quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Sobre Tarot vs Oráculos

O Tarot: estrutura complexa,
completa, ampla e profunda.

Uma cliente veio para uma leitura de tarot, e os arcanos mostravam ela aflita com uma transição que tinha a ver com um trabalho com um grupo de pessoas. Ela disse que sim, que tinha um trabalho de filantropia com duas amigas, e uma equipe de colaboradores, que estavam desejosos de passar a instituição adiante sem desamparar os que dependiam dela, e nem cancelar o projeto. Fez outras perguntas referentes ao assunto e ao final, como faço de costume, pedi para que retirasse uma carta de mensagem, como uma síntese e direção a partir daquele momento. Eu sempre fiz e ainda faço isso, mas na ocasião eu ao invés de usar as cartas do tarot abri um oráculo que escolhi na hora. Nesse dia eu estava com o Oráculo das Deusas, de Amy Sophia Marashinsky, que vinha sendo recorrente nas minhas sessões. A cliente tirou então a carta da deusa Freya, que representa a sexualidade plena. Fiquei atônito! Isso simplesmente não tinha nenhuma conexão com o que acabávamos de abordar na leitura dela. Traduzi a mensagem da carta, ela ficou em silêncio, com um leve ar de desconcerto. Conversamos depois sobre as possibilidades terapêuticas para aquele momento, e ela decidiu dar início a uma sequência de tratamento reiki. Combinamos o número de sessões e começamos na semana seguinte. Ao final das aplicações eu também costumava pedir para tirarem uma carta de mensagem para aquele momento terapêutico. Hoje não faço, mas isso. Bem, a questão é que a referida cliente tirava sucessivas vezes a carta da deusa Freya, a tal ponto que com o tempo evitava de usar o oráculo nas sessões dela. Até que um dia, o maço já estava na minha mesa de atendimento quando ela entrou, ao término da consulta ela olhou direto para a mesa de leituras que ficava ao lado. Fui até lá peguei as cartas e misturei, depois as dispus em leque para ela tirar uma e, outra vez, Freya apareceu. Não resisti e fui mais incisivo ao questionar a ela como estava, afinal, este aspecto da sua vida! Então, ainda um tanto constrangida, mas mais disposta a se abrir disse que o marido havia passado por sérios problemas cardíacos, e que isso mais uma depressão subsequente, e mais a medicação, o deixaram totalmente impotente. Eles sempre tiveram uma boa química, e a questão não tinha solução ou o que fazer imediatamente, pois ela afirmou que ainda o amava e nem passava por sua cabeça se aventurar. Eram um casal beirando a faixa dos setenta anos.

A Deusa Freya, do Oráculo da Deusa, de
Amy Sophia Marashinsky. 

Eu creio, e minha experiência tem comprovado, que tanto o tarot quanto qualquer outra linguagem oracular conversa de formas diferentes com diferentes pessoas. Já escrevi aqui no blog sobre os tipos de tarólogos e suas perspectivas no texto Que Tipo de Tarólogo Você É?. Sendo assim o que é complexo e demasiado para um é fluente e regular para outro, como combinar muitos oráculos numa mesma sessão, da mesma forma que alguns são mais profundos e outros mais rasos e imediatos em suas abordagens... Há aqueles que complementam as suas leituras com outros oráculos. Uns ancestrais como o I Ching, as runas e mesmo o jogo de búzios. Outros mais específicos, criados recentemente, que se harmonizam, na maioria das vezes, com suas leituras. É isso aí! A vida é diversa, e ainda bem! Por ouro lado, e também confirmado por minhas trocas com outros leitores de tarot, e de outros oráculos, que muitas vezes as cartas oraculares parecem vagas ou fora de sintonia com a estrutura geral do que motivou a pessoa a procurar uma consulta. Há memes sobre isso nos grupos de tarologia no Pinterest, Instagram e Facebook. Postei um deles em outro texto que também deixarei o link no final deste artigo.

A minha trajetória com o tarot, e outras linguagens simbólicas, só comprovou que o tarot servia melhor aos meus propósitos, e que eu me sinto muito mais sintonizado e a vontade com sua estrutura simbólica tão ancestral, imagética, intuitiva e profunda. Sempre enfatizo, porém, para que cada um faça a sua experiência com essas combinações. Como disse anteriormente os arcanos e os símbolos arquetípicos de forma geral se comunicam de formas diferentes com diferentes pessoas. E isso é um dos aspectos mais mágicos no estudo e na prática das linguagens oraculares. O título deste artigo pode fazer parecer que estou instigando uma disputa do tipo “qual é o melhor?” e, definitivamente, não se trata disso. De modo geral eu não confio nas cartas oraculares da modernidade pelos motivos que já mencionei no texto Sobre Cartas Oraculares, mas aprovo, consulto e amo estudar as runas e o I Ching. Prefiro o simbolismo indutivo desses sistemas ancestrais ao dedutivo dos oráculos modernos, cheios da pretensão egoica de seus criadores. Quando pensei neste título tinha em mente justo os diversos Oráculos da Deusa, Gaia, Maria Madalena (a última tendência) e por aí vai, que são despejados no mercado editorial de tempos em tempos...

Leia também: 

Que Tipo de Tarólogo Você É? 

Sobre Cartas Oraculares