quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Hierofante - Arcano V

Título Esotérico – O Mago do Eterno (O conhecedor dos segredos e valores que transcendem o mundo físico-material e temporal).

Analogia Astrológica – Touro (O 2º signo), a semente lançada em Áries desponta e precisa apenas de um tempo firmemente plantada no solo para crescer e dar flores e frutos. Este é o signo da consciência acumulativa para obter, possuir e reter tudo o que e necessário à manutenção da vida em segurança, o que também requer tenacidade e perseverança. Grandes qualidades taurinas! Interessa-se igualmente por valores e recursos humanos, pois quando não edifica valores internos Touro fica apático e dependente.

Analogia Numerológica – Tradicionalmente conhecido como o número da mudança, o 5 representa as sucessivas mutações da consciência em busca de sua expressão máxima ou perfeição espiritual! A sua forma lembra um meio quadrado equilibrado sobre um meio círculo que aludem a esta busca por harmonia entre o material e o espiritual. Harmonia esta só encontrada quando os valores superiores (éticos) preponderam sobre os inferiores (egoicos).

O Arcano – Um sacerdote de barbas brancas vestido com sua indumentária cerimonial completa está à frente de dois discípulos cujos rostos permanecem incógnitos. Uma das figuras estende a mão na sua direção como que pedindo sua benção ou ajuda. O outro está com as mãos espalmadas como se tivesse captando algum tipo de emanação que vem da figura do sacerdote. A mão direita do Sumo Sacerdote aparece com um gesto de benção espiritual em que levanta apenas os dois dedos, indicador e médio. Na sua mão esquerda ele tem uma luva amarela onde se pode ver a *cruz dos templários desenhada, e com ela segura uma cruz de três braços (a cruz papal). Em sua cabeça o chapéu cônico dos Papas, e atrás dele vê-se discretamente duas colunas como no arcano de A Sacerdotisa.

Significado - Este sacerdote é um Hierofante católico, o Papa, cuja crença católica diz ser o representante de Deus entre os homens. A palavra Hierofante deriva do grego e quer dizer “aquele que leva ao sagrado”. Ou seja, ele é o pontifex, uma palavra latina que significa “o construtor de pontes”, que une o homem ao sagrado da vida e dele mesmo. O Hierofante e pontifex não se resumem às crenças do catolicismo. Esse mesmo papel é representado pelos xamãs das culturas tribais, os curandeiros, terapeutas, conselheiros, professores ou aquelas pessoas que representam para cada um de nós uma presença de equilíbrio. Um amigo ou alguém em quem confiamos e respeitamos sua opinião. O arquétipo do Hierofante é extremamente amplo e flexível! Os dois discípulos à sua frente reforçam esse simbolismo. Um parece estar pedindo diretamente sua ajuda, o outro parece estar embevecido com sua presença e exemplo. O gesto de benção que ele sustenta com o dedo indicador e o médio evoca a natureza divina e humana em sua figura. Ou seja, ele é consciente da sua natureza divina e da natureza divina que habita todas as coisas, e grande parte do seu trabalho é resgatar isso dentro de cada homem. E divino aqui não tem um significado só religioso, mas espiritual e transcendente! A luva encobrindo a mão simboliza o domínio sobre os temas ocultos ou secretos que ele guarda e defende distribuindo-o somente a quem faz por merecer. Daí a cruz dos Templários, os guerreiros sagrados. A cruz de três braços é a cruz Papal. Seus braços tríplices são interpretados de muitas maneiras. A primeira interpretação é sobre o seu simbolismo na figura do Papa e suas atribuições dentro da Igreja Católica, a de sacerdócio, jurisdição e magistério. Quer dizer que ele é a conexão com Deus, o criador das leis éticas nas relações humanas e o instrutor para aqueles que comungam com ele. Num nível mais amplo seria a representação da igreja, do mundo e do céu divino. Também simbolizam os três reinos aos quais estamos todos submetidos: corpo, mente e espírito. As colunas do templo simbolizam aqui como em A Sacerdotisa a fonte dos mistérios da vida que ele, O Hierofante, tem de modo ordenado, conceitualizado, e sistematizado, ao contrário de A Sacerdotisa que os possui de modo puro, íntimo e direto.

O Hierofante no Osho Zen tarot.
Divinação – Realização social, a persona. Aquele que se realiza na atividade que faz, que vê um sentido profundo ou mais amplo na sua atividade. O ápice da realização social, o indivíduo respeitado, admirado, proeminente em seu meio. O bom exemplo a ser seguido, quer seja no mundo prático, quer seja no mundo espiritual. O encontro da vocação dentro das funções sociais. O amigo, o conselheiro, consultor, terapeuta, xamã. Médico, profissional da saúde. O curador em todas as suas representações. O ensino superior em todas as suas formas, desde o acadêmico (até pós-graduações, mestrados e doutorados), ao espiritual (como iniciações em linguagens simbólicas e esotéricas; tarot, astrologia, cabala, numerologia, magia, artes de cura etc). O professor, o orientador e ou o Mestre. O senso de valores internos, éticos e morais. A ética. O bom conselho e a boa orientação. Representa todos os mestres, guias e instrutores espirituais encarnados ou desencarnados.  Negativamente ele é o dogmatismo, que literalmente é o apego à própria opinião. O preconceito, a inflexibilidade. O tradicionalismo e o moralismo exacerbados que quando assim colocados não se adaptam ao gênero humano amorosamente. As más instruções, ou maus exemplos, também seriam uma perversão extrema deste arcano.


Personagem do Cinema – Tenzin Gyatso (personagem interpretado por Tenzin Thuthob Tsarong, um ator desconhecido), no filme Kundun de 1997 dirigido por um dos maiores cineastas de todos os tempos, o norte-americano Martin Scorsese. É a história real do décimo quarto Dalai Lama. O jovem Tenzin vive com seus pais nas montanhas do Tibet e um dia recebe a visita de monges que o identificam como a encarnação do décimo terceiro Dalai Lama falecido dois anos antes. Ao completar quatro anos ele é levado para Lhasa, a capital do país, e passa a ser educado como um monge e preparado para se tornar o chefe político-religioso de toda a sua nação. O menino surpreende pela clareza de memória que possui sobre sua encarnação pretérita e pela disposição que possui de cumprir seu papel. Aos catorze anos ele começa a enfrentar problemas com a China que tem planos de tomar posse do território do Tibet. Aos dezenove tem de fugir dos chineses que pretendem matá-lo para destruir a cultura tibetana. Ele se refugia na Índia e de lá começa a divulgação do budismo tibetano, que desde então se alastra pelo mundo! Disciplina, exemplo, a preservação amorosa da cultura e da tradição, espiritualidade, humildade, compaixão e ajuda ao próximo são temas apresentados e abordados no filme que refletem com perfeição alguns dos melhores atributos do arcano de O Hierofante.

*Nessa edição do tarot de Marselha, que é espanhola, a cruz curiosamente não aparece! Mas consta nas outras edições! Ainda assim eu a utilizei por considerá-la uma das mais belas versões deste baralho.

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