segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Os Arcanos do Hobbit


Próximo às festas do fim de ano, fui assistir ao filme O Hobbit, uma Jornada Inesperada do diretor neozelandês Peter Jackson por dois motivos: primeiro porque sou apaixonado por filmes com temática épica ou mítica e este, como os outros filmes da série O Senhor dos Anéis, é ambas as coisas ao mesmo tempo. Sem falar nas paisagens maravilhosas da Nova Zelândia e o resgate da linguagem mágica dentro da trama. Ou seja, para uma pessoa como eu é um prato cheio! Bem, afora tudo isto eu fiquei encantado de mais uma vez observar os arcanos “saltando” nas passagens do filme. Os arquétipos vivem dentro de nós e se fazem presente o tempo todo. Desde que acordamos até quando vamos nos deitar, passamos por uma miríade de situações arquetípicas que alguém que estude os arquétipos pelo viés astrológico, por exemplo, os verá na forma de signos e planetas. E alguém como eu, que ama e prefere o tarot, os verá no simbolismo dos arcanos.
9 de copas
A acomodação das conquistas.
4 de paus
A ação participativa.
Na trama o hobbit Bilbo Bolseiro é procurado pelo mago Gandalf para fazer parte de uma companhia cuja missão é retomar o reino dos anões que havia sido usurpado pelo terrível dragão Smaug. A proposta do velho mago é um verdadeiro 4 de paus, ou seja, a possibilidade de unir forças a um grupo para realizar uma tarefa que é impossível de ser feita sem a combinação de outros talentos e esforços! Na primeira investida de Gandalf Bilbo é totalmente refratário e chega a alegar que as aventuras são coisas que “nos fazem atrasar para o jantar”. Nesse momento vi o primeiro arcano saltar, era o 9 de copas. Ora, a vida de Bilbo estava bem do jeito que estava, tinha uma ocupação tranquila no seu dia a dia, uma casa confortável e cheia de comida!... Então pra quê sair de lá? O 9 de copas é o arcano da realização de todos os desejos terrenos, o que promove imensa satisfação por um lado, mas uma incrível acomodação por outro! Como se a vida não oferecesse mais coisas, ou como se não houvesse outras coisas sobre as quais evoluir. Daí em diante todos os arcanos que surgem são da série dos 4 nos arcanos menores. Bilbo vive um 4 de ouros quando sente que deve defender sua propriedade assim que os anões chegam sem serem convidados por ele (numa armadilha de Gandalf para tentar comovê-lo) para um banquete. E mesmo depois de saber do drama vivido pelos anões ele continua apegado à louça que herdou dos pais e aos paninhos de crochê de sua mãe. A avareza é o pior atributo do 4 de ouros. Em seguida ele ouve as muitas histórias de sofrimento daquele povo que após ter tido um reino próspero e feliz agora vagava pelo mundo sem um lugar de seu, e ao que parece não é tocado por isso.
4 de ouros
O avarento.
4 de espadas
Postergando decisões.
4 de copas
O indiferente.

Nesse momento ele passa a viver um 4 de copas. Uma introspecção tão grande que o aliena do mundo e das necessidades dos outros. 
Depois de todo o agito do que era para ser mais uma noite rotineira Bilbo acorda e vê a casa vazia, em princípio comemora a partida dos invasores, mas em seguida parece perceber que tudo aquilo pode esperar e que a vida havia feito um chamado para algo maior, então sai correndo atrás dos cavaleiros. Esse salto é o caminho do arcano de O Louco, aquele que ouve um chamado da vida e vai. Há também uma clara referência ao arcano do 4 de espadas, que simboliza a postergação das decisões. Fica claro que apesar de sua recusa, internamente o tempo todo Bilbo considerava partir com os aventureiros, apenas adiando essa decisão ao máximo! Da mesma forma o arcano do 3 de paus também aparece no momento do salto do jovem hobbit. O 3 de paus é o arauto das experiências inusitadas a que nos permitimos ou não. A confiança inexplicável que ele sente ao partir é própria do arcano Cavaleiro de copas, que age de acordo com o que sente em seu coração sem discernir muito sobre as causas subjacentes.
Cavaleiro de copas
A confiança que 
emana do coração.
O salto ousado de O Louco.
3 de paus
O experienciar o inusitado.


Desnecessário dizer que Gandalf é o próprio arcano de O Mago, talentoso, brilhante, envolvente e também enganador. Tanto quanto o rei-guerreiro Thorin Escudo-de-Carvalho é, sem sombra de dúvidas, o arcano de O Imperador. Forte, destemido e firmemente decidido a reaver o reino que lhe foi roubado, e tudo isso em honra ao pai e ao avó, já falecidos (uma linhagem patriarcal), numa clara alusão ao poder de conquistar, estabelecer e estabilizar que esse arcano traz em si. Por isso e por estar repleto de magos, runas, e florestas mágicas, além de lindas reflexões sobre a vida, eu considero este um filme para ser saboreado em cada detalhe.

3 comentários:

  1. Muito bom, adoro filmes dessa temática também!

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  2. Ótimo texto!
    Adoro a óptica simbólica que há em tudo que nos cerca, e em um conto fantástico como "O Hobbit", temos um prato cheio para "farejar" os arcanos do tarot, ou outros símbolos.
    Parabéns, e boas festas!!!
    =)

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    1. Muito obrigado meu querido! Fico feliz por ter um comentário seu num dos meus textos!
      Você precisa ver o modo lindo com que as runas são apresentadas no filme!
      Um grande abraço, um feliz Natal e um próspero Ano Novo!

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