A água é a portadora da vida! Nada sobrevive por muito tempo sem ela, e até onde se sabe foi da água que surgiu a vida no planeta. Todas as grandes civilizações se desenvolveram a beira das águas de rios e mares, como os egípcios (rio Nilo) e os babilônicos (Tigre e Eufrates), as grandes navegações foram um marco para a evolução da humanidade, unindo povos e continente inteiros. A água é o solvente universal, tudo se dissolve em seu interior, toda a estrutura se desmantela com sua atuação. A qualidade de dissolução da água é que a faz ser o elemento que une todas as coisas, tornando-as iguais. Daí ser também o elemento do amor e dos sentimentos que via de regra são sempre de âmbito universal. A água evoca o aspecto imaginativo da psique. Muitos são os mitos sobre seres que vivem nas suas profundezas e que seduzem ou se vingam da humanidade. Da mitologia grega à nórdica, do Japão ao continente africano. Os oceanos evocam os aspectos profundos e sonhadores da alma humana, dos mais românticos, e místicos, aos mais sombrios e perversos.
O corpo humano é composto 60% de líquidos como o sangue, o suor, as lágrimas, a saliva, o sêmen e outras tantas secreções que expressam nossas emoções ou são influenciadas por elas. A visão interior é outro atributo desse elemento. Um copo de vidro transparente cheio d’água funciona perfeitamente como uma lente de aumento que nos permite ver o que a olho nu seria impossível. O mesmo se pode dizer de dons como o da intuição e o da clarividência. A cura também é um atributo espiritual da água, conhecida como uma purificadora natural usada em banhos cerimoniais como abluções e batismos.
Os aspectos sentimentais e espirituais são parte desse elemento e de sua representação no tarot: o naipe de copas. As copas ou taças não só contém a água, mas representam muito bem seus dotes de profundidade, receptividade e reflexão interior. Recipientes cheios de água são usados desde tempos imemoriais por videntes que tinham visões neles (hidromancia). A memória é outro atributo seu. Tudo o que é passado na água deixa nela um pouco de si, uma lembrança. Se o naipe de paus e espadas com suas formas alongadas e rijas são símbolos fálicos masculinos, o naipe de copas e ouros com suas formas arredondadas são femininos. As personalidades aquosas são profundas e um tanto esquivas e misteriosas, bem como românticas, místicas e idealistas. As cartas numeradas de 1 a 10 desse naipe falam da evolução no modo como lidamos com nossos afetos, sonhos e ideais de vida.
Rei de copas – Ar da água. O vento que levanta as ondas e agita as profundezas. O curador, terapeuta, xamã, amigo e conselheiro. Vê as emoções humanas com profundidade e precisão, mas com distanciamento. Seu não envolvimento o faz perceber com clareza. Esconde suas próprias emoções nessa postura. No fundo teme ser magoado e atingido de alguma forma. O arcano propõe um resgate de alguma parte suprimida do ser, uma cura interior. Solicita-nos a não temer a intimidade. Temos todos nossas feridas.
Rainha de copas – A água da água. Profunda, mediúnica e sensível. Percebe as emoções alheias e as acolhe sem julgamento. É compassiva no real sentido da palavra. Sua capacidade de amar inclui o perdão e a misericórdia. Sua identificação com as emoções alheias pode lhe fazer ficar confusa quanto sua própria identidade, e nubla sua capacidade de reconhecer seus desejos verdadeiros. Podendo por isso viver como uma eterna projeção dos outros.
Cavaleiro de copas – O fogo da água. O guerreiro do coração, místico e visionário. Ama devotadamente e de todo o coração, quer seja uma pessoa, uma causa, ideal ou uma atividade. Lança-se sinceramente e sem reservas, crê com sinceridade no caminho que escolheu. Suas ações não são regidas por coisas como bom senso ou crítica, apenas confiança no apelo interior. Muitas vezes é visto como o um “bobalhão” aos olhos do mundo.
Valete de copas – Terra da água. O servidor gentil, maleável e prestativo. Esse arcano incorpora a qualidade da gentileza, sociabilidade e da generosidade. Sempre disposto a ajudar, não vê distinção entre os seres. Quer se sociabilizar, ampliar o círculo de relações, conhecer o mundo! Parecido com seu irmão, o cavaleiro, mas sem a mesma permanência interior. Podendo assim se tornar um bajulador servil e um seguidor vazio e sem propósitos.
Ás de copas – O coração transbordante. Estar pleno de amor pela vida ou pela humanidade. Um estado de beatitude que nos faz conectar com forças espirituais superiores, como nas canalizações. Encontro da verdadeira vocação e propósito interiores, que independem do reconhecimento externo. Um sentimento imenso de entrega ao fluxo da vida e dos acontecimentos sem opor resistência.
2 de copas – A personificação do amor no outro. Um encontro significativo no âmbito dos afetos. Troca, sintonia intensa de sentimentos. Pode ser uma sintonia fina dentro de uma amizade, parceria ou sociedade onde um completa o outro a partir de uma conexão interior. A sombra deste lindo arcano é a dependência entre os parceiros. Lembre-se: Todos precisam de espaço para crescer.
3 de copas – A celebração do amor e da vida. Depois da união no 2 de copas, agora é momento da festa de casamento e da Lua de Mel! Psicologicamente é um período de exultação por algo que parece estar indo a contento, seja um trabalho, empreendimento novo, ou relacionamento. Como a satisfação nesse naipe é subjetiva essa felicidade independe dos resultados reais e extrínsecos. Sua sombra é o excesso e a prevaricação.
4 de copas - Depois da exultação, a tranquilidade e a introspecção. As emoções se aquietam como num estado meditativo. O voltar-se para dentro tem a finalidade de purificar a consciência das influências externas. A profunda reflexão interior permite o encontro com o si mesmo. A sua sombra é um estado tal de introspecção que gera uma indiferença emocional com o mundo externo.
5 de copas – A perda do prazer. A desilusão. A tendência da psique é apegar-se ao que tem de bom (e que geralmente ficou no passado) com medo de um futuro de sofrimentos. Ou de agarrar-se a uma lembrança ruim e se esquiva para que ela não se repita. Em ambos os casos as oportunidades que vivem no presente são esquecidas e o desapontamento, ou o medo de passar por ele, domina a cena e rouba a espontaneidade.
6 de copas – O sonho de um mundo ideal. Depois da dor do 5 de copas, a consciência volta-se a sonhar com uma vida melhor e com grandes conquistas. Sejam elas românticas, materiais, de poder, ou espirituais. Sempre com base nas expectativas forjadas no passado ou em devaneios sobre o amanhã. Esses ideais se afastam cada vez mais da vida real, adiam a verdadeira felicidade e podem fomentar decepções futuras.
7 de copas – A confusão emocional. Os limites entre o real e o imaginário se rompem e a psique se perde numa angustiante falta de direcionamento interior. Escape para o mundo dos vícios de toda a sorte, ou do desabrochar de experiências psíquicas como vidência espontânea, contato com seres do mundo astral inferior e com desencarnados. A confusão pode ser projetada nos outros, como autodefesa.
8 de copas – O abandono do ilusório. O rompimento com uma situação que perdeu sua validade ou significado intrínseco. Pode ser um relacionamento, um lugar onde se viveu, ou um emprego. É uma partida em busca de algo superior, mais representativo ou luminoso. Situações dessa natureza sempre causam alguma hesitação antes do desfecho, porém, não podem ser contidas.
9 de copas – O direcionamento para a verdade interior fez com que se encontrasse um ambiente de total realização dos desejos e sonhos mais íntimos. O estado de felicidade e bem estar, tanto material quanto interior, proporciona profundo bem estar. A sombra dessa situação é a de que a felicidade nos aliena ou nos dá a falsa sensação de realização espiritual, trazendo preguiça e indolência.
10 de copas – Êxito absoluto. União da mente com o coração, completo estado de harmonia. Não há nada a ser desejado ou conquistado no passado ou no futuro. A vida é boa e plena no aqui agora. Sentimento de integração e de pertencer a algo, carreira, família, pátria, relacionamento e ou caminho espiritual. O sentido de felicidade e família no significado mais profundo da palavra. Que nada tem a ver com realizações externas e laços físicos.
Adorei. É emocionante essa viagem. Namastê.
ResponderExcluirObrigado Helena, o naipe de copas emociona mesmo, não é? kkk
ExcluirUm grande beijo! Seja sempre bem vinda!