Mães e Sensitivas...
As Rainhas do baralho clássico; A Rainha de espadas do Visconti-Sforza tarot. |
A ciência mostrou que além do corpo o cérebro tem um sexo próprio. É mais comum ver homens com mentes masculinas e mulheres com mentes femininas como descrevemos a pouco. Entretanto há muitos casos de “inversão”, basta ver a grande quantidade de homens artistas, místicos, inventivos e imensamente sensíveis e afetivos. Da mesma forma que há inúmeras mulheres no universo científico, acadêmico e militar! Essa “inversão” no gênero do sexo cerebral, por assim dizer, não reflete de modo algum a orientação sexual de uma pessoa.
A Imperatriz, mãe ou irmã mais velha de todas as Rainhas dos naipes. The Empress, do Tarot of The Spirit, de Pamela Eakins. |
Nos primórdios dos tempos cabia
as mulheres o cuidado da prole e da terra. Assim a agricultura foi desenvolvida
pelas mulheres, e a confecção de utensílios domésticos e de pães, por exemplo,
era função feminina. Provavelmente que por esse motivo muitas deidades
femininas ancestrais evocavam a agricultura, a fertilidade, a abundância e a
riqueza. Entre elas Gaia, Reia e Deméter na antiga Grécia, Oxum na cultura
Iorubana, Pachamama nas tribos Incas andinas, e a Mulher do Milho (ou Mãe do
Milho) dos povos nativos da América do Norte, como os Cheyenne e os Cherokee,
entre outras. O feminino ficou marcado pela ideia de nutrição, crescimento,
fertilidade e, claro, abundância. Um evidente atributo materno, como o do
arcano de A Imperatriz, das quais todas as Rainhas dos arcanos menores são as
filhas ou irmãs mais novas e, como tais, refletem seus melhores e piores
atributos. Como disse anteriormente a afetividade amorosa e a “maternação” dos
relacionamentos não é exclusividade do gênero feminino, embora mais abundante
nele.
No tarot as Rainhas são aquelas
que desfrutam da vida e dos seus dons naturais, sem romper com seus papéis de
cuidadoras. Devemos lembrar, entretanto, que cada Rainha cuida conforme os
atributos do seu naipe de origem. Paus mais com uma afetividade mais intensa e
prestativa, copas com uma afetividade mais profunda e acalentadora, espadas de
modo mais racional, verbal, organizado e mental, e ouros de modo mais físico,
prático e objetivo. As Rainhas são representadas pelo elemento água, a fonte
doadora e mantenedora da vida. Cada uma delas é a água correspondente ao
elemento do naipe ao qual pertence. A Rainha de paus será a água do fogo (sentimento intenso), a de copas
a água da água (sentimento profundo), a de espadas a água do ar (sentimento interiorizado) e, finalmente, a de ouros a água da
terra (o sentimento expresso no mundo físico).
Vamos agora aos seus significados
simbólicos:
A Sacerdotisa de paus, do Motherpeace tarot. |
Rainha de paus
– A água do fogo. A água morna dos banhos do bebê, ou dos casais apaixonados. A água que
cozinha os alimentos para a tribo ou a família. Terna, amorosa e muito sensual,
ama a família e o lar, bem como os amigos, e sente que deve protegê-los e
defendê-los, ainda que não lhe peçam ajuda. Unir, compartilhar, acarinhar. Dedicação
cuidadosa, gestos conciliadores e amorosos. Gentileza. É a construtora de ninhos,
acolhedora. Doação generosa. Sensualidade penetrante. Disposição e
capacidade de lutar pelas pessoas que ama. Compartilha o que tem de melhor,
pois acredita que a vida é uma troca e quanto mais se dá mais tem para doar! A
administradora, a líder comunitária, a assistente social, cuidadora,
enfermeira, parteira ou doula. Não guarda nem segredos nem vantagens, assim como seu Rei, crê no seu poder pessoal. A sua sombra é a passionalidade e a intromissão
no espaço alheio, embora com desejo de ajudar.
A Mulher de copas, do Voyager tarot. |
Rainha de copas
– A água da água. As profundezas abissais do mar. Profunda, mediúnica e sensível. Percebe as
emoções alheias e as acolhe sem julgamento. Abertura de coração. Compreensiva
no real sentido da palavra. Sua capacidade de amar inclui o perdão e a
misericórdia. Sente com profundidade, possui empatia emocional e até mesmo
psíquica. Não opõe resistência às demandas externas. Sua identificação com as
emoções alheias, por outro lado, a faz ficar confusa quanto a sua própria
identidade, e nubla a capacidade de reconhecer seus desejos verdadeiros.
Podendo, viver como uma eterna projeção dos outros. Sentimentos simbióticos,
viver o outro e esquecer-se de si. Fragilidade emocional. Representa a bruxa, a
paranormal, a poetisa, a música, uma artista de performance profunda.
A Rainha de espadas, do Rider-Waite tarot. |
Rainha de espadas
– A água do ar. Um lago que seca sob os ventos de um deserto. A mente lúcida que não se
permite levar pela subjetividade das emoções. A capacidade de colocar em
palavras, e de modo inteligível, coisas abstratas ou muito complexas! Define
prioridades, separa o certo do errado, o coerente do incoerente. Bom senso, e
grande senso de justiça. O senso de dever que se coloca acima do de prazer.
Nenhum sentimento sobrepõe o pensamento. Rege profissões tais como a pedagogia,
a literatura e a filosofia. Por outro lado é crítica, julgadora, e exigente em
demasia (exigências muitas vezes impossíveis de se cumprir). Possui um senso de
valores muito estreito. Falta flexibilidade, o que faz surgir o preconceito e a
moralidade conservadora.
A Rainha de arco-íris, do Osho Zen tarot. |
Rainha de ouros
– A água da terra. A nascente de um rio que no decorrer do seu leito nutre florestas e campos. A
consciência do corpo e dos sentidos. Usufrui a beleza e os prazeres da vida com
responsabilidade e consciência. Ama, nutre e cuida com o mesmo zelo da Rainha
de paus, mas sem os mesmos excessos. Cuidados com a saúde e o bem estar físico
e material, tanto seu quanto dos que ama. Incorpora o moderno conceito de “qualidade
de vida”. Nutrição, dietas, estética, culinária, artesanato e artes plásticas
em geral, massagens, yôga, relaxamento e todas as profissões relacionadas. Ama
as coisas belas e de boa qualidade. É toda a relação com o aspecto prazeroso,
sensorial e material da vida sem culpa. A sua sombra é a da perdulária
descontrolada, a sensualista vulgar, possessiva nos afetos, materialista e
superficial. O tipo que ama as badalações caras, uma alpinista social.
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