terça-feira, 26 de outubro de 2021

Se Tudo Morre, Vivemos para Quê?

Para esta questão, olha a reflexão que oferece o simbolismo, em sequência, do segundo setenário do conjunto de cartas do tarot que eu chamo de “o caminho ético”, ou de “o caminho das leis que regem a vida”:

O Caminho de Santiago de Compostela,
um análogo físico e simbólico ao mesmo tempo,
do que fazemos internamente a vida toda!

Ao longo da jornada o ser humano consciente aprenderá pela observação, estudo ou experiência que a vida é regida por leis ou princípios. Que vão do código penal à constituição, das leis naturais, como a lei da gravidade, às leis espirituais, como a lei do Karma que é justamente a que define como e quando nascemos e morremos. Vem daí a associação do arcano de A Justiça com o signo de Libra, o buscador da verdade em todas as áreas do saber humano. Aprenderá também que a solidão é a regra desta existência e que ele estará sempre só em sua dor ou êxtase nas experiências mais profundas e significativas de sua vida. E que quer ele faça o bem ou o mal, ele será o maior responsável por suas ações e as receberá de volta, por isso que O Eremita está relacionado com o signo de Virgem. Este é o signo dos servidores e do aperfeiçoamento do caráter através do aprendizado com a experiência. A Vida vem em ciclos, tudo vem com um propósito na existência de cada um, e se afasta depois de cumpri-lo, pois que a mudança é a lei da vida, tudo muda sempre, mas que também tudo é cíclico! Tudo muda, e se repete, mas nada é exatamente igual, como um verão não é igual ao outro. Aprenderá também que ciclos similares que se reptem com insistência evocam a evolução da consciência. Por isso que A Roda da Fortuna se relaciona com o planeta Júpiter, o senhor das mudanças súbitas e também da generosidade da existência.

O Arcano de A Temperança,
o desabrochar da visão interior
para o propósito da Vida!

Descobrir-se-á que o poder para mudar nosso próprio destino jaz dentro de cada um de nós, mas requer força de vontade, empenho, coragem e muita energia.... Uma lição que o arcano de A Força nos traz, e que por esse motivo representa a vontade e o poder pessoal do signo de Leão. Porém, para que nosso ego não enlouqueça de vaidade, aprenderemos que na vida há o imponderável que nos torna impotentes! Que por mais fortes e saudáveis que sejamos, envelheceremos e morreremos. Que por mais que amemos alguém, não podemos livrá-lo da dor e do sofrimento. A entrega nesse momento é um convite para a contemplação do transcendente, como bem o mostra O Enforcado. Esse décimo segundo símbolo arcanológico está conectado com o simbolismo do planeta Netuno, o senhor da visão transcendente da vida. E, por fim, a lei irrefutável é que tudo morre, e morremos um pouco a cada dia e cada vez que deixamos para trás um aspecto de nós ao qual nos apegávamos, até a morte definitiva nesta existência, que é a forma mais radical da transcendência, que como diz o nome, é um ir além das experiências e formas conhecidas até então. Como bem nos mostra o arcano de A Morte. O interessante é de que o limite da morte é justo um dos maiores conspiradores para a abertura da consciência na busca por objetivos amplos de vida e de significado filosófico ou espiritual. Daí a conexão com o signo de Escorpião, que representa a morte do velho para a transformação e o renascimento da personalidade. Esse é o real “tempero da vida” como nos sugere A Temperança com seus vasos que revezam entre si seus conteúdos! Ou seja, tudo o que vive morre, e se vive o faz por um propósito que se revela ao longo da vida, ou no momento do desabrochar da consciência, como a flor no meio da testa deste anjo mostrado na carta. Por isso o visionário, mutável e filosófico signo de Sagitário está associado a este décimo quarto arcano de tarot! Descobrir este propósito é a meta do autoconhecimento e uma das mais belas aplicações do tarot.

Estudar o tarot é um caminho infinito de possibilidades de compreensão da vida, de nós mesmos e dos outros! Fica a dica.