O Rei de ouros, do Druid Craft tarot. |
1º) Estude o mais minuciosamente
possível o significado das cartas da corte, sempre tendo em mente que são
personalidades humanas com características bem marcadas. Quando suas dúvidas
minimizarem suficientemente escreva num bloco de notas suas lembranças de quando você
mesmo agiu como um desses personagens do tarot. Em que momento você foi
amoroso, envolvente ou sensual como uma Rainha de paus? Ou em que momento de
sua vida você foi planejador, racional e organizado como o Rei de ouros? E
assim por diante, com todas as dezesseis cartas da corte... Anote também, depois de cada descrição, em que situações
você estava envolvido e que estimularam ou requisitaram essa postura de sua
parte. Esse é um exercício que tanto estimula a percepção das cartas da corte
como posturas psicológicas que assumimos diante dos eventos da vida, criando personas,
quanto as situações práticas que cada uma delas pode simbolizar numa leitura...
A construção do conhecimento é um trabalho contínuo, e que envolve muito empenho, observação e prática como nos ensina o Cavaleiro de ouros (Thoth tarot). |
2º) Ainda seguindo nesta linha,
escreva em seu caderno de anotações que pessoas em sua vida representam cada
uma das dezesseis cartas da corte. Diga também que características se
evidenciam e que fazem você associar o comportamento delas a esse ou aquele
arcano. Não deixe, é claro, de anotar qual o arcano que define você mesmo na
maior parte do seu dia a dia. No exercício anterior você já terá aprendido que
nossa personalidade é mutável na maioria das vezes, assumimos posturas
diferentes conforme cada situação que vivemos. Agora você terá de avaliar nas pessoas com quem convive, assim como em si mesmo, qual dessas personas (máscaras) elas e você se utilizam mais frequentemente em suas rotinas diárias.
Em minha vida, por exemplo, reconheço minha irmã como uma Rainha de espadas:
racional, crítica e socialmente reservada e polida, tanto quanto reconheço a
mim mesmo como um Rei de copas, que combina sua intuição profunda com sua
orientação racional, e que aprendeu a tomar certa distância das próprias
emoções para evitar julgamentos ao realizar o trabalho que amo, que é o de
intérprete do simbolismo do tarot! Caso não consiga relacionar certos arcanos a
pessoas do seu convívio, reflita sobre isso também. Esses arcanos que faltam
representam o quê? Qualidades que você despreza, não valoriza ou tem
dificuldade de reconhecer ou expressar? Uma das coisas fascinantes que ocorre
ao estudarmos o tarot, é que se o fizermos de modo correto, o crescimento que
adquirimos no processo é inevitável e muito gratificante para o nosso próprio
autoconhecimento.
Dentro de um contexto de leitura as cartas da corte possuem muitas atribuições possíveis; posturas que se assume, pessoas que cercam o consulente, ou fatos objetivos do momento... (Osho Zen tarot). |
3º) O terceiro exercício amplia
ainda mais essa capacidade perceptiva. Procure reconhecer em filmes e peças de
teatro que arcanos da corte estão ali representados! Numa obra clássica como
Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, a dimensão sonhadora e idealista
do Cavaleiro de copas é mais que evidente. Do mesmo modo que a dimensão
feminina de sofisticação, sensualidade refinada, e ao mesmo tempo exuberante,
da Rainha de ouros estão muito bem representadas em outra obra clássica, A Dama
das Camélias, de Alexandre Dumas. Não é preciso se limitar às obras consagradas
da literatura, embora os clássicos possam, por também estarem muito presentes
em nosso inconsciente, oferecer referências importantíssimas nesse estudo. Qual
carta da corte você daria à Scarlett O’Hara de E o Vento Levou? Ou para O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald? Mais uma vez esse exercício de
flexibilização da percepção arquetípica pode ser imensamente útil, não só para
ampliar e facilitar o processo imaginativo intuitivo nas leituras de tarot,
como para alargar a capacidade de se reconhecer a personalidade das pessoas
socialmente com alguma observação! Faça o mesmo com os filmes de sua
preferência; quer seja os dramas policiais, quer seja os filmes da Marvel de
super heróis. Não há limites!
Para quem possa estar se
perguntado se o estudo do tarot seria sempre então uma atividade incessante e
em permanente construção eu digo: sim, é! Quanto mais o estudo do tarot sair dos
livros e partir para a prática da observação viva dos arquétipos, mais fluente
se tornará o seu entendimento, bem como a compreensão e a transmissão de suas
mensagens em sessões de leitura. Considerar que já se sabe tudo, ou que se
“domina” um sistema de interpretação simbólica tão complexo quanto o tarot é,
com certeza, o início da petrificação de conceitos. O que fará com que aos
poucos sua visão da vida refletida nos arcanos se torne limitada, arcaica e
desconectada do mundo e do tempo em que vive.
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