As Sephiroth
O caminho da Serpente na Árvore da Vida, uma viagem simbólica por todos os seus caminhos (letras/sons), e sephiroth (números). |
A Leitura Cabalística é meu segundo método de leitura de tarot preferido, e muitas vezes chego a usá-la como um desdobramento da Cruz Celta Inicial. Dez cartas nas posições relacionadas logo abaixo serão dispostas ocupando a posição de cada sephira cabalística, e essas emprestarão suas atribuições ao significado de cada arcano que a estiver ocupando. Este método de leitura é bem difícil, e até desaconselhável, para iniciantes. Seu simbolismo complexo reflete a visão mística da interação homem/universo e procura refletir cada experiência humana como um portal para um aprendizado mais profundo que o eleve, e que novamente o una a sua condição superior. De forma alguma isso exclui a visão prática da vida, pelo contrário, dá para a vivência comum uma conotação superior, como uma chave para a elevação do ser e do seu nível de percepção da existência. Os arcanos deverão ser lidos como símbolos conectados uns aos outros, como normalmente ocorre nas leituras usuais. Aqui, entretanto, há o convite para que se veja as cartas também como um conjunto harmônico, o que poderá ampliar as interpretações iniciais... Enfim, é propício que se tenha noções razoáveis de cabala, astrologia e um bom envolvimento com a simbologia do próprio tarot, é claro.
Este sistema de leitura, assim
como a Cruz Celta, funciona como um método de leitura geral. Eu costumo abrir a
Cruz Celta inicialmente para colher mensagens para o cliente, depois dessa
interpretação eu misturo as mesmas cartas já retiradas e as disponho na forma
da Leitura Cabalística, assim a minha leitura inicial confirma os pontos já
levantados e, não raras vezes, me dá novos ângulos sobre o que foi dito ou
revela outros tópicos que eu não havia apreendido inicialmente. Assim sendo eu
uso os dois sistemas conjuntamente, mas a Leitura da Árvore da Vida, ou Cabalística pode ser feita de modo direto! Apenas quis compartilhar minha
experiência, que tem sido maravilhosa!
Apresento esse sistema de leitura
como um incentivo ao estudo da cabala esotérica, mais do que à judaica. A
cabala esotérica foi apresentada ao mundo no século XV pelo renascentista
italiano Pico della Mirandolla (1463/1494), que viu na cabala relações
simbólicas que, segundo ele, comprovavam a própria santidade de Cristo. Isso
incomodou a Igreja na ocasião, pois os judeus eram mal vistos na sociedade da
época, e a sua morte talvez tenha sido mesmo encomendada. Porém, a relação
tarot cabala só ocorre cerca de quatro séculos depois, pela intervenção de outro
sábio do ocultismo, o mago e tarólogo francês Éliphas Lévi (1810/1875) no século XIX.
A cabala é, como já disse antes,
um complexo sistema simbólico e místico, e o sistema de leitura que apresento
não engloba todo seu cabedal simbólico, mas sim aqueles que me pareceram mais
adequados a uma leitura. Aqui, além do significado de cada sephira, também
exploro o simbolismo dos quatro mundos da manifestação nos quais as dez
sephiroth estão contidas. Cada posição será apresentada com o nome da sephira em hebraico, sua tradução, os símbolos correspondentes, os seus muitos títulos, que expresam sua natureza mais profunda e, por fim, o significado de cada poisção para uma aplicação oracular!
Vamos à disposição das cartas:
1) KETHER – Coroa – Símbolos: Coroa,
o ponto, a suástica (que é símbolo do poder solar).
Títulos: A fonte de energia do
infinito invisível. A inspiração daquilo que não existe. A origem daquilo que
existe. De onde viemos e para onde voltaremos.
Na leitura – A questão que
origina o momento com suas buscas e angústias, o que move a pessoas a buscar
respostas para seus conflitos ou anseios, o que a orienta nas suas buscas no
momento da leitura.
2) CHOKMAH – Sabedoria – Símbolos: O
falo/lingam (o falo arquetípico do grande pai), a linha, o yod (primeira letra
hebraica), o zodíaco.
Títulos: O pai celestial. Desejo
de poder. Fluxo da energia dinâmica. O grande estimulador. O primeiro positivo.
Na leitura – A direção para onde
se dirige o foco, o que se pretende fazer ou os primeiros mapas mentais do que
se fazer a partir do reconhecimento do que temos de enfrentar. A perspectiva
com que encaramos o que se apresenta.
3) BINAH – Compreensão – Símbolos: A vagina/yoni (a vagina arquetípica da grande mãe), o triângulo, a taça, o planeta
Saturno.
Títulos: Mãe suprema. O desejo de
criar. Organizadora e compensadora. O grande mar.
Na leitura – Os primeiros
movimentos tomados a partir da estratégia elaborada anteriormente, os recursos
que movimentamos. As primeiras ações, contatos. O que se faz ou se deixa de
fazer.
4) CHESED – Misericórdia – Símbolos:
A pirâmide, o quadrado, o cetro, o planeta Júpiter.
Títulos: O construtor. O pai
amoroso que é rei. Receptáculo dos poderes. Estrutura de manifestação.
Na leitura – A estrutura básica
que nos mantém, coisas como segurança, vida material e econômica. As coisas
materiais ou psicológicas que nos sustentam e nos apoiam. O que temos de bem
resolvido ou já estabelecido em nossas vidas no momento.
5) GEBURAH – Força – Símbolos: O pentágono, a espada, a lança, o açoite, o planeta Marte.
Títulos: O destruidor. Rei
guerreiro. Capacidade de julgamento. Clarificador. Eliminador do inútil.
Na leitura – Aspecto crítico do
momento, o tema sensível, ou a questão não resolvida e que incomoda ou fere. O
que se sente como um limite ou incômodo. A coisa (sentimento, fato ou evento)
que confronta o indivíduo, o desequilibra e o desafia a ser superada.
6) TIPHARETH – Beleza – Símbolos: A
rosa-cruz, a cruz da cavalaria, o cubo, o Sol.
Títulos: Consciência do Eu
Superior e dos Grandes Mestres. A visão da harmonia das coisas. Cura e
redenção. Os reis elementares.
Na leitura – O reconhecimento dos
sentimentos mais profundos sobre o que se está vivendo no momento. A força
interior, e como ela se manifesta. Um arcano negativo aqui poderá mostrar sua
face mais construtiva. É a conexão com o sagrado interior e como ela se dá!
7) NETZACH – Vitória – Símbolos: O
cinto, a rosa, a lâmpada, o planeta Vênus.
Títulos: Amor. Sentimentos e
instintos. A mente grupal. A natureza. As artes.
Na leitura – O âmbito dos
relacionamentos, a expressão da afetividade interior. O modo de se relacionar
ou como se encara essa faceta da vida no momento. Revela também como mantemos a
qualidade dos nossos relacionamentos.
8) HOD – Esplendor – Símbolos: Nomes
e versículos, o avental do mago, o planeta Mercúrio.
Títulos: A razão. A mente
individual. Sistemas, a magia e a ciência. Ponto de contato com os Mestres.
Linguagem e imagens visuais.
Na leitura – A comunicação com o
mundo. Como mantemos nosso entendimento com as pessoas das nossas relações. E de
que modo tornamos nossas relações estáveis ou desequilibradas com nossa forma
de comunicação, e como apresentarmos nossas ideias ou posições pessoais.
9) YESOD – O Alicerce – Símbolos: O
perfume, as sandálias que se usa no templo, a Lua.
Títulos: A luz astral. O depósito
de imagens. As energias cíclicas subjacentes à matéria.
Na leitura – As energias que trocamos
ou apreendemos com o meio ambiente ou com as pessoas com quem nos relacionamos.
A energia vital, e também a libido - no sentido de força de vida - que poderá
ou não ter conotação sexual.
10) MALKUTH – O Reino – Símbolos: O
altar de dois cubos sobrepostos, a cruz grega (de braços iguais), o círculo, o
triângulo, e o último he do nome
sagrado de Deus.
Títulos: A Terra em que
caminhamos. Kether inferior. O complemento. A mãe inferior.
Na leitura – A base sobre a qual
se está apoiado no agora, para onde convergem todas as vivências do momento.
Uma síntese que reforçará ou obstruirá o andamento das vivências apresentadas
pelos arcanos anteriores.
Os Três Triângulos
As dez sephiroth cabalísticas
estão distribuídas por quatro mundos que filtram a manifestação das coisas, do
mais sutil ao mais denso. Da alta emanação inspiradora de Deus, e todas as
inspirações são divinas, até a concretização na base da Árvore da Vida. Esse
percurso sofre as influências do homem em seu processo cultural, e mesmo de
amadurecimento espiritual. Numa leitura isso fica muito evidente ao observarmos
a predominância de um ou outro naipe na disposição das cartas que foram
retiradas. Eis como ficam:
As sephiroth estão dispostas em quatro mundos de manifestação ao longo da Árvore. |
ATZILUTH – O Puro Espírito – Elemento fogo
É formado pelas cartas na posição
de Kether, Chokmah e Binah e representa as ideias ou inspirações que estão
impulsionando o indivíduo naquele momento. Pode também representar ideias
formatadas como um mapa mental das ações no momento. As três cartas nessa
posição devem ser interpretadas separadamente, e em seguida conjuntamente, para
que se possa perceber como está funcionando a harmonia entre elas.
BRIAH – Mundo Criativo – Elemento
Água
É formado pelas cartas nas
posições de Chesed, Geburah, e Tiphareth e representa as emoções mais profundas
que estão sendo evocadas pelas presentes vivências, e de certa forma movendo-as.
A presença de conflitos aqui podem “travar” a execução as ações antevistas no
mudo de Atziluth. Essas cartas também devem ser interpretadas separadamente, e
em seguida conjuntamente para se ter uma visão ampla de sua interação
simbólica.
YETZIRAH – Mundo Formativo –
Elemento Ar
É formado pelas cartas que ocupam
as posições de Netzach, Hod e Yesod, e representa as ideias que estamos
formando e divulgando ao nosso meio, e como isso afeta nossas relações pessoais
mais diretamente. Esse conjunto de cartas também dever ser analisado individual
e separadamente como as outras para se obter a visão específica e geral
simultaneamente. Isso ajuda muito a dar uma ideia clara das vivências internas
e de seus reflexos exteriores.
Considero esse o único sistema de
leitura que permite esse olhar!
ASSIAH – Mundo Ativo – Elemento
Terra
As emanações dos três triângulos
superiores (Mundos) desembocam nesse como um rio no mar, e reforçam ou
desestabilizam essa base/síntese sobre a qual as vivências se sustentam. Se o
arcano for negativo nessa posição, no sentido de desafiador, há de se resgatar o simbolismo
construtivo dos arcanos posicionados em Kether e Tiphareth.
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