É surpreendente o número de
pessoas que se envolvem com a leitura do tarot sem terem a mínima noção de
certos conceitos espirituais! O Karma vem a ser o mais desconhecido de todos!
Cercado de todo o tipo de preconceito, e medo, oriundo desse preconceito.
Já escrevi sobre esse assunto no artigo O Tarot & o Karma, mas senti a necessidade me deter mais nesse tema para aprofundá-lo.
Primeiramente há quatro princípios básicos sobre o Karma que você deve saber antes de seguir adiante:
Já escrevi sobre esse assunto no artigo O Tarot & o Karma, mas senti a necessidade me deter mais nesse tema para aprofundá-lo.
Primeiramente há quatro princípios básicos sobre o Karma que você deve saber antes de seguir adiante:
Karma, uma força de coesão universal. |
1ª) O Karma
não é sempre negativo, por isso não é uma punição, nem um prêmio caso seja um
Karma positivo, é simplesmente o fruto de nossas ações voltando para nós
mesmos!
2ª) Não se "pega" o Karma de ninguém, se você se envolveu no contexto Kármico de um
parceiro(a), amigo(a), marido/esposa etc, é porque você fazia parte dele! E há,
portanto, coisas nessa vivência que servem ao seu crescimento interior.
3ª) O Karma tanto pode ser individual quanto coletivo. O que
significa que tanto pode ser o resgate ou o aprendizado de uma só pessoa,
quanto o resgate ou o aprendizado de um grupo de pessoas, família, ou nações e
etnias inteiras!
4ª) A lei do Karma não deixa de acontecer porque você não
acredita nela. A palavra Karma vem do sânscrito e quer dizer “Ação”, assim é
uma lei que podemos definir como sendo também física, e muito parecida com a
terceira lei do movimento de Isaac Newton que diz que: "Toda
a ação provoca uma reação de igual intensidade, mesma direção e em sentido
contrário". Encaixa-se também muito bem nas teorias de Charles Darwin que
diz que uma espécie se adapta e melhora seus genes para que a geração futura
sobreviva e continue evoluindo. Nossa alma, ou consciência, melhora a si mesma
para continuar sua evolução. Simples assim!
A
semelhança do Karma com as teorias científicas fica muito bem explicada no
axioma hermético conhecido como o Princípio da Correspondência que diz: “O que
está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está
em cima”. Por esse motivo o que ocorre no mundo físico ocorre no mundo
espiritual. O que ocorre no, ou com, o planeta ocorre conosco. O que ocorre
fora de nós também ocorre dentro, e assim por diante! Portanto, evoluir a nós
mesmos através da auto-observação e da observação do que se apresenta diante de
nós, bem como preservar as espécies para que continuem sua evolução é uma
responsabilidade de todos!
Karma não é uma ideia religiosa,
é um conceito espiritual cuja base é o retorno natural das nossas ações e reações a este mundo na interação que
fazemos com ele e seus habitantes! A quem se pergunta: “Evoluímos pra quê?” a
resposta é: Evoluímos para nossa própria libertação da roda reencarnatória, que
Buda chamou de Samsara. Ao rompermos com esse ciclo entramos num nível de
consciência inimaginável de total ordem, paz e perfeição. Sem desejos e apegos,
e por isso sem sofrimento de nenhuma espécie. Não é um
paraíso prometido como nas escrituras das religiões judaico-cristãs, é um
estado de consciência e espírito conquistados através do trabalho sobre si
mesmo. No oriente essa consciência foi chamada de Nirvana.
O
TAROT COMO UM MAPA DA ALMA
No tarot os ciclos Kármicos ruins
são perfeitamente reconhecíveis quando um cliente apresenta o mesmo ciclo de
vivências. Como quando sofremos os mesmos tipos de desilusões amorosas,
profissionais, familiares, de amizade etc. Na verdade estamos repetindo essas
vivências porque elas representam um aprendizado Kármico não absorvido nesta ou
em outras vidas, que se apresenta continuamente até que o padrão de consciência
que criou o bloqueio seja absorvido! Fica aqui claro então que o que
liberta o Karma é a conscientização do que está bloqueado e que
serve como uma lição a ser absorvida no processo evolutivo da alma. E nesse
aspecto o tarot funciona como um instrumento preciso de revelação desse
bloqueio, oportunizando a possibilidade de libertação e evolução do Karma
pessoal.
Na prática do tarot isso pode se
evidenciar em sucessivas leituras, quando o cliente apresenta sempre os mesmos
tipos de temática no seu processo pessoal. Outras vezes isso se revela numa
mesma sessão, quando a própria leitura revela que ali está ocorrendo um
processo Kármico. Por fim há aquelas almas já em avançado grau de maturidade
que, ao se depararem com um sofrimento procuram os arcanos para lhe fazer as
perguntas mais produtivas, tais como: “Por que isso está acontecendo comigo?”
ou melhor “O que tenho para aprender ou crescer com isso? Possibilitando assim
que o tema seja abordado!
A Lua, no tarot de Marselha. |
É claro que o simples
aparecimento deste arcano não prenuncia uma vivência Kármica, outros
fatores devem ser observados como a posição que ocupa no jogo e o aparecimento de muitos arcanos invertidos,
por exemplo. As cartas invertidas indicam qualidades da
psique com que não estamos conseguindo lidar livremente, e podem ter gerado, ou
estão gerando, situações Kármicas. Mas nada disto é uma regra! Com sempre
sugiro o uso da intuição e do feeling pessoal de cada leitor! Robert
Wang, autor do livro *O Tarot Cabalístico, diz que o
aparecimento de muitos arcanos maiores numa leitura
assinalam uma situação Kármica na vida de quem se consulta. Entretanto ele
considera que quando uma situação Kármica ocorre não há muito o que o livre
arbítrio possa fazer, e eu sinceramente não concordo muito com essa
perspectiva. O livre arbítrio pode interferir superando ou trazendo
simplesmente serenidade diante do desafio. Contudo também acho válida essa
percepção, mas outra vez sugiro a guiança da Voz Interior do intérprete do
tarot para validá-la.
O processo angustiante revelado
pelo arcano de A Lua nos faz lembrar de que a intensidade de um Karma negativo pode
ser avaliada pela intensidade do sofrimento que a situação está causando.
Quanto mais sofrimento causa, mais antigo é o processo que gerou este
sofrimento. Da mesma forma um Karma positivo pode ser avaliado pela intensidade
de benefícios que ele gera. A intensidade também denuncia o tempo em que se vem
desenvolvendo aquele estágio evolutivo. Quanto mais se sofre com um mesmo tipo de envolvimento afetivo, por
exemplo, mais o aprendizado requerido nesse tipo de relacionamento é antigo! O amor e o sofrimento (equilíbrio/desequilíbrio) são o peso e medida que
caracterizam o Karma.
Outro aspecto importante de se
entender é de que não é por ser Kármico que é de vidas passadas! O que semeamos
tende a voltar imediatamente para nós para ser equilibrado. O que acontece é
que podemos demorar muito para resolver essa “pendência desarmonizadora”, e o
resgate não cumpra o prazo de uma vida. Então aos morrermos o processo é
suspenso para ser novamente retomado ao renascermos. Do mesmo modo que seja lá um Karma bom ou ruim, o fato é que temos de nos livrar
dos dois e parar de gerar Karma! Essa é a verdadeira transmutação espiritual. A dualidade da consciência humana é que gera o Karma e nos mantém presos à roda do nascer, morrer, renascer.
A Roda de Samsara. |
1º) Karma é o conjunto ou somatório de conceitos, crenças, julgamentos,
interpretações, valores, atitudes, hábitos, emoções, desejos ou comportamentos
que de alguma maneira deformam a realidade maior impedindo-nos de reconhecê-la
como ela é.
- Distanciados da realidade de
que somos todos parte de uma consciência divina abarcante, começamos a produzir Karma. Os
indianos dizem que Deus brincou de esconder consigo mesmo, o Deva Lilah (Divina Brincadeira), e lançou
suas partes pelo universo, deu-lhes consciência própria e arbítrio e agora aguarda o seu retorno.
Tornarmo-nos conscientes disso é o retorno à casa do pai de que falam as
escrituras sagradas.
2º) Karma é tudo aquilo em nosso universo interior que nos mantém preso à
ilusão ou maya, tudo o que nos afasta da Essência, tudo o que nos faz esquecer
nossa origem divina e o caminho de volta ao lar.
- Maya são as ilusões que criamos
com nossa mente. Criamos o dinheiro, por exemplo, depois acreditamos que não
vivemos sem ele. Criamos as religiões, depois passamos a acreditar que nossa
religião é a única verdade sobre Deus, e matamos e morremos por isso! Mas como
nos lembrou bem Mahatma Gandhi, “Deus não tem religião”.
3º) Karma é realmente ação como diz a tradução literal do sânscrito. E, como
ação, também é fruto do nosso dom de vice-regentes, ou livre arbítrio. E como
toda ação gera reações – ou consequências – a ela.
- O livre arbítrio interfere
tanto positiva quanto negativamente no Karma, o que pode modificá-lo,
melhorando-o ou piorando-o conforme cada caso.
4º) Uma ação kármica pode acontecer em qualquer um dos quatro primeiros
corpos, na forma de pensamentos, sentimentos, impulsos e concretizações. Mas
sempre será uma ação desconectada do Eu Superior.
- Não há muito que explicar aqui,
tudo o que pensamos, sentimos, fazemos (nos sentido de atuar) ou concretizamos
gera Karma.
5º) O material kármico se manifesta em nosso cotidiano quase sempre de forma
inconsciente. Ou seja, atuamos os padrões definidos em outras vidas sem
perceber como e porque o fazemos.
- Justamente o trabalho com a
linguagem simbólica como no caso do tarot, da astrologia etc, é que podem
auxiliar a tornar isso consciente dando a possibilidade, como já mencionei, de
transformar o Karma com a aplicação do livre-arbítrio.
6º) O karma é o que serve de matriz para o próprio ego. E o somatório do
material acumulado por egos de várias vidas constitui o karma.
- Tudo o que somos hoje, tanto
física quanto psicologicamente, foi moldado pelos Karmas de vidas anteriores.
Inclusive traços bem específicos como maneirismos e características físicas,
como cor dos olhos, formato do nariz etc.
7º) O karma também está sempre conectado com a projeção inconsciente; ou
seja, o não reconhecimento de que a realidade ao nosso redor atua como um
espelho. Karmicamente falando, a responsabilidade que atribuímos às pessoas ou
os fatos externos que afetam nossas vidas nada mais é, na verdade, do que nossa
própria responsabilidade não assumida conscientemente. Somos, sempre,
totalmente responsáveis pela manifestação dos acontecimentos que nos afetam.
- Toda a vez que negamos que as raízes dos nossos problemas estão na verdade
em nós mesmos, estamos gerando cada vez mais Karma tanto para essa vida, como
para existências futuras! Esse tipo de negação nos impede de obter a conscientização que nos liberta do Karma no processo de auto-observação e autoconhecimento.
Namastê!
* Editora Pensamento. São Paulo, 1994.
** Editora Francisco Alves. Rio de Janeiro, 1996.
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