isso sem se dar por conta todos os dias e de muitas formas. A que manda “beijinhos” se queixa de que os outros não a respeitam, nem reconhecem seus limites. A que mostra os dentes se queixa dizendo que as pessoas não reconhecem seus atos de amor, nem o quanto ela se esforça pela relação. Ora, trazendo isso para o dia a dia, quem não conheceu alguém que dizia amar muito, mas esquecia compromissos, não cumpria as promessas, ou se afastava em momentos críticos do (a) parceiro (a)? Para essas pessoas todo esse cuidado parece uma cobrança tola, e de que os sentimentos é que deviam importar, e provavelmente se queixam de que as relações são só cobranças sem fim. Para esses vale lembrar que paixões ou sentimentos intensos devem ser reforçados em seu sentido. Se você é um torcedor que nunca vai ao estádio nem vê partidas do seu time na tevê... Você tem um time pra quê afinal? Por mais simplória que possa parecer essa afirmação ela reflete um princípio básico que se espelha também nos relacionamentos, o de fomentar e estimular as emoções prazerosas, intensas e gratificantes que nos ligaram a algo, quer seja um time, um grupo, uma filosofia ou um relacionamento! O exercício de amar é o que faz a interação e a conexão com a coisa amada mais intensa e gratificante! Infelizmente vivemos na era do egoísmo, onde a maioria das pessoas querem alguém que se encaixe nos seus sonhos sem se perguntar se elas mesmas se encaixam nos sonhos de alguém. Há cada vez mais pessoas que querem amar sem fazer concessões, que se acham maravilhosas com hábitos inocentes, ou perfeitos, aos quais são muito apegadas, e que o outro é que deve mudar! Não é a toa que cada vez mais pessoas se sintam só, que vivam só, que se tornem depressivas, ou que mergulhem em ralações cada vez mais destituídas de significado, onde o ato mais íntimo do corpo, o sexo, seja utilizado como substituto para o ato mais íntimo da alma, o Amor.
O Amor, a delicada arte de equilibrar
comprometimento íntimo com liberdade
(O 2 de copas, do Osho Zen tarot).
Para os que mandam beijinhos resta o exemplo daqueles que nadam na direção contrária, pessoas que têm tanto medo de ficar consigo mesmas, que possuem tanto pavor da solidão, de não estar com alguém, que atribuem o único significado de suas vidas o ato de estar numa relação amorosa. Atraem relacionamentos abusivos, falam mal dos seus parceiros, mas depois se culpam e se sentem egoístas. Tipos que se durante uma discussão abrem a boca para dizer as verdades do seu coração logo em seguida voltam atrás e pedem desculpas... Essas pessoas confundiram amar profundamente com perder-se no outro. Elas também não sabem trabalhar diferenças, elas apenas estão no outro lado da corda. O lado de quem está sempre se sentindo lesado, ferido e abusado sem nenhum motivo aparente. Enquanto no primeiro grupo as pessoas gostam de se ver como “livres”, nesse grupo elas se veem como “boas” embora vivam mesmo é como vítimas. E, por mais estranho que possa parecer, esses dois grupos têm uma coisa em comum; um profundo egoísmo. Um quer ter um relacionamento onde não tenha de abrir mão de nada, e o outro quer uma relação que será mantida a qualquer custo. Um não quer abrir mão de si mesmo, o outro não quer abrir mão de uma parceria. São tipos que ignoram que amar é uma arte de flexibilização, de entrega e aceitação, mas também de algum rigor para que a individualidade não se perca. Afinal amar é uma parte importante da vida, mas não a única! Somos todos indivíduos com propósitos bem definidos que ficam bem mais fáceis de serem encarados e cumpridos se fortalecidos com uma vida emocional equilibrada em uma parceria saudável e enriquecedora!
Os dois tipos aqui citados são apenas uma generalização dos problemas mais comuns que se encontram nos relacionamentos humanos, mas infelizmente não são os únicos! Se há uma coisa que a humanidade sabe complicar é justo aquilo que é o mais importante para si, e o Amor e as relações afetivas estão no epicentro desses problemas.  Este sistema de disposição das cartas desenvolvido por Gerd Ziegler é uma ferramenta valiosa no processo de desenvolvimento pessoal e superação das crises de relacionamento, e que não se limita apenas às relações amorosas, mas se aplica também às amizades, às parcerias de trabalho e de crescimento espiritual, e toda a interação humana onde as personalidades se choquem dominadas pelos condicionamentos dos seus egos!

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