Uma perspectiva mitológica do
sistema de leitura da Cruz Celta...

Da mesma forma os sistemas de
leitura também apresentam os palcos onde todos nós desenvolvemos interesses em
comum com todos os nossos irmãos de caminhada neste planeta. E, exatamente como
ocorre nos mitos, os arcanos ali colocados mostrarão o modo particular como
cada um de nós vive aquele setor da vida!
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Dragões, símbolo dos grandes desafios na senda evolutiva. |
Os dez personagens míticos a que
me referi na presente analogia são: o rei, a rainha, o mago conselheiro, o
dragão, o reino, os súditos, o jovem guerreiro, a donzela, o mensageiro, e por
fim, o encantamento ou maldição que permeia toda a história mítica. O rei como
o centro do reino representa o centro da trama, e dos temas que empoderamos com
nossa atenção. A rainha por sua vez é seu complemento amoroso, ou sua sina
opressora como no casamento de Zeus e sua raivosa consorte, Hera. O mago é a
personificação da sabedoria espiritual, ou inconsciente se preferir, que se
manifesta em momentos críticos como uma ideia vaga, uma percepção sutil, mas
persistente, ou uma forte intuição. Os magos são habitantes de um mundo
superior, como Merlin ou Gandalf da obra de J.R.R. Tolkien, ou eram representados
como humanos com habilidades superiores, como o sábio profeta cego Tirésias. O dragão, por sua vez, é uma figura mais
persistente nos mitos medievais, e representa os desafios que parecem
intransponíveis num dando momento de nossas vidas. Para os gregos os “dragões”
tiveram muitas e assustadoras formas e poderes. Jasão enfrentou um dragão que não dormia para poder recuperar o Velocino de ouro. A Hidra de Lerna, uma fera cujo sangue era um veneno tão letal que nem os deuses escapariam. A Quimera, um animal
com duas cabeças, uma de leão e outra de cabra, sendo que a cabeça caprina tinha um hálito
venenoso... Possuía também patas de águia e uma cauda que na verdade era uma
serpente peçonhenta. Serpentes também compunham os cabelos da Medusa, que transformava
em pedra todos que a encarassem nos olhos. Uma clara alusão ao desafio de
termos de encarar nossos temores. E assim por diante. De qualquer modo
os dragões são a personificação mais recente dos obstáculos que nos atormentam,
ao mesmo tempo em que engrandecem, ao serem vencidos, a nossa existência! O reino
é a síntese de tudo o que se construiu no mundo concreto, a relação com o
dinheiro e a vida material como um todo. Os súditos nos relatos míticos não são
apenas uma massa de manobra, mas o suporte para as decisões do rei e suas ações.
O jovem guerreiro aparece sob muitas formas, forte e consciencioso como
Hércules, sensível e espiritual como Orfeu, beligerante como os gêmeos Pólux e
Castor, ou nobre e honrado como Lancelot, que foi tão fiel ao seu amor por
Guinevere quanto por sua amizade por Arthur. A donzela que na Idade Média teria
de ser salva do dragão, ou de um monstro marinho como o foi Andrômeda pelo herói grego Perseu, que mais tarde a desposou. As donzelas são a vivência transformadora do
Amor. É interessante observar que a figura do mensageiro perdeu significativa
importância nos mitos medievais, o que não ocorre nos mitos gregos onde um
deus (Hermes grego, ou Mercúrio romano), era designado para esta função. Seus alertas
não podiam ser ignorados, pois que eram um aviso do próprio deus dos deuses,
Zeus (ou de seu equivalente para os romanos, Júpiter). Por fim o encantamento é a chave para a compreensão de tudo o que ocorre na trama mitológica, revela o porquê das coisas acontecerem e o provável desfecho se nada for feito...
Bem, vamos à relação:
Posição 1 – O Rei: O soberano dentro de nós; representa o conjunto
de vivências que tomam nossa atenção no momento. O tema que foi coroado por nós
com nossa atenção e que reflete o panorama do nosso mundo interior, e que revela
que espécie de rei afinal somos nós!
Posição 2 – A Rainha: Cruzada sobre a carta do rei, essa rainha
pode estar sendo carregada por ele como num enlace romântico, ou como um fardo.
Assim ela pode estar contribuindo para a expressão do seu rei, ou oprimindo-a.
Posição 3 – A Casa do Mago Conselheiro: O Conselho do Mago é a voz
interior que fala-nos o tempo todo, a impressão mais funda de nossa consciência,
ou a vontade mais urgente do nosso coração, e que nos soa como a verdade! Dependendo
do resto do jogo se revelará se esta voz sábia está sendo de algum modo ouvida
ou ignorada.
Posição 4 – A Toca do Dragão: Aqui mora o nosso desafio do momento,
ele pode se apresentar como um problema real ou como a constatação de algo que
tem de ser resolvido ou encarado de algum modo. Pode também representar o monstro
interior, forjado por condicionamentos culturais e familiares, e que tem de ser
superado!
Posição 5 – O Reino: Essa posição mostra a relação do indivíduo com
o seu mundo material, seu trabalho, carreira, finanças, posses e tudo o que
pode ser chamado de “seu reino”, suas conquistas, e como elas aparecem para o
mundo!
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A Cruz Celta como um palco síntese dos mitos gregos e medievais. |
Posição 6 – Os Súditos: Como nos reinos da antiguidade os súditos
eram influenciados, mas também influenciavam, seus reis sobre as decisões do
reino. Os súditos na vida moderna são representados pela família e os amigos,
sobre os quais nos sentimos responsáveis, e para os quais nos voltamos para
obter apoio sobre decisões importantes que poderão moldar nosso futuro.
Posição 7 – O Jovem Guerreiro: O jovem guerreiro vive dentro de nós
e se apresenta toda vez que levantamos de manhã para enfrentar as demandas do
dia a dia. Aqui é justamente esta sua função, mostrar como se está enfrentando
a situação no momento.
Posição 8 – A Casa da Donzela (ou A Casa do Amor): A donzela em
apuros aparece sempre que o amor irá se manifestar na trama dos mitos. Normalmente
os heróis se apaixonam por ela, e ocupando esta posição da Cruz Celta ela indica
a vida amorosa do consulente, ou se a possui; ou como encara a vida afetiva e
sexual.
Posição 9 – O Mensageiro: Esta posição mostra uma indicação de algo
que deve ser observado, como uma reflexão, ou o aprendizado de algo, que ao
ser absorvido e apreendido ajudará a realizar a orientação do Mago Conselheiro
e a vencer o Dragão. O mensageiro aponta uma perspectiva que não deve ser ignorada.
Posição 10 – O Encantamento: Todo o reino nas histórias míticas está
sob a influência de algum tipo de encantamento, que ao ser revelado, explica
muito do que ocorre na trama do mito. Seria a síntese, ou do que se trata o
conjunto de vivências apresentadas pelos outros arcanos na leitura. A carta
nessa posição revelará se estamos falando de um encantamento benigno a ser
reforçado e apoiado, ou de uma maldição a ser superada!
Veja a redefinição original da Cruz Celta feita por mim lendo os seguintes artigos:
Tarot Terapêutico - O que é?
Por Trás da Cruz Celta
A Cruz Celta Astrológica