terça-feira, 6 de junho de 2017

Tarot & Florais - Uma Combinação Alquímica


Ace of Cups, do
Salvador Dali tarot.
Desde que comecei a atuar com o tarot, senti que faltava algo que auxiliasse a digerir, e posteriormente tratar, as revelações feitas pelos arcanos. Foi assim que em 1994 conheci a terapia floral. E até hoje não consigo imaginar combinação terapêutica melhor para uma leitura de tarot. Comecei a identificar na assinatura das flores características dos arcanos em determinadas situações. Não do modo como já vi em alguns livros, que dizem que para arcano tal indica-se floral tal... Simplesmente porque isso é muito variável! Os arquétipos são plásticos. O arcano de A Torre, por exemplo, pode tanto simbolizar uma experiência desestruturadora, como um empuxo para se livrar de sistemas opressores. Por isso a esse mesmo arcano podemos tanto associar Waratah, do sistema Bush (australiano), que nos dá forças para suportar crises devastadoras, quanto Cayenne do sistema FES (californiano), para mover a consciência da estagnação e da inércia evolutiva. Por isso entendo que não é um arcano que define uma essência floral, mas sim a situação indicada pelos arcanos conjuntamente numa leitura.
Com o tempo o processo de sintonizar florais à arcanos ficou tão introjetado que tenho dificuldade em explicar de modo metódico como o faço. Da mesma forma que ficou muito complicado indicar florais sem a leitura dos arcanos... Minha experiência tem demonstrado que quando interagem ativamente o processo é mais preciso. Certa vez uma mulher me procurou, havia sido indicada para fazer terapia... Como não citou a leitura de tarot me preparei para a anamnese usual da terapia com as flores. Perguntei o que a trazia a até mim, e ela se queixou de falta de foco nos estudos e da necessidade de concluir seu curso de direito. Como ficou só nisso perguntei sobre a vida familiar e afetiva, ao que ela respondeu que tinha uma família complicada com irmãos que haviam se dispersado, e uma mãe pouco afetuosa, mas que ela não ligava mais para isso apesar de ainda morar com a mãe. Sobre o amor disse que tinha terminado um relacionamento a pouco, e que não estava mais focada nisso, e na verdade até um pouco desacreditada dos afetos, e reforçou que precisava mesmo era tocar logo a carreira para seguir o seu caminho... Ou seja, tinha muito trabalho pela frente até ela se dar em conta que ia ser difícil de focar em algo com toda essa negação de sentimentos mal resolvidos e afetividade frustrada. 
Two of Vessels (copas) do
Alchemical tarot,
de Robert M. Place.
Pedi a ela um tempo para avaliar os florais, e disse que os mandaria por e-mail, pois aquele não era o meu procedimento usual para a terapia com florais... Ao que ela indagou quase que imediatamente: “Ah, não? E qual é seu método?”, falei que eu me utilizava da leitura do tarot. Prontamente ela complementou: “Então eu quero!”. Marcamos para o início da semana seguinte. Quando abri as cartas, o tarot mostrou de pronto que ela ainda sonhava com um novo relacionamento que a fizesse novamente acreditar e apostar no amor, como também sonhava com a reintegração da sua família, coisa aliás que não lhe saía da cabeça! Fiquei cheio de dedos para dizer que o que os arcanos me mostravam era o oposto do que ela havia me dito na nossa primeira sessão. Quando enfim falei, outra surpresa! Ela sorriu com um canto da boca e disse com um claro ar de admiração: “Como isso mostra mesmo as coisas, né?”. A negação havia cessado, os símbolos do inconsciente vieram à tona e mostraram o seu paradoxo, e então ela parou de relutar e, é claro, mudamos completamente o seu receituário floral... Ela não mentia para mim, mas para si mesma, e a intervenção dos símbolos arquetípicos desarmou isso! Sem o tarot essa fantasia autossugestionada demoraria meses para ser esclarecida!
Essa foi uma das muitas provas que tive de que eu devo mesmo é continuar sendo esse terapeuta-tarólogo, ou um tarólogo-terapeuta-floral, para alquimizar a pedra bruta que habita a alma humana... 

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