quarta-feira, 25 de maio de 2011

Tarot Terapêutico

O que é?

Os oráculos têm sofrido uma transformação profunda tanto na redefinição da sua aplicação quanto na maneira com que vêm sendo encarados ao longo dos tempos. Uma abordagem cada vez mais profunda dos símbolos tarológicos e astrológicos, por exemplo, tem ganhado espaço na literatura sobre o tema de modo cada vez mais expressivo. Tanto o tarot quanto a astrologia hoje são vistos como meios de aplicação terapêutica. Suas imagens podem fazer muito mais do que revelar tendências futuras ou situações passadas. Os arcanos do tarot, especificamente, podem revelar com detalhes situações práticas de um dado momento, bem como todo o conjunto emocional envolvido na situação O momento apresentado pelos arcanos se refere a um período de anos, meses, semanas ou dias (Conforme cada caso), que se encontram no presente!
Com o passar do tempo foi possível observar que o que se projetava através dos arcanos era, muitas vezes, condicionamentos antigos, muitos vindos da infância, que revelavam bloqueios, traumas e padrões de comportamento subjacentes à programação condicionada da psique. Dentro de uma situação prática, e que geralmente era o que motivava a consulta, espelhava-se níveis mais profundos do subconsciente. Possibilitando assim não só um reconhecimento, mas também uma transformação da consciência e de toda a vida de quem estivesse se consultando se esse desejasse, é claro, fazer uso dessas informações!
Enquanto a astrologia trabalha a psique estanque, com suas principais características pessoais que se reproduzirão por toda a vida, o tarot mostra a dinâmica do inconsciente no dia a dia. A astrologia pode mostrar as tendências de uma personalidade, mas não pode revelar a intensidade dessas tendências, nem se estão sendo vividas ou não. Os arcanos em sua simbologia profunda e detalhada revelam todas as emoções, sentimentos e pensamentos implicados numa ação ou conjunto de vivências. Em termos psicológicos é o momento em que os complexos interiores estão ativados e atuantes, e onde é possível pegar a si mesmo no “flagra”, por assim dizer! Fazendo desse momento muito produtivo e revelador!
Tarot: um instrumento de investigação,
tanto quanto de revelação, do incognoscível.

Os avanços dos termos psicológicos criaram uma facilidade maior em se explicar os processos internos a um leigo. Os estudos de Jung sobre astrologia e tarot facilitaram ainda mais para se verificar a similaridade entre a linguagem oracular e psicológica. As linguagens da alma são sempre as mesmas, os caminhos é que mudam, bem como sua finalidade. Vale lembrar, porém, que tarot e psicologia não são a mesma coisa! Psicólogos aprendem um conjunto de definições e terminologias que limitam seu entendimento da vida. Eles mesmos se definem junguianos, freudianos, lacanianos e assim por diante... Ou seja, limitam sua introvisão a um pesquisador ou pensador específico. 
O tarot visto sob uma perspectiva terapêutica teve seu maior marco com a publicação em 1980 do livro Jung e o Tarot: Uma Jornada Arquetípica de Sallie Nichols. De lá para cá a tarologia ficou muito associada à linguagem junguiana, o que foi interessante para tirar o tarot da obscuridade, mas que de modo algum resume o que ele é! O tarot terapêutico é uma matéria recente, com pouco mais de trinta anos e ainda em desenvolvimento, e a tendência é de que esse ranço psicoterápico junguiano diminua e se amplie para outras abordagens interiores e mais espirituais.

O mapa astrológico natal, um guia da
proposta da alma para toda a vida.
Os tarólogos que fazem o mesmo (Que se resumem a certas correntes da psicologia) estão copiando um modelo que já mostrou não levar a nada! O mundo não ficou melhor por causa disso, é um modelo falido! Um tarologista deve ter em sua mente e no seu coração a visão de muitas formas de expressão da psique humana, o que pode sim envolver a psicologia, tanto quanto o xamanismo, a reencarnação, as filosofias orientais e tudo o que possa ampliar a visão de quem se consulta sobre sua própria vida. A grande beleza do tarot está justamente em recontar a biografia de quem procura suas lâminas com uma perspectiva completamente nova, abrangente e integradora que possibilita a união dos vários aspectos da alma na formação de um ser inteiro e curado!
Aproximar uma consulta tarológica de uma sessão de psicologia, com o intuito de lhe dar um caráter mais “sério” é uma ação pejorativa com relação à própria tarologia, pois a coloca numa posição inferior. A linguagem do tarot é superior ao que conhecemos como a moderna psicologia, transcende os temas abordados numa psicoterapia por encarar assuntos como o Karma, a reencarnação e a influência de outros planos de consciência e energia no momento presente! Sem falar que o tarot preserva sempre seu caráter oracular, permitindo sondagens sobre o futuro e esclarecimentos sobre o passado para muito além das aplicações da psicoterapia.

Como funciona?

Cada tarólogo se utiliza de um método de leitura e abordagem das cartas que o permitem acessar a linguagem dos símbolos bem como a biografia de quem procura as orientações do tarot. Eu particularmente costumo abrir a Cruz Celta, numa adaptação criada por mim dos significados das casas, com o intuito de obter as informações que considero mais importantes para a orientação prática e interior de quem se consulta. A disposição e o significado são a seguinte:

1) É a posição do Mundo interior no momento, e representa os temas mais importantes no momento, e os sentimentos e pensamentos que despertam.
2) As ações, essa posição mostra que atitudes estão sendo tomadas a partir do momento presente no mundo interior, e que podem estar em acordo ou desacordo com ele (No caso de contradizer, trata-se da velha ambiguidade humana).
3) Os apelos da alma. Nessa posição inicia-se um círculo em torno da cruz principal formada pela posição 1 e 2 que mostrarão a totalidade do ser nos quatro planos; O plano espiritual na posição 3, o plano psicológico na posição 4, o material na posição 5 e o plano social na posição 6. A posição 3 fala das percepções intuitivas do indivíduo que podem ter sido ignoradas, ou não, até aqui.
4) Desafios, eles representam os problemas que se mostram no momento e que podem ter origem psicológica em condicionamentos e bloqueios infantis ou mesmo forjados em outras vidas.
5) O mundo consciente e a vida material. É a relação com o mundo material, trabalho, dinheiro, finanças e segurança. É a imagem que o eu “vende” ao mundo.
6)Vida social e objetivos futuros. Mostra as relações como um todo, amigos, família e o modo como o eu vive as relações genericamente. Isso define também onde se encontra, ou não, os aliados para os planos futuros e revela quais são esses planos!

A Cruz Celta, um antigo método de leitura
que funciona como um diagrama da história
pessoal de quem retira as cartas.

7) A personalidade, que face do ser está emergindo, vindo à tona para o trabalho desse momento? Essa posição revela isso.
8) Relacionamentos íntimos e a expressão do afeto. Mostra as relações amorosas, se é que existem, e como se vive a afetividade e a sexualidade.
9) O aprendizado, a carta nessa posição mostra o que há para ser apreendido no conjunto de vivências do momento, revela algo com que podemos crescer se o acolhermos integralmente.
10)A síntese, essa última posição nos dá uma visão mais clara do que se trata afinal o todo expresso nas cartas. Podendo mostrar a finalidade última dos acontecimentos.

Depois dessa leitura, costumo indicar florais que ajudarão no processo de desdobramento das atitudes condicionadas, primeiramente por intermédio da autoconsciência, e depois da mudança das atitudes. Explicado assim parece muito fácil, mas na verdade é um processo que requer um alto nível de comprometimento, dedicação, e empenho interno. Sessões regulares para o acompanhamento das essências florais e aplicação de outras técnicas de suporte como o reiki, a meditação e técnicas respiratórias são recomendados.
Leituras regulares de tarot auxiliam a verificar o quanto se caminhou no conjunto de temas revelados na primeira sessão. O tarot opera assim como um revelador e um regulador do processo interior de crescimento.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Velas - Parceiras na Introspecção Humana



Sempre tive, como muitas outras pessoas, uma atração irresistível pelo fogo e por seu representante mais próximo: as velas. Todos nós acendemos velas em determinado momento da vida. Seja por ocasião do aniversário de alguém, ou para um jantar romântico, um banho relaxante, ou sensual se for a dois... As velas estão sempre lá quando decidimos entrar em contato com nossa intimidade.

A maioria das pessoas simplesmente ignora o fato de que as velas são os instrumentos ritualísticos e mágicos mais simples, mais antigos e mais utilizados em todo o mundo em todos os tempos! A sua estrutura contém em sua simplicidade uma síntese dos quatro elementos. O fogo é o mais óbvio, depois a cera fria e dura lembra a terra, ao derreter ela assemelha-se ao elemento água em sua fluidez e transparência. O ar é representado na fuligem que se desprende da chama, ou no caso de velas aromáticas, pelo seu perfume. Os objetos mágicos de modo geral têm de representar os quatro elementos da natureza, eles evocam assim o poder desses elementos e de seus elementais, ou consciências, que habitam cada um deles.
De um ponto de vista mais psicológico ao acendermos uma vela estamos acessando a memória de todos os elementos segundo o que nos foi legado dentro do inconsciente coletivo por nossos ancestrais. A enormidade do mar se faz lembrar numas poucas gotas. A estabilidade da terra no corpo duro e frio da vela, O poder devastador do fogo, que deve ter causado pavor e fascínio nos homens primitivos! O mesmo fogo que também os libertou dos temores noturnos e dos ataques dos predadores. Desde então sentar-se em torno das fogueiras virou praxe para todos aqueles que queiram conversar, refletir ou apenas aconchegar-se. O fogo virou sinônimo disso tudo! Símbolo do calor humano (O fogo das paixões, o calor materno, etc...)

As velas auxiliam na concentração 
durante práticas oraculares.

Com a evolução do pensamento mágico as velas passaram a ser cada vez mais utilizadas, muitas vezes em substituição às fogueiras pagãs. As religiões monoteístas se utilizaram do poder ígneo para seus próprios cultos, em procissões, missas e orações. No mundo mágico as velas são a forma mais sucinta de praticar magia, mas deve ser obedecido certas “regras” por assim dizer. Devemos observar a fase da lua em que estamos realizando o ritual, e se essa fase combina com o objetivo que queremos manifestar. Do mesmo modo a cor da vela escolhida, que sempre evocará um elemento com o propósito de nos apoiar no procedimento mágico, e até mesmo o modo com que untamos o seu corpo da base ao pavio, ou do pavio à base conforme nossas intenções! Untar as velas é uma antiga prática pela qual podemos firmar nossa atenção num objetivo e repassar para o objeto mágico toda a energia interior que será retransmitida ao universo rumo à concretização!
Para quem olha os rituais mágicos com desconfiança vale lembrar que as velas também podem ser aplicadas com a simples intenção de meditar. Uma meditação interessante de se fazer com uma chama é a de ficar olhando atentamente para ela até fixá-la na memória. Feito isso feche os olhos e a imagine brilhando sobre a região conhecida como terceira visão, ou terceiro olho. Toda vez que sua imagem se desfizer, ou for invadida pela flutuação da mente, abra os olhos e volte fixar-se na imagem e repita o processo. Essa prática favorece a própria meditação, limpando a mente. Reforça a memória, amplia a intuição e a atenção.