segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Devemos Considerar as Cartas Invertidas?

Novas e velhas perguntas interessantes...

1) Qual a diferença entre o I ching, o tarot e a astrologia?

Basicamente o I ching trata de responder uma pergunta direta formulada anteriormente, e o faz com máxima profundidade e detalhamento, sempre revelando as implicações filosóficas envolvidas na questão. Desde que evidentemente o questionamento seja colocado do modo mais claro possível. 
O tarot, embora também possa responder perguntas bem, é mais preciso ao retratar um determinado período de tempo da vida de quem procura as suas cartas. E esse período pode ser os últimos dias, semanas, meses ou anos!... Mas sempre é um momento, onde é possível detalhar todos os sentimentos e pensamentos envolvidos. Já a astrologia trata de um tempo maior, o intercurso de uma vida inteira em todos os seus potenciais e talentos, crescimento e desenvolvimento prático, psicológico e espiritual possível. Sintetizando, a astrologia trabalha o nível da personalidade com mais eficiência, o tarot momentos mais abrangentes e o I ching questionamentos bem específicos.
Existem diferenças interessantes na maneira desses três sistemas de sabedoria operarem. Claro que o I ching pode também trazer reflexões sobre um determinado período de tempo mais amplo, da mesma forma que o tarot pode responder uma pergunta com muita profundidade e implicações filosóficas e reflexivas. Assim também a astrologia pode descrever um tempo mais breve da vida de uma pessoa... O que eu quero dizer para você é que essa não é a melhor aplicação desses oráculos. Eles possuem enormes qualidades, mas também limitações como o tudo o mais nesse mundo! Além de características bem próprias, como uma espécie de assinatura. O êxito ao se tentar inverter suas aplicações, pode ter mais a ver com o talento do intérprete do que com as tendências intrínsecas de cada sistema. O funcionamento acima descrito é o mais preciso, e o que se coaduna melhor com as características de cada um desses instrumentos oraculares... E se duvidar, faça a sua experiência!

2) Devemos considerar as cartas invertidas?

No meu livro Tarot para a Autotransformação e a Cura eu detalho melhor essa questão. Posso dizer aqui que considerar as cartas invertidas é, além de muito interessante, muito compensador. Amplia nosso entendimento sobre a própria tarologia tanto quanto sobre como opera o inconsciente humano! Segundo a taróloga norte americana 1*Rachel Pollack, a inversão de uma carta pode marcar, entre outras coisas, um bloqueio no fluxo energético daquela carta. Como algo que não consegue ser atingido, ou desenvolvido pelo cliente.  
Pode também representar uma inversão total no significado do arcano. Por exemplo, se  O Imperador representa a estabilidade e a liderança, invertido pode estar mostrando instabilidade e submissão. Da mesma forma se A Morte simboliza as perdas, invertida pode estar apontando uma reintegração, e assim por diante!
Outra consideração interessante dada pela autora 2*Gail Fairfield é a de que uma carta invertida pode mostrar uma qualidade ou vivência interna que no entanto não se mostra exteriormente. Um Rei de espadas invertido, por exemplo, poderia assinalar uma pessoa que se sente muito forte, organizada e firme internamente, muito embora o mundo exterior não aposte nisso!
Considerar as cartas invertidas não é de modo algum uma obrigação, mas que você experimente suas aplicações antes de descartar. Nenhuma escolha deve ser feita pelo preconceito ou a ignorância. Descubra qual das possibilidades acima mais combinam com você, quem sabe todas! Ou quem sabe você descobre novas possibilidades!... Vivencie isso!

3) Quando retiramos as cartas quem está respondendo?

Puxa!... Veja bem, nos tempos antigos acreditava-se que os oráculos de modo geral eram auxiliados por seres espirituais superiores que inspiravam o leitor a atingir a verdade sobre o destino de quem se consultava. Com o passar do tempo uma versão mais psicológica, muito fundamentada em Jung, diz que as imagens ajudam a acessar o grande inconsciente coletivo humano (E hoje até se fala em inconsciente universal), onde reside toda a sabedoria da nossa espécie... Ou seja, tiramos o poder dos Deuses e colocamos na própria ancestralidade! 
Algumas doutrinas esotéricas, entretanto, dizem que uma parcela da divindade mora dentro de cada indivíduo desde sempre, e que nenhuma sabedoria sobre esse planeta Terra se desenvolveu sem ela. O que para mim quer dizer que quer você creia em entidades espirituais o auxiliando ou em acesso ao plano do inconsciente coletivo, e não há um limite claro e comprovável entre elas, você está acessando algo que vive dentro de você, ou que o alcança através dessa força aí dentro! As teorias junguianas são tão difíceis de se comprovar cientificamente quanto a mais abstrata teoria oculta, simples assim! Ao retirar as cartas quem responde é, de qualquer maneira, a parte mais profunda, sábia e divina de você mesmo! Uma porção que não acessamos com a mente consciente, e precisamos dos símbolos para essa tarefa.

1* Setenta e Oito Graus de Sabedoria, Vol. I e II. 
Ed. Nova Fronteira, São Paulo 1991. 

2* Choice Centered Relating and the Tarot.
Weiser Books, 2002

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