terça-feira, 2 de julho de 2013

Reiki e Tarot Viciam?


Para minha surpresa me fizeram esta pergunta, e confesso que foi chocante para mim! E a pergunta me suscitou outra, muito natural a meu ver: por que você pensa isso?... Ao que minha indagadora respondeu: “Uma amiga minha está há muitos anos fazendo reiki com uma mesma pessoa e acho que ela está viciada!”. Logo me veio à cabeça a multidão de pessoas que frequentam academias quatro, cinco vezes por semana! Assim como há pessoas que fazem terapia com o mesmo psicanalista há anos, e até décadas, e pelo menos duas vezes por semana! Em ambos os casos essas pessoas nunca admitem serem chamadas de viciadas, afinal a definição de vício é a disposição habitual para certa ação que prejudica o executor da ação. E nesses casos citados o que está havendo é um investimento no bem estar pessoal e no aumento da qualidade de vida! Reconheço isso plenamente, mas porque em se tratando de reiki seria um vício? Não obtive resposta, só uma longa reticência. Acho que quando as pessoas falam em vício estão na verdade se referindo à segunda característica do vício que é a dependência da ação que o originou, quer seja fumar, drogar-se ou jogar compulsivamente. Infelizmente há tanto profissionais quanto clientes que estimulam as relações de dependência em atividades holísticas. A dependência de qualquer tipo é na verdade uma incapacidade de confiar, e até mesmo de reconhecer, os recursos próprios de autogestão.
E essa questão me fez querer escrever sobre isso.
Aqui estão algumas perguntas que tanto os cuidadores quanto os que buscam seus cuidados deveriam se fazer e refletir juntos para afastar o fantasma da dependência terapêutica:
1º) O que você está ganhando? Se perceber que está se sentindo cada vez mais relaxado, centrado e é capaz de observar progresso no rompimento de seus condicionamentos limitantes no plano mental e emocional, bem isso é um processo terapêutico de cura! E caso você se incomode com a frequência deveria mesmo é se questionar o motivo disto o incomodar a ponto de achar que está se tornando dependente! Se nenhum dos benefícios citados se apresenta, bem é mesmo hora de rever os fundamentos do tratamento.
O tratamento reiki, uma conexão do Self
com a energia vital do Universo.

2º) Você sente que sem seu terapeuta é incapaz de fazer e decidir coisas sozinho? Ou sente que a terapia serve como suporte para refletir e organizar os pensamentos sobre suas atuações nas suas vivências? A primeira situação é dependência, a segunda é terapia.
3º) A frequência com que você faz as sessões – semanal quinzenal ou mensal - foi discutida entre você e seu terapeuta? Há quanto tempo está assim? Sente necessidade de rever isso ou está confortável com essa periodicidade?
Essas são questões importantíssimas para que você reveja a quantas anda seu processo terapêutico com o reiki. Questionem-se também se a proposta inicial se perdeu ou continua a mesma, ou ainda se ela tem de se transformar. Lembre-se de que o reiki também é uma reposição da Energia Vital Universal, o Ki em nossos sistemas energéticos e conscienciais. Equivale a um “recarregar as baterias” no nível humano, energético e espiritual. Caso você que está se tratando seja daquele tipo que fica pensando no quanto seu terapeuta está ganhando com seu atendimento regular, eu o aconselho a deixar toda essa mesquinharia de lado para se concentrar apenas no que você está ganhando e dando para o universo a partir do que ganha!

E o Tarot?

As consultas de tarot não precisam de sessões com tanta regularidade. A dependência do aconselhamento do tarot se dá quando uma pessoa é incapaz de ficar sem consultar as cartas para coisas triviais, como saber os passos do namorado(a), seus sentimentos e sinceridade, ou quando, além de vigiar pessoas, quer também vigiar situações que estão fora do seu controle! A consulta às cartas é basicamente um momento de avaliação e reflexão sobre um dado período de tempo no presente, alguma influência passada, tendências futuras e avaliação interior, simples assim! As questões que levam uma pessoa a procurar o tarot são muitas vezes o resultado de um longo processo de acúmulo de problemas e protelação de atitudes de cura diante do desafio ou desconforto! Assim que as respostas são obtidas, um período para o desenvolvimento da cura é necessário. É preciso digerir as informações e, cada um a seu tempo, vai tomando as ações necessárias para que o quadro seja removido, ou transformado por completo!
Numa leitura de tarot é comum que as informações levantadas pelo simbolismo das cartas falem sobre como nos sentimos naquele momento, e qual é a origem e o foco de nossos sentimentos e perturbações. Geralmente, feito esta avaliação preliminar, decorrem perguntas sobre coisas que apareceram na leitura inicial ou que vão surgindo conforme os temas vão se desenrolando. Passado essa fase o tarólogo costuma comentar as respostas e apontar caminhos para a solução ou tratamento dos problemas do cliente dentro de seu cabedal de conhecimento, dos seus serviços terapêuticos, ou das conexões com outros profissionais e serviços que possa vir a indicar. Tudo isso precisa ser assimilado, desenvolvido e depois resolvido por aquele que veio buscar as cartas, o que leva algum tempo!


A leitura de tarot como um espelho preciso
das vivências tanto internas quanto externas.

Não há necessidade de reconsultas semanais, nem ficar confirmando as respostas dadas na primeira sessão. O espaço de tempo ideal entre uma consulta e outra é algo entre dois a três meses, podendo chegar até a seis meses conforme o caso! Assim as cartas cumprem sua função de ser um guia de cura espelhando a vida e a alma das pessoas no momento da leitura, que reflete muitas vezes processos antigos que devem ser reconhecidos, confrontados e posteriormente trabalhados e superados. Quando assim utilizada a tarologia torna-se um suporte seguro e muito eficaz de orientação oracular e terapêutica visando o autodesenvolvimento.
É evidente que situações inesperadas podem ocorrer e requererem uma consulta emergencial ao oráculo e é para isso que eles existem também: revelar panoramas futuros, e apontar os melhores caminhos de atuação! Acho importante ressaltar que as respostas do tarot não vem de quem o lê, mas da sabedoria interior de quem retira as cartas. O leitor não influencia isso de modo algum, é só um intérprete tradutor da linguagem simbólica. Seus conselhos e orientações sim é que levam a marca de sua personalidade e maturidade espiritual. Por esse motivo o tarólogo deve ser alguém empenhado também em desenvolver a si mesmo. Todo o resto é transpessoal, vem do inconsciente coletivo da humanidade, como nos disse Jung, ou do Grande Mistério como nos disseram os sábios ancestrais dos povos indígenas norte-americanos.
O tarólogo que se presta a ser apenas uma máquina de respostas, sem conduzir à reflexão e à transformação da consciência e das condições de vida de seu cliente, estará apenas insuflando ansiedade, angústia e insegurança, além de muita dependência, é claro! O que nada tem a ver com um verdadeiro trabalho com os símbolos da alma que vise o esclarecimento interior e a transformação da consciência!

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