terça-feira, 26 de março de 2024

Cartas Aleatórias nas Leituras de Tarot

Quais são os limites de uma leitura de tarot? Todas as cartas que caem na mesa servem à leitura em curso? Como não acredito em generalizações, no que tange ao trabalho com linguagens simbólicas, eu diria que isso varia de leitor para leitor e de cada momento. Muitas vezes as cartas que caem não significam necessariamente uma mensagem para quem se consulta. Há outras vezes, porém, que isso funciona magicamente. Certa vez conversando com uma cliente que estava com muitos pensamentos sobre o porvir, e com seus planos de morar nas praias ensolaradas do Nordeste, e já nos trâmites finais da sua sessão, eu me preparo para tirar a carta de mensagem final para aquele momento. Isso é algo que já faço há muitos anos, a carta final é uma síntese sobre as melhores direções a serem seguidas pelo cliente a partir daquele ponto. Enquanto faço o embaralhamento das cartas uma delas salta, literalmente, do maço e vai ao chão. Abaixo-me para colher o arcano, e quando viro a imagem para cima vejo que se trata de A Estrela, arauto da esperança, dos sonhos com o amanhã, e da ampliação da visão e das perspectivas da vida. Rio, e comento com a cliente que era muito interessante aquele arcano ter se pronunciado naquele momento. Enquanto converso, já tenho a carta de volta ao maço, recomeçando a embaralhar, e fazendo isso digo à moça a minha frente que aquela bem que podia ser sua mensagem final, pois combinava muito bem com tudo o que havia sido dito até então. Quando disponho as cartas viradas para baixo em leque, e peço para que retire uma, adivinhe quem veio? Pois é, ela mesmo: A Estrela! Rimos da “bruxaria” contida naquele sincronismo. O arcano se pronunciou como quem dissesse “Hei, eu já estou aqui” e confirmasse com isso os desejos dela para o futuro.

A Roda da Fortuna, do
Ancient Italian tarot.

Em outra ocasião estou lendo as cartas para outra moça que estava preocupada com o andamento do seu relacionamento com o namorado, e pede para marcar a relação dela com a sogra, com quem tinha problemas de entrosamento. Alguém que ela considerava uma pessoa de difícil trato. Enquanto misturo as cartas, e me concentro na sua pergunta, uma delas salta ao chão. Saio da mesa, pois que saltou com certa distância, e quando a recolho vejo que se trata do arcano de A Roda da Fortuna. Senti naquele momento que sua mensagem era sobre uma virada de 180º no comportamento da sogra, e disse isso à minha cliente: Ela já não é mais assim, mudou muito. Era uma consulta on-line, via WhatsApp, e eu tinha saído do campo de visão dela, mas a ouvi dizer sorrindo “Sim, ela mudou muito! Estou perguntando justamente para saber se ela continuará assim”. Então resta saber se tudo o que acontece numa sessão de leitura de tarot faz mesmo parte da leitura. Acredito que uma consulta oracular é uma das coisas mais mágicas que a ancestralidade nos legou, e acredito, pela minha própria experiência, de que isso pode acontecer sim. Só não creio que seja uma regra, embora reconheça que se trata, mais uma vez, de um reflexo da minha própria experimentação com o caminho oracular, e do meu entrosamento com as linguagens simbólicas. Sinto que isso muda significativamente de pessoa para pessoa que vem para o atendimento. 

O leitor deve sentir isso dentro da sua sensibilidade, sem tentar fazer disso um atrativo dramático para suas leituras, embora seja de fato impressionante quando acontece. Creio que esse fenômeno se deve única e exclusivamente à sincronicidade, não trabalho com a invocação de entidades e muito menos com elementais. O sincronismo é algo que nos conecta a uma fonte muito maior que tudo isso, e nos torna verdadeiramente UM. O trabalho com oráculos, e em especial com o tarot, não tem como se tornar fastidioso justamente pela diversidade que cada pessoa traz em si e reporta à sessão através dos arquétipos que a representam. Cabe ao leitor perceber a sutileza de cada pessoa, e como ela se evidencia durante uma sessão de leitura. O mais importante disso tudo é ainda desvendar o propósito possível para este evento sincronístico. E, mais uma vez, atribuo seu significado ao propósito que cada intérprete dá ao seu trabalho. Para mim as cartas saltantes, como as chamo, são uma manifestação de uma parte da consciência que parece ressaltar uma mensagem, fortalecer uma perspectiva ou salientar uma possibilidade de reintegração interior que poderá orientar a um tratamento terapêutico que conduza a essa reintegração. O misterioso salto “acidental” de certos arcanos é tão misterioso para mim hoje quanto foi da primeira vez em que aconteceu, mas respeito aqueles que nunca foram acometidos por interesse ou revelações nesses incidentes arquetípicos. O tarot fala de formas diferentes com cada pessoa, e isso é igualmente fascinante! Costumo dizer aos clientes que as leituras de tarot são um acesso à porção mais sábia e elevada de si mesmos, seja lá qual for o nome que se dê a ela. Poder ser Eu Superior, EU Maior, Self, o subconsciente etc. Seja como for não a contatamos de modo direto e consciente, e precisamos dos símbolos para fazer esse intercâmbio. Essa comunicação tem como único propósito a harmonização do todo: corpo, mente, sentimento, plano vibracional e espiritual, que uma vez atingido impulsiona o indivíduo para outro patamar do seu próprio processo evolutivo... Se ele fizer um bom proveito do impulso interior que lhe é dado através das revelações do tarot, é claro! 


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