sábado, 14 de maio de 2022

Sonhos & Tarot - Entrevista com João Carlos Petronilho

A linguagem arquetípica dos símbolos são como faróis para
guiar a consciência pelas terras escuras do inconsciente.

Fiquei sabendo do trabalho de João Carlos Petronilho vendo o anúncio do 2º Congresso Brasileiro de Tarot de 2020, um evento on-line onde João aparecia dando um curso de interpretação dos sonhos com o tarot... Eu também desenvolvi uma técnica de interpretação utilizando a linguagem dos arcanos no início dos anos 2000, e é claro que fiquei curioso para conhecer um pouco mais deste tarólogo e terapeuta holístico de Santo André. O convidei para um bate papo com troca experiências e história de nossas trajetórias dentro deste “labirinto encantado”, como diria o poeta Mario Quintana, que para nós é o tarot. 

E eis o resultado de nossas trocas:

Jaime: Como você se iniciou no tarot?

João: O primeiro momento foi em meados da década de 1990, quando tive oportunidade de participar de uma vivência, um grupo que estudava e foi convidado e saber sobre o tarô, mas grande parte da minha formação foi com meu autodidatismo, muita leitura buscando forma de entender os significados e como trabalhar com o tarô.

Jaime: Comigo tudo começou com uma tia lendo cartas do baralho Lenormand para mim quando eu tinha 14 anos, e nessa leitura ela me via “trabalhando com cartas”, mas que dizia não serem as mesmas cartas dela (minha tia nunca tinha visto um baralho de tarot!), alguns anos depois uma prima apareceu com uma revista em que aparecia um artigo escrito: “Tarot, as Cartas que Podem Prever o Futuro”... E cá estou!

Jaime: Qual abordagem você utiliza nas suas leituras? Terapêutica, Oracular...?

João: As duas, sempre faço a leitura do método do Mandala como via oracular, trabalho como terapeuta holístico, e para os que entram nessa jornada comigo uso o tarô como ferramenta de suporte para orientar e identificar como conduzir cada processo, florais, meditação, Thetahealing, Constelação Sistêmica, etc...

Jaime: Acredito também que as leituras mistas, que mesclam a abordagem terapêutica e oracular, são mais realistas. Nada é só fora e nada é só dentro como digo para alunos e clientes. As vivências exteriores originam-se das interiores e vice-versa. Os acontecimentos compreendidos em sua profundidade podem nos ensinar muito sobre nossas programações inconscientes... Assim como fora dentro, como diz aquele axioma esotérico!

Jaime: Qual método de leitura inicial você mais aprecia para as suas sessões?

João: Para todo consulente que chega até mim começamos com uma Mandala, depois abro para perguntas ajustando o método ao que a pessoa busca, Péladan, Cruz Celta ou outro jogo. Sempre ajusto o método ao tipo de questão a ser vista.

Jaime: Eu experimentei muitos métodos ao longo desses meus trinta e quatro anos, mas por sete anos me utilizei também da leitura da Mandala Astrológica, depois troquei pela leitura da Cruz Celta, numa adaptação que chamei de “O Jogo do Espelho”, que achei mais enxuta e pontual. Há um ano utilizo a “Descida de Inanna”, do Hajo Banzhaf, e tem me satisfeito muito sua profundidade tanto quanto sua precisão!

Jaime: Tem algum profissional do tarot, nacional ou internacional que o inspire?

João: Posso citar dois, o Roberto Caldeira com seu livro da Jornada do Caminho do Louco que me fez entrar nesse mundo, e o Nei Naiff com quem fez muitos cursos e ainda faço.

Jaime: Eu me considero fortemente influenciado pelos métodos do tarólogo e astrólogo alemão Hajo Banzhaf que citei antes. Suas abordagens mitológicas para métodos de disposição das cartas e para o aprofundamento do simbolismo dos arcanos são muito ricas. Também aprecio as explorações intuitivas e terapêuticas de Mary K. Greer e das aplicações dinâmicas de James Wanless. No Brasil o método intuitivo e metódico do Namur Gopalla de anotar jogadas e estuda-las depois percebendo a ampliação da nossa própria percepção me ajudou muito! Nunca estudei com ele, nem o conheci pessoalmente, mas conversei algumas vezes e tenho um pequeno livro que vinha com seu baralho nos anos 90, e tudo isso me inspirou muito...

Arcano de O Eremita do Tarot
of Dreams, de Ciro Marchetti.

Jaime: Quais baralhos de tarot você utiliza nas suas leituras?

João: Nas leituras do dia a dia uso Rider Waite, para os processos de Constelação ou questões energéticas uso o Marseille do Jodorowski/Camoin, para os processos terapêuticos (identificação das questões a serem trabalhadas) Mystical Tarot - Luigo Costa - Lo Scarabeo.

Jaime: Desde 2003 eu uso o Tarot Zen de Ma Deva Padma, ela conseguiu fazer uma boa síntese entre a linguagem do tarot com os ensinamentos do Zen como foram passados por Osho! Mas também uso o Thoth Tarot de Aleister Crowley e Frieda Harris, e o Motherpeace Tarot de Vicki Noble e Karen Vogel... Gosto de baralhos que mesclem o simbolismo hermético com abordagens culturais e filosóficas!

Jaime: Como surgiu a interpretação dos sonhos com as cartas do tarot?

João: Durante as consultas oraculares por muitas vezes ao ler as cartas o consulente se lembrava de um sonho e acabava me trazendo, aconteceu tantas vezes que comecei a prestar atenção. Quando tive um insight de juntar o mundo simbólico das cartas e o simbólico dos sonhos, criando dois métodos que permitissem uma ponte entre estes mundos, trazendo ao consulente uma percepção do seu momento e o que seu inconsciente está tentando mostrar.

Jaime: Comigo aconteceu do mesmo modo, mas meu método se baseia em tirar uma carta para o simbolismo geral do sonho e, em seguida e, tirar um arcano para cada símbolo marcante da representação onírica. Assim, carta por carta o sentido do sonho aparece, como num quebra cabeças.

Jaime: Quando você o utiliza? Nas terapias, ou numa leitura regular das cartas?

João: Utilizo durante meus processos terapêuticos ou com paciente que regularmente se consulta pela via oracular, não faço interpretação de sonhos para quem não passou por pelo menos uma consulta completa. Importante perceber o momento psicoemocional da pessoa antes de falar sobre interpretação...

Jaime: Sim, também faço isso. Na terapia com florais as pessoas sonham muito como resposta de certas essências, ou em certos momentos da terapia Reiki.

Jaime: Como é este método?

João: São dois métodos, a Casa de Morfeu, sobre perturbadores ou sonhos pontuais que de alguma forma causam impressão no consulente, um jogo de 5 cartas onde vemos o que está acontecendo no momento, um conselho para isso e como ele pode associar o sonho a realidade que vive.

E o Caminho de Oniros para sonhos que são recorrentes, não necessariamente iguais, mas que apresentam símbolos em comum várias vezes, aqui o olhar é para onde o consulente deve prestar atenção, o que deve se lembrar e esquecer deste sonho, incluindo uma casa que fala do momento espiritual dele.

João Carlos Petronilho, assim como eu, um
investigador das possibilidades terapêuticas do tarot!

Jaime: Como as pessoas reagem às suas interpretações dos sonhos através do tarot?

João: Sempre com surpresa, quando elas ouvem o que as cartas falam sobre o momento que estão vivendo e como isso tem ressonância no cotidiano, por vezes mais tranquilas, por vezes apreensivas de saber se o sonho narrado vai de alguma forma se desdobrar no mundo físico.

Jaime: No geral comigo também há surpresa, mas também um sentimento de “faz todo sentido”, de compreensão com coisas que estão acontecendo interna e externamente. É muito satisfatório quando esse momento ocorre tanto para mim enquanto leitor quanto para quem foi buscar o auxílio das cartas para entender as mensagens do seu inconsciente!

Jaime: Algum processo terapêutico já foi iniciado em função da leitura de sonhos usando os arcanos?

João: Até esse momento não, eu uso os métodos nos processos terapêuticos, uma leitura de sonhos não foi esse início, porque o que leva ao início desse trabalho é o Método da Mandala.

Jaime: Concordo totalmente! Uma visão preliminar integrativa do todo é fundamental!

Jaime: E como consegue distinguir o sonho psicológico do sonho espiritual nas leituras que realiza?

João: Até este momento, os sonhos espirituais eu identifiquei como sonhos recorrentes. No método do Caminho de Oniros há uma casa que fala da espiritualidade, no método de sonhos perturbadores (cada de Morfeu) na casa número 2 pode aparecer algo nesse sentido, mas ainda não tenho muitos relatos que levam a essa causa espiritual.

Jaime: Eu só consigo fazer essa distinção é intuitivamente mesmo; com o tempo observei que certos arcanos maiores como A Estrela, A Lua e A Sacerdotisa e alguns dos naipes de copas sinalizam sonhos Espirituais, ou mediúnicos...

Contato com João Carlos Petronilho:

escolaoraculuz.com 

www.facebook.com/oraculuztaro 



 

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