quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O Imperador - Arcano IV


Título esotérico – Sol da Manhã; Senhor Entre os Poderosos (A luz de uma personalidade centrada nos mais altos níveis da sua consciência, que assume o comando da sua existência ou comunidade).

Analogia Astrológica – Áries (O 1º signo). A semente da primavera que abre caminho no solo em direção ao sol, para fazer vingar a sua vida! O impulso direto para avançar e conquistar com toda a força e determinação. A compulsão por agir, fazer algo. O líder, o grande iniciador. A força que nos faz impor nossa personalidade. A autoafirmação do “eu” e sua vontade! O líder intuitivo sempre aberto a novas possibilidades. O porta-voz das necessidades de toda a humanidade! Áries é o signo no qual as qualidades do sol se exaltam!

Analogia Numerológica – O 4 simboliza a ordem das coisas, é o número que “administra a natureza e suas forças”. Tudo o que é manifesto é passível de ser dividido em quatro fases, partes, ciclos etc. O tarólogo e simbolista alemão Hajo Banzhaf chama a atenção para o fato de que na maioria das religiões a palavra Deus tem quatro letras. Vem a ser, portanto o número da ordem, do poder, da organização e da concretização. Sua matéria é o mundo lógico, prático e científico!

O Arcano – Um homem de barbas brancas, mas de postura muito viril está ao que parece recostado a um trono de perfil, numa posição que imprime um ideia de repouso e prontidão simultaneamente! Ele usa uma coroa em forma de elmo dourada. Na mão direita ele segura o cetro que tem uma esfera encimada por uma cruz. A sua mão esquerda repousa sobre o seu cinto dourado. Suas pernas estão cruzadas, tendo a direita sobre a esquerda. No chão ao seu lado repousa um escudo onde a figura de uma águia de asas abertas aparece! Ao contrário da águia de A Imperatriz, esta olha para a sua direita. No peito ele usa um colar ou corrente amarela que sustenta o que parece ser um disco metálico!

Significado – A imagem do homem maduro e experiente aparece a partir de agora em três figuras masculinas muito importantes no tarot. Além do próprio Imperador, também o Hierofante e o Eremita se mostram assim. O lado esquerdo à mostra revela sua abertura emocional e a franqueza com suas emoções, bem como sua generosidade e magnificência com aqueles que o procuram ou dependem dele. Ele se recosta em seu trono, símbolo do poder, porque sabe de suas conquistas e tem sua posição assegurada pelo que construiu (estabilidade). Porém, isso não significa que ele diminua sua atenção e vigilância sobre o que conquistou. Ele é protetor e territorialista! Um imperador está acima de reis na hierarquia, o que simboliza uma autoridade inquestionável e firme. O elmo que ele utiliza tanto preserva sua nobreza quanto mostra sua disposição de ir à luta para defender seus domínios. Os elmos são capacetes ou adornos de cabeça que servem para proteger os soldados nas batalhas. O cetro na sua mão direita simboliza o poder que ele detém. A bola com a cruz é o arauto do seu poder sobre a Terra. Para os cristãos ela simbolizava o domínio de Cristo sobre o mundo! A mão esquerda, das emoções e dos desejos, que segura o cinto mostra a sua capacidade de divisar os aspectos inferiores e superiores da existência. O cinto é um antigo símbolo mágico que tanto representa a capacidade de unir o mundo terreno e o espiritual, quanto de distinguir entre eles. Como o faz os parâmetros da ciência moderna. As suas pernas cruzadas reafirmam sua liderança nos quatro planos do mundo manifesto. O escudo ao seu lado simboliza os seus domínios, e a águia é uma ave de rapina muito associada à nobreza por ser a que voa mais alto e enxerga mais longe. O que representa tanto sua visão ampla de vida e de mundo, quanto sua disposição para alargar seus territórios! A águia tem sido o animal totem dos grandes impérios, de Roma à Babilônia, da Prússia aos Estados Unidos. No escudo ela olha para o seu lado direito, reafirmando sua natureza fálica, dominadora e conquistadora. Na antiguidade os discos metálicos que ornavam colares e cordões reais eram o símbolo do sol, um astro com o qual a realeza muito se identificava por ser o centro da luz, e da força e o astro de maior brilho!

O Imperador no Osho Zen tarot.
Divinação – Poder, autoridade, virilidade, liderança, visão. O chefe, o patrão, diretor, presidente, administrador, gerente, o pai. Grande poder de execução. Uma figura masculina muito emblemática e importante. Indica estabilidade, segurança, ordem. Capacidade de ver para além do comum, do ordinário (visionário)! Uma personalidade firme e consistente, mas protetora, gentil e mantenedora de todos os que dependem de seus esforços e ou estão sob sua responsabilidade! A aquisição de coisas no mundo concreto (acúmulo de bens, propriedades etc). Possui uma inteligência prática com uma mente igualmente capaz de entender complexidades científicas. Ele incorpora a própria ciência como uma reveladora do funcionamento do mundo manifesto. É a alma humana sempre em busca de mais espaço para sua manifestação e realização de si mesma. O Imperador incorpora as qualidades de um grande líder democrático que incentiva o progresso e o crescimento dos seus liderados. O grande executivo ou empreendedor que reconhece as possibilidades e avança quebrando fronteiras e limites.  Que tanto vem para o bem quanto para o mal. Negativamente é o tirano, autoritário e inflexível. O líder que pratica assédio moral, o veterano da escola que pratica o bullying com o novato. Aquele que ignora ou humilha os que estão abaixo dele!


Personagem do Cinema – Mahatma Gandhi interpretado por Ben Kingsley no filme Gandhi de 1982. Este filme conta a história real e a trajetória política de um dos maiores líderes políticos do nosso tempo. Gandhi aparece como um idealista que pretende lutar contras as injustiças sociais e que sofre ao ver seu povo sob o domínio do Império Britânico. A trama mostra o jovem Gandhi sendo expulso de um trem na África do Sul por ser da minoria indiana que vivia naquele país. Ele então volta para o seu país, e no ano de 1915 começa uma série de protestos vigorosos, mas não violentos, pela independência de sua nação. Fica clara a extrema perícia deste homem em unir hindus e muçulmanos em torno de um objetivo comum: a libertação política da Índia e o fim da exploração do povo indiano com os pesados impostos tributários! O líder Gandhi tenta de todas as formas mostrar ao mundo que homens podem conviver entre si apesar de todas as suas diferenças. Ideal que em parte falha quando ele não consegue impedir a criação do estado do Paquistão que divide o imenso território indiano em uma nação hindu e outra muçulmana. Mas triunfa ao tornar a Índia independente sem derramar sangue dos dois lados, o que ele chamou de Satiyagraha (princípio da não agressão que ele usou pela primeira vez nos protestos que liderou na África do Sul). Liderança poderosa e inspiradora, visão política ampla e humanitária, determinação e força de caráter são alguns dos melhores atributos de O Imperador que são muito bem representados nesta obra cinematográfica!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Tarot e a Teoria do Karma

É surpreendente o número de pessoas que se envolvem com a leitura do tarot sem terem a mínima noção de certos conceitos espirituais! O Karma vem a ser o mais desconhecido de todos! Cercado de todo o tipo de preconceito, e medo, oriundo desse preconceito. 
Já escrevi sobre esse assunto no artigo O Tarot & o Karma, mas senti a necessidade me deter mais nesse tema para aprofundá-lo.
Primeiramente há quatro princípios básicos sobre o Karma que você deve saber antes de seguir adiante:

Karma, uma força de coesão universal.

1ª) O Karma não é sempre negativo, por isso não é uma punição, nem um prêmio caso seja um Karma positivo, é simplesmente o fruto de nossas ações voltando para nós mesmos!

2ª) Não se "pega" o Karma de ninguém, se você se envolveu no contexto Kármico de um parceiro(a), amigo(a), marido/esposa etc, é porque você fazia parte dele! E há, portanto, coisas nessa vivência que servem ao seu crescimento interior.

3ª) O Karma tanto pode ser individual quanto coletivo. O que significa que tanto pode ser o resgate ou o aprendizado de uma só pessoa, quanto o resgate ou o aprendizado de um grupo de pessoas, família, ou nações e etnias inteiras!

4ª) A lei do Karma não deixa de acontecer porque você não acredita nela. A palavra Karma vem do sânscrito e quer dizer “Ação”, assim é uma lei que podemos definir como sendo também física, e muito parecida com a terceira lei do movimento de Isaac Newton que diz que: "Toda a ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido contrário". Encaixa-se também muito bem nas teorias de Charles Darwin que diz que uma espécie se adapta e melhora seus genes para que a geração futura sobreviva e continue evoluindo. Nossa alma, ou consciência, melhora a si mesma para continuar sua evolução. Simples assim!

A semelhança do Karma com as teorias científicas fica muito bem explicada no axioma hermético conhecido como o Princípio da Correspondência que diz: “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima”. Por esse motivo o que ocorre no mundo físico ocorre no mundo espiritual. O que ocorre no, ou com, o planeta ocorre conosco. O que ocorre fora de nós também ocorre dentro, e assim por diante! Portanto, evoluir a nós mesmos através da auto-observação e da observação do que se apresenta diante de nós, bem como preservar as espécies para que continuem sua evolução é uma responsabilidade de todos!
Karma não é uma ideia religiosa, é um conceito espiritual cuja base é o retorno natural das nossas ações e reações a este mundo na interação que fazemos com ele e seus habitantes! A quem se pergunta: “Evoluímos pra quê?” a resposta é: Evoluímos para nossa própria libertação da roda reencarnatória, que Buda chamou de Samsara. Ao rompermos com esse ciclo entramos num nível de consciência inimaginável de total ordem, paz e perfeição. Sem desejos e apegos, e por isso sem sofrimento de nenhuma espécie. Não é um paraíso prometido como nas escrituras das religiões judaico-cristãs, é um estado de consciência e espírito conquistados através do trabalho sobre si mesmo. No oriente essa consciência foi chamada de Nirvana.

O TAROT COMO UM MAPA DA ALMA



No tarot os ciclos Kármicos ruins são perfeitamente reconhecíveis quando um cliente apresenta o mesmo ciclo de vivências. Como quando sofremos os mesmos tipos de desilusões amorosas, profissionais, familiares, de amizade etc. Na verdade estamos repetindo essas vivências porque elas representam um aprendizado Kármico não absorvido nesta ou em outras vidas, que se apresenta continuamente até que o padrão de consciência que criou o bloqueio seja absorvido! Fica aqui claro então que o que liberta o Karma é a conscientização do que está bloqueado e que serve como uma lição a ser absorvida no processo evolutivo da alma. E nesse aspecto o tarot funciona como um instrumento preciso de revelação desse bloqueio, oportunizando a possibilidade de libertação e evolução do Karma pessoal.
Na prática do tarot isso pode se evidenciar em sucessivas leituras, quando o cliente apresenta sempre os mesmos tipos de temática no seu processo pessoal. Outras vezes isso se revela numa mesma sessão, quando a própria leitura revela que ali está ocorrendo um processo Kármico. Por fim há aquelas almas já em avançado grau de maturidade que, ao se depararem com um sofrimento procuram os arcanos para lhe fazer as perguntas mais produtivas, tais como: “Por que isso está acontecendo comigo?” ou melhor “O que tenho para aprender ou crescer com isso? Possibilitando assim que o tema seja abordado!

A Lua, no tarot de Marselha.
O arcano XVIII, A Lua é o que melhor representa os movimentos de complexos atávicos do inconsciente vindo à tona, e causando, desconforto, angústia, medo e ou desorientação. Essas sensações desagradáveis são características de vivências Kármicas pesadas e muito antigas para a alma. Na imagem desse arcano, dois lobos uivam (o chamado da matilha para resgatar membros desgarrados) e esse chamado sempre causou medo no Inconsciente Coletivo da humanidade. Das águas (símbolo da memória bem como do inconsciente, tanto coletivo quanto individual) emerge uma lagosta (um crustáceo, uma das formas de vida mais antigas do planeta), que parece que vai atacar os dois animais desavisados. A noite por si só é o arauto das coisas submersas, ocultas e misteriosas da vida. O espaço do dia que dá vazão às nossas mais variadas fantasias. O arcano de A Lua simboliza os temas não resolvidos internamente e que oprimem a consciência. São temas com que não lidamos de modo livre e gratificante, ou seja, que “nos deixam no escuro”, desorientados e sem saber para onde ir. Criam o que os círculos esotéricos chamaram de a Noite Escura da Alma. Essas sensações são criadas por que intimamente nos sentimos de algum modo intimidados e incapacitados de lidar com esse tema quando ele se apresenta. O sofrimento ou limitação que ele representa estão encravados em nós numa memória muito mais profunda do que a que dispomos conscientemente. Os Karmas negativos são isso.
É claro que o simples aparecimento deste arcano não prenuncia uma vivência Kármica, outros fatores devem ser observados como a posição que ocupa no jogo e o aparecimento de muitos arcanos invertidos, por exemplo. As cartas invertidas indicam qualidades da psique com que não estamos conseguindo lidar livremente, e podem ter gerado, ou estão gerando, situações Kármicas. Mas nada disto é uma regra! Com sempre sugiro o uso da intuição  e do feeling pessoal de cada leitor! Robert Wang, autor do livro *O Tarot Cabalístico, diz que o aparecimento de muitos arcanos maiores numa leitura assinalam uma situação Kármica na vida de quem se consulta. Entretanto ele considera que quando uma situação Kármica ocorre não há muito o que o livre arbítrio possa fazer, e eu sinceramente não concordo muito com essa perspectiva. O livre arbítrio pode interferir superando ou trazendo simplesmente serenidade diante do desafio. Contudo também acho válida essa percepção, mas outra vez sugiro a guiança da Voz Interior do intérprete do tarot para validá-la.
O processo angustiante revelado pelo arcano de A Lua nos faz lembrar de que a intensidade de um Karma negativo pode ser avaliada pela intensidade do sofrimento que a situação está causando. Quanto mais sofrimento causa, mais antigo é o processo que gerou este sofrimento. Da mesma forma um Karma positivo pode ser avaliado pela intensidade de benefícios que ele gera. A intensidade também denuncia o tempo em que se vem desenvolvendo aquele estágio evolutivo. Quanto mais se sofre com um  mesmo tipo de envolvimento afetivo, por exemplo, mais o aprendizado requerido nesse tipo de relacionamento é antigo! O amor e o sofrimento (equilíbrio/desequilíbrio) são o peso e medida que caracterizam o Karma.
Outro aspecto importante de se entender é de que não é por ser Kármico que é de vidas passadas! O que semeamos tende a voltar imediatamente para nós para ser equilibrado. O que acontece é que podemos demorar muito para resolver essa “pendência desarmonizadora”, e o resgate não cumpra o prazo de uma vida. Então aos morrermos o processo é suspenso para ser novamente retomado ao renascermos. Do mesmo modo que seja lá um Karma bom ou ruim, o fato é que temos de nos livrar dos dois e parar de gerar KarmaEssa é a verdadeira transmutação espiritual. A dualidade da consciência humana é que gera o Karma e nos mantém presos à roda do nascer, morrer, renascer.

A Roda de Samsara.
Para finalizar apresento as conclusões sobre o Karma de um grande estudioso do tarot, do simbolismo e da espiritualidade, Veet Vivarta, em seu excelente livro **O Caminho do Mago – Uma Visão Contemporânea do Tarot. Fiz a cada passagem um comentário explicativo, para o caso dos termos empregados serem desconhecidos de quem não tem familiaridade com a leitura de textos espiritualistas:

1º) Karma é o conjunto ou somatório de conceitos, crenças, julgamentos, interpretações, valores, atitudes, hábitos, emoções, desejos ou comportamentos que de alguma maneira deformam a realidade maior impedindo-nos de reconhecê-la como ela é.

- Distanciados da realidade de que somos todos parte de uma consciência divina abarcante, começamos a produzir Karma. Os indianos dizem que Deus brincou de esconder consigo mesmo, o Deva Lilah (Divina Brincadeira), e lançou suas partes pelo universo, deu-lhes consciência própria e arbítrio e agora aguarda o seu retorno. Tornarmo-nos conscientes disso é o retorno à casa do pai de que falam as escrituras sagradas.

2º) Karma é tudo aquilo em nosso universo interior que nos mantém preso à ilusão ou maya, tudo o que nos afasta da Essência, tudo o que nos faz esquecer nossa origem divina e o caminho de volta ao lar.

- Maya são as ilusões que criamos com nossa mente. Criamos o dinheiro, por exemplo, depois acreditamos que não vivemos sem ele. Criamos as religiões, depois passamos a acreditar que nossa religião é a única verdade sobre Deus, e matamos e morremos por isso! Mas como nos lembrou bem Mahatma Gandhi, “Deus não tem religião”.

3º) Karma é realmente ação como diz a tradução literal do sânscrito. E, como ação, também é fruto do nosso dom de vice-regentes, ou livre arbítrio. E como toda ação gera reações – ou consequências – a ela.

- O livre arbítrio interfere tanto positiva quanto negativamente no Karma, o que pode modificá-lo, melhorando-o ou piorando-o conforme cada caso.

4º) Uma ação kármica pode acontecer em qualquer um dos quatro primeiros corpos, na forma de pensamentos, sentimentos, impulsos e concretizações. Mas sempre será uma ação desconectada do Eu Superior.

- Não há muito que explicar aqui, tudo o que pensamos, sentimos, fazemos (nos sentido de atuar) ou concretizamos gera Karma.

5º) O material kármico se manifesta em nosso cotidiano quase sempre de forma inconsciente. Ou seja, atuamos os padrões definidos em outras vidas sem perceber como e porque o fazemos.

- Justamente o trabalho com a linguagem simbólica como no caso do tarot, da astrologia etc, é que podem auxiliar a tornar isso consciente dando a possibilidade, como já mencionei, de transformar o Karma com a aplicação do livre-arbítrio.

6º) O karma é o que serve de matriz para o próprio ego. E o somatório do material acumulado por egos de várias vidas constitui o karma.

- Tudo o que somos hoje, tanto física quanto psicologicamente, foi moldado pelos Karmas de vidas anteriores. Inclusive traços bem específicos como maneirismos e características físicas, como cor dos olhos, formato do nariz etc.

7º) O karma também está sempre conectado com a projeção inconsciente; ou seja, o não reconhecimento de que a realidade ao nosso redor atua como um espelho. Karmicamente falando, a responsabilidade que atribuímos às pessoas ou os fatos externos que afetam nossas vidas nada mais é, na verdade, do que nossa própria responsabilidade não assumida conscientemente. Somos, sempre, totalmente responsáveis pela manifestação dos acontecimentos que nos afetam.

- Toda a vez que negamos que as raízes dos nossos problemas estão na verdade em nós mesmos, estamos gerando cada vez mais Karma tanto para essa vida, como para existências futuras! Esse tipo de negação nos impede de obter a conscientização que nos liberta do Karma no processo de auto-observação e autoconhecimento. 


Namastê!

* Editora Pensamento. São Paulo, 1994.
** Editora Francisco Alves. Rio de Janeiro, 1996.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O Hierofante - Arcano V

Título Esotérico – O Mago do Eterno (O conhecedor dos segredos e valores que transcendem o mundo físico-material e temporal).

Analogia Astrológica – Touro (O 2º signo), a semente lançada em Áries desponta e precisa apenas de um tempo firmemente plantada no solo para crescer e dar flores e frutos. Este é o signo da consciência acumulativa para obter, possuir e reter tudo o que e necessário à manutenção da vida em segurança, o que também requer tenacidade e perseverança. Grandes qualidades taurinas! Interessa-se igualmente por valores e recursos humanos, pois quando não edifica valores internos Touro fica apático e dependente.

Analogia Numerológica – Tradicionalmente conhecido como o número da mudança, o 5 representa as sucessivas mutações da consciência em busca de sua expressão máxima ou perfeição espiritual! A sua forma lembra um meio quadrado equilibrado sobre um meio círculo que aludem a esta busca por harmonia entre o material e o espiritual. Harmonia esta só encontrada quando os valores superiores (éticos) preponderam sobre os inferiores (egoicos).

O Arcano – Um sacerdote de barbas brancas vestido com sua indumentária cerimonial completa está à frente de dois discípulos cujos rostos permanecem incógnitos. Uma das figuras estende a mão na sua direção como que pedindo sua benção ou ajuda. O outro está com as mãos espalmadas como se tivesse captando algum tipo de emanação que vem da figura do sacerdote. A mão direita do Sumo Sacerdote aparece com um gesto de benção espiritual em que levanta apenas os dois dedos, indicador e médio. Na sua mão esquerda ele tem uma luva amarela onde se pode ver a *cruz dos templários desenhada, e com ela segura uma cruz de três braços (a cruz papal). Em sua cabeça o chapéu cônico dos Papas, e atrás dele vê-se discretamente duas colunas como no arcano de A Sacerdotisa.

Significado - Este sacerdote é um Hierofante católico, o Papa, cuja crença católica diz ser o representante de Deus entre os homens. A palavra Hierofante deriva do grego e quer dizer “aquele que leva ao sagrado”. Ou seja, ele é o pontifex, uma palavra latina que significa “o construtor de pontes”, que une o homem ao sagrado da vida e dele mesmo. O Hierofante e pontifex não se resumem às crenças do catolicismo. Esse mesmo papel é representado pelos xamãs das culturas tribais, os curandeiros, terapeutas, conselheiros, professores ou aquelas pessoas que representam para cada um de nós uma presença de equilíbrio. Um amigo ou alguém em quem confiamos e respeitamos sua opinião. O arquétipo do Hierofante é extremamente amplo e flexível! Os dois discípulos à sua frente reforçam esse simbolismo. Um parece estar pedindo diretamente sua ajuda, o outro parece estar embevecido com sua presença e exemplo. O gesto de benção que ele sustenta com o dedo indicador e o médio evoca a natureza divina e humana em sua figura. Ou seja, ele é consciente da sua natureza divina e da natureza divina que habita todas as coisas, e grande parte do seu trabalho é resgatar isso dentro de cada homem. E divino aqui não tem um significado só religioso, mas espiritual e transcendente! A luva encobrindo a mão simboliza o domínio sobre os temas ocultos ou secretos que ele guarda e defende distribuindo-o somente a quem faz por merecer. Daí a cruz dos Templários, os guerreiros sagrados. A cruz de três braços é a cruz Papal. Seus braços tríplices são interpretados de muitas maneiras. A primeira interpretação é sobre o seu simbolismo na figura do Papa e suas atribuições dentro da Igreja Católica, a de sacerdócio, jurisdição e magistério. Quer dizer que ele é a conexão com Deus, o criador das leis éticas nas relações humanas e o instrutor para aqueles que comungam com ele. Num nível mais amplo seria a representação da igreja, do mundo e do céu divino. Também simbolizam os três reinos aos quais estamos todos submetidos: corpo, mente e espírito. As colunas do templo simbolizam aqui como em A Sacerdotisa a fonte dos mistérios da vida que ele, O Hierofante, tem de modo ordenado, conceitualizado, e sistematizado, ao contrário de A Sacerdotisa que os possui de modo puro, íntimo e direto.

O Hierofante no Osho Zen tarot.
Divinação – Realização social, a persona. Aquele que se realiza na atividade que faz, que vê um sentido profundo ou mais amplo na sua atividade. O ápice da realização social, o indivíduo respeitado, admirado, proeminente em seu meio. O bom exemplo a ser seguido, quer seja no mundo prático, quer seja no mundo espiritual. O encontro da vocação dentro das funções sociais. O amigo, o conselheiro, consultor, terapeuta, xamã. Médico, profissional da saúde. O curador em todas as suas representações. O ensino superior em todas as suas formas, desde o acadêmico (até pós-graduações, mestrados e doutorados), ao espiritual (como iniciações em linguagens simbólicas e esotéricas; tarot, astrologia, cabala, numerologia, magia, artes de cura etc). O professor, o orientador e ou o Mestre. O senso de valores internos, éticos e morais. A ética. O bom conselho e a boa orientação. Representa todos os mestres, guias e instrutores espirituais encarnados ou desencarnados.  Negativamente ele é o dogmatismo, que literalmente é o apego à própria opinião. O preconceito, a inflexibilidade. O tradicionalismo e o moralismo exacerbados que quando assim colocados não se adaptam ao gênero humano amorosamente. As más instruções, ou maus exemplos, também seriam uma perversão extrema deste arcano.


Personagem do Cinema – Tenzin Gyatso (personagem interpretado por Tenzin Thuthob Tsarong, um ator desconhecido), no filme Kundun de 1997 dirigido por um dos maiores cineastas de todos os tempos, o norte-americano Martin Scorsese. É a história real do décimo quarto Dalai Lama. O jovem Tenzin vive com seus pais nas montanhas do Tibet e um dia recebe a visita de monges que o identificam como a encarnação do décimo terceiro Dalai Lama falecido dois anos antes. Ao completar quatro anos ele é levado para Lhasa, a capital do país, e passa a ser educado como um monge e preparado para se tornar o chefe político-religioso de toda a sua nação. O menino surpreende pela clareza de memória que possui sobre sua encarnação pretérita e pela disposição que possui de cumprir seu papel. Aos catorze anos ele começa a enfrentar problemas com a China que tem planos de tomar posse do território do Tibet. Aos dezenove tem de fugir dos chineses que pretendem matá-lo para destruir a cultura tibetana. Ele se refugia na Índia e de lá começa a divulgação do budismo tibetano, que desde então se alastra pelo mundo! Disciplina, exemplo, a preservação amorosa da cultura e da tradição, espiritualidade, humildade, compaixão e ajuda ao próximo são temas apresentados e abordados no filme que refletem com perfeição alguns dos melhores atributos do arcano de O Hierofante.

*Nessa edição do tarot de Marselha, que é espanhola, a cruz curiosamente não aparece! Mas consta nas outras edições! Ainda assim eu a utilizei por considerá-la uma das mais belas versões deste baralho.