segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O Tarot e a Paternidade

A relação com o pai estimula na criança uma interação com o mundo prático dos limites e da realidade.  Quando este relacionamento é saudável o indivíduo sabe como se posicionar no mundo, não se sentindo ameaçado por figuras de poder e autoridade. Confia em si mesmo e em seus potenciais, e por isso não precisa de autoafirmação constante do seu ego. Sente-se bem consigo mesmo e, se for um homem, vive sua masculinidade de modo muito saudável e tranquilo. No caso dessa relação ser desequilibrada o indivíduo não consegue estabelecer regras para seu próprio crescimento, tem dificuldade em se organizar no mundo prático e de confiar no sistema, nas pessoas e em si mesmo. Podendo vir a se tornar desajustado ou violento, inclusive com aqueles que ama. Apresento aqui as relações paternas sob a perspectiva do simbolismo do tarot. Como nunca é demais lembrar, uma leitura de tarot se resume na capacidade de se ver a interação entre todos os arcanos presentes, perceber suas nuances dentro dessas interações, e acrescentar a isso a indispensável orientação intuitiva para a interpretação dos seus símbolos. Dito isto lembre que o que é apresentado aqui varia de intensidade de pessoa para pessoa, e conforme cada caso. Vamos aos arcanos na paternidade:

Arcanos Maiores


Arcano de O Imperador, do 
Druid Craft tarot.
IV O Imperador
O próprio arquétipo do Pai. Realista, prático e protetor, o que apresenta a criança ao lado real da vida e a ajuda a ir para o mundo. Protetor e provedor, mas estimula a ação, a autoconfiança e o autodesenvolvimento.

VII O Carro
O pai competidor. O que impele o filho a superar a si mesmo, ou aos seus próprios feitos (dele o pai). Se for imaturo acaba rivalizando com o filho e tenta deixá-lo para trás, ou o faz se sentir inapto o tempo todo.

IX O Eremita
Pai mais velho, ou muito sério e interiorizado. Pode também representar outro homem que exerceu a função de pai, como um padrasto, avó ou tio mais velho. Com esse pai a criança pode ter aprendido a ser cautelosa com as coisas e as pessoas na vida, e com dificuldade de confiar na proteção e no cuidado dos outros.

XVI A Torre
Pai ausente afetiva ou fisicamente, o que pode ter gerado insegurança ou ansiedade na criança. Conforme os outros arcanos pode indicar uma presença paterna perturbadora, como um pai violento, alcoólatra ou com distúrbios psiquiátricos.

Arcanos Menores


O Rei de paus, do
Osho Zen tarot.
Rei de paus
Pai positivo, caloroso, forte e realizador, não mima, mas estimula a crescer e se desenvolver. É um provedor, mas também um ser livre! Estimula a iniciativa, a independência e o enfrentamento das questões da vida. Pode ficar impaciente com as necessidades sempre urgentes dos filhos.

Rei de copas
Pai amigo, bom ouvinte, mas é mais um conselheiro, companheiro ou analista do filho do que propriamente um provedor no mundo prático. Pode representar um indivíduo imaturo ou esquivo nas funções paternas, por fragilidade ou incompetência mesmo.

Rei de espadas
Pai duro, firme. É um disciplinador e educador eficaz, estimula nos filhos a busca por altos ideais. Ensina a criança a seguir regras, quer ser ouvido ou obedecido (ou ambos). No seu aspecto negativo é afetivamente distante, podendo ser autoritário ou opressor.

Rei de ouros
Pai empreendedor, disciplinado que acredita que crescer é prosperar materialmente. Estimula disciplina, boa formação e compostura social. Negativamente pode ser um materialista arrogante que oprime os filhos com seu poder material ou os incita a segui-lo.

Ás de paus
Indica fertilidade masculina, e pode alertar para o risco de o consulente se tornar pai em breve. Um símbolo positivo para homens que desejam a paternidade.

Leia também: O Tarot e a Maternidade 

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O Tarot e a Maternidade

A relação com a mãe define a expressão afetiva da criança. Quando bem equilibrada cria pessoas capazes de cuidar afetivamente de si mesmos e daqueles que amam. Quando esta relação, porém, sofre distorções cria todo o tipo de dificuldade de vínculos, entrega e medo das emoções profundas! A relação com o materno é um verdadeiro culto na sociedade ocidental, veneradas e sobrecarregadas as mães são motivo principal de mais de 90% das terapias psicanalíticas de desenvolvimento pessoal. Aqui apresento as possíveis relações com a maternidade e a gravidez sob a perspectiva simbólica do tarot. Sempre lembrando que ler as cartas não é um processo matemático, e por isso as interações com os outros arcanos numa leitura, mais a capacitação intuitiva do leitor de fazer mais conexões, ampliarão e enriquecerão esses simbolismos. Podendo também intensificá-los ou suavizá-los conforme cada caso. Vamos a eles:

Maternidade
Arcanos Maiores


III The Empress - Tarot Series -
Artist Odessa Sawyer
III A Imperatriz
A mãe biológica ou adotiva. O próprio arquétipo materno, e a qualidade da maternação de cuidar, amar e proteger, presente até mesmo na personalidade de alguns homens.

VIII A Justiça
A mãe prática e objetiva ensina desde cedo a criança a assumir responsabilidades por si e por sua vida.

XI A Força
Mãe controladora e ou opressora. Sua ânsia por cuidar a torna uma castradora da espontaneidade da criança. Pode representar outra mulher que entrou para desempenhar o papel de mãe, como uma madrasta ou avó, e com quem a criança teve de se adequar. O que pode ter estimulado a repressão da sua expressividade.

XVIII A Lua
Uma figura materna ausente, afetiva ou fisicamente. Uma presença vaga na vida da criança, fonte de medos e carências que se manifestam na vida adulta. Dependendo dos outros arcanos pode indicar mãe problemática, desequilibrada ou violenta.

Arcanos Menores

Rainha de paus
Mãe amorosa, nutridora e cuidadora. Valoriza a troca afetiva, a presença e o bem estar dos seus. Negativamente é invasiva e opinativa demais.

A Rainha de copas,
do Alchemical tarot,
by Rober Place.
Rainha de copas
Também amorosa e cuidadora, mas mais espiritual e um tanto frágil. Difícil para ela colocar limites e dizer não aos seus filhos. Podendo ser fraca, doente, ou subjugada por outro membro da família.

Rainha de espadas
Essa mãe é crítica, dura e exigente. Valoriza e instiga o intelecto e o desenvolvimento acadêmico dos seus filhos. Ensina disciplina organização e regras.

Rainha de ouros
Mãe forte e protetora. Estimula a relação dos filhos com a realidade e com o corpo, e também a valorização e o cuidado com o que possuem. Cuida de sua aparência e exige o mesmo deles. É também cuidadosa e protetora, mas negativamente pode se tornar apegada aos filhos disputando-os com o mundo. Ou pelo contrário pode se apegar ao que possui e se tornar mesquinha com eles.

Gravidez
Arcanos Maiores

Ás de copas, do Silver 
Witchraft tarot

III A Imperatriz
Gestação tranquila, maternidade suave e ideal. A nutridora. Ama intensamente a gravidez e toda a gestação. A gravidez como a realização de uma importante etapa do feminino.

XVI A Torre
Interrupção da gravidez. Aborto espontâneo ou provocado voluntariamente.

XVIII A Lua
Gestação complicada, com muitos problemas de ordem emocional ou mesmo física. Dependendo do resto do jogo pode indicar o desconhecimento de se estar grávida, ou ainda esterilidade ou dificuldade de engravidar.

Arcanos Menores

Rainha de copas
Indica gravidez vivida profundamente. Conexão com a criança, seja afetiva ou psiquicamente. Aceitação plena da gravidez. Gestação que transforma a mulher de algum modo muito íntimo.

Valete de ouros
Gestação em fase inicial. Gravidez que se confirma. Pode indicar ponderação sobre a continuidade ou não da gravidez, ou sobre a vida a partir desse fato.

Ás de Copas
Indica a fertilidade feminina, podendo avisar sobre um período fértil, ou um risco de gravidez. Um bom sinal para mulheres em tratamento de fertilidade.

Leia também:  O Tarot e a Paternidade  


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Tarot e o Abuso de Poder

Poucas coisas corrompem mais do que o poder e nem todo o poder vem da superioridade financeira, mas também da vantagem intelectual, hierárquica ou dos vínculos afetivos. O poder corrompido tenta extorquir do outro mais do que ele pode, deve ou é capaz de dar dentro da relação, seja pessoal, profissional ou social. O poder abusivo pode ser tanto moral e financeiro quanto sexual, e corrompe a estrutura psicológica do outro tornado-o refém do medo e da ideia de que é incapaz de combater ou se igualar ao seu abusador (ou abusadores). A seguir apresento algumas cartas que podem indicar uma incursão nesse tipo de excesso de modo muito nocivo. É evidente que os arcanos aqui citados estão sendo avaliados na sua perspectiva simbólica mais sombria e negativa, e que dependem, como sempre, das influências que sofrem dos outros arcanos que as cercam numa leitura para formar essa perspectiva.

De Poder
Arcanos Maiores

III A Imperatriz
Aquela que abusa do poder do amor para oprimir “Ninguém vai te amar como eu”, ou “Depois de tudo o que fiz por você?”, escraviza pela carência, finge dar proteção para proteger a si mesma. A tirania da mãe “Se sair de casa eu me mato!” ou “Depois que você se foi eu fiquei muito doente”.

IV O Imperador
Aquele que detém uma posição superior, ou muito superior, e não admite ser contestado! O chefe, o déspota, o tirano! Ou tiraniza pela posição natural tipo “Eu sou seu pai, tem de me obedecer!” ou ainda “Eu é que sou o chefe aqui!”.

Arcano de O Diabo,
do Gilded tarot.
XII O Enforcado
A Tirania da vítima, “Olha só como eu estou!”, “Eu já sofri tanto!”, “Vou me matar, não aguento mais!”. Aquele que chora no meio de uma discussão e se arrepende para ter a comiseração dos outros: “Você tem razão eu errei, eu não presto!”.

XV O Diabo
Manipula os outros de algum modo, depende de outras cartas para confirmar a intensidade disso. Adora deter o poder e de estar no meio dos jogos de poder. Quer submeter os outros ao seu comando e suas regras. Maligno, podendo vir até a ser criminoso.


Arcanos Menores

Rei de espadas
Aquele que gosta de mandar e delimitar seu poder com humilhação e arrogância! O assédio moral.

Rainha de espadas
Afirma o seu poder com muitas críticas, apontando os erros e fazendo o outro parecer incompetente ou incapaz!

Cavaleiro de espadas
O tipo que se afirma com ameaças de prejuízo, ou agressão física, e até mesmo a morte em casos extremos. Animosidade. Mesmo que não declare abertamente há sempre um clima de ameaça pairando no ambiente.

Rei de ouros
Afirma o poder pelo dinheiro, tipo “Eu te sustento!”, ou “Sem mim você não sobrevive!” ou ainda ostenta seu poder e conquistas para mostrar para o outro que é mais porque pode mais.

Rainha de ouros
Age como o rei, adora ainda mais ostentar o que possui e de que “vive” mais do que os outros. Ama a sofisticação e o luxo e com isso mostra para o outro o quanto ele é “pouca coisa”.

Sexual
Arcanos Maiores

XI A Força
Arcano de A Força,
do Voyager tarot.
Aquele abusador que seduz se fazendo de apaixonado pela sua vítima, aproveitando-se de sua pouca experiência. Comum no caso de meninos que são abusados por suas babás, mas que depois se definem como “precoces”, apesar dos inúmeros bloqueios afetivos e sexuais que desenvolvem. “Você não é homem?” Indagam as abusadoras.

XV O Diabo
O próprio abusador que usa o outro apesar de sua fraqueza moral, afetiva ou até física (no caso de portadores de deficiência), o outro é só um instrumento para o seu prazer mórbido. Ele se acha acima da lei e da moral vigente. Vê a si mesmo como alguém “livre”. Procura fazer com que tudo o que ele deseja realizar sexualmente pareça uma coisa muito natural para sua vítima.

XVIII A Lua
Abusos cometidos em tenra idade, mas de modo confuso e nebuloso tanto para a memória quanto para a percepção emocional, como carícias que foram longe demais e a vítima não soube como se portar apesar de se sentir mal com tudo aquilo.

Arcanos Menores

A Rainha de paus
O abusador gentil que dá agrados e presentes, que substitui um dos pais, isso quando não é um deles! O carinho dado costuma ter um preço que o abusador convence a vítima de que não é nada ou muito pouco para tudo o que ela (e) recebe. Pode ser também o aliciador, o cafetão ou cafetina.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Tarot e a Mudança

A mudança é uma lei da vida e todos passamos por ela de um jeito ou de outro. Algumas mudanças surgem de modo repentino, impondo-se em nossas vidas e muitas vezes causando imenso desgaste por causa disso. Outras vezes aparece como uma necessidade intrínseca muito forte, como a necessidade de expressar algo, como um talento, uma ideia ou sentimento. A maravilha do tarot em sua riqueza simbólica é justo a de mostrar as muitas maneiras como as mudanças podem ocorrer e de que modo reagimos a elas, ou como as provocamos. Os arcanos apresentados a seguir são motivados pela busca, ou surgimento, do novo como uma solução ou evolução natural. Apenas os arcanos de O Carro, A Morte, A Torre, O Mundo e o 8 de copas se relacionam com o passado de alguma forma. Os demais são compelidos para diante e para o novo pura e simplesmente.

Arcanos Maiores

O Louco
Uma experiência inusitada e repentina que ativa um impulso interior por experimentação! O desejo de avançar sobre o desconhecido mesmo que sem garantias do seu desfecho. 

IV O Imperador

Deixar algo já conquistado e estável (e talvez superado), ir além.
Arcano de O Carro, do
The Night Sun tarot.

VII O Carro
Iniciar um novo caminho que está um nível acima do anterior, mas com um longo percurso ainda pela frente. Avanço.

X Roda da Fortuna
Mudança de Ciclo, virada da sorte ou do Karma. Um giro radical de 180º, uma oportunidade para explorar potenciais latentes.

XII O Enforcado

Uma mudança de perspectiva interior, geralmente dura e decepcionante, que muda a relação com o mundo exterior.

XIII A Morte
Mudança que ocorre por conta de uma deterioração lenta ou repentina. Morte, ruptura, separação definitiva.

XIV A Temperança
Mudança que ocorre por uma ampliação da consciência. Novos paradigmas, objetivos e metas. Viagem, abertura da visão interior.

XVI A Torre
Mudar (ou abandonar) algo que se apresenta instável, opressivo ou em estado crítico.

XXI O Mundo
Uma mudança que ocorre por finalização de um ciclo e início de outro. Como o sannyas, ou uma aposentadoria que abre espaço para uma nova carreira. Fim de um estudo. Viagem longa.

Arcanos Menores

3 de paus
Caminho que se abre para o inusitado. Possibilidade de mudança ou viagem. Incursionar no desconhecido.

8 de paus
Viagem. A mudança irrompe como um fato ou possibilidade iminente que amplia a percepção. Transição rápida ou repentina, de um estado de ser para o outro, de um lugar para o próximo.

Cavaleiro de paus
A mudança como um intento de progresso ou evolução.
O Valete de paus, do
Osho Zen tarot.

Valete de paus
A mudança como uma brincadeira estimulante, o novo pelo novo, como uma criança. Mudar para criar algo ou expressar-se melhor.

8 de copas
Abandonar o velho por ter perdido o seu sentido intrínseco. A busca por algo melhor ou mais elevado (que talvez ainda seja desconhecido).

Valete de copas
Mudar para ver novos ares, ambientes ou pessoas; sair para o mundo. Conhecer novos lugares, viajar ou mudar-se para longe. Ampliar relações sociais e ambientais.

2 de ouros
Mudança harmoniosa, ponderada, mas decidida e inexorável. Flexível adapta-se à mudança (ou muda intencionalmente a realidade) transformado-a em proveito próprio.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Desvendando a Mandala Astrológica


Um dos sistemas mais populares nas leituras de tarot, a Mandala Astrológica é um método que serve tanto para uma leitura geral do momento presente, quanto para uma avaliação de prognósticos sobre o futuro. Sua imensa flexibilidade e abrangência permite com que se possa abarcar uma gama muito grande de temas de uma só vez, e relacioná-los entre si! Há mais de uma década eu deixei de utilizá-la como método de abertura para uma visão panorâmica da vida dos clientes justamente por causa dessa abrangência. Depois de abrir muitas frentes e avaliar muitas coisas, eu ouvia sempre no fim de cada sessão: “Tudo o que você falou está certo, mas eu vim saber apenas disso...” Apontando para uma das casas que eu havia interpretado! Por isso adotei com o tempo a leitura da Cruz Celta, um sistema que revela mais objetivamente a situação ou vivência (ou conjunto de situações ou vivências) que motivam a consulta e que são perfeitamente reconhecíveis ao cliente. Hoje eu utilizo a Mandala Astrológica como um método de avaliação dos prognósticos para um ciclo de desenvolvimento de um ano, seja a virada do ano universal, ou o aniversário de uma pessoa. Meu propósito com este artigo é o de apresentar todas as possibilidades de exploração desse rico sistema de leitura que pode ser lançado de duas maneiras: Como uma Mandala simples de treze cartas, que pode ser constituída de arcanos menores e maiores misturados, ou apenas de arcanos maiores. As mandalas simples servem bem para leituras gerais do momento presente. A outra forma de se utilizar dessa sequência de leitura é combinando as cartas dos arcanos maiores e menores em pares, numa Mandala dupla.  Nesse caso os arcanos maiores e menores são divididos em dois maços e embaralhados separadamente. Retiram-se treze cartas do maço dos arcanos maiores para compor a primeira Mandala. Depois mais treze dos arcanos menores que formará uma segunda Mandala sobre a que já foi colocada na mesa, criando uma Mandala dupla com duas cartas em cada posição. Esta forma serve melhor ao lançamento de prognósticos! Na interpretação os arcanos maiores representam os acontecimentos, e os arcanos menores como esses acontecimentos se desenrolam, as suas consequências no mundo prático, ou ainda apoios ou posturas que assumimos diante deles. Agora vamos aos detalhes:

A Décima Terceira Carta

São treze cartas porque a carta central representa o próprio indivíduo no centro da Mandala.  Ela é colocada no final, depois de as doze posições zodiacais já terem sido preenchidas. E representa exatamente como imaginamos uma pessoa no centro do sistema solar na hora do seu nascimento, com todos os planetas girando em seu redor. Essa carta apresentará a direção interior do cliente ao longo do novo ciclo. Digamos que indicará o estado de espírito que ele assumirá durante todo o novo período. Os demais arcanos nas casas precedentes revelarão o desenvolvimento dos outros setores.

O Significado das Casas:


Casa I - (Corresponde a Áries) – Representa a trajetória da pessoa ao longo do novo ciclo, e o tema que funcionará como um pano de fundo que permeará todos os acontecimentos. A característica mais marcante da sua jornada durante todo o período. No plano físico rege a cabeça, e as funções neurológicas.

Casa II - (Corresponde a Touro) – O mundo das finanças, dinheiro, bens... Mas também valores pessoais a serem reforçados ou reavaliados ao longo da nova fase. Rege também os dons e talentos naturais que trazemos de modo potencial em nossa personalidade e que podem, ou devem conforme cada caso, ser mais bem explorados. No plano físico rege garganta, ouvidos e nariz.

Casa III - (Corresponde a Gêmeos) – As comunicação com o meio ambiente, e também a relação com os parentes mais próximos, como irmãos, tios, tias, sobrinhos etc, mas também com os vizinhos. As viagens curtas, os boatos e as notícias que chegam de modo casual se apresentam aqui. No plano físico rege pulmões e os membros superiores, braços e mãos.

Casa IV – (Corresponde a Câncer) – A relação com os pais e a família ancestral, em especial a relação com a mãe. Revela traços  e memórias da infância que ainda podem se fazer presentes. A relação com a nossa casa no aspecto emocional, tanto quanto no aspecto prático de propriedade. No plano físico rege o estômago e as mamas.

Casa V - (Corresponde a Leão) – A criança dentro de nós, ou uma criança real (Filhos). Criatividade, autoexpressão, autoerotismo, prazer, lazer, formas e ou locais de se divertir. Revela também os romances e as aventuras sexuais. No plano físico rege o coração

Casa VI - (Corresponde a Virgem) – Esta casa mostra como a pessoa vive sua rotina no dia a dia, e revela as tendências para a saúde como um todo, bem como sono, alimentação e tudo o que auxilia na prevenção ou no surgimento de sintomas físicos. Rege também o modo com que utilizamos dos dons e talentos naturais (ver casa II), a relação com colaboradores ou empregados, e os animais de estimação. No plano físico rege os intestinos, os cuidados com o corpo e a higiene pessoal.

As constelações astrológicas como aparecem no céu.


Casa VII – (Corresponde a Libra) – Rege o casamento, as sociedades e parcerias e tudo o que se refere ao outro. As situações de litígio aqui se referem à relação com o outro, seja pessoal ou de trabalho. Revela o que se espera das pessoas e o modo do indivíduo de se relacionar, e como ele busca a harmonia nas relações. No plano físico rege os rins e as vias urinárias.

Casa VIII – (Corresponde a Escorpião) – A sexualidade com o outro e as relações de cunho mais profundo ou intenso. Por ser a casa da morte e do renascimento ela nos mostra o que precisamos transformar para evoluir. Revela tanto morte quanto perdas. As sociedades secretas, a magia e o ocultismo como um todo são seus elementos, bem como os sentimentos ocultos sobre coisas ou pessoas são mostrados aqui. Heranças e investimentos financeiros também estão sob sua égide. No plano físico rege os órgãos sexuais, os ovários, os testículos, e os órgãos excretores como ânus e reto.

Casa IX – (Corresponde a Sagitário) – Os sonhos e metas pessoais, os ideais de vida, o modelo de vida que se almeja no futuro. Ideais políticos, as motivações espirituais ou religiosas (se houver). O ensino superior, graduações de nível acadêmico ou espiritual. As viagens longas e os assuntos relacionados ao estrangeiro, ou a temas alienígenas como um todo (como a ufologia). A justiça num sentido mais abrangente. Os litígios aqui se referem a grandes corporações, instituições, ou o próprio Estado. No plano físico rege as pernas e o fígado.

Casa X – (Corresponde a Capricórnio) – A carreira, o trabalho no sentido de uma missão a ser cumprida. A imagem que se passa para o mundo. A posição que se ocupa, ou que nos colocamos, no trabalho e na sociedade. A relação com chefes, líderes e a autoridade. Mostra a relação com a figura do pai. No corpo físico rege os joelhos, a coluna, os ossos, pele e dentes.

Casa XI – (Corresponde a Aquário) – Os amigos e os grupos de afinidade. Locais onde se reúnem muitas pessoas, como festas, agremiações, clubes, associações, sindicatos, fraternidades, etc. Também é a casa dos grandes Mestres, aquelas pessoas que nos estimulam ou nos inspiram a uma grande reforma de vida. No corpo rege tendões e ligamentos, e também o sistema circulatório.

Casa XII – (Corresponde a Peixes) – Esta é a casa do desenvolvimento espiritual, da meditação e das experiências místicas mais profundas. Como também da caridade, do auxilio desinteressado ao próximo, da compaixão e das ações de filantropia. Bem como dos desafios kármicos, dos eventos que nos desafiam a crescer enquanto indivíduos. Sendo assim simboliza os temas de difícil acesso no novo ciclo. Rege também o isolamento, quer seja ele voluntário como em retiros para repouso ou meditação, quer seja ele forçado como em internações hospitalares, ou uma parada simples para tratar da saúde. Experiências que nos forçam a refletir e revisar a vida. No corpo físico rege os pés e o sistema imunológico.

A roda zodiacal com os signos astrológicos,
base para a leitura da Mandala.


Para a interpretação posso sugerir algumas aberturas das casas astrológicas, como um guia que você poderá seguir quando estiver para ler os arcanos desse lançamento, abrindo na sequência dos elementos ou na sequência complementar como se segue:

Por Elementos:

Fogo – Casas I, V e IX – Representam a ação e o direcionamento de vida de quem se consulta no novo ciclo que se inicia. Mostra sua vitalidade e disposição para buscar a mudança, o esclarecimento ou a evolução.

Terra – Casas II, VI e X – Essas casas revelam sua ligação com o mundo prático das realizações e do cuidado com o mundo material, trabalho, finanças, saúde. Bem como o modo com que irá lidar com suas bases e realidade na nova fase.

Ar – Casas III, VII, XI – Simbolizam a comunicação, as relações, e também os projetos para o futuro, bem como os aliados que conquistamos para realização de tais projetos. Mostra também a interferência de terceiros nas realizações pessoais.

Água – IV, VIII e XII – Essas são as casas dos sentimentos mais profundos, e das memórias introjetadas que poderão despontar no novo ciclo para serem mais bem trabalhadas ou definitivamente curadas. Simbolizam tanto a infância quanto vidas passadas.

Por Complementação:




Casas I e VII – O indivíduo e sua relação com os outros, como fica? A ênfase do ano estará mais em si mesmo ou mais na relação ou consideração sobre o outro?

Casas II e VIII – Os valores pessoais passam pela necessidade de mudança e reavaliação interior ? Sobre suas posses e a possibilidade de investir e transformar sua realidade, ocorre?

Casas III e IX – A relação entre o meio ambiente próximo e os ideais e objetivos mais elevados, como se dá? Como se dá a busca pelo saber nesse ano?

Casas IV e X – Como se dará a relação entre a vida pessoal familiar e a vida profissional? De que modo a vida íntima interfere no cumprimento da missão de vida (ou o contrário)?

Casas V e XI – Como a expressão do ser e de suas necessidades afetará suas relações? Onde buscará, ou em quem, espaço para sua essência se expressar?

Casas VI e XII – Como a rotina será afetada por suas limitações e aprendizados de crescimento? De que modo a saúde responderá aos seus desafios kármicos no novo ciclo?

Caso não tenha intimidade ou identificação com a astrologia, abra as cartas na sequência em que foram dispostas na Mandala. Na hora de efetuar a leitura dos arcanos toda a técnica sucumbe diante da revelação intuitiva. Não é preciso de modo algum ser um expert em astrologia para realizar de modo eficiente a interpretação desse sistema. Tem que conhecer muito bem, isto sim, o simbolismo do tarot e adequá-lo ao significado das casas astrológicas que mais lhe pareçam pertinentes.

Leia também: Tarot & Astrologia 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

As Cartas Não Mentem Jamais?

A essa pergunta, que na verdade é uma máxima atribuída aos ciganos e transformada em interrogação, eu digo que N ã o! Elas não mentem! Por quê? Não vejo como símbolos do inconsciente poderiam estar errados sobre o que eles revelam espontaneamente. Nunca vi as cartas errarem, por exemplo, sobre uma questão do presente. O que vi, e vejo, são pessoas negando o que é revelado! Uma história que conto aos meus alunos, e que se passou comigo no início do meu trabalho com o tarot, foi o de uma senhora em torno dos seus sessenta e poucos anos que me procurou para ler as cartas. O tarot mostrava de cara que esta mulher tinha de aprender a seguir os desejos do seu coração, sem se deixar influenciar com as reações e opiniões daqueles que a cercavam... Antes mesmo de eu terminar a leitura ela me interrompeu dizendo que aquilo não era verdade! Que ela fazia sempre o que queria fazer sem se preocupar com o que os outros iam pensar, que era e sempre foi uma pessoa muito independente! Pois bem, pouco mais de meia hora depois de ter me dito isso a percebo olhando nervosamente para o seu relógio de pulso, até que me pediu: “Será que poderia fechar as cortinas da janela, por favor?”, então eu disse que por ser inverno, e a iluminação da sala ser indireta, o ambiente ia ficar muito escuro... Então ela me revelou que morava no prédio em frente, e que de sua janela era possível me verem atendendo em minha mesa de leituras... E eu perguntei: “Mas e daí...?”, ao que ela me respondeu um tanto constrangida: “É que este é o horário em que minha filha chega em casa, e não quero que ela me veja fazendo essas coisas...!”. Fiquei atônito por um tempo, mas decidi não voltar ao que tínhamos falado anteriormente. Em parte porque me pareceu que ela não estava totalmente consciente da sua contradição. E também porque acredito que não temos de provar nada a ninguém, nem esfregar na cara das pessoas verdades que elas não reconhecem ou não estão prontas para admitir. Não é este nosso papel! Não tenho dúvidas de que casos como este ocorrem o tempo todo, e sei que qualquer pessoa que trabalhe com o tarot, ou cartomancia, ou runas, astrologia etc, tem histórias bem similares ou idênticas a esta!

O Futuro que não se Realiza ou Escapa...

Erros sobre o futuro? Bem, este é um caso que deve ser bem avaliado. Em primeiro lugar o que nos é dado saber, nos é permitido mudar. E fazemos isso consciente ou inconscientemente o tempo todo! E nesse caso as previsões podem funcionar como uma autossugestão, que atua positiva ou negativamente dependendo das esperanças ou medos que cada um carrega intimamente sobre o que foi revelado! É nesses momentos que a programação do inconsciente atua, ou seja é um fator puramente psicológico! Há alguns anos atrás um cliente veio me procurar para ler o tarot. Era um rapaz de orientação homossexual que se dizia cansado de ter “casos”, ou namoros inconsequentes. Ele dizia querer um relacionamento firme, mas que também fosse uma história de amor com consistência e profundidade. Abri as cartas para ver as perspectivas nesse setor de sua vida e... Nossa! Estava todo mundo lá! O Mundo, O Sol, 2 de copas, 6 copas, o 10 de copas... Sim ele encontraria um amor, mas seria longe de onde vivia. Seria numa viagem a estudo ou trabalho. Ele ficou contente, mas questionou que não tinha intenções de sair do estado para trabalhar e nem tão pouco tinha nenhum curso em vista num período de curto a médio prazo! 
Prognósticos, bons ou ruins, ativam
as programações do inconsciente.
Alguns meses depois uma cliente dele se mudou para São Paulo e precisou de seus serviços de designer na sua casa no bairro dos Jardins, por gostar muito do seu trabalho, e não conhecer ninguém na nova cidade, o chamou para ficar duas semanas trabalhando por lá. Ele foi e nesse período conheceu outro rapaz com quem se encontrou duas ou três vezes antes de vir embora. Desse momento em diante passaram a viver uma relação intensa, mesmo à distância. O novo namorado ligava todos os dias de manhã para desejar bom dia. A cada duas semanas pagava passagem de avião para ficarem juntos. Até que um dia, o referido novo amor atendeu ao telefone de modo estranho, ficou de retornar e não o fez, depois não o atendia mais... Foi o que bastou para o jovem que se consultou comigo entrasse numa viagem mórbida de autodepreciação, dizendo que é claro que o namorado devia estar com outro, porque afinal ele era feio, magro demais, não tão bem sucedido... Quando finalmente voltaram a se falar, ele decidiu terminar tudo por telefone, e não atender mais aquele que parecia ser tudo o que ele queria de uma relação! Mais um tempo depois o namorado o procura e diz que estava passando pelo pior momento profissional de sua vida, e que tinha recebido uma notícia bomba justo naquele dia. Que estava profundamente magoado por ter demonstrado atenção às necessidades do parceiro, mas que quando ele precisou tudo o que teve foi desconfiança e acusações. Não pediu uma nova chance e sim quis terminar definitivamente, pois já tinha sofrido com o mesmo tipo de coisa no passado e não queria mais repetir isso em sua vida. 
O Amor, um tema tão atraente quanto
saturado de programas culturais.
Quando nos falamos depois de tudo, ele me dizia não compreender porque reagiu daquele modo. Conversamos sobre as programações que todos carregamos sobre o amor, e ainda mais as pessoas que pertencem a grupos minoritários. Ele então citou que seu pai ao perceber sua diferença desde cedo, dizia a ele que pessoas “como ele” nunca eram felizes! Precisa explicar mais? Poucas pessoas nesse mundo se acham merecedoras de amor e felicidade. Isso parece ser mais uma coisa para os outros. Muitos culpam a nossa cultura judaica cristã, mas o fato é que isso acontece com hindus tanto quanto com muçulmanos, tanto no ocidente quanto no oriente, ou seja, é humano! Se não fosse assim não haveriam tantas terapias para nos orientar no resgate da própria felicidade, amor e saúde! No relato que fiz a pouco observamos que o namorado do meu cliente também tinha uma programação de amar demais e não ser acolhido, e os dois se encontraram, ao que parece, para corroborar com o programa infeliz um do outro. Diante de um prognóstico positivo o condicionamento relacionado ao amor e à felicidade foi ativado, e fez desmoronar as boas perspectivas. Muitas pessoas fazem isso todos os dias sem se dar por conta de que o fazem.

O Futuro que não se Revela...

Há também aqueles casos em que pessoas alegam que coisas importantes não foram reveladas na leitura, e que consideram por isso que o oráculo (seja ele qual for) errou. Bem, vou discordar disso também. Como sempre digo os oráculos não são meramente instrumentos divinatórios ou de avaliação psicológica, são também chaves de crescimento espiritual. Tenho observado que o que não nos é dado saber é algo que temos de passar, porque de algum modo serve ao nosso crescimento e amadurecimento interior, e não nos ser revelado é a forma de impedir a interferência da consciência e do arbítrio na situação. Mais uma vez tenho um caso que ilustra bem o que quero dizer. Uma amiga me procura para ler o tarot, ia fazer uma viagem de um mês pelo interior da França, num tour pelas regiões da Provença à Bretanha, com um grupo de amigos. Estava muito entusiasmada em conhecer a região, e em especial a floresta de Paimpont, ex Brocéliande, onde se encontra o suposto túmulo do Mago Merlin. Já havia consultado uma astróloga, e uma numeróloga de sua confiança, e agora queria ver se o tarot tinha algo a dizer sobre precauções quanto à viagem... Lembro-me das cartas de O Eremita e de O Sol terem dito que estranhamente ela não seguiria com os outros. Assustada perguntou se ficaria para trás! Eu disse que não, que ela ia junto, mas que não iria a todos os passeios, embora eu não soubesse o motivo. Como fazem algumas pessoas, irritantemente, ela começou a argumentar que era estranho, pois era uma das duas únicas a falar francês no grupo, e que seria também a motorista de uma das vans que levariam as pessoas.


Leituras oraculares são uma interação constante
com os aspectos obscuros da alma humana.

Uma vez lá, ela finalmente foi a tão desejada visita à floresta mágica e mítica de Paimpont. E justo neste passeio ela cai de uma ribanceira enorme, quebrando o braço bem na junta do ombro. O resultado? Uma cirurgia cara e delicada, meses de recuperação e a recomendação médica de não andar por longas distâncias, nem subir declives, pois tinha a partir daquele momento uma liga de platina que juntaria os ossos e permitira a cartilagem se recompor. Essa era na época uma técnica desenvolvida lá na França, e que permitiria recuperar totalmente os movimentos do braço, ou seja, mesmo no azar ela teve sorte! Voltou impressionada com minha leitura de tarot, e indicou muitas pessoas a se consultarem comigo! Entretanto eu estava intrigado com o fato de eu ver a consequência e não o fato que a levou àquela situação. Nada na leitura dizia “cuidado”, ou assinalava perigo. Não havia nenhum arcano ameaçador. Discuti isso com ela que disse estar impressionada de qualquer modo, mas que de fato nada lhe foi revelado que pudesse evitar o que aconteceu! 
Até que um dia, num dos nossos encontros, ela me disse ter refletido muito sobre aquela nossa conversa, e concluiu que se tivesse sido avisada sobre o risco de um acidente evitaria ir à floresta. Sempre teve medo de lugares acidentados e temia ir até lá! Como nada foi ressaltado ela seguiu o plano da visita. Disse que depois de meses sem poder dirigir, nem sequer cozinhar e mal se servir sozinha, e de ter de ficar confinada em casa por longo tempo, se deu por conta que aquela era a primeira vez que ela estava podendo voltar a pensar em si mesma. E no fato de não estar mais empenhada, como desejou estar, em realizar as coisas que satisfaziam sua alma. Desde que se aposentou (e isso já tinha alguns anos) ela estava envolvida com assuntos da mãe idosa, da irmã divorciada e dos sobrinhos, e grande parte da sua angústia era a de não poder estar atendendo essas pessoas. Estava ocupada com todos, mas não consigo mesma. Passou anos num trabalho que não a realizava. Jurou para si mesma que depois de aposentada se dedicaria à sua busca espiritual e ao estudo da astrologia, uma antiga paixão, coisa que não estava fazendo. Mas só pode lembrar-se disso ficando literalmente imobilizada dentro de casa. Chegou à conclusão de que tinha sido essa a finalidade de sofrer o acidente: Fazer-lhe lembrar do que tinha esquecido, e do pacto que tinha feito consigo mesma. Concordei inteiramente. Houve um equívoco? E se houvesse os outros oráculos teriam se equivocado mais? Minha experiência e observação nesses anos todos diz que isso não existe. Quer chamemos de inconsciente, divindade interior (Eu Superior) ou Self, a verdade é que não obtemos a revelação de tudo dessa parte profunda de nós mesmos, para que não atrapalhemos ao processo de integração com nosso propósito de alma. Simples assim! Nem sempre é possível descobrir o motivo de uma revelação não ter sido feita, simplesmente porque isso compete em grande parte ao próprio cliente, olhar para si mesmo com franqueza e refletir, como o fez minha amiga. E isso é para poucos.

Sobre o Olhar do Leitor

É claro que podem ocorrer erros de interpretação do leitor, isto sim! E penso que para esses leitores é mais fácil dizer que os oráculos erram do que admitir sua própria incompetência! E nem sempre, é claro, é só uma questão de competência, ou a falta dela. É também uma questão de olhar. Durante seis anos tive um grupo de estudos de tarot que chamei de Consciência Arcana. Era formado por ex-alunos que quiseram seguir estudando e praticando o tarot de forma assistida, uma vez por mês durante quatro ou cinco horas. 
A perspectiva e o alcance do olhar do leitor
definem a amplitude de uma interpretação oracular.
 
Uma das experiências que eu mais gostava era quando alguém trazia uma leitura que tinha feito em casa para um amigo, colega, parente etc. Ao se abrir a leitura, aquele que a trouxe deixava os outros falarem, cada um na sua vez, o que percebia para depois contar o que de fato tinha lido e o relato de quem se consultara. Era surpreendente como alguns conseguiam chegar a detalhes que o próprio leitor ou tinha ignorado, ou simplesmente não tinha visto numa leitura geral, por exemplo, enquanto alguns viam ainda menos do que o outro conseguiu “enxergar”. Havia também aqueles que viam a mesma coisa! E, o mais fascinante, é que todos tinham o mesmo conjunto de cartas na sua frente. Desde então isso para mim é prova mais do que suficiente de que se ocorre um “erro” de leitura, isso nada teve a ver com a linguagem dos símbolos, ou com o sistema oracular que foi empregado. Sempre tem a ver com as pessoas! Por isso considero a afirmação do tarólogo suiço Oswald Wirth (1860-1943) que diz que: “O próprio do simbolismo é sugerir indefinidamente; cada um verá o que seu olhar permita perceber”, uma verdade irrefutável no trabalho com os símbolos.

Sobre a Natureza dos Símbolos


Para aqueles que dizem que os símbolos são falíveis porque são humanos, tudo o que posso dizer-lhes é de que possuem um conhecimento no mínimo limitado sobre sua natureza. Nenhum símbolo foi inventado. Os símbolos nos foram inspirados, por isso só em parte eles são humanos. São recursos simbólicos e culturais que o homem acessou no seu mundo próximo, mas que são a expressão de uma força transpessoal, cósmica, ou divina. Escolha a versão que mais lhe agrada, mas saiba de antemão de que são todas elas verdadeiras! Um bom exemplo disso vem da astrologia. O planeta Júpiter desde tempos imemoriais tem sido visto como o arauto da abundância, da expansão, da generosidade e da proteção. Sendo por esse motivo o representante tanto de reis, quanto de pessoas nobres de alma. Isso tinha muito a ver com seus aspectos com outros planetas no céu, e o que ele promovia na Terra. Os antigos sumérios o chamavam de Enlil, deus do ar, do raio e das tempestades. Mas tarde os romanos deram-lhe o nome do seu deus supremo, Júpiter, que tem muitas das atribuições do Enlil sumeriano. Com a exploração espacial por sondas de todo tipo, e telescópios super potentes, as características astronômicas desse astro se revelaram. Descobriu-se, por exemplo, que Júpiter protege a Terra do impacto de meteoros e asteroides que podiam nos destruir (proteção/generosidade). Recentemente a sonda New Horizons mergulhou no espaço profundo para novas descobertas utilizando-se de seu imenso campo gravitacional como estilingue para se impulsionar na viagem, o que a fez alcançar a órbita de Plutão em 14 de julho deste ano (expansão). No século XVI esse planeta era associado às grandes navegações, e foi o regente das duas maiores nações navegadoras do mundo na época, Espanha e Portugal. Sem falar que este gigantesco corpo celeste emite mais energia do que recebe do Sol (abundância). 
Acho que você já leu estas palavras entre os parênteses antes, mas foi quando eu falava das suas antigas atribuições mitológicas dadas pelos povos do passado! Então como eles sabiam? É simples, não sabiam. Foram inspirados. Apenas usaram as imagens míticas que lhes eram conhecidas para expressar o que captavam intuitivamente da sua conexão cósmica. Estamos todos conectados, e como diz aquele axioma esotérico: “Assim como acima, abaixo...”. Portanto, um símbolo não pode ser influenciado ao se expressar. Porque é uma força transcendente que se utiliza de uma representação reconhecível à consciência humana para entabular uma conexão, e uma comunicação, com e através da alma.