quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

A Evolução do Tarot na História...

Apresento aqui uma síntese da evolução histórica do tarot dentro das contribuições mais significativas, a meu ver, para o seu estudo e compreensão através dos tempos. Contribuição esta feita por homens e mulheres que dedicaram suas vidas ao universo rico e transformador da tarologia. Aqui estão eles:

ETTEILLA (1738/1791) – Ocultista francês, e o primeiro consultor e professor profissional de tarot da história! Foi o primeiro também a perceber a conexão entre a simbologia do tarot com a astrologia, e com os quatro elementos clássicos, e a criar uma relação entre eles. Criador do primeiro baralho de tarot com fins esotéricos, o "La Grand Etteilla", e o primeiro a introduzir a interpretação das cartas invertidas numa leitura, ampliando o escopo de possibilidades interpretativas do simbolismo do tarot. Técnica ainda empregada por grandes divulgadores modernos do tarot como Hajo Banzhaf, Rachel Pollack e Mary K. Greer.

Éliphas Lévi, de todos desta lista é o único tarólogo
teórico, pois que desaprovava a aplicação oracular!

ÉLIPHAS LÉVI – (1810/1875) – Mago, jornalista e escritor francês, fez a primeira associação entre o simbolismo do tarot com a cabala. E o primeiro a perceber que a estrutura simbólica do tarot abarcava não só as dimensões celestes, mas também sagradas da vida! Passa assim a considerar o uso oracular do tarot como uma profanação, pois vê que os arcanos seriam chaves exclusivas para a investigação íntima, a transformação pessoal e a elevação da consciência!

McGREGOR MATHERS – (1854/1918) – Ocultista britânico, foi o fundador, juntamente com Dr. William Wynn Westcott e o Dr. William Robert Woodman, da Hermética Ordem da Aurora Dourada, a Golden Dawn em 1888. E o responsável por introduzir o tarot como o instrumento de reflexão interior e exploração mágica da ordem. Foi lá que se aplicou pela primeira vez o simbolismo dos arcanos em rituais mágicos, e em meditações vivenciais para a ampliação da consciência! O que ainda influencia os tarólogos da atualidade. Foi na Golden também que se ampliou o simbolismo dos arcanos menores atribuindo-lhes relações astrológicas e cabalísticas, e onde as setenta e oito cartas receberam títulos esotéricos como chaves meditativas sobre seu simbolismo mais profundo!

ARTHUR EDWARD WAITE – (1857/1942) – Nascido nos Estados Unidos este ocultista britânico teve a revolucionária ideia de criar imagens para representar o significado simbólico das cartas numeradas dos arcanos menores. O seu baralho "Rider-Waite" é o precursor de todos os baralhos modernos, e o primeiro a insinuar através das imagens criadas para as cartas de naipe do tarot, que ali também havia uma viagem evolutiva da consciência. O que mais tarde foi mais bem desenvolvido por Juliet-Sharman Burke e Liz Greene em seu "Tarot Mitológico". Seu trabalho tornou mais fluente a compreensão do simbolismo dos arcanos menores.

ALEISTER CROWLEY – (1875/1947) – Ocultista inglês que criou uma relação atualizada entre as correspondências do tarot com a astrologia, mais próxima e coerente entre si, e também uma nova e polêmica versão da relação tarot-cabala proposta por Lévi, além de lançar o seu baralho o “Thoth Tarot”. Este seria mais que um oráculo, mas um guia de profecias a se cumprirem para a transformação da humanidade e do planeta para a entrada num novo ”Éon”, ou Era.

PAUL FOSTER CASE – (1884/1954) – Ocultista a cabalista americano, foi o primeiro a relacionar a linguagem do tarot com as teorias da moderna psicologia que pipocavam naquele tempo – Freud, Jung, Lacan, Assagioli, etc – também aprofundou os estudos da relação tarot-cabala através da gematria, que seria uma aritmética esotérica dos cabalistas para relacionar o valor numérico das letras cabalísticas com as palavras que compreendem o simbolismo mais intrínseco do tarot.

Hajo Banzhaf, a última grande contribuição sobre
a simbologia dos arcanos dentro de uma perspectiva mítica!

ANGELES ARRIEN (1940/2014) – Antropóloga e taróloga espanhola de origem basca, radicada nos Estados Unidos, que cria a primeira relação entre numerologia e tarot através do cálculo da soma da data de nascimento para se encontrar os arcanos da alma, da personalidade e do ano de crescimento. Técnica utilizada até hoje por muitos consultores de tarot para a compreensão do ciclo pessoal de quem os procura. E também desenvolve a ideia de “constelações dos arcanos” onde sugere que as cartas numeradas do tarot são derivações simbólicas dos arcanos maiores de 1 a 10, o que ajudou bastante na compreensão do seu simbolismo.

JAMES WANLESS – (1943...) – O trabalho de Wanless é uma verdadeira renovação nas aplicações da tarologia como, por exemplo, aplicando dinâmicas de grupo que se utilizam das cartas com leituras coletivas. Também desenvolve a abordagem de tarot coaching, por meio da qual as leituras ajudam a aprofundar o significado intrínseco dos eventos no desenvolvimento da consciência e do amadurecimento pessoal. É o criador do "Voyager Tarot", um belo tarot transcultural feito de fotomontagens, e sem direcionamentos filosóficos específicos.

VICKI NOBLE – (1947...) – Astróloga e curadora xamã americana, foi a primeira a perceber a relação do simbolismo do tarot com o Sagrado Feminino ancestral, e cocriadora do "Motherpeace Tarot", juntamente com Karen Vogel. Um baralho de cartas redondas, pois segundo suas autoras seria um resgate da consciência inclusiva das tribos ancestrais, onde todos participam das dores, do crescimento e do êxtase da comunidade. Muito do seu trabalho evoca os ritos e vivências coletivas ancestrais incluindo o tarot, como nos ritos da antiga Golden.

HAJO BANZHAF – (1949/2009) – Tarólogo, astrólogo e mitólogo alemão cuja maior contribuição para a tarologia foi o desenvolvimento da ideia de que dentro da simbologia dos arcanos está a chave para a compreensão de todos os mitos sobre a jornada do herói na história da humanidade, de Hércules a Gilgamesh passando por Lancelot, o nobre cavaleiro da Távola Redonda do Rei Arthur. Essa proposta de Banzhaf foi, juntamente com a proposta astrológica de Etteilla e a cabalística Lévi, a mais engrandecedora para o estudo e a compreensão do imenso escopo simbólico do tarot. Infelizmente Banzhaf  encerra sua brilhante carreira, pois que morre em seguida.

Hoje, infelizmente, parece estar havendo um retrocesso na aplicação da tarologia. O estudo dos arcanos parece ter sido reduzido a um assunto técnico e comercial. Os anúncios que despontam por toda parte nas redes sociais dizem coisas como: “aprenda a ler o tarot com segurança”, ou “torne-se um bem sucedido profissional do tarot”, e outros apelos lamentáveis que em nada libertam a consciência da prisão massificante e consumista da nossa sociedade! A proposta transgressora e libertadora que o estudo oculto propõe em si, e que impulsionou todos estes buscadores que citei anteriormente, está fortemente ameaçada. Que estejamos atentos para que sua chama permaneça viva!