segunda-feira, 29 de junho de 2020

A Leitura Cabalística

As Sephiroth
O caminho da Serpente na Árvore da Vida,
uma viagem simbólica por todos os seus
caminhos (letras/sons), e sephiroth (números).

A Leitura Cabalística é meu segundo método de leitura de tarot preferido, e muitas vezes chego a usá-la como um desdobramento da Cruz Celta Inicial. Dez cartas nas posições relacionadas logo abaixo serão dispostas ocupando a posição de cada sephira cabalística, e essas emprestarão suas atribuições ao significado de cada arcano que a estiver ocupando. Este método de leitura é bem difícil, e até desaconselhável, para iniciantes. Seu simbolismo complexo reflete a visão mística da interação homem/universo e procura refletir cada experiência humana como um portal para um aprendizado mais profundo que o eleve, e que novamente o una a sua condição superior. De forma alguma isso exclui a visão prática da vida, pelo contrário, dá para a vivência comum uma conotação superior, como uma chave para a elevação do ser e do seu nível de percepção da existência. Os arcanos deverão ser lidos como símbolos conectados uns aos outros, como normalmente ocorre nas leituras usuais. Aqui, entretanto, há o convite para que se veja as cartas também como um conjunto harmônico, o que poderá ampliar as interpretações iniciais... Enfim, é propício que se tenha noções razoáveis de cabala, astrologia e um bom envolvimento com a simbologia do próprio tarot, é claro.
Este sistema de leitura, assim como a Cruz Celta, funciona como um método de leitura geral. Eu costumo abrir a Cruz Celta inicialmente para colher mensagens para o cliente, depois dessa interpretação eu misturo as mesmas cartas já retiradas e as disponho na forma da Leitura Cabalística, assim a minha leitura inicial confirma os pontos já levantados e, não raras vezes, me dá novos ângulos sobre o que foi dito ou revela outros tópicos que eu não havia apreendido inicialmente. Assim sendo eu uso os dois sistemas conjuntamente, mas a Leitura da Árvore da Vida, ou Cabalística pode ser feita de modo direto! Apenas quis compartilhar minha experiência, que tem sido maravilhosa!
Apresento esse sistema de leitura como um incentivo ao estudo da cabala esotérica, mais do que à judaica. A cabala esotérica foi apresentada ao mundo no século XV pelo renascentista italiano Pico della Mirandolla (1463/1494), que viu na cabala relações simbólicas que, segundo ele, comprovavam a própria santidade de Cristo. Isso incomodou a Igreja na ocasião, pois os judeus eram mal vistos na sociedade da época, e a sua morte talvez tenha sido mesmo encomendada. Porém, a relação tarot cabala só ocorre cerca de quatro séculos depois, pela intervenção de outro sábio do ocultismo, o mago e tarólogo francês Éliphas Lévi (1810/1875) no século XIX.
A cabala é, como já disse antes, um complexo sistema simbólico e místico, e o sistema de leitura que apresento não engloba todo seu cabedal simbólico, mas sim aqueles que me pareceram mais adequados a uma leitura. Aqui, além do significado de cada sephira, também exploro o simbolismo dos quatro mundos da manifestação nos quais as dez sephiroth estão contidas. Cada posição será apresentada com o nome da sephira em hebraico, sua tradução, os símbolos correspondentes, os seus muitos títulos, que expresam sua natureza mais profunda e, por fim, o significado de cada poisção para uma aplicação oracular! 
Vamos à disposição das cartas:

1) KETHER – Coroa – Símbolos: Coroa, o ponto, a suástica (que é símbolo do poder solar).
Títulos: A fonte de energia do infinito invisível. A inspiração daquilo que não existe. A origem daquilo que existe. De onde viemos e para onde voltaremos.
Na leitura – A questão que origina o momento com suas buscas e angústias, o que move a pessoas a buscar respostas para seus conflitos ou anseios, o que a orienta nas suas buscas no momento da leitura.

2) CHOKMAH – Sabedoria – Símbolos: O falo/lingam (o falo arquetípico do grande pai), a linha, o yod (primeira letra hebraica), o zodíaco.
Títulos: O pai celestial. Desejo de poder. Fluxo da energia dinâmica. O grande estimulador. O primeiro positivo.
Na leitura – A direção para onde se dirige o foco, o que se pretende fazer ou os primeiros mapas mentais do que se fazer a partir do reconhecimento do que temos de enfrentar. A perspectiva com que encaramos o que se apresenta.

3) BINAH – Compreensão – Símbolos: A vagina/yoni (a vagina arquetípica da grande mãe), o triângulo, a taça, o planeta Saturno.
Títulos: Mãe suprema. O desejo de criar. Organizadora e compensadora. O grande mar.
Na leitura – Os primeiros movimentos tomados a partir da estratégia elaborada anteriormente, os recursos que movimentamos. As primeiras ações, contatos. O que se faz ou se deixa de fazer.

4) CHESED – Misericórdia – Símbolos: A pirâmide, o quadrado, o cetro, o planeta Júpiter.
Títulos: O construtor. O pai amoroso que é rei. Receptáculo dos poderes. Estrutura de manifestação.
Na leitura – A estrutura básica que nos mantém, coisas como segurança, vida material e econômica. As coisas materiais ou psicológicas que nos sustentam e nos apoiam. O que temos de bem resolvido ou já estabelecido em nossas vidas no momento.



5) GEBURAH
– Força – Símbolos: O pentágono, a espada, a lança, o açoite, o planeta Marte.
Títulos: O destruidor. Rei guerreiro. Capacidade de julgamento. Clarificador. Eliminador do inútil.
Na leitura – Aspecto crítico do momento, o tema sensível, ou a questão não resolvida e que incomoda ou fere. O que se sente como um limite ou incômodo. A coisa (sentimento, fato ou evento) que confronta o indivíduo, o desequilibra e o desafia a ser superada.

6) TIPHARETH – Beleza – Símbolos: A rosa-cruz, a cruz da cavalaria, o cubo, o Sol.
Títulos: Consciência do Eu Superior e dos Grandes Mestres. A visão da harmonia das coisas. Cura e redenção. Os reis elementares.
Na leitura – O reconhecimento dos sentimentos mais profundos sobre o que se está vivendo no momento. A força interior, e como ela se manifesta. Um arcano negativo aqui poderá mostrar sua face mais construtiva. É a conexão com o sagrado interior e como ela se dá!

7) NETZACH – Vitória – Símbolos: O cinto, a rosa, a lâmpada, o planeta Vênus.
Títulos: Amor. Sentimentos e instintos. A mente grupal. A natureza. As artes.
Na leitura – O âmbito dos relacionamentos, a expressão da afetividade interior. O modo de se relacionar ou como se encara essa faceta da vida no momento. Revela também como mantemos a qualidade dos nossos relacionamentos.

8) HOD – Esplendor – Símbolos: Nomes e versículos, o avental do mago, o planeta Mercúrio.
Títulos: A razão. A mente individual. Sistemas, a magia e a ciência. Ponto de contato com os Mestres. Linguagem e imagens visuais.
Na leitura – A comunicação com o mundo. Como mantemos nosso entendimento com as pessoas das nossas relações. E de que modo tornamos nossas relações estáveis ou desequilibradas com nossa forma de comunicação, e como apresentarmos nossas ideias ou posições pessoais.

9) YESOD – O Alicerce – Símbolos: O perfume, as sandálias que se usa no templo, a Lua.
Títulos: A luz astral. O depósito de imagens. As energias cíclicas subjacentes à matéria.
Na leitura – As energias que trocamos ou apreendemos com o meio ambiente ou com as pessoas com quem nos relacionamos. A energia vital, e também a libido - no sentido de força de vida - que poderá ou não ter conotação sexual.

10) MALKUTH – O Reino – Símbolos: O altar de dois cubos sobrepostos, a cruz grega (de braços iguais), o círculo, o triângulo, e o último he do nome sagrado de Deus.
Títulos: A Terra em que caminhamos. Kether inferior. O complemento. A mãe inferior.
Na leitura – A base sobre a qual se está apoiado no agora, para onde convergem todas as vivências do momento. Uma síntese que reforçará ou obstruirá o andamento das vivências apresentadas pelos arcanos anteriores.

Os Três Triângulos

As dez sephiroth cabalísticas estão distribuídas por quatro mundos que filtram a manifestação das coisas, do mais sutil ao mais denso. Da alta emanação inspiradora de Deus, e todas as inspirações são divinas, até a concretização na base da Árvore da Vida. Esse percurso sofre as influências do homem em seu processo cultural, e mesmo de amadurecimento espiritual. Numa leitura isso fica muito evidente ao observarmos a predominância de um ou outro naipe na disposição das cartas que foram retiradas. Eis como ficam:

As sephiroth estão dispostas em
quatro mundos de manifestação ao longo da Árvore.

ATZILUTH – O Puro Espírito – Elemento fogo

É formado pelas cartas na posição de Kether, Chokmah e Binah e representa as ideias ou inspirações que estão impulsionando o indivíduo naquele momento. Pode também representar ideias formatadas como um mapa mental das ações no momento. As três cartas nessa posição devem ser interpretadas separadamente, e em seguida conjuntamente, para que se possa perceber como está funcionando a harmonia entre elas.

BRIAH – Mundo Criativo – Elemento Água

É formado pelas cartas nas posições de Chesed, Geburah, e Tiphareth e representa as emoções mais profundas que estão sendo evocadas pelas presentes vivências, e de certa forma movendo-as. A presença de conflitos aqui podem “travar” a execução as ações antevistas no mudo de Atziluth. Essas cartas também devem ser interpretadas separadamente, e em seguida conjuntamente para se ter uma visão ampla de sua interação simbólica.

YETZIRAH – Mundo Formativo – Elemento Ar

É formado pelas cartas que ocupam as posições de Netzach, Hod e Yesod, e representa as ideias que estamos formando e divulgando ao nosso meio, e como isso afeta nossas relações pessoais mais diretamente. Esse conjunto de cartas também dever ser analisado individual e separadamente como as outras para se obter a visão específica e geral simultaneamente. Isso ajuda muito a dar uma ideia clara das vivências internas e de seus reflexos exteriores.
Considero esse o único sistema de leitura que permite esse olhar!

ASSIAH – Mundo Ativo – Elemento Terra

As emanações dos três triângulos superiores (Mundos) desembocam nesse como um rio no mar, e reforçam ou desestabilizam essa base/síntese sobre a qual as vivências se sustentam. Se o arcano for negativo nessa posição, no sentido de desafiador, há de se resgatar o simbolismo construtivo dos arcanos posicionados em Kether e Tiphareth.

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