Ace of Cups, do Salvador Dali tarot. |
Com o tempo o processo de
sintonizar florais à arcanos ficou tão introjetado que tenho dificuldade em
explicar de modo metódico como o faço. Da mesma forma que ficou muito
complicado indicar florais sem a leitura dos arcanos... Minha experiência tem
demonstrado que quando interagem ativamente o processo é mais preciso. Certa vez uma mulher me procurou, havia sido indicada para fazer
terapia... Como não citou a leitura de tarot me preparei para a anamnese
usual da terapia com as flores. Perguntei o que a trazia a até mim, e ela se
queixou de falta de foco nos estudos e da necessidade de concluir seu curso de direito. Como ficou só nisso perguntei sobre a vida familiar e afetiva, ao que
ela respondeu que tinha uma família complicada com irmãos que haviam se dispersado,
e uma mãe pouco afetuosa, mas que ela não ligava mais para isso apesar de ainda
morar com a mãe. Sobre o amor disse que tinha terminado um relacionamento a
pouco, e que não estava mais focada nisso, e na verdade até um pouco
desacreditada dos afetos, e reforçou que precisava mesmo era tocar logo a
carreira para seguir o seu caminho... Ou seja, tinha muito trabalho pela frente
até ela se dar em conta que ia ser difícil de focar em algo com toda essa negação
de sentimentos mal resolvidos e afetividade frustrada.
Pedi a ela um tempo para
avaliar os florais, e disse que os mandaria por e-mail, pois aquele não era o meu procedimento
usual para a terapia com florais... Ao que ela indagou quase que imediatamente: “Ah,
não? E qual é seu método?”, falei que eu me utilizava da leitura do tarot. Prontamente
ela complementou: “Então eu quero!”. Marcamos para o início da semana seguinte.
Quando abri as cartas, o tarot mostrou de pronto que ela ainda sonhava com um
novo relacionamento que a fizesse novamente acreditar e apostar no amor, como também
sonhava com a reintegração da sua família, coisa aliás que não lhe saía da
cabeça! Fiquei cheio de dedos para dizer que o que os arcanos me mostravam era
o oposto do que ela havia me dito na nossa primeira sessão. Quando enfim falei,
outra surpresa! Ela sorriu com um canto da boca e disse com um claro ar de
admiração: “Como isso mostra mesmo as coisas, né?”. A negação havia cessado, os
símbolos do inconsciente vieram à tona e mostraram o seu paradoxo, e então ela
parou de relutar e, é claro, mudamos completamente o seu receituário floral...
Ela não mentia para mim, mas para si mesma, e a intervenção dos símbolos
arquetípicos desarmou isso! Sem o tarot essa fantasia autossugestionada demoraria meses para ser esclarecida!
Two of Vessels (copas) do Alchemical tarot, de Robert M. Place. |
Essa foi uma das muitas provas que tive de
que eu devo mesmo é continuar sendo esse terapeuta-tarólogo, ou um tarólogo-terapeuta-floral, para alquimizar a pedra bruta que habita a alma humana...
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