terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O Canal Reiki vs O Caráter Humano - Há Interferência?

Conversando com duas pessoas a quem eu respeito muito veio a questão: "Não faço Reiki com qualquer um, acho importante cuidar de quem recebemos uma troca energética dessas"... Será mesmo? Veja bem, uma das premissas mais maravilhosas do tratamento Reiki é de que a energia Ki ao ser transmitida trata o transmissor e o recebedor simultaneamente. Ou seja, o Reiki é uma energia auto limpante! Um dos meus Mestres contava que, tanto ele quanto muitos dos seus alunos, em momentos turbulentos de suas vidas, ao passarem por desconfortos íntimos ou mesmo físicos, ficaram inseguros em tratarem pessoas que já haviam agendado com antecedência. Todos observaram, porém, que ao término do dia, haviam se recuperando totalmente sem repassar nenhum de seus desconfortos àqueles que estiveram sob seus cuidados terapêuticos! Com o tempo pude comprovar os mesmos resultados quando eu mesmo passei por situações parecidas! Sendo assim me sinto mais do que seguro em dizer que esta premissa Reiki está mais do que assegurada e comprovada! 

A Energia Ki purifica, estabiliza e reintegra
a energia do emissor e do recebedor ao
mesmo tempo, e cada processo é único.

Ah mas tem uma questão de caráter, de frequência vibracional evolutiva. Há pessoas de frequência muito baixa e até mesmo criminosa, poderão dizer. E é verdade! Mas ainda assim considero que há um claro elemento moral restrito nesse tipo de avaliação, até porque não evoluímos igualmente em todos os níveis de consciência! Haja visto o notório caso do curador João de Deus. Sem sombra de dúvida uma alma muito comprometida com os aspectos mais densos da instintividade humana, tanto na sexualidade quanto na expressão descontrolada de sua agressividade. No entanto, há relatos de curas irreversíveis e inegáveis em milhares de pessoas ao longo de sua trajetória. Não vai aqui nenhum incentivo a quem quer que seja de cultivar sua sombra interior e vomitar no mundo seus desequilíbrios, mas é fundamental entendermos o processo evolutivo a que estamos todos sujeitos, e pelo qual estamos todos crescendo de forma desigual, como os dedos da mão, e sendo assim não devemos julgar e nem se permitir ser julgados por pessoas que também estão sujeitas ao mesmo processo inexorável e irregular!


segunda-feira, 20 de novembro de 2023

A Viagem do Louco - Aprofundando Conexões

Apresentei a viagem arquetípica do Louco no artigo Arcanos Maiores – O Mapa da Vida. Nesta viagem o arcano zero dos 22 trunfos (os arcanos maiores) aparece como uma alma prestes vir para este mundo e cumprir sua viagem evolutiva, o que tanto envolve seu desenvolvimento psicológico quanto espiritual na sua viagem de retorno à unidade divina, ou sagrada. O Louco é, em última instância, a representação de cada um de nós pelos caminhos desta vida, enfrentando os desafios e crescendo, ou não, com eles. Num movimento fluído seguir adiante é sinônimo de evolução! Algumas pessoas, entretanto, ficam como que presas à certas vivências arquetípicas. Reconhecer onde estamos na jornada e onde nos “enganchamos” ao longo dela é um trabalho fundamental dentro de uma perspectiva de crescimento e desenvolvimento pessoal. Vamos rever agora a linda jornada que fazemos usando a roupagem deste bufão encantado em busca da verdade Superior, mas desta vez aprofundando as relações numéricas entre os arcanos e seu entrelaçamento simbólico para a compreensão dos processos que impulsionam a consciência a se expandir. Vale registrar aqui que esses entrelaçamentos são minha experiência contemplativa do simbolismo dos trunfos, cada um fará a sua e, portanto, poderá chegar às suas próprias conclusões. Vamos à jornada:  

A Viagem do Louco

A Viagem de O Louco, uma busca
por si mesmo e a Sabedoria.

Para entendermos bem os arcanos maiores e sua representação como etapas vivenciais da existência, encarar as cartas como estágios de uma viagem pela vida é de imensa ajuda! O esquema que apresento aqui e utilizo em minhas iniciações foi apresentado por Sallie Nichols em seu livro Jung e o Tarot, de 1980. O esquema é organizado em três setenários que se dispõe de modo muito rico tanto simbólica quanto aritmeticamente. O Louco representa o próprio viajante que se coloca fora do grande esquema de 21 cartas. Ao ser colocado antes da carta de O Mago ele é o ignorante puro de coração, aquele que percebe sua falta de conhecimento e sabedoria e sai em busca delas.

Ao completar, porém, o longo trajeto arquetípico ele se vê mais uma vez fora do grande esquema. Mas agora não mais como um ignorante, mas sim um sábio iluminado que passou por tudo, e que apesar de compreender o esquema dos eventos da vida comum, não mais comunga com eles. A viagem, entretanto, nunca termina! Como o penúltimo arcano da caminhada, O Mundo, anuncia um fim e prenuncia simultaneamente um novo começo, O Louco prossegue mais instruído em seu trajeto. A busca da evolução nunca finda e continua em níveis cada vez mais elevados, pois o autoconhecimento é um caminho contínuo! E mesmo aqueles cuja evolução transcendeu os níveis da humanidade e não mais precisam do recurso reencarnatório, já que sua evolução não continua aqui na Terra, continuam em sucessivas peregrinações evolutivas em outras dimensões! A esses chamamos de muitos nomes, Mestres Ascensos, Iluminados, Avatares, são alguns deles.

Os arcanos como estágios
evolutivos da consciência

Os três níveis das cartas são divididos, como já disse, em setenários que vão de O Mago ao arcano de O Carro. Do arcano de A Justiça ao arcano de A Temperança. E, finalmente, do arcano de O Diabo ao arcano de O Mundo! Muitas visões diferentes sobre esta jornada já foram publicadas e cabe a cada neófito no estudo do tarot conhecer essas muitas versões e escolher a que mais faz sentido para si dentro do seu próprio processo evolutivo pessoal. Para mim o primeiro setenário fala do processo de formação do indivíduo, o segundo das leis ou princípios que regem a vida e o terceiro do caminho da transcendência que poucos trilharão com sucesso, muito embora tenham todos a oportunidade de fazê-lo! Apresento a seguir uma síntese de cada setenário e o significado resumido de cada carta passo a passo. Antes, porém, devo advertir que aqui O Louco será visto como uma criança recém-chegada a este mundo.

O Caminho do Indivíduo

O Mago, o Pai Cósmico,
a divindade interior.

Ainda no ventre da mãe o infante preserva a conexão com o poder criador do pai cósmico que realiza os milagres tanto naturais quanto sobrenaturais, e que para a maioria será esquecido ao longo da vida, e cujo resgate alude à volta à casa do Pai das escrituras sagradas (O Mago). Da mesma forma o acesso à sabedoria universal através da voz interior da grande mãe cósmica (A Sacerdotisa). Ao nascer a conexão com o mundo espiritual e transcendente é cortada e a mãe terrena o conecta ao corpo e ao mundo dos sentidos e do prazer físico (A Imperatriz). O pai terreno surge para apontar para o mundo concreto das realizações e das limitações, para que não se perca a vida em indolência (O Imperador). Ao crescer um pouco mais o infante vai à escolinha e receberá a partir de então uma série de iniciações que nunca mais findarão, se ele for de fato um buscador espiritual. Da alfabetização ao doutorado, das iniciações acadêmicas às iniciações espirituais, ele será iniciado nos mistérios que conduzem à realização maior, e que prosseguem a níveis cada vez mais refinados e sutis (O Hierofante). Com os colegas na escolinha, na universidade ou nas escolas de mistério, assim como na vida, o jovem aprenderá a ouvir outras visões e versões sobre a verdade, diferentes daquelas que ouviu de seus professores e Mestres e escolherá se ele se adaptará a alguma ou se seguirá a tradição (Os Amantes)! No fim, o jovem adulto se sente confiante para enfrentar o mundo. Aposta em suas formações, visão e escolhas e sai como um guerreiro pronto para a batalha do crescimento pessoal na jornada da vida (O Carro).

O Caminho das Leis

A Justiça, o regulador da Balança.

Logo O Louco, agora travestido de O Carro, aprenderá pela observação, estudo ou experiência que a vida é regida por leis ou princípios. Que vão do código penal à constituição, das leis naturais, como a lei da gravidade, às leis espirituais, como a lei do Karma (A Justiça). Aprenderá que a solidão é a regra desta existência e que ele estará sempre só em sua dor ou êxtase nas experiências mais profundas e significativas de sua vida. E que quer ele faça o bem ou o mal, ele será o maior responsável por suas ações e pagará por elas (O Eremita)! Verá também que a mudança é a lei da vida, que tudo muda sempre, mas que também tudo é cíclico! Tudo muda, mas se repete porque nada é exatamente igual, como um verão não é igual ao outro. Aprenderá também que ciclos similares que se reptem com insistência evocam a evolução da consciência (A Roda da Fortuna). Descobrirá que o poder para mudar nosso próprio destino jaz dentro de cada um de nós, mas requer força de vontade, empenho, coragem e muita energia (A Força). Porém, para que nosso ego não enlouqueça de vaidade, aprenderemos que na vida há o imponderável que nos torna impotentes! Que por mais fortes e saudáveis que sejamos, envelheceremos e morreremos. Que por mais que amemos alguém, não podemos livrá-lo da dor e do sofrimento. A entrega nesse momento é um convite para a contemplação do transcendente (O Enforcado). Outra lei irrefutável é que tudo morre, mas que a morte não é um fim, e sim uma transcendência, que como diz o nome, é um ir além das experiências e formas conhecidas até então (A Morte). E que a morte é uma das maiores conspiradoras para a abertura e a busca por objetivos de maior amplitude e significado filosófico ou espiritual (A Temperança).

O Caminho da Transcendência

O Diabo, o desafio de se ver
além da matéria.

Na entrada do caminho da transcendência encontramos aquele que faz de tudo para nos fazer crer que além deste mundo que vemos a vida não tem nenhum sentido! Que não há transcendência espiritual! Ele nos propõe transcendências físicas, e algumas bem biológicas tais como poder material, sexo e drogas que nos prendem ainda mais a este mundo (O Diabo). Somente uma libertação consciente das amarras do ego ilusório, que poderá ser voluntária ou resultante de uma crise de grandes proporções, nos faz despertar deste sono, ou maya como dizem os indianos (A Torre). A ruptura nos faz ver para além de nós mesmos, e pela primeira vez vislumbramos nossa comunidade humana como uma família, e esse universo como nossa casa (A Estrela). Mas logo após essa revelação o ego insufla o medo da própria destruição e pensamentos de pânico como “Vou me perder”, “Estou ficando louco”, ou “Ah, é só minha imaginação!” podem nos fazer voltar atrás e abandonar o caminho da evolução (A Lua). Ao resistirmos e atravessarmos os mares dos nossos fantasmas a consciência antes adquirida se consolida, e um imenso esclarecimento sobre nosso propósito interior advém e se reforça, trazendo clareza, êxito, força interior e foco (O Sol). Então, ao revermos nossa viagem pela vida, todos os fatos que aparentemente não possuíam conexão entre si entrelaçam-se e o sentido último de nossa existência se revela (O Julgamento). A dança cósmica se completa em nós, e um profundo sentimento de satisfação e comunhão com todas as coisas deste mundo e do universo se realiza dentro de nós com perfeição e regozijo. Saímos então da roda das encarnações (O Mundo).

Curiosidades Aritméticas

Neste arranjo das cartas dos arcanos maiores algumas reflexões podem ser feitas com os números nesta disposição. Por exemplo: Se somarmos verticalmente a primeira carta da primeira fileira (O Mago I) com a primeira carta da terceira fileira (O Diabo XV), obteremos o número 16. Observamos então que a carta que fica entre os dois arcanos é o primeiro arcano da segunda fileira (A Justiça VIII). Curioso, não? Parece haver uma sugestão simbólica aqui, algo mais ou menos assim: O grande poder da divindade interior (O Mago I) pode ser corrompido ao ponto de perverter-se completamente (O Diabo XV)! Por isso é preciso manter a crítica, a autocrítica, o bom senso e o discernimento consciente para equilibrar “os pratos da balança” (A Justiça VIII). O mesmo ocorre entre a Sacerdotisa II e a Torre XVI, cuja soma 18, encontra seu equilíbrio no arcano central O Eremita IX, e assim segue entre todas as somas verticais!

Outra curiosidade é que as somas transversais, tanto da esquerda para a direita quanto da direita para a esquerda, dão sempre no mesmo arcano. Veja isso: a soma do arcano de O Mago I, com o arcano de O Mundo XXI é igual a 22 cuja metade é 11, o arcano de A Força XI. Outra mensagem parece estar se insinuando aqui: entre descobrir o poder da divindade interior e atingir a transcendência é preciso muito empenho, coragem e disposição para debruçar-se sobre si mesmo ao confrontar a fera interior! O arcano de A Força é a metade resultante de todas as somas transversais entre os números dos outros arcanos maiores. Para conferir continue somando A Sacerdotisa II com o Julgamento XX, A Imperatriz III com O Sol XIX, O Imperador IV com A Lua XVIII... E até nas cartas da mesma fileira a que o décimo primeiro arcano pertence, como A Justiça VIII com A Temperança XIV, e até dos dois vizinhos mais próximos A Roda da Fortuna X com O Enforcado XII. Parece que a reflexão central desse simbolismo aritmético é que a confrontação com a sombra dos instintos inferiores, a besta interna, e sua integração impulsiona o despertar da luz espiritual, dos dons e talentos latentes e a evolução do indivíduo. Que se dá dentro do modo indicado pelo significado das cartas que compõem a fórmula! Estas “coincidências” provam mais uma vez que a troca feita por Waite colocando a carta de A Justiça no lugar de A Força no ponto central do quadro dos 22 arcanos maiores, não se sustenta simbolicamente. Medite sobre essas relações, tire suas conclusões e reveja-as periodicamente. Você crescerá muito em suas percepções sobre a vida e em seu próprio desenvolvimento pessoal e espiritual.

Aprofundando as Perspectivas Verticais

A verticalidade é, sem síntese, a relação micro e macrocosmo, homem e universo. Mantendo sempre em mente que os números aqui conectam os arcanos simbolicamente. Na primeira fileira, já como vimos, O Mago, que simboliza o poder absoluto de fazer as coisas acontecerem e criar dinamismo onde se apresente através dos seus dons e habilidades aplicados com excelência, se conecta com o arcano de O Diabo que perverte, e subverte toda a emanação do poder oriundo da fonte superior. Nesse caso o Diabo seria a sombra do Mago que possui entre seus atributos mal dignificados a mente brilhantemente maligna, o gênio do mal. A solução para isso seria, como nos ensinou Buda, o caminho do meio. Entre esses dois poderosos arcanos está A Justiça. Símbolo da razão pacificadora e retificadora, da consciência plena e da mente que avalia, critica, e julga a fim de chegar ao cerne da verdade e do bom senso. Só essa postura crítica e autocrítica livrará O Mago de mergulhar na sua própria escuridão.

Na fileira seguinte vemos A Sacerdotisa, símbolo da espiritualidade intrínseca, e muito além da experiência religiosa, que se expressa na sabedoria interior revelada nas intuições profundas, nas visões interiores (clarividência) e na voz do altíssimo (a clariaudiência) que nos conectam aos planos superiores de consciência. Ou de suas bênçãos expressas em dons de cura, e outras habilidades mediúnicas, mediante o mergulho em si mesmo. Aqui também A Torre parece estar representando a sua sombra, que seria o efeito destrutivo de tais revelações quando proferidas por pessoas incautas, despreparadas e até mesmo mal-intencionadas. O antídoto para este perigo fica entre os dois trunfos. O Eremita que surge como a prudência, e foi Éliphas Lévi quem primeiro atribuiu esse significado a este arcano. Além da prudência ele enaltece o valor da sabedoria que é conhecimento + prática + observação. Muitos médiuns acham que não precisam estudar as leis herméticas para aplicar suas habilidades. O mesmo se dando com estudantes das artes oraculares que se acham prontos com seus cursos de poucas horas. Causam muito mais dano do que o benefício que pretendiam!

Em seguida o arcano de A Imperatriz surge como a expressão do amor cuidadoso que as mães nos dispensam e nos ensinam e que, por fim, aprendemos a ter com todas as coisas e pessoas que amamos. Apegada aos seus apetrechos de poder a sua sombra é justamente quando este amor e cuidado é diluído no amor às causas mais que às pessoas, e sua afetividade vira uma afinidade impessoal e mais mental que afetiva, tão bem representado na nudez de A Estrela. Onde uma donzela comunga com os astros distantes seu êxtase pela vida. Entre os dois arcanos a carta de A Roda da Fortuna surge dizendo que intercambiar as duas posturas é fundamental para a construção de relações saudáveis e harmônicas. Amar ao próximo sem esquecer de abraçar aqueles que estão ao nosso lado e que também precisam do nosso amor. Muitas vezes referida como a Mãe-natureza, a imperatriz também pode conectar os aspectos biológicos e naturais do corpo que precisam de interação e “troca” com os elementos naturais como são representados em A Estrela, o pássaro, árvores, água, terra e os próprios astros do sidéreo. A filosofia das tradições medicinais do oriente e nativas falam da importância dessa interação para a cura física e mental.

Na quarta fileira o arcano de O Imperador representa o poder delegado. As autoridades que comandam, gerenciam e movem este mundo! O poder que ele representa é o do líder das massas, aquele em quem se cofia para dirigir um lar, uma empresa, o país! A sua sombra também se expressa no arcano de A Lua. O perigo que todo governante tem de projetar em todo esse poder e confiança a sombra de seus próprios medos e frustrações não resolvidas, e o risco que corre ao enfrentar os antagonistas que se movem nos bastidores do jogo político, da bajulação, e das articulações dúbias do poder! O arcano de A Força é a resposta para esta escuridão abismal. Simboliza a necessidade de se preservar, com constância, a posição firme dos que comandam com integridade. Sem deixar nunca de marcar seu posicionamento, lembrando de seu papel e importância, ressaltando também a importância de cada um na integralidade de suas funções. A donzela de A Força segura firme e gentilmente a cabeça do leão mantendo um pé a frente, marcando sua posição com rigor. É, literalmente, a mão firme que mantém as coisas no seu devido lugar. O líder deve manter-se em seu papel e função sem oprimir, mas distinguindo a função de todos sob seu comando!

Na quinta fileira aparece uma conexão difícil. O arcano de O Hierofante representa as tradições e a sabedoria ancestral que pode justamente nos levar à iluminação! A palavra Hierofante quer dizer “aquele que leva ao sagrado”, muitas vezes na tradição oculta o sagrado é também referido como a presença da luz... Como isso poderia ser ruim, ou sombrio? O arcano de O Sol simboliza mesmo a iluminação espiritual, mas também o risco da vaidade ou da intensidade com que olhamos para nossa própria trajetória. O Enforcado surge como o caminho da humildade que nos faz reconhecer que todo saber deve estar a serviço de algo maior (de cabeça para baixo se olha para o céu!). A sua posição, que é simultaneamente de submissão e entrega, permite justamente olhar por outra perspectiva, a do outro, ou de outra forma que nos permita aceitar sem recriminar... Suas mãos estão para trás indicando abertura e receptividade. Um observador atento e amoroso que aprendeu com seus próprios sofrimentos e desilusões a considerar os erros como parte da trajetória rumo à luz na vida de qualquer um. A sombra de O Hierofante é justo o preconceito e o dogmatismo empedernido.

O sexto arcano mostra Os Amantes (ou O Enamorado em português) que na iminência de decidir com a pureza do seu coração é antes incitado pelo arcano de O Julgamento a mergulhar numa última avalição interior da sua decisão. O Julgamento é justamente o aprofundamento da consciência numa busca de ampliação de si mesma. Assim como o juízo final bíblico se refere a um chamado para que a humanidade retome à consciência correta (ou perspectiva) sobre o real valor e sentido da vida. A Morte surge entre os dois trunfos assinalando primeiro que as decisões causam mudanças irreversíveis na maioria das vezes, e que por isso devemos considerar o que estamos perdendo ao decidir. Por fim, a Morte revela-se como o verdadeiro moderador da vida. Tudo morre, por isso todo tempo perdido em ambiguidades, fruto da imaturidade, é o desperdício do bem mais precioso à vida: o tempo! A incapacidade de decidir ou de conviver com suas decisões é o mais explícito ato de uma alma imatura em seu desenvolvimento. Entender o propósito de estar neste mundo (O Julgamento) e fazer escolhas compatíveis com este propósito (Os Amantes) são os marcos de uma real evolução tanto pessoal quanto espiritual. E, de novo, a Morte como o regulador do existir, nos incita a encontrar o propósito de nossas vidas porque a Morte nos espera no fim desta jornada chamada vida.

Na última fileira o sétimo arcano do guerreiro intitulado O Carro mostra um jovem príncipe que se move em sua carruagem (uma biga) em direção ao mundo, à vida, e com a clara intenção de vencer tudo e todos para chegar no último arcano do caminho transcendente, O Mundo! Ele venceu todas as etapas anteriores e se sente mais que pronto para atingir seus grandes objetivos. Entretanto, o arcano intermediário, A Temperança aparece lembrando ao jovem herói que nada é conquistado sem constância, perseverança e metas e direções claras! O anjo de A Temperança nos lembra os processos alquímicos que pretendiam transmutar a matéria bruta do chumbo na nobreza do ouro. Um processo gradual e dificultoso em que a própria consciência seria depurada, sutilizada e elevada. Daí este décimo quarto arcano do tarot também representar todos os tratamentos curativos e medicinais, e também as jornadas tanto internas quanto externas (viagens/peregrinações) onde se almeja alcançar algo, quer seja concreto ou empírico. O anjo ensina ao jovem príncipe que sem isso nenhuma obra será completa ou satisfatória (O Mundo).

Aprofundando as Perspectivas Diagonais

Neste cruzamento onde os símbolos e os números se entrelaçam mais uma vez numa espécie de dança arquetípica, o simbolismo do arcano de A Força predomina. Todos os outros arcanos se abastecem de seu manancial simbólico durante esta viagem. Sua grande relevância se evidencia já na posição que ocupa dentro do quadro formado por três setenários. Colocado exatamente no centro dele este arcano mostra a sabedoria (a donzela) conduzindo a força (o leão), ou seja, a sutileza, a inteligência, a vontade serena, mas firme, constante e centrada encontram o êxito de sua empreitada... A autoconfiança é sem arrogância, o êxito sem exibicionismo! A fera interior está domada e a serviço do Si-mesmo. Os esforços lograram êxito e uma imensa satisfação! As distâncias, tanto angulares quanto aritméticas funcionam como o fio de Ariadne que conectam sentidos e simbolismos através do décimo primeiro arcano maior. Vamos às conexões:

O imenso talento de O Mago, só realizará a Magna Obra de O Mundo através do empenho vigoroso e contínuo de A Força!

O psiquismo e as visões de A Sacerdotisa só reverberarão em ampliações da consciência e na unificação de sentidos de O Julgamento se integrarem os aspectos humano e espiritual da vida como em A Força.

O amor e o cuidado de A Imperatriz só resultarão no amor maduro e feliz de O Sol, se houver a suplantação do ego humano e suas infinitas carências e ânsia de controle, a sombra de A Força.

O poder e a liderança de O Imperador não serão corrompidos pelas tramas ocultas do poder que ocorrem em A Lua se a severidade for combinada ao respeito às posições ocupadas (a hierarquia) como em A Força.

Os preciosos ensinamentos de O Hierofante não serão dispersados amplamente e em vão em A Estrela, se o respeito ao que se sabe for uma constante nas ações como em A Força.

As escolhas amorosas de Os Amantes, não serão destrutivas ou autodestrutivas em A Torre se tiverem como base a autorresponsabilidade e a disposição de enfrentar-se como em A Força.

Os objetivos de avanço e conquista de O Carro não irão descambar numa cobiça desmedida e sem consequências em O Diabo, se a vigília sobre si mesmo e suas sombras for constante como em A Força.

O equilíbrio de A Justiça só se transformará na harmonia pacificadora reorganizadora de A Temperança quando os baixos instintos do ego forem transmutados na luz da consciência como em A Força.

A busca pela sabedoria e a luz interior de O Eremita, não será barrada pelo medo do fim como em A Morte, se a atenção estiver plenamente focada no caminho escolhido como a donzela está focada no ato com seu leão em A Força.

Os ciclos do tempo e as intervenções do destino de A Roda da Fortuna, não prostrarão ou vitimizarão o buscador como em O Enforcado se ele assumir o seu poder pessoal de coautor de sua vida como em A Força.


sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Devemos Ler o Tarot para Terceiros?

Os arcanos do Tarot, um mosaico de imagens
que expressam a alma humana em suas vivências

Eis uma questão que acompanha as sessões de Tarot e Cartomancia em geral pelo mundo a fora há pelo menos uns duzentos e cinquenta anos, e não parece ter uma resposta que sirva para todos igualmente até hoje. Há, inclusive, consultores que se especializaram em fazer leituras para filhos, sócios, parentes, vizinhos namorados/as e assim por diante. O que incialmente começa com mães (geralmente idosas) perguntando sobre a vida dos filhos (geralmente adultos) avança para uma verdadeira espionagem da vida alheia através dos arquétipos! Mães de um modo geral consideram um direito seu atropelar a privacidade de sua prole, isso virou tão aceito que nem questionamos mais. Na maioria das vezes achamos engraçadinho, ou meio bobo, e paramos por aí! Isso ocorre porque ainda estamos presos a um conceito que considera que uma vida de propósitos e projetos é impossível na terceira idade. Assim temos uma geração de mortos vivos depois dos 70 que, considerando que não possuem mais uma vida para si, voltam-se para a vida e a realização da sua prole, quando as tem. Pretendo levantar aqui algumas questões para reflexão e melhor compreensão de um tema tão casual, aparentemente, que ignoramos a gravidade de suas consequências em todos os âmbitos possíveis.

A Ética

O primeiro tópico é, com certeza, o mais evidente e obviamente o mais esquecido de todos! Quando o consulente indaga sobre alguém da sua convivência esquece-se na maioria das vezes de que estamos contando a história de alguém que não está presente, não procurou os serviços de consultoria daquele profissional, e está tendo sua intimidade invadida. Acontece também que o próprio consulente pode extrapolar os limites da sua própria privacidade e se revelar sem nenhum tipo de preservação de si mesmo, do profissional que ele procurou e das pessoas de suas relações. Dentro das minhas mais de três décadas de atuação na área de consultoria com linguagens arquetípicas como o Tarot, a Numerologia e a Astrologia tenho ouvido as histórias mais bizarras sobre pessoas que simplesmente mandaram para o espaço toda e qualquer consideração às regras de decência no tratamento dos sentimentos dos outros e dos próprios sentimentos. Uma cliente me contou que um ex namorado consultava uma profissional de tarologia para vigiar suas namoradas, e saber se elas lhe diziam a verdade sobre seus compromissos, pessoais, familiares etc. Até que a referida profissional alegou que ela havia mentido a ele sobre uma certa viagem, o consulente (seu namorado) a confronta com a revelação e ela pede para falar com a taróloga, que não só reafirma tudo o que disse como a chama de mentirosa! E ela não estava mentindo...  Num outro caso uma pessoa pergunta se o marido estava sendo fiel a ela, as cartas mostraram que ele estava muito atraído por uma mulher bem mais jovem que ele. A mulher leva ao marido a revelação das cartas, ao que o companheiro não só nega tudo como a faz se sentir uma completa idiota por acreditar nessas coisas, além de ameaçar ir até o cartomante que a atendeu numa discussão dramática. Tempos mais tarde ele a abandona por uma mulher dezenove mais jovem. Para consultores e consulentes vale lembrar que a confidencialidade de uma sessão oracular deve ser recíproca. Ética é um conjunto de regras que trata de estabelecer boa convivência entre as pessoas no dia a dia. E, num sentido mais simplificado, trata de reciprocidade nas atitudes. Seja respeitoso com as prioridades e regras dos outros como gostaria que respeitassem as suas. Mantenha o mesmo sigilo e discrição sobre uma sessão de leitura como o que gostaria que o leitor tivesse com sua história e intimidade. Simples assim. 

Carta do Jeu du Petit Oracle, ca.1795
BnF Bibliothèque Infernale

O leitor é, antes de tudo, uma pessoa passível de erros, se não por incompetência também pelo desejo de ajudar seu cliente, saindo do seu lugar de mero intérprete dos símbolos para um torcedor da causa daquele que confia nos seus talentos interpretativos das linguagens ancestrais. Para os consultores é preciso lembrar que a pessoa que o procura tem também suas debilidades de personalidade e poderá estar dando vazão aos seus padrões desequilibrados de controle, e obsessão por uma outra pessoa escapando de viver sua própria vida. Sem falar na miríade de possibilidades de relacionamentos tóxicos que podem estar por trás dessas incursões “preocupadas” pela vida de parceiros e filhos. De mães narcisistas à cônjuges afetivamente dependentes, abusadores e intimidadores disfarçados em pessoas que sofrem por seus entes amados.

O Propósito

Outro aspecto tão óbvio quanto ignorado é: qual o propósito de se ficar observando a vida de alguém que não está presente? Ou mais ainda, onde isso leva o consulente em seu processo de esclarecimento e crescimento interior? A consulta deve ser sempre focada na pessoa que procura o oráculo, e as revelações feitas sobre seus dilemas e preocupações devem ajudá-la a entender o propósito último desses dilemas para o desenvolvimento da sua personalidade e equilíbrio interior. Quando uma pessoa está muito obcecada em saber sobre filhos, vizinhos, colegas de trabalho, ou vigiar os passos do cônjuge, essa pessoa está com uma clara dificuldade de viver a própria história, e viver de forma fluída as suas relações. Tomada por medos inconscientes de rejeição, fracasso ou abandono, que limitam seu sentimento de satisfação plena. A Tarologia evoluiu muito para ser tratada como um mero observatório da vida alheia. Os Arcanos são, antes de qualquer coisa, um instrumento de investigação dos desafios cotidianos como vetores que apontam para suas fragilidades e condicionamentos dando a possibilidade de autotransformação! É claro que há casos em que isso é legítimo! Querer saber dos negócios do seu par amoroso, o que sempre afeta a ambos, o desempenho de um filho em seu desenvolvimento psicológico ou escolar, a predisposição de um sócio para um negócio que tocam juntos, as articulações de colegas ou de uma equipe nos projetos de trabalho, por exemplo... Tudo isso influencia diretamente a vida daquele que se consulta, sem ser uma intromissão agressiva na privacidade de ninguém! Afinal, é para isso que os oráculos existem. São também um guia para ações estratégicas de investimentos, empreendimentos e ações práticas. Cada consultor, profissional ou não, deverá encontrar seu modo de fazer isso usando do bom senso, e de seus próprios critérios sobre o deseja ou não abordar nas suas sessões de leitura.

Como disse há tarólogos que se especializaram em “marcar” outras pessoas nas suas leituras. Com isso atraem uma clientela que vem com uma lista de perguntas de outros indivíduos para uma consulta que deveria ser particular. O que é, a meu ver, totalmente improdutivo para todos os envolvidos. Quando me perguntam o que costumo fazer eu respondo que tiro uma carta de mensagem para cada pessoa da família, e só! Respondo as questões quando apresentadas do modo que citei no exemplo acima e, é claro, questões de relacionamento amoroso. Desde que não se trate de se espionar um ex, ou de uma obsessiva investigação da privacidade do outro. Isso não é amor, é apego e manipulação!

Cada intérprete do Tarot, e de qualquer outro instrumento oracular, deve criar seu próprio sistema para tratar desta questão, o que será profundamente influenciado pela maneira com que ele mesmo vê o que faz, e quais objetivos estabeleceu para si com seu trabalho. O Tarot é tanto um oráculo para a sondagem do presente e do porvir, como um instrumento para o profundo autoconhecimento, sendo um revelador de programações e condicionamentos inconscientes para a libertação da consciência plena. É também um veículo para a prática da magia, da meditação e do despertar criativo. Qualquer outra aplicação que ignore essa riqueza e profundidade é pura e simplesmente um desperdício!


sábado, 19 de agosto de 2023

As Revoluções do Sol

Alguém, lembrando de que também sou astrólogo, me perguntou sobre do que se trata a revolução solar, ou retorno solar. O nome por si só já diz tudo! A revolução solar trata do retorno do Sol ao mesmo grau em que ele se encontrava no dia do nosso nascimento. Assim que atinge esse ponto, que raramente se dá no mesmo dia e horário do nosso nascimento, calculamos um novo mapa, um mapa de renascimento. Isso não significa que o nosso mapa natal perdeu sua validade, mas sim que o novo mapa traz uma proposta de desenvolvimento para o novo ano. A consciência cresce ou evolui na medida em que entende o propósito último dos acontecimentos que convencionamos chamar de destino. As propostas da revolução solar geralmente falam de abraçar certos desafios e apostar, ou resgatar, certos talentos. No mapa da revolução uma das casas do mapa natal vem para o ascendente, evidenciando-se. Geralmente a direção dos fatos indicados ao longo do ano passará pelas principais características desse signo. Recentemente uma cliente veio fazer seu mapa de retorno solar e o signo de Sagitário, que ocupa a nona casa no seu mapa natal, veio para o ascendente. Indicando um ano de possíveis viagens e de atenção aos assuntos superiores, tanto em nível acadêmico quanto espiritual. 
O retorno do Sol, uma proposta de
renascimento em todos os níveis do ser!
O regente de Sagitário, Júpiter, estava nesse mesmo signo ocupando a casa XII, e em trígono com Marte em Leão na nona casa da revolução! Bem, me pareceu mais que claro que uma viagem de cunho espiritual ia marcar a tônica do ano, proporcionando uma espécie de despertar interior... Ao que minha cliente respondeu que sim, que ia viajar para Machu Picchu em janeiro, uma viagem planejada há seis anos e que só agora pode se concretizar. Falou também da imensa identificação espiritual com o povo Inca que originou essa busca... Isso foi no mês de julho de 2019, pouco tempo antes do aniversário da minha referida cliente, ou seja, pouco tempo antes de entrar no mapa da revolução solar. Podemos constatar nessa história duas coisas: a primeira é de que a revolução não acontece apenas na data representada no céu, mas podemos sentir suas influências um pouco antes, como os efeitos de uma chuva. Seus “ares” se fazem sentir sempre com antecipação. A segunda coisa é de que algumas pessoas parecem estar em “sintonia” com a proposta do mapa, tanto que são capazes de antecipar algumas dessas vivências. Minha cliente estava até de passagem já comprada para janeiro do próximo ano (2020)! Ou seja, ela veio de encontro à proposta cósmica de alargamento dos horizontes pessoais, tanto em nível intelectual quanto espiritual, temas sagitarianos que estariam na pauta da sua consciência, por assim dizer. Para cada pessoa o despertar de um novo tempo começa com o seu aniversário e terá sempre uma assinatura e significados diferenciados uns dos outros porque temos cada um papel a cumprir no esquema da vida.

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Os Círculos de Luz

Os Círculos de Luz, fontes de
reintegração Espiritual.
Os Círculos de Luz, ou Círculos de Cura, se proliferam pelo Brasil e pelo mundo! Espaços dedicados às práticas espirituais das mais variadas, do xamanismo à ayahuasca, de meditação zen à yoga, e assim por diante... Uma amiga procurou o Tarot por, entre outras coisas, estar se sentindo deslocada num grupo de Sagrado Feminino. Os Arcanos mostraram a imensa afinidade com as práticas e preceitos do grupo (Ás de copas), mas de alguma forma ela sentia as práticas repetitivas, e um tanto “estagnadas” nas dinâmicas energéticas (7 de ouros), além de um grupo de pessoas densas (Cavaleiro de espadas) adentrando no grupo e tornando as vivências pesadas e difíceis (A Lua), o que parecia estar fazendo ela se sentir cada vez mais desconectada e defensiva dentro daquele Círculo (4 de ouros)... Ela disse que sim, era exatamente isso que estava acontecendo, e confirmou que estava muito frustrada! Aproveitei o simbolismo do Ás de copas para falar a ela do “fluxo espiritual”. Tudo flui como num rio, poeticamente podemos falar no rio da vida! Os Círculos de Luz nos ajudam a curar e reintegrar nossa essência energética espiritual e mesmo física. Esse processo pode durar semanas, meses ou anos! 

O Ás de copas, do After Tarot, de
Giulia Massaglia e Pietro Alligo.
O fluxo Espiritual da vida
que corre dentro de todos nós...

Depois disso, como tudo o mais, temos de seguir adiante, nos conectando com coisas, pessoas ou grupos que nos impulsionem a níveis cada vez mais elevados de autoconhecimento e despertar interior. Esses grupos funcionam mesmo como um pronto atendimento para os novos integrantes que precisam de ajuda. Assim a egrégora dos participantes anteriores é diminuída e eles devem seguir adiante em sua caminhada! Outros entendem esse movimento e ficam para integrar os trabalhos do Círculo. Para quem sai sempre fica a ideia de “queda vibracional”, mas isso é um erro. As coisas não mudaram, foi você quem mudou e, provavelmente, grande parte dessa mudança se deve às trocas com o seu Círculo de Luz. Seja grato, abençoe e siga em frente. O autoconhecimento é um caminho sem fim com muitos pontos de Luz ao longo da jornada. 


quarta-feira, 14 de junho de 2023

O Jovem Aspirante

O Rei de ouros do After Tarot,
de Giulia Massaglia e Pietro Alligo.
O Senhor da terra, dos lucros,
e também do êxtase!

Um jovem de vinte e poucos anos vem consultar o tarot, e seu Arcano de abertura é um Rei de ouros. Digo ao rapaz que ele parecia estar buscando  prosperidade financeira aliada a um sentido de satisfação pessoal... E como o Arcano seguinte era o Valete de paus, me pareceu que ele tinha a intenção de realizar um trabalho que envolvesse sua criatividade, e fora dos padrões usuais de atividades da média! O 9 de copas a seguir dizia que o jovem possuía os recursos em si para sua empreitada, mas que poderia cair no vício da preguiça e, portanto, da protelação infinita... Nesse momento ele sorriu. Disse mais adiante que pretendia ser um escritor voltado  ao público infantojuvenil, mas como o tarot havia revelado estava adiando o projeto, pois de modo geral se considerava mesmo preguiçoso. De fato, era uma escolha inusitada para uma carreira! 

O 2 de ouros por Losenko,
no DeviantArt. A vida só evolui
quando nos adaptamos a ela!

2 de ouros surgiu dizendo que muitas adaptações seriam necessárias ao longo do caminho, e a carta do 6 de paus advertiu para que ele não tomasse nada como certo, ou que estivesse em algum momento totalmente pleno de razão. O caminho das adaptações requereria dele humildade para aprender. Surpreendentemente ele confessa que reconheceu ter talento para esta empreitada, mas que de modo geral não gosta de livros! Entre atônito e chocado entendi o que as cartas vinham sinalizando. Nada fácil tanto a escolha da carreira como a postura que assumiu diante dela! Isso só faria as coisas ficarem mais difíceis, mas num mundo onde a literatura está em franca decadência, qualquer aspiração ao mundo das letras é um alento... Prescrevi Florais para ampliar e flexibilizar a perspectiva do jovem aspirante... Vamos ver como evolui.


sexta-feira, 12 de maio de 2023

Os Caminhos da Espiritualidade

 


Os caminhos que constituem a busca espiritual humana são diversos e representam expressões íntimas de conexão com o sagrado. Muitas pessoas se ligam a atividades da Nova Era como formas de bem viver, saúde, e qualidade de vida, mas não necessariamente se conectam com o significado espiritual dessas práticas. E, sim, a espiritualidade está no cerne de muitas práticas tidas como ocultas ou esotéricas. Grandes ocultistas e magos do passado como Éliphas Lévi e Papus criam que a magia era uma forma de acessar o Criador por outra via. Assim como viam os oráculos como uma forma de acessar o manancial da sabedoria Superior para nos guiar em nossos dilemas terrenos. Como disse, nem todos conectam com a essência espiritual das atividades ancestrais e mesmo as modernas. Foi o filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623/1662) quem disse muito bem quando proferiu que “É o coração que sente Deus e não a razão”. Seguindo nessa mesma direção de pensamento o genial escritor russo Leon Tolstói (1828/1910) concluiu: “Há quem passe por um bosque e só veja lenha para a fogueira”. E é verdade! Citei abaixo os cinco caminhos possíveis para a expressão da vida Espiritual, e os tipos de buscadores que se conectam a eles, inspirado nos cinco elementos alquímicos e da medicina chinesa, e também nas reflexões de Tagore em sua fantástica obra Sadhana – A Realização da Vida. Isso tudo somado aos meus inúmeros atendimentos, cursos e palestras onde tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas e suas trajetórias pessoais nisso que convencionamos chamar de Caminho Espiritual. Antes de concluir esta introdução acho relevante observar que nem todo físico quântico aderiu à perspectiva espiritual, assim como há astrólogos e tarólogos ateus e agnósticos, e terapeutas vibracionais materialistas. Sim, eles existem por mais obtuso que possa parecer esse posicionamento... Achei importante também, para fomentar a curiosidade e a pesquisa dos leitores interessados, destacar o trabalho de alguns buscadores ao redor do mundo, e seus preciosos legados aos caminhantes da posteridade quando estes despertassem para o universo que, paradoxal e incrivelmente, nos conecta com os planos superiores de vida terrena e da consciência mística. Vamos à relação:  

Buscadores Filosóficos – São aqueles que buscam a compreensão da relação homem/Deus/Universo, tanto dentro de uma perspectiva místico-religiosa, quanto científica-espiritual. Aspiram à compreensão da natureza de Deus, do sagrado ou transcendente, conforme cada caso. O misticismo de religiões oficiais como o esoterismo cristão (Gnose), e judaico (Cabala), bem como os preceitos espirituais de religiões muito antigas e filosóficas como o hinduísmo e o budismo, através de seus muitos gurus, mestres, yogis e iluminados, seguem esta abordagem e pertencem a este grupo. Assim como as ordens criadas por grandes ocultistas do passado como Etteilla, Papus, e Martinès de Pasqually, e as tradicionais Rosacruz e da Maçonaria, bem como a Teosofia e a Antroposofia entre outros representam bem essa perspectiva da vida espiritual. Da mesma forma os cientistas que percebem a natureza espiritual da vida nos modernos conceitos da física quântica. Esse movimento começou com a adesão de cientistas famosos como o físico Fred Alan Wolf, mais tarde surge o médico indiano Deepak Chopra introduzindo o pensamento quântico junto com os ensinamentos do ayurveda. Em seguida os também físicos Amit Goswami (Índia) e Gregg Braden (EUA) inauguram de vez o misticismo quântico da atualidade. Os espiritualistas desta categoria atuam em sua maioria como professores, oradores, pesquisadores, e autores de livros e textos inspiracionais em blogs, jornais, revistas e sites mundo a fora. Destaco neste grupo o trabalho do mestre Zen budista vietnamita Thich Nhat Hanh (1926/2022) e do escritor alemão Eckhart Tolle. O primeiro por ensinar os preceitos budistas e da meditação zen no dia a dia de forma simples e direta, mas sempre poética e profunda. O segundo por extrair os ensinamentos espirituais de doutrinas tão diversas quanto o Sufismo, o Zen, o Vedanta e da Bíblia para transmitir os ensinamentos que guiaram e transformaram totalmente sua própria vida! Dois autores inspirados e profundos com muito a contribuir para os desafios modernos da nossa civilização.

Buscadores Arquetípicos – Este grupo se caracteriza por aqueles que são apaixonados pela linguagem dos símbolos ancestrais, e que percebem neles uma natureza transcendente que se comunica com a parte mais profunda da psique do homem comum, e com o poder de expandir e transformar a natureza íntima de cada pessoa, ou de ampliar o entendimento da humanidade sobre sua origem, evolução e subsequente destino. Eles se dividem em dois tipos: O primeiro grupo é daqueles que buscam desvendar os arquétipos individuais atuando como consultores e ou professores dos antigos sistemas oraculares e de sondagem do tempo e da essência humana como o Tarot, Astrologia, Numerologia, Runas, Cartomancia, I Ching, Quirologia, Calendário Maia, Eneagrama, só para citar os mais famosos. Eles creem que através dessas linguagens simbólicas o homem comum pode ressignificar seus desafios e sofrimentos, dando verdadeiros saltos de percepção que impulsionam sua evolução pessoal rumo ao seu modelo interno de perfeição espiritual. Desse primeiro grupo destaco o trabalho da inglesa Liz Greene (Astrologia) e do alemão Gerd Bodhi Ziegler (Tarot) que usaram seus estudos para libertar e ampliar a consciência de alunos e clientes pelo mundo. O segundo grupo é composto por aqueles que veem os símbolos como guardiões de chaves de sabedoria para a humanidade, e que podem por isso trazer respostas para o sentido da nossa existência na Terra, bem como nossas origens no planeta. Esses espiritualistas são comprometidos em interpretar e estudar o passado, e também a sabedoria contida na simbologia mística representada na cultura e na língua de civilizações obscuras ou cientificamente adiantadas para seu tempo, como egípcios, maias, sumérios, assírios, Incas, etc. Em sua maioria são historiadores, mitólogos, linguistas, arqueólogos e ufólogos (ou estudiosos autodidatas dessas disciplinas) que se encaixam nesse tipo de buscadores espirituais. Destaco nesse grupo o trabalho excepcional do mitólogo americano Joseph Campbell (1904/1987) que viu na simbologia dos mitos ancestrais a manifestação do sagrado, e da busca humana por sua comunhão com Deus (ou o transcendente se preferirem) em todas as culturas da antiguidade.

Buscadores Criativos – Estes são os que se conectam com o sagrado através da arte, seja na dança (como os dervixes), na poesia (como Rumi, Blake, Tagore e Pessoa), ou nas artes visuais (como Johfra Bosschart). Muitos destes espiritualistas antes citados não previram em vida o impacto de suas obras, e a grande contribuição que seriam  para os buscadores da posteridade. Hoje há mais artistas sintonizados como esta frequência espiritual, artesãos que confeccionam mandalas, joias de cristal, talismãs rúnicos, ou hex signs para criar conexão entre os seres do mundo natural e a essência humana. Também músicos do movimento New Age e World Music que criam íntimos espaços mágicos de relaxamento, meditação ou enlevo dentro de seus ouvintes, como as cantoras Enya (Irlanda) e Loreena McKennitt (Canadá), e dos instrumentistas Kitaro (Japão) e Aurio Corrá (Brasil) ou de grupos como o francês Deep Forest que resgata os sons tribais de todas as partes do mundo, por exemplo. Os místicos criativos perfazem o caminho do sagrado através da via interior expressando-a externamente em suas obras, num impulso de beleza para inspirar a vida. Destaco nesse grupo também o belo trabalho do mestre dançarino alemão Bernhard Wosien (1908/1986), criador das danças Circulares Sagradas, que aproximou das pessoas comuns danças folclóricas e místicas de vários povos do mundo e em todos os tempos. Um verdadeiro trabalho de integração da essência espiritual humana através da arte do movimento de nossas muitas culturas e civilizações.

Buscadores Mágicos – Esses são os espiritualistas que creem nas muitas faces do divino expresso nas forças da natureza. São em sua maioria preservacionistas e ambientalistas. Esse grupo de buscadores espirituais estão em grande número ligados às religiões ancestrais como o xamanismo dos nativos das três Américas, e também dos aborígenes australianos e dos feiticeiros africanos. No Brasil se concentram nos grupos de Umbanda e do Santo Daime (ayahuasca) e também do Candomblé. Assim como nas Antilhas na Santeria e no Vodu. Todos oriundos do sincretismo das religiões africanas com a cultura local. A Wicca e suas muitas tradições, e as tradições neopagãs que ganharam muitos adeptos pelo mundo todo, como o Ásatrú que resgata as tradições espirituais nórdica/germânicas são parte desse grupo. Os buscadores mágicos diferem em seus ritos e crenças, mas todos creem que as forças da natureza em comunhão com o espírito humano o elevam numa integridade que enaltece a ambos. Assim, homem e natureza crescem e evoluem juntos, e se protegem mutuamente! Em suas práticas abarcam também as atividades dos buscadores arquetípicos e criativos, pois suas fés incluem oráculos, assim como danças e cantos e a produção de artefatos mágicos que integram magia, simbolismo e arte. Destaco entre esses místicos o trabalho do escritor wiccano, Scott Cunningham (1956/1993) que deixou um legado de mais de cinquenta livros sobre magia e bruxaria prática para todos aqueles interessados em “viver a arte”. Sua obra simples e clara nunca ignorou a profundidade das tradições implicadas. Da mesma forma notável foi a dedicação da holandesa Freya Aswynn tanto em apresentar a tradição oracular e mágica das runas ao mundo, quanto a tradição xamânica dos povos do Norte. Tão importante quanto os livros que escreveu foram suas inúmeras consultas rúnicas que mostraram a força do runemal (muitas delas registradas no YouTube), e em seus cursos como professora de runas, que é como se apresenta nas redes sociais.

Buscadores Curadores – Este é um grupo amplo de espiritualistas que creem, em sua maioria, que a natureza humana é sagrada e perfeita. A saúde seria, portanto, um estado natural e a doença um desequilíbrio ocasionado pelo espírito em suas muitas vidas, ou nesta vida, pelos condicionamentos e desarmonias das nossas culturas sociais e familiares que o afastaram de sua natureza sagrada. Os curadores creem que reestabelecer o equilíbrio físico, mental, emocional e espiritual é retornar à nossa natureza divina. Os caminhos da cura seriam muitos, e nem sempre tem a ver com reintegração da saúde como se imagina. Muitas vezes a doença também faz parte de um estágio de crescimento e expansão da consciência. A teoria oriental do Karma tem tido muita aderência pelos curadores espirituais do mundo ocidental. Assim cura tem a ver com despertar da essência plena. Os curadores atuam em muitas áreas da vida e do entendimento geral sobre a vida. Destaco aqui dois dos grandes curadores da história como o japonês Mikao Usui (1865/1026) e o britânico Edward Bach (1886/1936) que atuaram em campos diversos de interesse em como reconectar o humano à sua natureza espiritual perfeita e íntegra. O primeiro buscou através da imposição das mãos a canalização da energia vital sustentadora da vida. Já o segundo concentrou seus estudos na síntese dos estudos alquímicos de Paracelso e do médico Christian Hahnemann, fundador da homeopatia. Enquanto Usui trouxe o conceito do toque humano como um canal de uma força transcendente para a plenitude do corpo e do espírito, Bach voltou-se ao uso das essências de flores, numa reconexão com os elementos e os elementais da natureza. Essências que seriam a fonte de saúde, bem-estar, integridade e evolução em todos os sentidos! O reiki e a terapia floral são os dois métodos de terapia complementar mais difundidos da atualidade. As formas de se restabelecer essa integridade têm, porém, muitas faces, desde os trabalhos corporais como as massagens orientais (Shiatsu, Massagem Ayurveda, Do-in, Anma, Tuiná, etc), e outras técnicas energéticas como o Johrei e o Mahikari, que também são japoneses. E também Cromoterapia, Cristaloterapia, Renascimento, Homeopatia, Aromaterapia, Rakiram, Constelações Sistêmicas, enfim...


quarta-feira, 5 de abril de 2023

O Tarot e a Abertura de Portais

Já faz algum tempo que estudiosos de muitas áreas do conhecimento vem comprovando as capacidades divinatórias, terapêuticas e espirituais do tarot, de fato o tarot é o maior legado da Antiguidade para a cultura e a espiritualidade do homem moderno.

As imagens dos arcanos servem como portais que abrem aos olhos do leitor um panorama particular sobre a psique e a personalidade de quem consulta, essas imagens, no entanto, também funcionam como um portal entre os mundos, onde unimos nosso consciente ao nosso inconsciente e às forças da natureza na busca de uma saída, um caminho para a resolução de um tema em nossas vidas. A abertura dos portais através do tarot requer um alinhamento da personalidade ao centro divino, ou centro de poder como preferem alguns. Isso pode ser obtido com práticas meditativas preliminares, antes de colocar-se dentro de uma mandala feita com os 22 arcanos maiores, dispostos no sentido horário. Quanto mais eficiente o centramento através da meditação, mais eficaz torna-se o encontro com o portal. Nesse momento o indivíduo deve ter bem claro na mente a questão que ele busca ou que situação ele pretende resolver. Muitas vezes uma abertura de portais é solicitada às vésperas de um ano novo, ou quando há mudança de casa ou emprego. Às vezes também o caminho que surge não agrada a quem consulta, pois ocorre de o indivíduo não se sentir preparado para que as coisas transcorram do modo como surgem na mandala, nesse caso o círculo deve ser desfeito no sentido anti-horário e o baralho guardado na ordem numérica, pois "a porta está fechada".

Os Círculos Mágicos têm sido usados desde
sempre na Magia, tanto para proteger quanto
para evocar forças elementares e espirituais.

Quando, porém, o portal é aceito, então ele é a saída; e a partir daquele momento as forças solicitadas começam a atuar a fim de que se realize o que foi requerido e o consulente deve estar realmente comprometido a ficar aberto ao que virá e a acatar as orientações previamente colocadas pelos arquétipos. O que se segue é maravilhoso, a mais pura magia pessoal, trata se de um fenômeno intimo que utilizou-se da força da mandala, conhecida entre os ocultistas como círculo de poder, que reuniu as 22 imagens mais poderosas do inconsciente com a magia dos quatro elementos, fogo, terra, ar e água para apontar uma direção que nasceu de dentro para fora, criando um imã que atrai de fora para dentro o que foi requerido.

Como isso acontece? Tudo o que somos e vivemos está escrito em nós mesmos, quando realizamos uma consulta ao tarot com enfoque divinatório, somos nós quem mostramos ao tarólogo quem somos e como estamos, ele apenas traduz e nos fala, quando perguntamos, somos nós quem dá as respostas, respostas estas que não conseguimos acessar por vias normais ou que simplesmente não conseguimos aceitar, mais uma vez o tarólogo é apenas um porta-voz. Ao abrirmos a mandala para abrir a porta entre os mundos, mais uma vez somos nós quem encontramos o caminho e a nossa vontade, aliada aos arcanos e reis dos elementos é que o trará até nós.

A vivência mágica com o tarot tem essa e inúmeras possibilidades profundamente gratificantes e puras que, no entanto, devem ser encaradas com seriedade. É aconselhado o trabalho junto com um tarólogo que conheça a técnica, pois o símbolo sempre permite subjetividades que, pelo envolvimento, o consulente não consegue ver.

Publicado no Jornal Em Aquarius, Porto Alegre, Dezembro de 2000.


segunda-feira, 6 de março de 2023

O Amor é Uma Permissão?

O Eremita, o Senhor de si mesmo e de 
sua jornada; ou se nutre de sua solidão
ou sofre com ela.

Um homem de meia idade confessa que nunca se relacionou com ninguém de modo profundo  e continuado. Procurou o tarot para, entre outras coisas, saber se ainda viveria isso um dia... Na posição 2 da leitura da Elipse de Sete Cartas, posição que representa o seu momento, surge o arcano de O Eremita. E me pareceu claro que até aquele momento ele havia se acostumado com a sua solidão! Ele acenou positivamente com a cabeça. Depois na posição 4, do que fazer sobre o momento, apareceu o 4 de espadas indicando que ele precisava abaixar suas fronteiras, eliminar suas defesas e se tornar mais acessível ou vulnerável! Por fim, na posição 6, dos medos e ou esperanças, o Cavaleiro de ouros deixou bem nítido o quanto ele tinha medo de que a entrada de uma parceria amorosa roubasse dos seus hábitos solitários e extremamente disciplinados. Ao final desta leitura falamos sobre ele se tornar mais aberto e vulnerável, não como alguém fraco, mas como alguém aberto e de maior acessibilidade. Eis que então ele diz que esperava que o "Universo" enviasse alguém para ele... Ou seja, a fantasia de que o Universo dará o que se precise, sem que tenha de se fazer nada para facilitar isso, ainda é uma triste fantasia pseudo-espiritualista que assola nossos tempos. Acostumado que estava à sua solidão, e sem querer abrir mão dela, meu cliente ia mascarando com sua falsa autossuficiência o seu dolorido vazio interior... 

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Os Cinco Grandes Desafiadores

 Cinco Arcanos que lhe parecem 

negativos, e sabe porquê? 

Abandonar as próprias visões é
doloroso demais para um ego
identificado com elas...

O Enforcado XII - Porque a visão real das coisas fere suas visões idealizadas, e a desilusão só é libertadora para as almas realmente livres! A estagnação da sua vida corresponde ao tempo em que você se permite ficar onde está, acreditando no que acredita! 

A Morte XIII - Tudo termina, mas mas você prefere ignorar o tempo que desperdiça em coisas inúteis que nada agregam à sua vida ou à vida de quem quer que seja! Só teme a morte quem não viveu a própria vida! 

O Diabo XV - Este arcano parece negativo à maioria das pessoas porque todos acham que o mal está nos outros, e gosta de ver a si mesmo como uma boa pessoa. O mal habita em todos nós, e enquanto não o confrontarmos em nós mesmos tanto mais seremos confrontados com ele no mundo exterior! 

O mal do outro é o mal
de que me envergonho em mim...

A Torre XVI - Este arcano mete tanto medo quanto a Morte, porque precisamos da segurança e garantia que a Torre representa, quer seja um emprego, um relacionamento, um patrimônio... A Torre desaba quando estamos apegados demais e precisamos aprender algo a que temos nos recusado, consciente ou inconscientemente! Lembre-se que ao abrir a mente e o coração quem nos espera do outro lado é o arcano da Luz do entendimento e da esperança, A Estrela...

A Lua XVIII - Antes de A Lua, o arcano de A Estrela é o arauto da liberdade física, intelectual e Espiritual (a verdadeira liberdade), mas antes temos de confrontar todos os medos e ressentimentos, memórias e apegos que negamos nas águas escuras da memória representados no arcano de A Lua. O medo do medo, porém, paralisa e todos fogem da Lua, que é o único caminho para à iluminação do arcano seguinte, O Sol!