1) Devemos jogar para nós mesmos?
O tarot, mosaico de símbolos que traduzem a experiência humana... |
Considero muito importante para o desenvolvimento de nossa percepção e intimidade com o simbolismo dos arcanos, além do próprio exercício de autoconhecimento, que joguemos para nós mesmos. Porém, como toda e qualquer situação em que estejamos muito envolvidos emocionalmente, considero mais seguro e proveitoso que procuremos outro leitor para abrir os arcanos para nós. Como costumo dizer: "Como ver o que está nas minhas costas (inconsciente)?". Sem falar que exercitar a humildade de nos colocar na posição de consulentes pode ser bem prazeroso; soltar o controle, deixar que os arcanos nos traduzam dentro da perspectiva de outro leitor pode ser também interessante e enriquecedor do ponto de vista do crescimento pessoal! A prática de inverter os papéis quando precisamos de orientação pode funcionar como uma experiência de totalidade com o tarot. Possibilitando-nos vivenciá-lo sob todos os ângulos! Permite-nos aprender com o que ouvimos nas percepções e intuições de nossos colegas dentro de uma perspectiva intuitiva... Uma troca interativa de experiências para muito além do plano racional de troca de informações pragmáticas! Infelizmente muitos tarólogos ao receberem um colega tendem a achar que estão sendo ”testados” ou “espionados”, o que é realmente lamentável! Estamos vivendo uma Era onde as obsessões paranoicas do ego para saber quem sabe ou pode mais devem ser eliminadas, para que possamos de fato nos ver como irmãos.
2) Posso emprestar meu baralho?
A maioria dos tarólogos tem por costume criar um ritual de consagração das cartas. Costumo dizer que concordo com os que dizem de que o tarot não precisa de rituais para funcionar, e é verdade! Porém, nós precisamos sim! E muito! Ao consagrar as cartas ritualisticamente estamos nos despindo da mente concreta do dia a dia para entrarmos noutro nível de percepção das coisas. E pouco importa se você considera que este seja um momento de introspecção e mergulho no inconsciente, ou uma fusão espiritual com guias e mentores espirituais com quem você se coaduna. O fato é que se trata de um momento profundamente íntimo em que estará criando um vínculo psíquico importantíssimo com o seu instrumento oracular. Por isso digo que não há problema nenhum em você emprestar seu baralho para alguém com quem compartilhe do mesmo nível de intimidade. Afinal absolutamente tudo o que tocamos em nossa rotina fica impregnado de energia. Você quer seu baralho imantado com as energias de uma pessoa que não lhe faz bem, ou que pareça destoar completamente de suas crenças e forma de viver o simbolismo das cartas?
Consagrar um baralho de tarot tem muitas similaridades com a programação dos cristais. |
Um baralho consagrado funciona exatamente como um cristal que foi programado! Ou seja, só pode ser manipulado por quem o programou. Eu já falei aqui também que se pode botar um nome mágico no seu baralho, como os magos de muitas tradições fazem com seus instrumentos mágicos. Isso torna possível dirigir intenções específicas para a leitura que se seguirá, e torna o trabalho com o tarot ainda mais parecido com a programação dos cristais para cura ou para funções oraculares! Então, apesar de acreditar que não há problema em emprestar seu baralho para uma pessoa amiga, creio que cada um deve ter seu próprio baralho, como cada um deve utilizar seus próprios cristais, pois foram programados para serem utilizados por você e ninguém mais. Não que as cartas deixarão de responder, mas com certeza fluirão melhor nas mãos de quem elas foram atreladas magicamente.
3) Como faço para consagrar as cartas?
Existem muitos métodos, aqui vai o que me utilizo, mas deixo claro que não se trata de um método definitivo. Quem acompanha meus textos sabe que acredito que “certo é o que dá certo”, e isso é o que dá certo pra mim. Escolha uma fase da lua de exaltação do psiquismo (crescente ou cheia) e veja, se possível, que aspectos ela faz no céu. Eu costumo começar num dia de lua crescente e concluo num dia de lua cheia. Decida se serão 7 ou 9 dias os que deixará o baralho para a consagração, que além de serem números ligados ao ciclo lunar, são também os símbolos na numerologia do desenvolvimento psíquico e da percepção espiritual da vida. Feito isso escolha um pano preto (cor que neutraliza influências externas) de fibras naturais, como linho ou algodão. Fibras sintéticas criam muita eletricidade estática. Coloque as cartas na seguinte ordem: do Mago ao Mundo e O Louco no final, quando ele se torna o sábio ao fim da jornada. As cartas dos arcanos menores devem ser colocados com a corte primeiro, na ordem: Rei, Rainha, Cavaleiro e Valete, e em seguida as cartas numerados de 1 a 10. A ordem dos naipes deverá ser a da manifestação: Primeiro Paus, do fogo criativo, depois Copas da intuição profunda sobre a criação, Espadas do discernimento e da verdade sobre a criação e, por fim, Ouros da concretização e estabilização do que foi criado!
A Sacerdotisa II, do Tarot of Buffy. |
Feito isso coloque sobre o pano e dando uma volta sobre o baralho mentalize numa frase clara a quem ou o quê você consagra o seu baralho. Por exemplo: “Consagro este baralho à minha Intuição Superior”, ou “Consagro este baralho às deusas lunares (pode dizer os nomes das de sua preferência se quiser) para que me guiem nas leituras”, e assim por diante. O número de voltas que dará no baralho com seu pano deverá ser o mesmo de dias em que o deixará envolvido, ou seja, 7 ou 9. Guarde o pano com o baralho de tarot num local onde você possa visualizá-lo durante este período. Pode ser no seu altar, caso tenha um, numa prateleira bem visível, ou numa gaveta que abra com frequência. Isso ajuda a reforçar o elo psíquico. Depois dos dias passados, retire o baralho abrindo cuidadosamente as dobras e a cada volta que desfizer agradeça às forças que evocou e saiba elas estão ali. Há pessoas que dormem com o baralho debaixo do travesseiro por esse período. Eu desaconselho, isso pode amassar as cartas ou as deixar caírem no chão... Mas se sente que assim será melhor, faça!
4) O que fazer quando não quero mais as cartas
ou quero dá-las a alguém?
Se não deseja mais o seu baralho, o que acho particularmente estranho já que tenho baralhos de mais de 20 anos dos quais não consigo me desfazer, você pode dá-los a alguém ou queimá-los! Caso tenha feito alguma consagração há um elo feito entre vocês, neste caso coloque as cartas na ordem que citei anteriormente, pois devolver os símbolos à sua ordem original equivale a "zerar" o campo vibracional do baralho. Agradeça o tempo, a conexão e os trabalhos realizados e em seguida presenteie a outra pessoa ou coloque fogo! O fogo é um poderoso sutilizador e transformador de energias, e essa opção é especialmente válida quando se trata do baralho de alguém que já deixou esta vida sem repassar seus tarots a ninguém.
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