quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Cavaleiro Adormecido

Os cavaleiros do tarot, os representantes arquetípicos do
guerreiro interior que nos move pela vida...

Em seu livro “Descobrindo o seu Eu Interior Através do Tarot”, a autora Rose Gwain propõe um interessante método de leitura chamado de “O Jogo do Cavaleiro Adormecido” que consiste em separar os quatro cavaleiros dos quatro naipes do tarot, embaralhá-los para em seguida dispor sobre a mesa na ordem 1, 2, 3 e 4. Sendo que 1 fica à esquerda e representa o cavaleiro que você foi. O 2 fica no centro e representa o cavaleiro que você é, a carta 3 fica à direita indicando o cavaleiro que você está se tornando, e a carta 4 fica abaixo da carta 2, deitada na posição horizontal indicando o cavaleiro que está adormecido. Fácil de executar e não tão fácil de interpretar, esse jogo requer que nos lembremos de que os cavaleiros são o arquétipo do guerreiro dentro de cada um de nós, e que conectados a cada naipe simbolizam as forças que estamos movimentando ou que precisamos colocar em movimento. Assim, o cavaleiro do passado representa as forças e valores que estão em declínio em sua vida no momento. O cavaleiro do presente é o arauto das forças e valores que estão dominando sua psique agora. E, por fim, o cavaleiro do futuro simboliza as forças e valores morais e materiais que estão despontando em sua vida, e que o influenciarão e guiarão ao longo de um novo ciclo a se iniciar em breve... Mas e o cavaleiro adormecido? Esse cavaleiro é o porta voz de todas as forças e valores que você tem negligenciado consciente ou inconscientemente e que requerem sua atenção neste momento.
Muitas variáveis acompanham esse sistema simples de disposição das cartas. Você pode, por exemplo, se achar uma pessoa muito emotiva e sensível e, no entanto, ser surpreendida com o aparecimento do Cavaleiro de copas como sendo o seu cavaleiro adormecido! Sugiro que antes de abrir outro método de leitura para tentar entender o que os arcanos querem lhe transmitir, o que é muito válido e recomendável caso a dúvida persista, eu sugiro que tente antes olhar por outros ângulos o seu simbolismo. Isso proporcionará novos insights sobre o significado dos arcanos que serão muito enriquecedores no seu desenvolvimento intuitivo, bem como uma ampliação do seu cabedal de conhecimento íntimo sobre as cartas. No exemplo citado o Cavaleiro de copas pode indicar uma abordagem mais franca ou agressiva sobre suas emoções e necessidades... Você se permite agir assim? Pode também estar requisitando mais espontaneidade sobre a expressão dos seus sentimentos... Então? Você se permite isso? É claro que poderá abrir mais vezes o tarot para esclarecer sobre como deverá efetuar cada possibilidade apontada pelos arcanos. Lembre-se de anotar tudo e de rever suas anotações depois de pelo menos uma semana sem mexer nelas. O tempo nos possibilita ver com outros olhos uma mesma questão, mas resista à tentação de ficar abrindo as cartas muitas e muitas vezes! Isso só trará confusão.


Olhar para si mesmo, por meio de chaves simbólicas
como o tarot, pode trazer revelações fascinantes!

Use todos os recursos do seu conhecimento para desdobrar os significado dos cavaleiros, lembre-se de que eles são guerreiros que lutam para nos ajudar a encontrar nosso propósito existencial. Que são forças indômitas da alma que tentam expressar uma ação, ou movimento de expansão da nossa consciência. Que são regidos pelo elemento fogo, símbolo da força, do movimento e da transformação, e de que sofrem a influência de cada naipe no quais eles se encontram. Lembre-se também que a falta dos outros elementos simbolizam fraquezas na sua constituição. Assim nosso Cavaleiro de copas é o fogo da água, representando empenho e vigor emotivo postos na direção do que ele ama ou sonha; bem como a força interior para se entregar a uma causa, atividade ou relacionamento sem se constranger com o imprevisível. Por outro lado sua falta de ar e terra aponta para uma personalidade pouco afeita ao planejamento e ao julgamento crítico (ar), e menos ainda interessada nos resultados práticos de suas ações para a sua vida material, como finanças, trabalho e até mesmo sua saúde (terra). Essas informações são apenas um começo de conversa para que você explore do modo mais aprofundado possível todos os recursos desse interessante método de leitura para seu autoconhecimento e crescimento interior.

Sobre o Livro


O 4 de espadas do Rider-Waite tarot,
o descanso do guerreiro como um
momento de interiorização.
Assim que li o título desse sistema de leitura me veio à cabeça a imagem do 4 de espadas do Rider-Waite. Neste baralho um cavaleiro aparece deitado sobre um túmulo ou altar, dentro de uma cripta ou templo. Ao fundo, num vitral, aparece a imagem de Jesus dando uma benção a um doente. Muito adequado ao simbolismo deste arcano que representa justo uma parada para reflexão e interiorização, bem como recuperação das forças antes de seguir a luta. Ou seja, uma parada no fluxo natural da vida para refletir, reparar ou consolidar alguma coisa. Sinto que é exatamente esta a natureza e propósito deste sistema; é muito menos algo para que você faça para os outros, mas sim mais para você mesmo! Aprecio muito este livro por ser o que mais se dedica, dentre todos que li é claro, ao estudo minucioso das cartas da Corte. Elas são muito intimidadoras para a maioria dos iniciantes no estudo e prática do tarot. A autora apresenta um conjunto de relações mitológicas de diversas culturas, e faz analogias simbólicas de cada carta da Corte com as imagens dos hexagramas do I Ching. Uma relação muito rica e interessante, mas totalmente inválida se você não tem intimidade ou interesse na linguagem desse oráculo chinês. Outro aspecto bem deficiente na obra é de que Rose propõe a criação de mais um naipe no tarot... Isso mesmo, você leu direito! Ela insiste na ideia de que o espírito não está representado no conjunto simbólico do tarot, e muito menos nos quatro naipes dos arcanos menores. Discute a validade das teorias que alegavam ser o naipe de paus o portador desse significado, e propõe mais um conjunto de catorze cartas em branco simbolizando o naipe do espírito! Sim, se você já se debruçou demoradamente sobre esse tema deve estar pensando: “Ela não entendeu ainda...!”. De fato esse debate já se encerrou faz um bom tempo, e hoje podemos dizer que já é de consenso geral de que o espírito é representado no tarot pelos arcanos maiores. São eles os representantes das muitas sendas do desenvolvimento humano em sua trajetória por evolução e fusão espiritual com a vida! Possuem uma estrutura diferenciada das cartas da corte, e das cartas numeradas em cada naipe, porque são mesmo de natureza diversa. As 22 sendas que estão expressas no seu simbolismo aludem aos estágios que se apresentam a todos os seres humanos do planeta, convidando-os ao crescimento da consciência, e que cada um percorrerá ao seu modo e ao seu tempo!