Para minha surpresa me fizeram
esta pergunta, e confesso que foi chocante para mim! E a pergunta me suscitou
outra, muito natural a meu ver: por que você pensa isso?... Ao que minha
indagadora respondeu: “Uma amiga minha está há muitos anos fazendo reiki com
uma mesma pessoa e acho que ela está viciada!”. Logo me veio à cabeça a
multidão de pessoas que frequentam academias quatro, cinco vezes por semana!
Assim como há pessoas que fazem terapia com o mesmo psicanalista há anos, e até
décadas, e pelo menos duas vezes por semana! Em ambos os casos essas pessoas nunca
admitem serem chamadas de viciadas, afinal a definição de vício é a disposição
habitual para certa ação que prejudica o executor da ação. E nesses casos
citados o que está havendo é um investimento no bem estar pessoal e no aumento
da qualidade de vida! Reconheço isso plenamente, mas porque em se tratando de
reiki seria um vício? Não obtive resposta, só uma longa reticência. Acho que quando
as pessoas falam em vício estão na verdade se referindo à segunda característica
do vício que é a dependência da ação que o originou, quer seja fumar, drogar-se
ou jogar compulsivamente. Infelizmente há tanto profissionais quanto clientes
que estimulam as relações de dependência em atividades holísticas. A
dependência de qualquer tipo é na verdade uma incapacidade de confiar, e até
mesmo de reconhecer, os recursos próprios de autogestão.
E essa questão me fez querer
escrever sobre isso.
Aqui estão algumas perguntas que
tanto os cuidadores quanto os que buscam seus cuidados deveriam se fazer e
refletir juntos para afastar o fantasma da dependência terapêutica:
1º) O que você está ganhando? Se
perceber que está se sentindo cada vez mais relaxado, centrado e é capaz de
observar progresso no rompimento de seus condicionamentos limitantes no plano mental
e emocional, bem isso é um processo terapêutico de cura! E caso você se incomode com
a frequência deveria mesmo é se questionar o motivo disto o incomodar a ponto
de achar que está se tornando dependente! Se nenhum dos benefícios citados se
apresenta, bem é mesmo hora de rever os fundamentos do tratamento.
O tratamento reiki, uma conexão do Self com a energia vital do Universo. |
2º) Você sente que sem seu
terapeuta é incapaz de fazer e decidir coisas sozinho? Ou sente que a terapia
serve como suporte para refletir e organizar os pensamentos sobre suas atuações
nas suas vivências? A primeira situação é dependência, a segunda é terapia.
3º) A frequência com que você faz
as sessões – semanal quinzenal ou mensal - foi discutida entre você e seu
terapeuta? Há quanto tempo está assim? Sente necessidade de rever isso ou está
confortável com essa periodicidade?
Essas são questões
importantíssimas para que você reveja a quantas anda seu processo terapêutico
com o reiki. Questionem-se também se a proposta inicial se perdeu ou continua a
mesma, ou ainda se ela tem de se transformar. Lembre-se de que o reiki também é
uma reposição da Energia Vital Universal, o Ki em nossos sistemas
energéticos e conscienciais. Equivale a um “recarregar as baterias” no nível
humano, energético e espiritual. Caso você que está se tratando seja daquele
tipo que fica pensando no quanto seu terapeuta está ganhando com seu
atendimento regular, eu o aconselho a deixar toda essa mesquinharia de lado
para se concentrar apenas no que você está ganhando e dando para o universo a
partir do que ganha!
E o Tarot?
Numa leitura de tarot é comum que
as informações levantadas pelo simbolismo das cartas falem sobre como nos
sentimos naquele momento, e qual é a origem e o foco de nossos sentimentos e perturbações.
Geralmente, feito esta avaliação preliminar, decorrem perguntas sobre coisas
que apareceram na leitura inicial ou que vão surgindo conforme os temas vão se
desenrolando. Passado essa fase o tarólogo costuma comentar as respostas e
apontar caminhos para a solução ou tratamento dos problemas do cliente dentro
de seu cabedal de conhecimento, dos seus serviços terapêuticos, ou das conexões
com outros profissionais e serviços que possa vir a indicar. Tudo isso precisa
ser assimilado, desenvolvido e depois resolvido por aquele que veio buscar as
cartas, o que leva algum tempo!
A leitura de tarot como um espelho preciso das vivências tanto internas quanto externas. |
Não há necessidade de reconsultas
semanais, nem ficar confirmando as respostas dadas na primeira sessão. O espaço
de tempo ideal entre uma consulta e outra é algo entre dois a três meses,
podendo chegar até a seis meses conforme o caso! Assim as cartas cumprem sua
função de ser um guia de cura espelhando a vida e a alma das pessoas no momento
da leitura, que reflete muitas vezes processos antigos que devem ser
reconhecidos, confrontados e posteriormente trabalhados e superados. Quando
assim utilizada a tarologia torna-se um suporte seguro e muito eficaz de
orientação oracular e terapêutica visando o autodesenvolvimento.
É evidente que situações
inesperadas podem ocorrer e requererem uma consulta emergencial ao oráculo e é
para isso que eles existem também: revelar panoramas futuros, e apontar os
melhores caminhos de atuação! Acho importante ressaltar que as respostas do
tarot não vem de quem o lê, mas da sabedoria interior de quem retira as cartas.
O leitor não influencia isso de modo algum, é só um intérprete tradutor da
linguagem simbólica. Seus conselhos e orientações sim é que levam a marca de
sua personalidade e maturidade espiritual. Por esse motivo o tarólogo deve ser
alguém empenhado também em desenvolver a si mesmo. Todo o resto é transpessoal,
vem do inconsciente coletivo da humanidade, como nos disse Jung, ou do Grande
Mistério como nos disseram os sábios ancestrais dos povos indígenas
norte-americanos.
O tarólogo que se presta a ser apenas uma
máquina de respostas, sem conduzir à reflexão e à transformação da consciência
e das condições de vida de seu cliente, estará apenas insuflando ansiedade,
angústia e insegurança, além de muita dependência, é claro! O que nada tem a
ver com um verdadeiro trabalho com os símbolos da alma que vise o esclarecimento
interior e a transformação da consciência!
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